Em Portugal, a Direção Geral de Saúde criou um programa de vigilância da gravidez que visa a prestação dos melhores cuidados à grávida, o acompanhamento do desenvolvimento do bebé, o aconselhamento do casal, a preparação para o parto para os cuidados perinatais (ex. higiene, aleitamento materno etc).

Estas consultas decorrem nos centros de saúde e geralmente organizam-se em dois tempos:

  • Consulta de Enfermagem - a grávida é pesada, é avaliada a tensão arterial (TA), esclarecem-se dúvidas práticas e faz-se aconselhamento. Geralmente é aqui que a grávida e o pai do bebé (ou outra pessoa de significado para a mesma) são encaminhados para os cursos de preparação para o parto idealmente realizados no 3º trimestre);
  • Consulta Médica - o profissional de saúde vê e regista os exames (análises, ecografias), preenche o boletim de saúde da grávida, depois de aferir a TA, aumento de peso, perímetro abdominal, altura uterina e foco fetal (batimento cardíaco do bebé). Palpa a barriga da grávida e faz alguns gestos (manobras de Leopold) que lhe permitem perceber a orientação e a posição do bebé, bem como a sua apresentação (ex. cefálica se estiver de cabeça para baixo, pélvica se estiver sentado). O médico calcula o risco da gravidez (baseado em vários factores relativos à idade da mãe, antecedentes clínicos e eventos durante a gravidez actual ou anteriores) e se a gravidez for considerada de risco referencia a grávida a uma consulta hospitalar de Obstetrícia. Aconselha a grávida quanto às vacinas recomendadas no curso da gravidez e prescreve também os suplementos necessários (iodo, ferro, ácido fólico). Pode emitir o cheque dentista (grávida tem direito a 3, segundo o Plano Nacional de Saúde Oral) para realização de tratamentos dentários. Também nesta consulta deve haver disponibilidade para responder às questões da grávida ou aconselhar nalguma área em que haja necessidade de esclarecimento. O médico deve também informar a grávida sobre os principais sinais de alerta para recorrer ao Serviço de Urgência de Obstetrícia e quanto aos sinais de início de trabalho de parto (constantes no livro da grávida nas primeiras páginas).


O intervalo recomendado entre as consultas é de 4-6 semanas até às 30 semanas; 2-3 semanas entre as 30 e as 36 semanas; 1-2 semanas após as 36 semanas até ao parto. Ao longo dos 3 trimestres de gravidez são pedidas análises (grupo sanguíneo, hemograma, teste de Coombs, serologias das principais doenças infeciosas para a mãe e bebé, rastreio da diabetes gestacional - tal como ilustra o quadro seguinte) e 3 ecografias.
        
Fonte: Exames Laboratoriais na gravidez de baixo risco DGS
   
        


  • 1ª ecografia (das 11 às 13 semanas) faz-se a datação da gravidez pelo comprimento craneo-caudal do embrião e avalia-se o risco de trissomias, tendo em conta a idade da mãe e características do feto podendo-se conjugar-se com o rastreio bioquímico;

  • 2ª ecografia (das 20 às 22 semanas) também chamada ecografia morfológica, avalia-se ao detalhe toda a anatomia do feto em busca de anomalias e determina-se o sexo;

  • 3ª ecografia (das 30 às 32 semanas) estima-se o peso fetal através das suas biometrias (perímetro cefálico e abdominal; comprimento do fémur) e avalia-se o perfil biofísico fetal através de vários parâmetros que incluem o volume de líquido amniótico, o tónus e os movimentos respiratórios fetais, entre outros.

Depois das 36 semanas a grávida deve ser encaminhada para a consulta perinatal no hospital de referência, para realizar o CTG (cardiotocografia) em que se avalia a contratilidade uterina e variabilidade da frequência cardíaca fetal – indicadores do bem estar fetal.

Uma vez ocorrido o parto e até 42 dias (6 semanas) após a data do mesmo, a mãe deve comparecer no seu Centro de Saúde para uma consulta de Revisão de Puerpério em que, mais uma vez, em conjugação de consulta médica e de enfermagem se avalia o estado físico geral da mãe (peso, TA, exame mamário e ginecológico), se realiza colpocitologia (vulgo Papanicolau) caso não tenha sido realizada no último ano, se aconselha quanto ao método contracetivo a adotar e quanto a outras questões práticas relacionadas com os cuidados com o recém-nascido.