Lília Brito
segunda-feira, 30 de outubro de 2017
Sou Psicóloga Clínica e Psicoterapeuta. Tenho a especialização em Psicologia da Saúde e Psicologia Pediátrica.
Trabalho no Centro Hospitalar Lisboa Central - Maternidade Dr. Alfredo da Costa, desde finais de 1985. Aqui, sou responsável pela Intervenção Psicológica no Serviço de Pediatria, nas áreas relacionadas com o nascimento de risco e apoio à parentalidade (internamento neonatal e acompanhamento pós-alta das crianças/ pais até à idade escolar). Desenvolvi vários projetos neste âmbito.
Exerço também atividade clínica particular.
Três anos de Baby Led Weaning (BLW) - Afinal em que consiste?
terça-feira, 24 de outubro de 2017
Durante muitos anos a iniciação da diversificação alimentar seguiu parâmetros e regras razoavelmente rígidos, passando pelo uso obrigatório de papinhas e sopinhas, recebidas de boa vontade ou a contra gosto pelos lactentes a partir dos 4 meses.
O BLW baseado em premissas tão diferentes da alimentação convencional, veio trazer "uma lufada de ar fresco" à forma como alimentamos os nossos filhos, proporcionando-lhes a oportunidade de experimentarem uma infinidade de sabores, cores, texturas e consistências.
Os princípios básicos do BLW são simples:
O BLW baseado em premissas tão diferentes da alimentação convencional, veio trazer "uma lufada de ar fresco" à forma como alimentamos os nossos filhos, proporcionando-lhes a oportunidade de experimentarem uma infinidade de sabores, cores, texturas e consistências.
créditos da imagem: Cheguei ao Mundo |
Os princípios básicos do BLW são simples:
- o leite materno (ou o leite artificial) são a base da alimentação no primeiro ano de vida;
- o bebé a partir dos 6 meses, em média, tem capacidades para se autoalimentar, ou seja, ficar sentado ainda que com o apoio, agarrar e levar à boca e mastigar. O intervalo ideal para aprender a mastigar é entre os 6 e os 10 meses de idade;
- o bebé nasce com a capacidade de autorregulação, ou seja, sabe quando tem fome ou está saciado, bem como sabe de que alimentos necessita em diferentes etapas da vida, privilegiando-os quando lhe é dada a oportunidade;
- o bebé é naturalmente curioso e aprende por imitação dos gestos e atitudes que vê, pelo que as refeições devem ser feitas em Família, pelo menos com mais um elemento sentado a comer junto do bebé e o mesmo que ele;
- todos os alimentos podem ser oferecidos ao bebé, sendo apenas necessário atentar à forma, ao tamanho e à consistência dos mesmos, para que possam ser agarrados pelo bebé, mastigados e deglutidos sem constituir perigo de engasgamento;
- sal, açúcar, mel e processados não devem constar na dieta dos bebés (neste como em qualquer método de introdução alimentar a crianças);
- o bebé nunca deve ser deixado sozinho.
Desde há cerca de 3 anos que falo de BLW aos pais, explico em que consiste, como deve ser feito, quais as vantagens que traz para as crianças. Verifico que existe um interesse crescente pelo método e tenho atualmente numerosas crianças a praticá-lo como forma de introdução dos alimentos ou complementarmente aos alimentos triturados e oferecidos com colher.
A maior parte das crianças não tem, infelizmente, a Mãe por perto a tempo inteiro durante esta fase da vida, porque muitas mulheres necessitam trabalhar, quantas vezes antes dos 6 meses, devendo o bebé ingressar num infantário, onde a alimentação é oferecida da forma convencional. Quando têm mais sorte existe uma avó ou avô, mas que dificilmente irão aderir ao BLW por receio dos engasgos ou da "chafurdice" em que o local da refeição irá ficar.
Tenho a certeza que estamos a criar uma nova geração que vai apreciar a comida de uma forma mais saudável, possivelmente com menor risco de obesidade, com musculatura orofacial melhor desenvolvida, eventualmente com menos alergias alimentares e seguramente com muito mais prazer para filhos e pais, evitando as batalhas à mesa e a recusa em provar qualquer alimento novo. Mas acima de tudo, aquilo que mais prezo no BLW e que considero a sua mais valia é o respeito demonstrado pela criança, o aceitar de que ela melhor do que ninguém sabe o que precisa, quanto e quando precisa. Este princípio pode e deve ser aplicado em qualquer forma de introdução da diversificação alimentar, permitindo que a criança participe ativamente no processo.
Graça Gonçalves
Graça Gonçalves
domingo, 22 de outubro de 2017
A Dra. Graça Gonçalves é pediatra e tem-se dedicado muito às questões da Amamentação.
É Consultora de Lactação certificada internacionalmente pelo IBCLC e dedica-se a dar formação nesta área a todos os profissionais que queiram aprofundar conhecimentos nesta área, assim como a ajudar as Mães que apresentam dificuldade neste âmbito.
Está envolvida em muitos projetos e redigiu vários artigos sobre alimentação/ aleitamento materno.
O Pai, a Mãe e Eu
Créditos da imagem: Chupeta Vip
A responsabilidade parental
quarta-feira, 18 de outubro de 2017
Nos dias de hoje, responsabilidades parentais revestem um caráter de inegável importância. Conceituando-se num conjunto de poderes-deveres atribuídos aos pais relativamente aos filhos. É fácil percecionar a relevância desta matéria, não só na sociedade que integramos hoje, mas também na que num futuro próximo viremos a integrar, importância esta que tem sido ainda justificada por um considerável aumento de casos de incumprimento de deveres parentais, sobretudo numa sociedade em que se verifica cada vez mais um aumento de "filhos de pais solteiros" ou " filhos de pais divorciados".
Visando acima de tudo a proteção das crianças e jovens dos abusos e desrespeitos que possam existir por parte dos pais até à maioridade ou emancipação, a responsabilidade parental procura não só regulamentar os direitos dos filhos, mas também os direitos dos pais, não apenas no contexto familiar, mas também na sociedade e no trabalho, com vista a um melhor cumprimento dos seus deveres perante aqueles. Veja-se, por exemplo, as vastas alterações legais que têm surgido noutras esferas jurídicas, por exemplo, na lei laboral a qual atualmente prevê um conjunto de normas próprias destinadas à salvaguarda do acompanhamento, mais presente e direto dos pais aos filhos, possibilitado através de licenças e/ ou dispensas ao trabalho e prevendo horários com regime próprio. Refira-se, e aplauda-se, a procura do respeito pela igualdade de género que nesta salvaguarda de direitos já se encontra bem patente na Lei Portuguesa, colocando-a num patamar muito aceitável perante outros países europeus.
O âmbito do conceito de "responsabilidade parental" é um tanto vasto, abrangendo conjunto de direitos e obrigações relativos aos cuidados que se prendem tanto com a pessoa como com os bens da criança, implicando vários deveres por parte dos "titulares da responsabilidade parental", tais como: garantir que a criança tenha um teto, alimentação e vestuário, bem como a responsabilidade pela sua educação e cuidados relativos aos bens materiais da criança, sempre que os mesmos existam, para além de a representar legalmente.
Por "titulares da responsabilidade parental" compreendem-se que sejam as pessoas que exercem a responsabilidade parental, ou seja, sobre as quais recaem todos os direitos e deveres relativos à tutela da criança. Por regra geral e na maioria das situações, a responsabilidade parental recai sobre os pais da criança. Podem, no entanto, existir situações que impeçam que a responsabilidade parental seja exercida pelos seus progenitores, algumas das quais é o caso de falecimento dos mesmos, ou caso estes sejam declarados interditos ou não autorizados a tratar dos seus filhos, podendo até mesmo ser incógnitos. Situações como estas acima descritas exigem por força do Código Civil a nomeação de um tutor, cargo que competirá a pessoa designada pelos pais ou pelo tribunal de menores.
Existe ainda uma outra situação que coloca questões face à titularidade da responsabilidade parental, o divórcio.
Esta responsabilidade que recai sobre os pais ou tutores compreende um vasto conjunto de direitos e deveres, que têm como principal mote "A criança primeiro". Diversos são os aspetos inclusos neste mesmo lema que passam pelo zelo, pelo cuidado e desenvolvimento do menor, para além do dever de suportar todas as despesas relacionadas com o sustento, saúde e educação dos mesmos, tarefa qual os responsáveis parentais só se podem desobrigar na medida em que os seus filhos estejam em condições de suportar esses encargos, pelo produto do seu trabalho ou outros rendimentos.
O acesso à educação é um desses aspetos. Uma parte muito importante da vida de todas as crianças principalmente na preparação do futuro das mesmas, cabe aos responsáveis educar os filhos e proporcionar-lhes formação geral e profissional, bem como promover o seu desenvolvimento físico e psíquico.
A garantia de uma boa assistência médica e o zelo pela segurança da criança e do meio em que esta se insere são outros dois deveres que assumem um papel crítico na vida e desenvolvimento do menor revestindo um caráter inegável por parte dos responsáveis face à pessoa dos filhos. A responsabilidade parental compreende, para além da pessoa, os bens dos filhos cominando num dever dos responsáveis de zelar pela administração e representação dos mesmos.
A responsabilidade parental compreende também como contrapartida aos deveres dos responsáveis alguns deveres dos filhos, tais como a obediência aos pais e o impedimento do abandono ou de serem retirados da casa paterna.
O divórcio provoca um efeito interessante relativo à responsabilidade e aos deveres da mesma que culmina em duas vertentes motivadas pela importância de assuntos respetivos à vida da criança. Caso os pais estejam divorciados ou separados, a responsabilidade relativa a assuntos de particular importância para a vida do filho recai sobre ambos os progenitores, contudo, relativamente a atos normais e correntes da vida do filho, a responsabilidade recairá apenas sobre o progenitor com quem este reside habitualmente ou com aquele com quem ele se encontra temporariamente, se a criança habitar alternadamente com cada um, a chamada guarda partilhada. Sem dúvida, matéria muito polémica e controversa que dá azo a longas disputas em tribunal.
Nelson Tereso
segunda-feira, 16 de outubro de 2017
Olá! O meu nome é Nelson Tereso.
Frequentei o curso de Direito da Universidade Católica Portuguesa de Lisboa até ao terceiro ano. Pedi transferência para a Universidade Internacional de Lisboa e terminei a licenciatura em 1994. Fiz o estágio de advocacia e terminei a 17 de Fevereiro de 1997.
Tenho escritório sediado em Alhandra e sou Patrono de vários advogados.
Devido ao facto de ser luso-americano, tenho uma especial ligação aos Estados Unidos e estabeleci parcerias com escritórios de advogados em New Jersey, New York, Massachusetts e Califórnia. Tenho igualmente um escritório na agência "Arcos", em Newark, New Jersey.
Fui o primeiro representante eleito das comunidades luso-americanas de Western Massachusetts e Hartford, Connecticut, em Portugal, Diretor Executivo da Fundação Bernardino Coutinho em Portugal, administrador da Fundação Amália Rodrigues, Presidente do Conselho Fiscal da Associação dos Portugueses no Estrangeiro, director de várias coletividades de Alhandra e autarca na Assembleia da Freguesia de Alhandra.
Sou ainda fundador e atual Presidente do Clube de Fans do Basquetebol.
O Prematuro e a Sucção
quarta-feira, 11 de outubro de 2017
Todos nós, Pais ou não, já ouvimos alguém dizer "Todo o recém-nascido nasce a saber mamar!". Pergunto: mas todos nós somos iguais? Robôs computorizados? Será mesmo um dado adquirido que todos os bebés têm de saber comer assim que nascem? Felizmente sabemos que não é bem assim!
Primeiro que tudo: "habitualmente" come-se pela boca, correto? (Digo "habitualmente" porque nem todos podem "comer pela boca", mas deixemos essa questão de lado por agora). E quando nascemos, a forma de nos alimentarmos pela boca é por meio da sucção de leite, não é? Mas, como aprendemos a fazer isso?
De onde aparece essa tal de "sucção"?
O chamado reflexo de sucção aparece de forma muito primitiva por volta das 12 semanas ainda in utero progredindo gradualmente, sendo que perto das 26 semanas o bebé começa a engolir líquido amniótico de forma descoordenada e a chuchar em tudo o que consegue apanhar. Às 30 semanas aparecem as bochechas com as denominadas "sucking pads" (são bolsas de gordura existentes dentro da boca do bebé que o ajuda a fazer a pressão intraoral para sugar, desaparecendo com o aparecimento da mastigação), mas é somente às 34 semanas que a sucção se coordena com a deglutição. Contudo, é apenas ao nascer e com o surgimento da respiração que o recém-nascido poderá de facto adquirir o padrão de sucção propriamente dito que lhe permitirá mamar de forma efetiva: a chamada Tríade Sucção + Deglutição + Respiração.
Afinal todos os bebés sabem mamar assim que nascem, ou não?
Não! Nem todos os recém-nascidos nascem com o reflexo de sucção ativo/ adequado. Existem variadas razões para que tal não aconteça e por vezes nenhuma razão aparente... Costumo dizer muitas vezes aos Pais que os seus bebés simplesmente "adormeceram durante a aula de sucção" ou "faltaram porque já não estavam na barriga da Mãe para a ter!". Dependendo da idade gestacional do recém-nascido, estado clínico, patologias associadas ou alterações da morfologia oral como é o caso do freio lingual curto, a sucção poderá estar (ou não) condicionada.
O bebé prematuro apresenta uma imaturidade global que dificulta o aleitamento logo após o nascimento.
Então o prematuro tem sempre dificuldade em mamar?
É uma verdade que a Prematuridade está estritamente ligada às dificuldades de sucção. Olhemos primeiro para algumas caraterísticas frequentes de um prematuro:
Afinal todos os bebés sabem mamar assim que nascem, ou não?
Não! Nem todos os recém-nascidos nascem com o reflexo de sucção ativo/ adequado. Existem variadas razões para que tal não aconteça e por vezes nenhuma razão aparente... Costumo dizer muitas vezes aos Pais que os seus bebés simplesmente "adormeceram durante a aula de sucção" ou "faltaram porque já não estavam na barriga da Mãe para a ter!". Dependendo da idade gestacional do recém-nascido, estado clínico, patologias associadas ou alterações da morfologia oral como é o caso do freio lingual curto, a sucção poderá estar (ou não) condicionada.
O bebé prematuro apresenta uma imaturidade global que dificulta o aleitamento logo após o nascimento.
Então o prematuro tem sempre dificuldade em mamar?
É uma verdade que a Prematuridade está estritamente ligada às dificuldades de sucção. Olhemos primeiro para algumas caraterísticas frequentes de um prematuro:
- Neurologicamente desorganizados;
- Imaturidade do sistema respiratório;
- Estado de alerta reduzido;
- Poucos sinais de fome ou sede;
- Pequena capacidade gástrica;
- Tónus diminuído (hipotónico): dificuldades na estabilidade da mandíbula e/ ou vedamento labial insuficiente;
- Ausência de "Sucking Pads".
Assim, é comum encontrarem-se reflexos de sucção e de deglutição fracos ou ausentes na maioria deles. Basta também pensar que muitos nascem ainda antes deste reflexo se ter maturado in utero, passam largas semanas/ meses sem poderem ser alimentados por boca, são bebés que foram entubados, com sonda, etc.
Mas tal não é regra, tudo depende das experiências orais do prematuro, seja na barriga da Mãe, no pós-parto e/ ou até durante o internamento.
O que se pode fazer para ajudar o bebé prematuro a mamar melhor?
Se está com o seu bebé numa Unidade de Cuidados Intensivos Neonatais e tem a possibilidade de que este seja avaliado por um Terapeuta da Fala, fantástico! É o profissional de saúde que, após uma avaliação, lhe dará orientações, dicas e estratégias para estimular a sucção proporcionando-lhe assim momentos positivos e de prazer à volta da boca e de tudo o que ela representa. Falamos da sucção não-nutritiva, vulgarmente chamada de "chuchar", presente no dedo ou na chucha onde os movimentos são rápidos com pausas longas e irregulares e sem a presença de alimento na cavidade oral. Deixo alguns exemplos do que poderá fazer ainda antes do seu bebé ser alimentado por via oral:
- Se for possível, e sempre que possível, coloque-o à mama ou perto da sua mama para que o seu bebé possa brincar, sentir, tocar nos seus mamilos. Assim, estará a estimular não só a sucção do seu bebé, mas também a produção de leite;
- Com a mão do próprio bebé leve-a à boca, passeando pelos seus pequenos lábios e bochechas, pois gradualmente ele levará a língua para fora e começará a lamber as mãos e dedinhos;
- Tente acomodá-lo no ninho sempre com as mãos perto da cara - o momento canguru é também uma ótima altura para o colocar nessa posição;
- Com o seu dedo lavado (se for necessário colocar uma luva) vá tocando ao redor dos lábios do seu bebé e dexe que ele tente abocanhá-lo (este é o chamado reflexo de procura) e assim comece a chuchar (o chamado "suckling") fazendo pressões na língua e/ ou no palato. Simplesmente deixe-o brincar com o seu dedo!
http://l7.alamy.com/zooms/32103e2bf4ab4513894068f10b977a6e/premature-baby-boy-sucking-finger-with-oxygen-saturation-monitor-on-a3e39n.jpg
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Caso não tenha a possibilidade de ser avaliado por um Terapeuta da Fala, conte com o apoio indispensável da equipa de Enfermagem que cuida do seu bebé e, salvaguardando sempre que este se encontra clinicamente estável, discuta com a mesma a possibilidade e quais os melhores momentos para poder estimular a sucção não-nutritiva do seu bebé.
Então se chucha bem significa que mama bem? Já é possível alimentá-lo por boca?
Não necessariamente. Existe uma diferença muito clara entre a sucção não-nutritiva e a sucção nutritiva que acontece na presença do alimento na cavidade oral, apresentando uma boa coordenação da tríade sucção + deglutição + respiração, movimentos mais lentos, organizados e ritmados, com sugadas de forte pressão intraoral que lhe permita retirar o alimento da mama da Mãe, da seringa, da sonda-dedo ou da tetina.
Assim, conseguimos perceber que sugar é muito diferente de chuchar! É nesta fase que a maioria dos prematuros apresenta maiores dificuldades.
O que fazer quando ele já puder comer por boca?
Porque todos os bebés são diferentes e especiais, também existem diferentes formas de os ajudar. É aqui que o Terapeuta da Fala entra novamente e, em conjunto convosco, estabelece um plano de intervenção, dando-vos todas as estratégias e orientações para poderem ajudar o vosso bebé a perceber o "mecanismo" para uma boa refeição por via oral.
A introdução da alimentação por via oral vai depender de todos os fatores atrás referidos, sendo que esta deva ser realizada de forma progressiva de acordo com as competências orais, respiratórias e gástricas do prematuro. Assim, após avaliação das estruturas orais/ reflexos orais/ sucção não-nutritiva/ sinais de alerta, o Terapeuta inicia um programa de estimulação da sucção nutritiva controlada, que pode ser desde o uso de sonda-dedo, à sonda-tetina/ chucha ou por meio de translactação controlada. Posteriormente, e se o bebé apresentar uma boa coordenação da sucção + deglutição + respiração, avança-se para a estimulação da sucção nutritiva orientada (onde se auxilia e condiciona as pausas e ritmo de sucção consoante necessidade) até à autónoma (onde o bebé poderá mamar livremente na mama ou tetina).
Tudo isto vai depender das necessidades e caraterísticas do vosso bebé e mesmo depois de já ter iniciado alimentação via oral, existem sinais de alerta a ter em conta:
- Presença de ruídos (sucção e/ ou deglutição excessivamente sonorizadas);
- Prematuro agitado, desorganizado e choroso, perdendo o vedamento labial frequentemente;
- Bochechas do prematuro encovadas em cada sucção;
- Desperdício excessivo de leite pelas comissuras labiais (cantos da boca);
- Pausas longas entre sucções;
- Sucções superficiais e rápidas sem pausa para respirar;
- Persistência na posição elevada lingual, bloqueando a entrada do mamilo/ tetina;
- Engasgos ou tosse sucessivos;
- Lacrimejo do bebé durante a mamada;
- Esforço evidente ao deglutir.
Se o seu bebé apresenta algum destes sinais durante a refeição fale com o seu Médico Assistente, Pediatra ou Enfermeiro.
Se o bebé prematuro teve dificuldade em mamar, vai ser sempre difícil para comer?
Não necessariamente. Não existem estudos claros que liguem as dificuldades alimentares ocorridas no período neonatal, com perturbações da alimentação e do comer, quer seja em prematuros ou recém-nascidos de termo. Aquilo que sabemos é que um bebé em que as primeiras experiências orais vivenciadas tenham sido menos positivas, com historial de engasgamentos, vómitos, recusa por mal-estar abdominal, uso prolongado de outra via de alimentação ou trauma cirúrgico têm maior probabilidade de desenvolver perturbações a nível sensorial onde se inclui as de foro sensório-motor oral, pondo em risco o bom desenvolvimento da alimentação (como é o caso dos bebés prematuros).
Por isso, antes e depois de iniciar a alimentação complementar deve dar ao seu bebé prematuro todo o mundo de boas e positivas experiências orais. Eis alguns exemplos daquilo que pode fazer:
- Brincar com as próprias mãos/ pés é um conhecimento do seu corpo e de si mesmo;
- O uso de mordedores e brinquedos, manuseando diferentes solos e diferentes temperaturas, ajudam numa melhor aceitação sensorial;
- Deixe-o fazer parte da vossa refeição sentando-o à mesa convosco (mesmo que este ainda não tenha iniciado a alimentação complementar). Comer não é apenas um ato de nutrição... Os olhos e as mãos também comem, não é verdade?
- Deixe-o brincar com o alimento! Deixe-o explorar os diferentes alimentos nos seus diversos paladares/ formas/ temperaturas/ consistências: observando, apalpando, tocando. cheirando, lambendo... Utilize todos os sentidos para melhor conhecer aquilo que futuramente irá comer.
Joana Caçoeiro
Joana Caçoeiro
segunda-feira, 9 de outubro de 2017
Joana Caçoeiro, mais do que Terapeuta da Fala e Conselheira de Aleitamento Materno, é Mãe de um pequeno reguila com um riso fabuloso que lhe deu a conhecer um outro lado maravilhoso da vida - A Maternidade!
É licenciada pela Escola Superior de Saúde de Setúbal, pós-graduada na área da Motricidade Oro-Facial, pelo Instituto EPAP e tem formação contínua variada na área da Perturbação Alimentar Infantil, Integração Sensorial para Terapeutas da Fala e Suporte Básico de Vida Neonatal e Pediátrico. Tem ainda formação na área da Visão Ampliada e Integrada do Desenvolvimento Alimentar Infantil, com a Fga. Dra. Patrícia Junqueira.
Desde 2009 exerce funções no Serviço de Medicina Física e de Reabilitação do Hospital Dona Estefânia (tanto em ambulatório como em contexto de enfermaria) e em 2017 passou a integrar a equipa da Unidade de Cuidados Intensivos e Intermédios Neonatais da Maternidade Dr. Alfredo da Costa.
A sua área de eleição é sem dúvida a Motricidade Oro-Facial no que à Alimentação diz respeito, seja para prevenção ou intervenção de Perturbações da Alimentação e do Comer no bebé ou na criança, sempre em conjunto com as suas Famílias, porque afinal "comer é muito mais do que nutrir!"
A prática de Yoga com bebés e crianças
quarta-feira, 4 de outubro de 2017
A prática de yoga com bebés é tão natural como respirar. Observe um bebé a respirar. Quando não existe nenhuma perturbação a nível respiratório, os bebés respiram exclusivamente pelo nariz envolvendo sempre a zona abdominal, expandindo quando inspira e esvaziando quando expira. A respiração flui por todo o corpo. A respiração é a essência da vida e é a base da prática de qualquer estilo de yoga.
Desde que nascem, os bebés são yogis inatos revelando aos pais que quando nascemos atingimos um estado de perfeição que se mantém durante a primeira infância. Nesta fase, o bebé tem uma postura correta, um padrão respiratório saudável, vive o momento presente, ama incondicionalmente, pratica a não-violência, entra facilmente em estados meditativos, pratica posturas de yoga naturalmente como parte integrante do seu desenvolvimento. A pouco e pouco este estado de perfeição vai-se corrompendo pelas pressões externas do mundo dos adultos. Alguns estudos desenvolvidos na ciência do yoga revelam que, hoje em dia, aos 6 anos as crianças são pequenos adultos adotando o estilo de vida semelhante às suas principais referências. Devemos então olhar para nós, Pais, não só como professores mas sim, e principalmente, como aprendizes. Temos alguns pais que descobriram a sua prática de yoga pessoal através das aulas com os seus filhos.
Então porque é necessário praticar aulas de yoga com os bebés se eles já são yogis? Para que enquanto Pais possamos aprender com o nosso bebé, para aumentarmos a nossa consciência do papel que escolhemos ter na vida dos nossos filhos e essencialmente para estabelecermos uma vinculação baseada no respeito e no amor. Tudo isto é yoga!
A prática de yoga respeita o desenvolvimento natural dos bebés, bem como o ritmo de cada bebé. A importância da auto-descoberta, do auto-conhecimento, da auto-estima e auto-confiança são objetivos fulcrais nas aulas.
Foi da necessidade sentida enquanto mãe que surgiu a Escola Babyoga Portugal, com o objetivo de divulgar o yoga na infância. A prática de Babyoga e Playoga tem como missão desenvolver e estimular nos bebés e crianças a importância do conhecimento do eu, a consciência corporal e espacial, a auto-estima e auto-confiança, a importância da respiração, o vínculo afetivo com os pais, crianças felizes, otimistas e positivas.
A prática de Babyoga resulta de uma mistura entre a adaptção de posturas do yoga clássico aos bebés, com a prática de movimentos desenvolvidos para estimular a integração sensorial do bebé. É uma prática em conjunto, entre pais e filhos. Estas aulas centram-se essencialmente no desenvolvimento psicomotor e emocional das crianças. Os pais descobrem novas formas de estimular o desenvolvimento físico, social e emocional da criança, construindo, desde a primeira infância, vínculos afetivos profundos e sólidos. As posturas da prática de Babyoga baseiam-se em muitas posturas do Hatha Yoga tradicional e adaptadas de forma apropriada ao corpo dos bebés.
A prática de Babyoga promove um estímulo multissensorial para os bebés, pois junta o toque, o movimento, o som e o contacto visual na mesma atividade tornando-a numa experiência rica na partilha do dar e receber entre pais e bebés, sendo também uma excelente forma de ajudar a equilibrar o tempo que atualmente os bebés passam nas cadeiras (ovos), nos carros, nos parques, ...
A prática de Playoga consiste num programa específico e único para crianças em fase escolar que promove o desenvolvimento da criança explorando o seu talento e o seu portencial como um todo valorizando as capacidades inatas de cada criança: criativas, intuitivas, físicas, emocionais, intelectuais e éticas. A prática de Playoga contempla um equilíbrio entre a diversão com jogos, histórias e músicas; a disciplina com cooperação, respeito e verdade; a integração com o relaxamento, massagens e visualizações.
Todos os elementos utilizados na prática de Playoga: exercícios de respiração, exercícios de meditação e visualização, vocalização, posturas de yoga, massagens são exploradas como elementos criativos, conferindo espaço à criança para expressar emoções e sentimentos através do corpo, das verbalizações, do toque e das artes.
A prática de Playoga providencia às crianças uma nova e fantástica forma de explorarem e apreciarem os seus potenciais criativos. As crianças aprendem valiosas técnicas que constituem uma sólida plataforma para lidarem melhor com futuros desafios, para que cresçam fortes física, mental e emocionalmente, cultivando a auto-estima na jornada de uma vida bem sucedida.
Suprimir os movimentos dos bebés e ignorando as suas necessidades de se movimentarem livremente atrasa outras etapas do desenvolvimento como o gatinhar, andar e inclusive poderá influenciar o seu desenvolvimento cognitivo. Nas crianças ajuda também a prevenir o sedentarismo e como consequente resultado a obesidade, causados pelo crescente uso de aparelhos eletrónicos, pela diminuição dos espaços seguros onde as crianças possam brincar livremente e claro, pela alimentação.
Nos últimos 20 anos, o crescimento da obesidade em crianças tem sido alarmante. Esta evolução deve-se essencialmente à diminuição das atividades físicas e ao aumento das atividades sedentárias. A obesidade é muito mais do que excesso de peso ou gordura, pois desencadeia um rol de problemas como a diabetes, doenças cardiovasculares, problemas psicológicos e emocionais, distúrbios do sono, problemas ortopédicos e diminuição do sistema imunitário. A principal forma de combate da obesidade infantil é começar a fazer atividade física o mais cedo possível, durante os primeiros anos de vida, quando os hábitos estão a forma-se. Investigadores na área do desenvolvimento infantil acreditam que bebés fisicamente ativos serão crianças fisicamente ativas e que se tornarão adolescentes fisicamente ativos, permanecendo assim na vida adulta.
As crianças têm força, têm energia e flexibilidade. As crianças são ativas, mas também calmas. São genuínas e respeitam o que sentem e pensam. Acima de tudo, as crianças vivem cada momento como se fosse o único e por isso entregam-se na totalidade. Mas será que conseguem praticar yoga? Claro que sim! As crianças praticam yoga todos os dias, naturalmente, pois faz parte do seu desenvolvimento. O Babyoga apenas estrutura, organiza e contextualiza o que as crianças trazem de inato e fazem naturalmente. O yoga é a arte de unir corpo e mente, aumentando a força, flexibilidade e bem-estar. Yoga pode ajudar as crianças a normalizar as suas emoções, resultado de uma vida ativa e por vezes uma mente ainda mais ativa. Yoga pode ajudar as crianças a aumentarem a autoconfiança, a autoestima, a conhecerem-se interiormente, bem como a sentirem-se confortáveis com o seu próprio corpo. O Yoga torna consciente a importância da respiração e da visualização. Um corpo ágil e forte revela uma mente igualmente forte e ágil.
Praticar yoga é muito mais do que fazer uma aula cheia de posições "difíceis" e no final ficar de olhos fechados a relaxar. A prática de yoga é uma prática de amor do princípio ao fim. É uma prática do interior para o exterior e não ao contrário. É um movimento de contração e expansão... assim como a nossa respiração!
Numa escola onde dou aulas perguntei aos yogis mais crescidos o que sentem quando praticam yoga:
"Faz-me sentir feliz! Sinto que tenho confiança! Gosto de fazer o pino!"- Diogo, 7 anos
"Sinto amor pelos meus amigos. Gosto de fazer o OM e a saudação ao sol. Quando não há aula dói-me o coração, sinto saudade!" - Mafalda, 4 anos
"Depois da aula dou muito amor aos meus pais e aos meus avós. Fico feliz." - Andreia, 5 anos
"Gosto de voar. Sou uma borboleta." Matilde, 3 anos
São estas nobres palavras que elevam a prática de yoga e nos fazem acreditar que é fundamental na educação de uma criança, tanto na escola, como em família!
Suprimir os movimentos dos bebés e ignorando as suas necessidades de se movimentarem livremente atrasa outras etapas do desenvolvimento como o gatinhar, andar e inclusive poderá influenciar o seu desenvolvimento cognitivo. Nas crianças ajuda também a prevenir o sedentarismo e como consequente resultado a obesidade, causados pelo crescente uso de aparelhos eletrónicos, pela diminuição dos espaços seguros onde as crianças possam brincar livremente e claro, pela alimentação.
Nos últimos 20 anos, o crescimento da obesidade em crianças tem sido alarmante. Esta evolução deve-se essencialmente à diminuição das atividades físicas e ao aumento das atividades sedentárias. A obesidade é muito mais do que excesso de peso ou gordura, pois desencadeia um rol de problemas como a diabetes, doenças cardiovasculares, problemas psicológicos e emocionais, distúrbios do sono, problemas ortopédicos e diminuição do sistema imunitário. A principal forma de combate da obesidade infantil é começar a fazer atividade física o mais cedo possível, durante os primeiros anos de vida, quando os hábitos estão a forma-se. Investigadores na área do desenvolvimento infantil acreditam que bebés fisicamente ativos serão crianças fisicamente ativas e que se tornarão adolescentes fisicamente ativos, permanecendo assim na vida adulta.
Imagem com direitos reservados do blog Lexi Yoga |
As crianças têm força, têm energia e flexibilidade. As crianças são ativas, mas também calmas. São genuínas e respeitam o que sentem e pensam. Acima de tudo, as crianças vivem cada momento como se fosse o único e por isso entregam-se na totalidade. Mas será que conseguem praticar yoga? Claro que sim! As crianças praticam yoga todos os dias, naturalmente, pois faz parte do seu desenvolvimento. O Babyoga apenas estrutura, organiza e contextualiza o que as crianças trazem de inato e fazem naturalmente. O yoga é a arte de unir corpo e mente, aumentando a força, flexibilidade e bem-estar. Yoga pode ajudar as crianças a normalizar as suas emoções, resultado de uma vida ativa e por vezes uma mente ainda mais ativa. Yoga pode ajudar as crianças a aumentarem a autoconfiança, a autoestima, a conhecerem-se interiormente, bem como a sentirem-se confortáveis com o seu próprio corpo. O Yoga torna consciente a importância da respiração e da visualização. Um corpo ágil e forte revela uma mente igualmente forte e ágil.
Praticar yoga é muito mais do que fazer uma aula cheia de posições "difíceis" e no final ficar de olhos fechados a relaxar. A prática de yoga é uma prática de amor do princípio ao fim. É uma prática do interior para o exterior e não ao contrário. É um movimento de contração e expansão... assim como a nossa respiração!
Numa escola onde dou aulas perguntei aos yogis mais crescidos o que sentem quando praticam yoga:
"Faz-me sentir feliz! Sinto que tenho confiança! Gosto de fazer o pino!"- Diogo, 7 anos
"Sinto amor pelos meus amigos. Gosto de fazer o OM e a saudação ao sol. Quando não há aula dói-me o coração, sinto saudade!" - Mafalda, 4 anos
"Depois da aula dou muito amor aos meus pais e aos meus avós. Fico feliz." - Andreia, 5 anos
"Gosto de voar. Sou uma borboleta." Matilde, 3 anos
São estas nobres palavras que elevam a prática de yoga e nos fazem acreditar que é fundamental na educação de uma criança, tanto na escola, como em família!
Sandra Matos
Fundadora do Babyoga Portugal
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