A Vitamina D
quarta-feira, 30 de maio de 2018
Afinal, qual é a razão para, no primeiro ano de vida, ser oferecida Vitamina D aos bebés? O leite materno não consegue fornecer a quantidade de vitaminas e minerais necessários ao seu adequado desenvolvimento?
A minha resposta é sim e não. Sim! No caso de bebés que nasçam com o tempo de gestação completo (recém-nascido de termo), o leito materno tem na sua constituição a quantidade suficiente de vitaminas e minerais necessários ao seu desenvolvimento. Não, porque a única vitamina que necessita ser suplementada é a vitamina D, que se encontra em níveis inferiores ao necessário.
No caso dos bebés prematuros, a situação é diferente. Por norma necessitam de fazer suplementação de vários minerais e vitaminas, uma vez que nascem antes de conseguir fazer reservas destas substâncias e a sua situação de imaturidade e doença levam a que os gastos sejam superiores aos de um bebé de termo.
No entanto, embora existam diretrizes muito específicas por parte da Direção-Geral da Saúde (DGS) e Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP), verifica-se ainda alguma controvérsia relativamente à quantidade desta vitamina no leite artificial e no fortificante de leite materno utilizado muitas vezes no caso dos bebés prematuros, levando à dúvida da necessidade de suplementação desta vitamina.
A vitamina D pode ser obtida de forma éxogena, através da alimentação, ou da sua síntese endógena à custa do colesterol armazenado no organismo. Ela é uma vitamina lipossolúvel (dissolve-se nas gorduras), cuja principal função é regular o cálcio no organismo e consequentemente a mineralização óssea. Para além disto, é fundamental para a absorção do fosfato e magnésio. O seu percursor é reabsorvido a nível intestinal através dos ácidos biliares conjugados e posteriormente é transformada no fígado e armazenada no tecido adiposo (camada de gordura do corpo). Quando é para ser utilizada, a substância armazenada volta a ser modificada no rim, gerando a substância biologicamente ativa desta vitamina.
O défice de vitamina D pode dever-se essencialmente a três factores:
- dieta pobre em vitamina D;
- doenças em que esteja comprometida a absorção de lípidos (gorduras);
- deficiente exposição solar.
A consequência mais conhecida resultante da deficiência de vitamina D é o raquitismo nas crianças e osteomalácia nos adultos. No entanto, existem outras consequências mais recentemente conhecidas, imputadas à sua falta, uma vez que ela tem múltiplas funções, nomeadamente:
- interfere na produção de insulina no pâncreas;
- tem um papel fundamental como mediador nos processos inflamatórios e auto-imunes e
- regulação da pressão arterial.
É de salientar que embora a maior parte das consequências apenas se manifestem na idade adulta, a disponibilidade de vitamina D nos primeiros meses ou anos de vida irá ser bastante significativa no desenvolvimento da criança.
De forma a evitar estas situações a DGS e a SPP recomenda a vitamina D desde o nascimento ao primeiro ano de vida, independentemente de ser prematuro ou de termo ou do leite com que é alimentado.
Tendo em conta os consensos da SPP e as diretrizes da DGS, o bebé que nasce de termo, a partir da primeira semana de vida,
Para além disto, reforçar que devem ser promovidos todos os alimentos lácteos, ricos em vitamina D, ao longo da vida e com particular relevo nos períodos de crescimento rápido.
O Pai, a Mãe e Eu
O mito dos dentes de leite
quarta-feira, 23 de maio de 2018
Os primeiros 20 dentes a nascer são dentes de leite (também chamados decíduos) e existe uma certa tendência por parte dos pais para minimizarem os problemas que possam surgir nestes dentes, uma vez que serão substituídos pela dentição definitiva.
No entanto, os dentes de leite também podem ser destruídos pela cárie dentária, sendo este processo normalmente mais rápido do que nos dentes definitivos (da segunda dentição).
Evitar a dor que a destruição dos dentes pode provocar seria razão suficiente para prevenir a cárie e tratar os dentes de leite. Para além disso, este é um processo infeccioso que poderá afetar a formação dos dentes definitivos. Por outro lado, os dentes de leite são importantes para o desenvolvimento normal da criança. Estes dentes possibilitam a mastigação, ajudam na fala, favorecem a estética, mantêm o espaço para que os dentes definitivos possam crescer com uma posição correta e influenciam o crescimento das estruturas ósseas do crânio e face.
Existem inúmeros estudos científicos que demonstram que a prevenção é um método bastante mais eficaz no combate à cárie dentária do que o tratamento. Por esta razão a primeira visita ao consultório dentário é feita com intuito de prevenção e deve ser feita antes de já existirem problemas. Uma visita de rotina é sempre mais simples do que uma primeira visita em que se têm de fazer tratamentos dentários.
Sofia Arantes e Oliveira
À distância de um beijo
terça-feira, 22 de maio de 2018
Desde o nascimento da minha filha que descobrimos todo um mundo relacionado com a parentalidade, desde formas de comer, alimentações, métodos e procedimentos de como fazer tudo e mais alguma coisa.
Descobrimos assim o babywearing do qual fiquei fã assim que experimentei a mochila. No início a mãe usava os panos para transportar o bebé e isso não era uma coisa que eu gostasse de usar. Acho, na minha opinião, difícil de colocar. Sempre achei mais prática a colocação da mochila e assim que foi possível começar a usá-la, comecei a transportar a minha filha mais vezes.
Permitiu que pudéssemos desfrutar da energia e contacto do colo de uma forma confortável e ergonómica. O calor humano é muito importante e fortalece o laço entre os dois.
Como Pai vejo que a mochila nos aproximou ainda mais e dava-me muito prazer o facto de poder transportá-la à distância de um beijo.
Virgílio Escaninha
Receitas saudáveis para toda a Família
sexta-feira, 18 de maio de 2018
Hora de jantar pede receitas apetitosas. Esperamos que gostem.
Alcachofras recheadas de tomate e azeitonas
Ingredientes:
- 4 alcachofras;
- 1 limão;
- 3 tomates maduros;
- 1 colher de sopa de azeitonas em rodelas;
- 4 colheres de sopa de azeite;
- 1 colher de chá de mostarda;
- 2 colheres de chá de sal;
- 1 colher de sopa de salsa picada.
Modo de preparação:
- Retire as pétalas mais duras das alcachofras e apare as pontas das restantes pétalas com uma tesoura deixando-as todas com a mesma altura. Esfregue as partes cortadas com limão;
- Leve ao lume um tacho com água temperada com uma colher de chá de sal e quando ferver introduza as alcachofras viradas para cima e deixe cozer durante cerca de 30 minutos;
- Puxe uma das pétalas e se se soltar facilmente escorra as alcachofras e deixe arrefecer. Com a ajuda de uma colher retire a parte fibrosa do centro. Coloque-as no frigorífico;
- Lave o tomate e corte-o em cubos e junte as azeitonas e misture;
- Deite o azeite numa taça, junte-lhe o sumo de meio limão e a mostarda e tempere com uma colher de chá de sal e mexa com um garfo e deite sobre a mistura de tomate e azeitonas. Recheie as alcachofras com a mistura;
- Salpique com salsa picada e sirva de imediato.
Tarte de abóbora com requeijão e espinafres
Ingredientes:
- 1kg de abóbora;
- 200g de requeijão;
- 30g de farinha;
- 1 colher de chá de sal;
- Pimenta q.b.;
- Noz moscada q.b.;
- 3 ovos;
- 30g de miolo de noz;
- 170g embalagem de folhas de espinafres;
- 230g placa de massa quebrada refrigerada.
Modo de preparação:
- Ligue o forno na função estática para os 180ºC;
- Corte a abóbora ao meio, coloque num tabuleiro com a parte virada para cima e deixe cozinhar durante cerca de 30 minutos;
- Deite o requeijão numa tigela e junte a farinha, o sal, a pimenta e a noz moscada. desfaça o requeijão com um garfo e misture com os restantes ingredientes. Adicione os ovos e misture muito bem;
- Pique grosseiramente o miolo de noz;
- Retire a abóbora de forno e aproveite a polpa, esmagando-a com um garfo. Junte a polpa à mistura de requeijão e adicione as folhas de espinafres e as nozes picadas. Misture bem;
- Forre uma forma de tarte com a placa de massa para a tarte. Pique o fundo com um garfo e recheie com a mistura de requeijão e abóbora;
- Leve ao forno e deixe cozinhar durante cerca de 40 minutos.
Torta de castanha e noz
Ingredientes:
- 400g de castanha;
- 200g de sultanas ou figos secos;
- 2 ovos;
- 50g de nozes;
- Erva doce q.b.;
- Canela q.b.;
- Raspas de limão ou laranja.
Modo de preparação:
- Coza as castanhas;
- Triture em puré juntamente com o figo seco/ sultanas. Misture os ovos batidos, a erva doce e as raspas de laranja ou limão;
- Leve ao lume numa panela e mexa até levantar fervura e obter uma massa consistente que despegue do tacho;
- Coloque a massa numa folha de papel vegetal e estique com o rolo da massa. Polvilhe com a canela e as nozes torradas, enrole a torta, coloque no frio e sirva.
Bom apetite e até à próxima quinzena!
O Pai, a Mãe e Eu
Alimentação vegetariana na infância
quinta-feira, 17 de maio de 2018
O termo "dieta vegetariana" associa-se geralmente a uma alimentação onde são predominantemente consumidos produtos de origem vegetal. Não é consumida carne nem peixe (e seus derivados), mas pode incluir ovos ou laticínios, sendo aqui que se diferenciam as dietas vegetarianas, existindo vários tipos de vegetarianismo. Cereais, hortícolas, fruta, leguminosas e sementes são os alimentos comuns.
A alimentação vegetariana pode classificar-se como:
- ovolactovegetariana - exclui carne e peixe e inclui ovos e laticínios;
- lactovegetariana - exclui carne, peixe e ovos, mas inclui laticínios;
- ovovegetariana - exclui carne, peixe e laticínios, mas inclui ovos;
- vegetariana estrita e vegana - exclui todos os alimentos de origem animal como: carne, pescado e ovos (e seus derivados), laticínios, mel, gelatina (exceto a de origem vegetal), banha, ovas, insetos, moluscos, crustáceos, entre outros e todos os produtos que os contenham. Alguns produtos processados que podem conter ingredientes e aditivos que poderão ser de origem animal, como por exemplo: albumina, gordura animal, corantes (como o ácido carmínico - E120), caseína e glicerina.
Uma dieta vegetariana saudável recorre o mínimo possível a alimentos processados e inclui, sempre que possível, a tradição alimentar portuguesa. Portugal apresenta condições climáticas ótimas para uma produção vegetal de elevada qualidade, com uma grande variedade sazonal. Assim, dado que este tipo de alimentação se baseia em produtos minimamente processados, locais e da época, contribui para a saúde, a economia e a proteção do meio ambiente.
A idade pediátrica é um período de grande vulnerabilidade a alterações do estado de nutrição com consequências negativas a curto e longo prazo para a saúde. É importante um planeamento alimentar correto para prevenir essas alterações, que garanta um fornecimento de macro e micro nutrientes adequado a cada fase da idade pediátrica, sendo esta a melhor forma de propiciar um bom estado nutricional e saúde ao longo do tempo. Para que a criança cresça e se desenvolva é fundamental que o ambiente seja plenamente favorável, sendo a correta alimentação uma das vertentes ambientais mais importantes.
À semelhança de outros padrões alimentares, o padrão vegetariano, quando bem planeado, pode satisfazer todas as necessidades nutricionais de crianças e adolescentes. O aporte energético deverá ser adequado a cada idade e o crescimento monitorizado. Deve ser dada atenção à ingestão proteica, de ácidos gordos essenciais, ferro, zinco, cálcio, iodo e vitaminas B12 e D. A ingestão de alimentos fortificados e/ ou a suplementação, em alguns casos, poderá ser necessária.
De modo a estruturar uma alimentação adequada para crianças e adolescentes que seguem um padrão alimentar vegetariano é importante considerar que esta para ser saudável deve ser completa, equilibrada e variada (à semelhança dos outros padrões alimentares). Cereais, hortícolas, fruta, leguminosas, frutos gordos, sementes e os seus derivados deverão estar presentes na alimentação do dia-a-dia. A inclusão de alimentos energeticamente densos como leguminosas (feijão, lentilhas, grão de bico, favas, etc.) e seus derivados, frutos gordos (nozes, amêndoas, avelãs, etc.) e cremes de frutos gordos (manteiga de amendoim, creme de avelãs, etc.) poderá ser vantajosa.
A alimentação vegetariana fornece um baixo suprimento em colesterol e ácidos gordos saturados e um elevado consumo em hidratos de carbono, fibras, antioxidantes e fitoquímicos, resultando em benefícios para a saúde. Assim, uma dieta vegetariana adequada na infância poderá reduzir os riscos de algumas doenças crónicas na idade adulta, nomeadamente quando fornece uma quantidade elevada de substâncias protetoras e uma reduzida presença de produtos alimentares excessivamente processados.
Contudo, dietas excessivamente restritivas têm sido associadas ao risco aumentado de desnutrição, atraso de crescimento e até morte infantil, pelo que não são recomendadas. Isto porque podem não contemplar de forma satisfatória todos os grupos alimentares e/ ou não incluir alimentos fortificados ou suplementos, o que irá comprometer a sua adequação. Importante assim salientar que, quanto mais restritiva a dieta e quanto mais nova a criança for, maior será o risco de défices nutricionais. Por outro lado, uma ingestão alimentar inadequada por excesso (acima das necessidades nutricionais) poderá contribuir para um aumento excessivo de peso e a comorbilidades associadas. Em suma, uma dieta vegetariana, se mal planeada, pode ser tão prejudicial como uma dieta não vegetariana desequilibrada.
Desta forma, podemos concluir que as dietas vegetarianas corretamente planeadas são saudáveis e nutricionalmente adequadas para todas as fases do ciclo da vida pediátrico.
O Pai, a Mãe e Eu
Lavar os dentes... Quando?
quarta-feira, 16 de maio de 2018
Existem inúmeros estudos científicos que demonstram que a prevenção é um método bastante mais eficaz no combate à cárie do que o tratamento. Por esta razão, a primeira visita ao consultório dentário é feita com o intuito de prevenção e deve ser feita antes de já existirem problemas, idealmente quando nasce o primeiro dente. Uma visita de rotina é sempre mais simples do que uma primeira visita em que se têm de fazer tratamentos dentários.
Nesta primeira consulta os Pais são informados sobre os métodos de higiene oral e sobre as necessidades de flúor. O clínico avalia o desenvolvimento oral e dentário da criança e informa os Pais sobre as consequências da nutrição e dos hábitos orais (chucha e dedo) na dentição de leite e definitiva.
A higiene oral (dos dentes e estruturas anexas como língua e gengiva) deve ser feita com um intervalo máximo de 12h, uma vez que os micro-organismos que causam a cárie demoram cerca de 12h para se organizarem numa placa bacteriana (restos de alimentos, saliva e bactérias que cobrem os dentes) e começarem a tornar o ambiente acídico. No entanto, muitas vezes a higienização não é executada corretamente por as crianças não permitirem, daí que seja importante e ideal lavar após cada refeição.
Quando a higiene oral é negligenciada a quantidade de colónias de micro-organismos prolifera exponencialmente. Por esta razão e também por uma questão de hábito mesmo antes do nascimento do primeiro dente deve haver o cuidado de higienizar a boca do bebé com gaze, dedeira ou escovas apropriadas à higiene oral do bebé, à venda no mercado.
Sofia Arantes e Oliveira
Quando a gravidez passa pela doação de gâmetas - Parte II
quarta-feira, 9 de maio de 2018
Existe curiosidade em saber quem são os dadores?
Apesar de existir uma certa curiosidade que reflete alguma fantasia ou receio por parte da recetora na sua dificuldade em se identificar com o embrião que irá gerar no seu útero, regra geral as crianças que nascem através desta dádiva desconhecem a sua proveniência efetiva, pois para elas o mais importante é a identificação que estabelece e o reconhecimento que sentem com a Mãe e o Pai no seu vínculo parental.
Se por um lado o sigilo é importante na proteção da identidade para quem doa, até porque ajuda a sensibilizar e a atrair novas dadoras, por outro, para quem recebe é de igual modo importante porque ajuda a recetora a focar-se na sua gravidez, no desenvolvimento fetal ao longo da sua gestação e qualidade implicada e não tanto na proveniência do gâmeta doado.
Muito raramente são doados embriões criopreservados. Com maior facilidade são aceites gâmetas doados, mas não tanto embriões, talvez por isso mesmo optem por doar os embriões excedentários à ciência ou para sua destruição.
Em caso de embriões excedentários aceitam doar a outros casais?
No início de qualquer tratamento em reprodução assistida existe um protocolo a seguir que obedece a determinados requisitos a ter em conta. Um deles é o consentimento informado, que já foi aqui mencionado, que os casais preenchem e que tem o intuito de os ajudar a entender que é uma decisão que terão de tomar, no qual lhes é questionado qual o destino que pretendem dar aos embriões excedentários resultantes de duas técnicas (FIV/ ICSI) que são usadas para ajudar os casais a conceber.
Na maioria dos casos existe espelhada uma intenção livre de solidariedade, em que manifestamente os casais preferem doar os seus embriões para a ciência (47%) favorecendo o avanço científico, contribuindo assim para o estudo em saúde reprodutiva, sendo que seguidamente optem por destruí-los e por último doar a outros casais.
Neste sentido, a intenção da investigação através de embriões excedentários transmite que a vontade e as decisões dos casais portugueses são concordantes com estudos intencionais, revelando assim uma atitude de abertura e evolução da ciência.
A lei portuguesa prevê que os casais possam manter os seus embriões criopreservados durante 3 anos. Após esse período é uma obrigação legal e não uma mera escolha do casal, ainda que seja difícil de a tomar, os casais que não pretendem transferir esses embriões terão de lhes dar um destino.
Porém uma coisa são as decisões do casal, outra é o seu destino efetivo.
O que muitas vezes acontece, na questão da criopreservação embrionária é que cerca de 1/3 dos casais com problemas de fertilidade mantêm os seus embriões criopreservados em centros autorizados (P.M.A.), umas vezes por já terem conseguido ter filhos, outras por já não possuírem nenhum projeto parental para eles ou ainda por terem mudado de parceiro, acabando por "abandonar" esses embriões, muitas vezes esquecidos, sendo que já não os desejam utilizar.
Neste sentido é necessário que os centros solicitem ao casal, no início do processo de tratamento, o preenchimento atempado de uma declaração que lhes permita dar seguimento aos embriões excedentários que por ali se mantêm durante anos.
Como ultrapassar estas questões?
De facto é do nosso conhecimento que existe ainda um longo caminho a percorrer, fundamentalmente no apoio a campanhas de sensibilização na prevenção da fertilidade e incentivo à doação de gâmetas sexuais.
É crescente e preocupante o número de casos de infertilidade que se fazem notar na nossa sociedade e perante este acontecimento que constitui um momento de crise no projeto de vida de qualquer casal, existe uma necessidade premente ao nível da prevenção, com particular enfoque na consciencialização da preservação da fertilidade, não só em relação à reserva ovárica que é finita e que está intimamente correlacionada com a idade da mulher, como a todos os outros fatores transversais que incidem e aceleram esse decréscimo (tabaco, quimioterapia, radioterapia, cirurgias, hábitos alimentares, sedentarismo e o consumo excessivo de álcool), dando a conhecer a todos os casais que pretendam adiar a maternidade, não só a importância como as implicações que estes mesmos fatores adversos possuem na fertilidade do casal, dando-lhes a possibilidade de poderem vitrificar os seus embriões e células reprodutivas, permitindo "parar" o relógio biológico em tempo reprodutivo.
Deste modo, acreditamos que a citrificação é uma possibilidade que embora ainda não seja bem esclarecida junto de alguns casais é uma técnica inovadora a considerar, na congelação ultra-rápida baseada na elevada concentração de crioprotetores, evitando a formação de cristais de gelo, através da sua velocidade de arrefecimento que é extremamente rápida.
Ana Magina Silva
Quando a gravidez passa pela doação de gâmetas - Parte I
Como lidar com o facto de ter de recorrer à doação de gâmetas (espermatozóides e/ ou ovócitos) e até mesmo de embriões?
A abordagem sobre a doação de gâmetas sexuais tem merecido particular destaque na nossa atualidade, face à vivência da infertilidade.
Ainda que seja um assunto particularmente sensível, é cada vez mais premente perante a necessidade dos casais que procuram tratamentos em saúde reprodutiva, apelando à ciência, inovação e sucesso tecnológico na obtenção de uma gravidez tão desejada.
A doação de gâmetas é também tema de grande controvérsia no seio familiar, interferindo em escolhas, tomadas de decisão e rotina do casal.
Vivemos numa época em que damos maior primazia a metas e esquemas mentais, sem por vezes nos questionarmos se queremos ou sabemos lidar com o percurso, invertendo muitas vezes prioridades, abafando desejos, vontades e sonhos.
Conforme o tempo vai avançando, diminui o projeto reprodutivo e aumenta o número de casais que adiam a maternidade para mais tarde, até que chegam ao momento em que desejam acrescentar a sua família e planear a parentalidade.
Existem muitos casais que durante o seu percurso de tratamentos em infertilidade se vêem confrontados com a questão da doação.
Por uma razão ou por outra, após sucessivas tentativas de procriação medicamente assistida (P.M.A.), com recurso às técnicas mais avançadas, alguns casais sofrem falhas de implantação ou a interrupção do desenvolvimento embrionário, sendo-lhes sugerida a opção da doação de gâmetas sexuais.
Entre muitos casos de seguimento clínico, encontramos casais que apesar do seu desgaste físico e emocional existe uma enorme persistência que se renova a cada nova possibilidade que lhes é apresentada e a doação é uma opção que para eles renova-lhes a esperança e é tão válida quanto todas as outras, às quais já recorreram.
Nessa altura, o acompanhamento psicológico é fundamental e integrativo, na medida em que ajuda o casal a refletir sobre a opção da doação, desmistificando crenças e delineando, juntamente com o mesmo, um novo ciclo, planeando novas metas no processo de tratamento, apoiadas em conhecimento informado.
Todo este seguimento terapêutico possibilitará ao casal gerir melhor as expetativas, avaliar as suas limitações e motivações, minimizando obstáculos. Considero mesmo que é perentório ajudá-los a conhecer e a identificar as suas implicações futuras sobre decisões conscientes.
Apesar do sucesso obtido através do recurso a gâmetas doados (40% através da doação de esperma; 60% no caso dos ovócitos), todo este procedimento ainda continua a ser considerado um tabu social e talvez por isso mesmo deve-se escutar o casal, levando-os a refletir sobre os seus medos, ajudando-os a perceber que muitas das vezes são infundados e advêm de contextos mal esclarecidos.
A doação, em muitos casos, acaba cada vez mais por ser melhor aceite na vida do casal, sendo o acompanhamento psicológico um requisito complementar e fundamental no restabelecimento dos laços afetivos, na recuperação da intimidade, ajudando o casal a considerar a doação como uma possibilidade fiável e válida, encorajando-o em muitos casos, particularmente a mulher, esclarecendo-a de que a vivência da sua gravidez terá um impacto insubstituível e será preponderante no estabelecimento do vínculo mãe-bebé durante a gestação.
No caso das recetoras, estas mulheres ainda com alguns receios, não se devem sentir meras incubadoras, sendo necessário junto das mesmas ajudá-las a desconstruir crenças e fazê-las entender que apesar da criança resultar da carga genética da dadora e do pai, este embrião possui e desenvolve uma carga emocional através da troca citoplasmática e meio envolvente intrauterino, que por sua vez irá sobressair, sobrepondo-se na maioria das gestações, à questão da doação por si só.
É necessário que a mulher que for gerar aquele bebé no seu ventre entenda que a carga emocional vivenciada na relação mãe-bebé ao longo da gestação é determinante e irá promover a ligação dos meios envolventes do próprio útero, como na toca de proteína e vínculo emocional.
Porém ainda que se verifique maior abertura perante a opção da doação por parte dos casais que não conseguem ter filhos por via natural é da responsabilidade e dever de todos os profissionais de saúde reprodutiva esclarecer o casal, desmistificando o procedimento através de doação de gâmetas para que se sintam mais seguros e apoiados neste processo.
Neste sentido a doação de células reprodutivas tem vindo a ganhar terreno face ao sucesso da gravidez. O recurso a este procedimento passa por uma avaliação criteriosa de segurança e qualidade, incluindo o despiste de doenças hereditárias e infeciosas transmissíveis, bem como integra a análise de vários fatores como a idade, análises genéticas (cariótipo), avaliação psicológica, exames ginecológicos e um aconselhado período de reflexão (48h) antes da transferência.
Todo o procedimento obedece assim a uma avaliação rigorosa na seleção dos dadores (DR 2ª Série, N.º 75 de 17 de Abril de 2017) inerente aos critérios estabelecidos pelo Conselho Nacional de Procriação Medicamente Assistida (C.N.P.M.A.), sendo que os candidatos terão de assinar um consentimento informado no qual assumem a responsabilidade acerca das condições e sigilo perante a doação.
A seleção dos dadores é feita em concordância com os aspetos relacionados com as caraterísticas do casal recetor.
Para que tudo isto seja possível realizar, existe um planeamento para que tanto a dadora como a recetora menstruem ao mesmo tempo, preparando a estimulação ovárica (dadora) através de injeções, sendo que a resposta dos ovócitos é feita através de controlo ecográfico e análises, para posterior aspiração dos ovários na recolha dos ovócitos, ao mesmo tempo que é estimulado o endométrio da recetora.
A seleção dos dadores é feita em concordância com os aspetos relacionados com as caraterísticas do casal recetor.
Para que tudo isto seja possível realizar, existe um planeamento para que tanto a dadora como a recetora menstruem ao mesmo tempo, preparando a estimulação ovárica (dadora) através de injeções, sendo que a resposta dos ovócitos é feita através de controlo ecográfico e análises, para posterior aspiração dos ovários na recolha dos ovócitos, ao mesmo tempo que é estimulado o endométrio da recetora.
Ana Magina Silva
Viagem com AMOR
domingo, 6 de maio de 2018
Por ser este um testemunho muito especial, partilho uma viagem também muito especial. Para esta viagem não comprei bilhete e nem sequer fiz as malas!
À espera do meu segundo filho, às 29 semanas de gestação viajei até ao mundo da prematuridade e vivo na primeira pessoa esta experiência de ter um bebé "antes do tempo" e tudo o que envolve o dia-a-dia no serviço de Neonatologia.
Senti receios, angústias, medos e muitas inseguranças. Confesso que inicialmente até me senti culpada. Vi a fragilidade dos Pais e bebés que, tal como o meu, nasceram apenas com algumas centenas de gramas de amor e muita vontade de vencer. Ouvi tantas vezes: "Tem calma, um dia de cada vez!" e eu cheia de pressa para tirar o meu filho dali.
Num primeiro momento, o meu coração gelou, chorei ao ver o meu filho com apenas 1750g e alguém (um anjo) me disse: "Mãe, ele precisa de ti!". Estas palavras deram-me força para reconstruir o chão que me roubaram e segui em frente neste viagem inesperada.
Vivi naquele serviço de Neonatologia ao segundo, ao minuto. Alimentei-me de mais umas gramas, so cheiro do meu bebé, do toque macio da sua pele. Dei-lhe os meus cuidados, o meu calor e o meu amor. Por ele, por nós, nunca desisti. Foi este o meu mundo e o meu sonho.
Agradeço aos anjos de batas brancas pelas palavras carinhosas, por festejarem comigo todas as vitórias e pela força que me deram nas derrotas.
Obrigada às mães guerreiras que partilharam comigo o quarto das Mães. Foram momentos de partilha, lições de coragem, persistência, humildade e sacrifício.
Meu Deus, que viagem! Uma viagem única e especial. Uma lição de vida que me ensinou a não ter pressa, a viver a vida ao momento, a amar o próximo e a ouvir verdadeiramente as pessoas.
Hoje sinto que superei, mas não esqueci ser Mãe prematura, sentindo sempre uma força interior própria de uma Mãe guerreira e uma enorme vontade em partilhar, ajudando outras mães. Não hesitei em abraçar a causa tornando-me mentora dos grupos de partilha mútua, do grupo de Pais para Pais, no âmbito do projeto "Share for Care".
Quero fazer parte de um grupo terapêutico, aberto à partilha, ajudando os Pais a aceitar a prematuridade e viver um dia de cada vez. Quero estar presente nos moemntos de angústia com uma palavra de esperança. Quero apontar caminhos quando a incerteza se instala. Quero contribuir para o bem-estar dos bebés, Família e assim diminuir o sofrimento que conheço tão bem.
Obrigada pelo bilhete desta viagem!!
Teresa Alexandre
Receitas saudáveis para toda a Família
sexta-feira, 4 de maio de 2018
Para esta semana escolhemos mais 3 receitas saudáveis para toda a Família. Esperamos que experimentem e que sejam saborosas.
Crumble de Sardinha
Ingredientes:
- 400g de tomate;
- 350g de pão de mistura;
- 220g de cebola branca;
- 100g de couve-coração;
- 50g de grão-de-bico;
- 2 latas de sardinha de conserva em tomate;
- 10g de azeite;
- Coentros, tomilho e cebolinho q.b.
Modo de preparação:
- Corte o pão de mistura em pedaços, polvilhe com tomilho e leve ao forno a 200ºC até secar.
- Numa frigideira salteie em azeite a cebola, a couve e o tomate. Envolva o grão-de-bico e deixe apurar. Adicione metade da sardinha ao preparado e tempere com os coentros, tomilho e cebolinho.
- Envolva o pão no preparado de hortícolas, sobreponha uma sardinha e assim se serve um crumble de sardinha.
Estufado de castanha e peru
Ingredientes:
- 500g de castanha assada no forno;
- 400g de peru;
- 300mL de caldo aromático de legumes;
- 200g de cenoura;
- 200g de curgete;
- 200g de tomate;
- 120g de alho francês;
- 120g de cebola;
- 120g de couve lombarda;
- 100mL de vinho branco;
- 20g de alho;
- 1 colher de sopa de azeite;
- 1 limão (raspa e sumo);
- Açafrão, manjericão e pimenta, folha de louro e tomilho q.b.
Modo de preparação:
- Comece por temperar o peru cortado em cubos com as raspas e sumo de limão, o manjericão e a pimenta e deixe marinar.
- De seguida prepare o caldo aromático levando 600mL de água ao lume com as cascas de cebola, cenoura, alho e a parte verde do alho francês. Deixe apurar, coe e reserve.
- Asse as castanhas no forno, descasque-as e reserve.
- Coloque numa panela a cebola, o alho, o alho francês, a curgete, a cenoura, o tomate e a couve lombarda. Adicione o caldo aromático, o vinho branco juntamente com o açafrão, a folha de louro e o tomilho e deixe cozer em lume brando.
- Adicione o peru e as castanhas previamente assadas e retifique a quantidade de água, adicionando um pouco mais se necessário.
- Por fim adicione 1 colher de sopa de azeite e deixe estufar cerca de 30 minutos até que todos os alimentos cozam e o molho fique apurado.
Torta de castanha e nozes
Ingredientes:
- 400g de castanha;
- 200g de sultanas ou figos secos;
- 2 ovos;
- 50g de nozes;
- Erva doce, canela q.b.;
- Raspa de limão ou laranja
Modo de preparação:
- Coza as castanhas e de seguida descasque-as.
- Triture em puré juntamente com o figo seco/ sultanas. De seguida, misture os ovos batidos, a erva doce e as raspas de laranja ou limão.
- Leve ao lume numa panela e mexa até levantar fervura e obter uma massa consistente que despegue do tacho.
- Coloque a massa numa folha de papel vegetal e estique com o rolo da massa. Polvilhe com a canela e as nozes torradas, enrole a torta, coloque no frio e sirva.
Bom apetite, Famílias!
O Pai, a Mãe e Eu
Índice de Massa Corporal
quinta-feira, 3 de maio de 2018
O Índice de Massa Corporal (IMC) é o método mais prático e usual que permite avaliar a adequação entre o peso e a altura de um indivíduo. Nas crianças, a relação peso/ altura é a forma mais adequada de monitorizar o crescimento, o desenvolvimento e o teor de gordura corporal. Deste modo é recomendado o cálculo do IMC para a idade, relacionando 4 parâmetros: sexo, idade, altura e peso.
A fórmula de cálculo é a seguinte: Peso (kg)/ (Altura ou Comprimento)2 (m). Após calcular o IMC deve consultar os quadros do Boletim de Saúde Infantil e Juvenil, em função do sexo da criança, de forma a saber o percentil a que este pertence. Uma vez que as curvas do IMC constam apenas nos Boletins editados a partir de 2005, se a edição do Boletim do seu filho(a) for anterior, é recomendada a determinação do IMC e respetivo percentil.
Um percentil é cada uma das 100 partes iguais de um conjunto estatístico ordenado. Isto é, se o seu filho(a) estiver no percentil 25 do IMC, por exemplo, significa que em 100 crianças saudáveis, com a mesma idade e sexo, 75 têm um IMC mais elevado e 24 um IMC mais baico. Este conhecimento ajuda a perceber a forma correta de ler uma curva de crescimento. De salientar que, mais importante do que a comparaçãocom a média estabelecida pela curva, é a proporção entre os valores e a sua evolução, pelo que devem ser verificados os vários percentis, nomeadamente o peso e a altura, se estão adequados entre si e equilibrados ao longo do tempo, embora sejam normais acelerações e desacelerações.
As cruvas do IMC permitem monitorizar o estado de nutrição, identificando as crianças/ adolescentes já obesos, tal como os que têm risco de vir a sê-lo. Este desvio é importante se o afastamento do percentil do IMC acontecer fora dos períodos de deposição fisiológica de gordura (primeiro ano de vida e pré-puberdade).
O excesso de peso e a obesidade são definidos pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma acumulação excessiva ou anormal de gordura que pode afetar a saúde. O IMC é o instrumento mais utilizado para avaliar esta condição, sendo que valores de IMC elevados são considerados fator de risco para doenças cardiovasculares, desordens músculo-esqueléticas e alguns tipos de cancro, as quais representam as principais causas de morte e incapacidade a nível mundial.
O excesso de peso é detetado quando o IMC se encontra entre o percentil 85 e 95 para a idade e sexo e a obesidade quando o IMC se encontra acima do percentil 95 para a idade e sexo.
São vários os fatores que contribuem para um IMC elevado:
- questões genéticas;
- questões metabólicas;
- desequilíbrio do balanço energético;
- stress;
- ansiedade ou depressão.
Contudo, normalmente deve-se a uma vida sedentária e a uma alimentação pouco saudável com a ingestão de calorias em excesso. Todas as oportunidades são boas para a correção de hábitos alimentares desequilibrados e promoção da atividade física. Na sua maioria trata-se de um problema familiar e uma mudança de um elemento pode beneficiar todos os membros da família.
O Pai, a Mãe e Eu
Estrabismo
quarta-feira, 2 de maio de 2018
Chamamos estrabismo o desalinhamento dos eixos visuais. O desvio dos olhos pode ocorrer num eixo horizontal (convergente ou divergente), num eixo vertical (para cima ou para baixo) ou a única coisa que uma criança pode apresentar é um torcicolo. A posição da cabeça pode ser inclinada para um dos lados, queixo para baixo ou para cima e às vezes é tão subtil que nem os pais dão conta. Há ainda outros casos mais complexos.
Existem alguns fatores de risco associados ao estrabismo, tais como
- história familiar positiva (Pai, Mãe ou irmãos);
- prematuros;
- baixo peso ao nascimento;
- síndromes genéticas.
Quando estes fatores de risco estão presentes, as crianças devem ser avaliadas numa consulta de oftalmologia e, se possível, por um oftalmologista pediátrico.
O tipo mais comum é o estrabismo acomodativo. Surge habitualmente entre os 2 e os 5 anos de idade e representa mais de metade dos casos de estrabismo. Resulta de um erro refrativo não compensado chamado hipermetropia. Esta forma de estrabismo é particularmente importante, porque pode ser prevenida se a hipermetropia for diagnosticada atempadamente.
Alguns estrabismos podem surgir desde os primeiros meses de vida, como a endotropia congénita ou o estrabismo por algum problema visual. Geralmente são facilmente diagnosticados pelo pediatra ou médico assistente, pois são constantes e de grande ângulo.
Muito mais frequente que o estrabismo é o chamado pseudo-estrabismo que é uma causa de grande angústia dos Pais. É muito comum surgir nas crianças com epicanto e com base larga do nariz. Tal como o nome indica, apesar de dar a falsa impressão que há um desvio dos eixos visuais, os olhos estão perfeitamente alinhados. Esta falsa ideia acontece porque a parte nasal da esclera (parte branca dos olhos) fica menos visível.
Durante os primeiros meses de vida a visão binocular (a utilização dos dois olhos juntos pelo cérebro) está a ser desenvolvida e por isso é normal que até aos 6 meses, mas principalmente nos primeiros 3 meses de vida, que a criança apresente por alguns momentos (alguns segundos) um desalinhamento dos eixos visuais, mas rapidamente os olhos voltam à sua posição normal.
Quando os eixos visuais estão desalinhados (quando há estrabismo), o cérebro forma duas imagens e vemos a dobrar (é a chamada diplopia). Nas crianças pequenas, o cérebro utiliza outro mecanismo e consegue apagar a imagem do olho desviado (mecanismo de supressão ocular). Se por um lado é um mecanismo adaptativo porque a diplopia é muito incómoda, por outro lado se o olho desviado sempre for o mesmo acaba por surgir a ambliopia (também designado olho preguiçoso). Na ambliopia apesar do olho ser saudável, há uma baixa de visão por falta de estímulo cerebral. A ambliopia é reversível na maioria das crianças se for tratada antes dos 5-6 anos de idade, mas quanto mais cedo o diagnóstico, mais curto é o tratamento e maior a taxa de sucesso. Após os 7-8 anos de idade é muito difícil tratar a ambliopia.
Como já dito anteriormente, em muitos casos o estrabismo poderia ser evitado se houvess uma deteção precoce dos erros refrativos. Idealmente, todas as crianças deveriam ser avaliadas numa consulta de oftalmologia pediátrica aos 2 anos, mas não sendo possível, desde 2015 começou a ser implementado um programa de rastreio visual infantil em algumas autarquias e em março deste ano foi aprovado um rastreio visula infantil a nível nacional. Esperemos que dentro de breve todas as crianças possam ser rastreadas nos centros de saúde, desde os 2 anos de idade.
Os rastreios visuais, para além de detetarem estrabismo e hipermetropia também diagnosticam outros erros refrativos e outras patologias oftalmológicas.
Lígia Figueiredo
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