Mito ou verdade? - "Não satisfazer os desejos alimentares na gravidez pode afetar o bebé."
sexta-feira, 28 de junho de 2019
Os desejos podem realmente surgir na gravidez, principalmente no primeiro e segundo trimestres. Mas será algo mais psicológico, hormonal ou poderá estar relacionado com a falta de alguns nutrientes? Na realidade, parece dever-se a um conjunto de fatores. Todos nós temos, ocasionalmente, desejos por determinado alimento ou bebida, não se tratando, por isso, de algo exclusivo desta fase. Contudo, as grávidas estão mais propensas devido a todas as alterações que o seu organismo sofre, sejam elas hormonais, nutricionais ou mesmo psicológicas.
Não parece ainda haver consenso relativamente à origem destes desejos, podendo os fatores hormonais estar envolvidos, uma vez que há a probabilidade de alterarem o paladar e o olfato da grávida nesta fase. Por outro lado, sabe-se que, de acordo com os hábitos culturais, os desejos podem variar também. Por exemplo, em países africanos, o desejo por carne e frutas é bastante comum nas grávidas, enquanto que, nos EUA, estes episódios surgem com mais frequência em relação a alimentos mais doces e calóricos, como é o caso do chocolate e dos gelados. Assim, parece que os aspetos culturais e o tipo de alimentos disponível possam ter mais impacto nos desejos das grávidas do que eventuais necessidades nutricionais. Também a ansiedade típica desta fase pode levar a um aumento do apetite e preferência por certos alimentos, sendo essencial que a grávida procure técnicas que a ajudem a acalmar e não compensar essa ansiedade com um aumento do consumo alimentar.
Mas o bebé pode ser afetado se os desejos não forem satisfeitos? Não, o facto de a mãe não satisfazer os seus desejos não vai comprometer a saúde e desenvolvimento do bebé.
Pelo contrário, ceder aos desejos é que poderá ser prejudicial, dependendo do tipo de alimentos e frequência com que são ingeridos. Por exemplo, se a grávida comer doces em demasia (os desejos mais relatados na gravidez), descurando a ingestão de frutas e hortícolas, vai haver um comprometimento da qualidade nutricional da sua alimentação, o que poderá afetar a saúde da mãe e bebé, a curto e longo prazo. Deve haver um particular cuidado com snacks ricos em açúcar ou gordura, como os gelados, chocolate e bolos, uma vez que podem contribuir para um ganho de peso excessivo, surgimento/ agravamento da diabetes gestacional e/ ou da pré-eclâmpsia.
Por isso, perante um desejo por algo mais desequilibrado nutricionalmente, como um gelado ou batatas fritas, tente fazer substituições saudáveis, optando por consumir fruta, um gelado caseiro ou chips de batata doce caseira se lhe apetecer algo crocante, por exemplo. Contudo, se se tratarem de desejos pontuais, também não vai haver problema em ceder uma vez por outra. Nesse caso, não se culpe e disfrute, afinal o seu bem-estar psicológico também conta!
Resumindo, não existe qualquer prejuízo para a saúde do bebé, nem irá nascer com uma mancha ou sinal no corpo, como é comum ouvir-se. É sim essencial existir um equilíbrio e uma alimentação consciente, devendo desfrutar desta fase o mais tranquilamente possível.
Concluindo, trata-se de um MITO!
Não parece ainda haver consenso relativamente à origem destes desejos, podendo os fatores hormonais estar envolvidos, uma vez que há a probabilidade de alterarem o paladar e o olfato da grávida nesta fase. Por outro lado, sabe-se que, de acordo com os hábitos culturais, os desejos podem variar também. Por exemplo, em países africanos, o desejo por carne e frutas é bastante comum nas grávidas, enquanto que, nos EUA, estes episódios surgem com mais frequência em relação a alimentos mais doces e calóricos, como é o caso do chocolate e dos gelados. Assim, parece que os aspetos culturais e o tipo de alimentos disponível possam ter mais impacto nos desejos das grávidas do que eventuais necessidades nutricionais. Também a ansiedade típica desta fase pode levar a um aumento do apetite e preferência por certos alimentos, sendo essencial que a grávida procure técnicas que a ajudem a acalmar e não compensar essa ansiedade com um aumento do consumo alimentar.
Mas o bebé pode ser afetado se os desejos não forem satisfeitos? Não, o facto de a mãe não satisfazer os seus desejos não vai comprometer a saúde e desenvolvimento do bebé.
Pelo contrário, ceder aos desejos é que poderá ser prejudicial, dependendo do tipo de alimentos e frequência com que são ingeridos. Por exemplo, se a grávida comer doces em demasia (os desejos mais relatados na gravidez), descurando a ingestão de frutas e hortícolas, vai haver um comprometimento da qualidade nutricional da sua alimentação, o que poderá afetar a saúde da mãe e bebé, a curto e longo prazo. Deve haver um particular cuidado com snacks ricos em açúcar ou gordura, como os gelados, chocolate e bolos, uma vez que podem contribuir para um ganho de peso excessivo, surgimento/ agravamento da diabetes gestacional e/ ou da pré-eclâmpsia.
Por isso, perante um desejo por algo mais desequilibrado nutricionalmente, como um gelado ou batatas fritas, tente fazer substituições saudáveis, optando por consumir fruta, um gelado caseiro ou chips de batata doce caseira se lhe apetecer algo crocante, por exemplo. Contudo, se se tratarem de desejos pontuais, também não vai haver problema em ceder uma vez por outra. Nesse caso, não se culpe e disfrute, afinal o seu bem-estar psicológico também conta!
Resumindo, não existe qualquer prejuízo para a saúde do bebé, nem irá nascer com uma mancha ou sinal no corpo, como é comum ouvir-se. É sim essencial existir um equilíbrio e uma alimentação consciente, devendo desfrutar desta fase o mais tranquilamente possível.
Concluindo, trata-se de um MITO!
Maria Inês Cardoso
O caminho desconhecido do pós parto...
quarta-feira, 26 de junho de 2019
É muito variável e ouvimos algumas mães dizerem que a partir da primeira semana o bebé já dorme cinco horas seguidas durante a noite, mas muitas mães vivem a realidade do bebé acordar de duas em duas horas e entre dar de mamar, pôr a arrotar, mudar a fralda e voltar a adormecer... voilá!!! Está na hora de dar de mamar outra vez!!
Muitas são as mães que na consulta após o parto referem frases como: "ninguém me tinha avisado que seria assim!" ou "não estava preparada para isto." É verdade que as primeiras semanas são, na maioria das vezes, muito duras... e apesar de sentirmos que estamos a chegar ao limite das nossas forças, nós conseguimos!
O puerpério, ou seja, o período que se segue após o parto, por definição, tem uma duração de 6 semanas. As alterações fisiológicas durante este período ocorrem ao nível de vários órgãos e sistemas. Um deles é o útero, que irá progressivamente involuir à custa de contrações que podem ser percecionadas como dor, principalmente durante a amamentação onde existe uma maior libertação de ocitocina, proporcionando a saída do leite e a contração uterina.
Durante o puerpério, a perda de sangue por via vaginal, a que chamamos lóquis, pode durar cerca de cinco a seis semanas, e as suas características vão-se alterando ao longo do tempo. Nos primeiros dias pós parto, os lóquios são mais vermelhos (Lochia Rubra), a partir do quinto dia tornam-se mais acastanhados e aquosos (Lochia Serosa) e após o décimo dia adquirem uma coloração amarelada com um aspeto mais espesso (Lochia Alba).
No caso de parto vaginal e de ter sido necessário realizar o corte (episiotomia) ou de ter ocorrido alguma rasgadura (laceração) com necessidade de pontos, habitualmente o fio utilizado é um fio de reabsorção rápida, em que os pontos caem sozinhos a partir dos sete dias após o parto. A partir dessa altura também poderão ser removidos se ainda não tiverem caído, em caso de desconforto.
A higiene deverá ser realizada externamente utilizando um produto de higiene íntima adequado e, para secar, deverá ser utilizada uma toalha que pode tocar sem esfregar, ou utilizar vento frio do secador de cabelo.
E em relação ao leite materno? O que esperar? No pós parto, a primeira secreção mamilar é chamada de colostro, estando presenjte habitualmente até ao 3º dia pós parto. O colostro é rico em proteínas e imunoglobulinas que conferem proteção ao recém-nascido. Após a transição para a produção de leite materno, este é rico em água, hidratos de carbono, gordura, proteínas e minerais, tendo também na sua constituição imunoglobulinas e algum ferro. A sua produção é estimulada pela sucção do bebé ou pela sua remoção por bomba.
A subida do leite pode ser bastante dolorosa, mas é um período transitório, até a mama passar a produzir a quantidade adequada às necessidades do bebé.
Se a mulher se sentir bem, a partir das quatro semanas após o parto, pode ser retomada a vida sexual. Principalmente nas mulheres que estão a amamentar, devido ao hipoestrogenismo (níveis de estrogénio mais baixos), a mulher poderá sentir uma secura vaginal marcada durante as relações, pelo que a utilização de lubrificante poderá ajudar.
Apesar de nas primeiras semanas de pós parto, o cansaço e a exaustão, as fraldas, as chuchas, o leite, os cocós e os chichis, as cólicas e o choro dominarem as 24h do dia, o retorno que vem a seguir é tão grande que tudo vale a pena! E para a vida toda...
No caso de parto vaginal e de ter sido necessário realizar o corte (episiotomia) ou de ter ocorrido alguma rasgadura (laceração) com necessidade de pontos, habitualmente o fio utilizado é um fio de reabsorção rápida, em que os pontos caem sozinhos a partir dos sete dias após o parto. A partir dessa altura também poderão ser removidos se ainda não tiverem caído, em caso de desconforto.
A higiene deverá ser realizada externamente utilizando um produto de higiene íntima adequado e, para secar, deverá ser utilizada uma toalha que pode tocar sem esfregar, ou utilizar vento frio do secador de cabelo.
E em relação ao leite materno? O que esperar? No pós parto, a primeira secreção mamilar é chamada de colostro, estando presenjte habitualmente até ao 3º dia pós parto. O colostro é rico em proteínas e imunoglobulinas que conferem proteção ao recém-nascido. Após a transição para a produção de leite materno, este é rico em água, hidratos de carbono, gordura, proteínas e minerais, tendo também na sua constituição imunoglobulinas e algum ferro. A sua produção é estimulada pela sucção do bebé ou pela sua remoção por bomba.
A subida do leite pode ser bastante dolorosa, mas é um período transitório, até a mama passar a produzir a quantidade adequada às necessidades do bebé.
Se a mulher se sentir bem, a partir das quatro semanas após o parto, pode ser retomada a vida sexual. Principalmente nas mulheres que estão a amamentar, devido ao hipoestrogenismo (níveis de estrogénio mais baixos), a mulher poderá sentir uma secura vaginal marcada durante as relações, pelo que a utilização de lubrificante poderá ajudar.
Apesar de nas primeiras semanas de pós parto, o cansaço e a exaustão, as fraldas, as chuchas, o leite, os cocós e os chichis, as cólicas e o choro dominarem as 24h do dia, o retorno que vem a seguir é tão grande que tudo vale a pena! E para a vida toda...
Patrícia Isidro Amaral
Podologia Infantil ou Podopediatria
quarta-feira, 19 de junho de 2019
Da mesma forma que estamos sensibilizados para prevenir doenças dos dentes, olhos e ouvidos, também deveríamos ter a mesma preocupação com a nossa base de sustentação, os pés!
A Podologia Infantil é uma área da podologia vocacionada para o tratamento precoce das doenças dos pés das crianças. Estes têm características particulares, pois estão em constante desenvolvimento ósseo e muscular, o que contribui para alterações estruturais e funcionais do pé, podendo ou não ser patológicas e estarem associadas a sintomatologia dolorosa. O diagnóstico e tratamento precoce é fundamental para corrigir e minimizar o aparecimento de alterações estruturais e funcionais, em idade adulta.
Abaixo indico algumas das patologias mais comuns na criança e campo de atuação da Podologia.
- Alterações do apoio dos pés, como por exemplo, pé plano ou pé chato, que se define como a ausência de arcada interna do pé. Esta condição corresponde a uma fase normal do desenvolvimento do pé e, na maioria dos casos, com resolução espontânea. No entanto, subsistem situações patológicas em que estamos perante um pé plano rígido ocasionado, por exemplo, por um astrágalo verticalizado e/ ou alterações congénitas, como barras társicas que devem ser diagnosticadas atempadamente;
- Avaliação e acompanhamento do desenvolvimento dos pés quanto à anatomia, forma e tipo de pisada;
- Pernas de diferentes tamanhos, chamada cientificamente de dismetria dos membros inferiores. Se não for compensada com palmilhas e fisioterapia/ osteopatia pode desencadear escoliose, dores cervicais e lombares e dores nos joelhos que podem estar relacionados entre si. Isto porque, como uma das pernas é mais curta, o corpo terá que se adaptar a esta realidade, adotando posturas compensatórias incorretas que, com o passar do tempo, podem causar dores e inflamações;
- Dedos sobrepostos como consequência do tipo de pés ou alterações hereditárias;
- Lesões da pele e unhas, como por exemplo, as unhas encravadas ou onicocriptose, devido ao mau corte ungueal, tipo de lâmina ungueal, alterações do apoio dos pés, ...
- Excesso de transpiração (hiperhidrose), que pode evoluir para uma bromohidrose (excesso de transpiração com mau cheiro), que muitas vezes é a razão da vergonha e isolamento da criança nas atividades em que é necessário descalçar-se;
- Verrugas plantares;
- ...
O pé da criança é um desafio, pois é essencial avaliar o estadio de crescimento em que a criança se encontra, diferenciando se estamos perante uma situação patológica ou não. Isto irá orientar o nosso plano de tratamento, perspetivando o alívio da sintomatologia e a prevenção de lesões no adulto.
Paula Carvalho
Paula Carvalho
segunda-feira, 17 de junho de 2019
Iniciou o seu percurso na Universidade Europeia de Madrid ao frequentar o Master em Podologia Clínica e Cirúrgica e o Fellowship em Medicina Podiátrica e Cirúrgica, pela Universidade de Temple, dos E.U.A..
Seguiram-se várias formações e Espanha e Portugal nas áreas do Pé Diabético, Posturologia, Biomecânica e confeção de ortóteses plantares (palmilhas).
É membro e formadora do Grupo de Pé Diabético da Associação Portuguesa de Tratamento de Feridas.
Mito ou verdade? - O Iogurte para bebés
sexta-feira, 14 de junho de 2019
"Na diversificação alimentar devo oferecer iogurtes específicos para bebé." Estará esta afirmação correta ou será apenas um mito?
Antes de mais, importa salientar que a introdução do iogurte na alimentação do bebé pode ser feita a partir do 9º mês de vida. O iogurte é um alimento de grande interesse nutricional dado que possui proteínas de alto valor biológico, é fonte de bactérias benéficas (tendo, por isso, efeito probiótico) e é ainda rico em cálcio.
Apesar de ter na sua constituição leite de vaca e a sua introdução só ser aconselhada a partir dos 12 meses, o iogurte é melhor tolerado e oferece vantagens nutricionais que justificam a sua introdução de forma mais precoce. Sendo um produto que resulta de um processo de fermentação, o seu consumo contribui para a colonização do intestino do bebé com bactérias benéficas, que irão ajudar a modular a sua microbiota intestinal (o nome que se dá ao conjunto de micro-organismos que habitam no nosso intestino). Por último, o factor do teor de lactose presente no iogurte ser menor (comparativamente ao leite) e de existir uma hidrólise parcial dos seus nutrientes, fazem com que este seja um alimento, por norma, bem tolerado.
Mas então, que iogurte devemos escolher para as crianças? Serão os iogurtes formulados especificamente para bebés mais benéficos?
Não! Antes pelo contrário. Apesar destes serem feitos com leite adaptado (e, por isso, poderem ser introduzidos aos 6 meses), muitas das vezes apresentam quantidades excessivas de açúcar, aromas e corantes que vão ser prejudiciais à saúde do bebé, bem como à habituação do paladar. Para além de que ainda são mais caros.
O ideal é mesmo oferecer iogurte natural (sem qualquer adição de açúcar ou mel) a partir dos 9 meses.
Senão vejamos:
Para além da análise dos valores da tabela nutricional, é também essencial a leitura da lista de ingredientes, onde não devem constar nomes como açúcar, frutose, sacarose, maltodextrina, dextrose ou xarope de glicose, uma vez que todos representam diferentes designações de açúcar. No caso do iogurte natural não açucarado, as 3g de açúcar tratam-se apenas do açúcar naturalmente presente, ou seja, a lactose.
Idealmente, os únicos ingredientes devem ser leite e fermentos lácteos.
Para terminar, é importante realçar que, inicialmente, o iogurte deve ser oferecido sem adição de qualquer ingrediente, de forma a habituar o paladar do bebé. Mais tarde, pode adicionar fruta fresca, por exemplo, para obter um lanche mais completo.
Concluindo, trata-se claramente de um MITO!
Apesar de ter na sua constituição leite de vaca e a sua introdução só ser aconselhada a partir dos 12 meses, o iogurte é melhor tolerado e oferece vantagens nutricionais que justificam a sua introdução de forma mais precoce. Sendo um produto que resulta de um processo de fermentação, o seu consumo contribui para a colonização do intestino do bebé com bactérias benéficas, que irão ajudar a modular a sua microbiota intestinal (o nome que se dá ao conjunto de micro-organismos que habitam no nosso intestino). Por último, o factor do teor de lactose presente no iogurte ser menor (comparativamente ao leite) e de existir uma hidrólise parcial dos seus nutrientes, fazem com que este seja um alimento, por norma, bem tolerado.
Mas então, que iogurte devemos escolher para as crianças? Serão os iogurtes formulados especificamente para bebés mais benéficos?
Não! Antes pelo contrário. Apesar destes serem feitos com leite adaptado (e, por isso, poderem ser introduzidos aos 6 meses), muitas das vezes apresentam quantidades excessivas de açúcar, aromas e corantes que vão ser prejudiciais à saúde do bebé, bem como à habituação do paladar. Para além de que ainda são mais caros.
O ideal é mesmo oferecer iogurte natural (sem qualquer adição de açúcar ou mel) a partir dos 9 meses.
Senão vejamos:
Para além da análise dos valores da tabela nutricional, é também essencial a leitura da lista de ingredientes, onde não devem constar nomes como açúcar, frutose, sacarose, maltodextrina, dextrose ou xarope de glicose, uma vez que todos representam diferentes designações de açúcar. No caso do iogurte natural não açucarado, as 3g de açúcar tratam-se apenas do açúcar naturalmente presente, ou seja, a lactose.
Idealmente, os únicos ingredientes devem ser leite e fermentos lácteos.
Para terminar, é importante realçar que, inicialmente, o iogurte deve ser oferecido sem adição de qualquer ingrediente, de forma a habituar o paladar do bebé. Mais tarde, pode adicionar fruta fresca, por exemplo, para obter um lanche mais completo.
Concluindo, trata-se claramente de um MITO!
Maria Inês Cardoso
Diversificação alimentar: estará o seu filho preparado?
quarta-feira, 12 de junho de 2019
A diversificação alimentar de um bebé, seja prematuro ou de termo, é sempre uma fase nova e cheia de ansiedade para qualquer Mãe/ Pai. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Sociedade Portuguesa de Pediatria (SPP) ela deve ocorrer a partir dos 6 meses de idade, sendo a "janela de oportunidade" para a mastigação entre os 7 e os 10 meses de idade. Contudo, existem ainda Pediatras e Médicos Assistentes que antecipam para os 4 meses essa mesma introdução alimentar por diversas ideologias ou por questões clínicas do bebé em questão. Independentemente destas orientações, neste artigo quando falo em iniciação à diversificação alimentar tenho como base as orientações da OMS e SPP.
Falemos então da diversificação alimentar: Como começar? Dar o quê? Inteiro ou passado? Com que método introduzir os sólidos e/ ou pastosos? Estas são algumas das questões com que os Pais se deparam quando se inicia esta fase no desenvolvimento do seu filho e numa família de prematuro ainda surge a dúvida "6 meses?! Mas de idade cronológica (idade real do bebé, o tempo de vida após o nascimento) ou de idade corrigida (idade que o bebé teria se tivesse nascido de 40 semanas)."
Antes de mais é ao seu Pediatra ou Médico Assistente que deve fazer essa mesma questão. É, em conjunto com ele, que decidirão qual o melhor momento.
Mais do que a decisão em redor da idade (seja cronológica ou corrigida) que a criança terá na altura, o mais importante é verificarmos três aspetos: postura, competência oral e comportamento alimentar. Começo já por salientar, reforçar, realçar que não é obrigatória a existência de dentição para que uma criança inicie a diversificação alimentar! A inexistência de dentição pode até ajudar na progressão segura e harmoniosa de uma diversificação alimentar, sem o perigo de engasgamento, devido a uma mordida imatura e consequentemente uma deglutição precipitada sem a elaboração do bolo alimentar, por meio de mastigação. A criança deve primeiro passar por um progressivo jogo de manipulações orais dos seus próprios membros, brinquedos e outros objetos, estimulando de forma positiva toda a zona oral, desde a face às gengivas e língua.
Assim, e de forma muito sucinta, para verificar a disponibilidade da criança para iniciar a diversificação alimentar, veja-se a existência das seguintes competências:
Se a maioria destas capacidades estão presentes, então a sua criança está pronta para iniciar a diversificação alimentar. Todavia, a existência de competências não desenvolvidas (prinicipalmente as de nível motor e/ ou oral) não significa necessariamente o adiamento da diversificação alimentar, mas apenas que a criança precisa ainda da sua ajuda ou de um estímulo extra para se iniciar neste novo mundo!
É normalmente aqui que o prematuro tende a diferenciar-se do bebé de termo.
Ainda que possa ocorrer também com um bebé de termo (por diversas razões internas ou externas ao mesmo), grande parte das primeiras experiências orais do prematuro são menos positivas, como por exemplo:
- uso prolongado de outra via de alimentação;
- entubação orotraqueal e aspiração de secreções orais e nasais;
- conexões sucção-dor, com o uso de sucção não-nutritiva aquando da realização de procedimentos clínicos dolorosos;
- refluxo gastroesofágico;
- ...
Todas estas experiências orais, estas sensações, são registadas pelo sistema neuromotor do bebé, aumentando a probabilidade de se desenvolver alterações a nível sensório-motor oral e, consequentemente, comprometer o bom desenvolvimento alimentar. Também as problemáticas associadas à prematuridade, como as patologias cardiorrespiratórias e/ ou gastrointestinais, coma induzido assim como o próprio internamento prolongado conduzem a um atraso no desenvolvimento motor (grosso e fino) e consequentemente numa maior dificuldade no controlo cefálico e cervical, assim como a coordenação olho-mão e polegar-indicador. A boca e as mãos têm o maior número de recetores sensoriais por cm2 do corpo humano e os orais são os primeiros a surgir durante o desenvolvimento fetal.
Além dos demais profissionais que acompanham o bebé prematuro, são os Pais que devem estar alerta para a existência, ou melhor, para a não existência destes sinais de prontidão do bebé dentro da janela da oportunidade dos 7-10 meses de idade (sejam eles em idade cronológica ou corrigida), conseguindo identificar aquilo que possa estar a impedir ou a dificultar o vosso filho de mostrar interesse nas restantes consistências alimentares.
No artigo anterior do "Prematuro e a Sucção" finalizei referindo algumas orientações básicas para estimular e criar um mundo de experiências orais positivas ao bebé prematuro. Tais orientações servem também ao bebé de termo como forma de facilitar e adequar a alimentação oral e devem ser adotadas previamente e durante a diversificação alimentar.
Relembrando e complementando algumas dessas orientações:
Como já referi anteriormente comemos com todos os sentidos: não se esqueça do visual e do olfativo. Mesmo uma criança, de qualquer idade, merece ver e cheirar aquilo que vai comer. Permita-lhe visualizar o seu prato, cheirar e tocar na sua comida antes que lhe seja oferecida ou que ele próprio a leve à boca. A partir do input visual, olfativo e tátil, o seu cérebro irá antecipar -se e enviar as informações necessárias à boca para que esta aja de acordo com as caraterísticas do alimento que está a ser introduzido. Desta forma é mais fácil à criança melhor manipular oralmente o alimento e minimizar episódios de desconforto ou até engasgamentos.
Morder e mastigar são movimentos bastante elaborados que carecem de uma coordenação e aceitação sensorial de um nível elevado por todas as partes da boca. Diferentes alimentos exigem diferentes competências orais, são desafios diferentes para a criança.
Agora que falámos naquilo que podem fazer para ajudar a criança a melhorar as suas competências orais e ganhar um maior interesse nos alimentos, existem também alguns fatores e comportamentos que dificultam a harmonia entre essa tríade. Mais do que dificuldades que possam existir inerentes ao desenvolvimento (motoras/ sensoriais sejam elas orais ou globais), aquilo que retrato agora são os fatores externos à criança, os comportamentos do meio ou daquilo que lhes oferecemos durante a introdução alimentar. Por exemplo:
Lembre-se que nós somos o que comemos e, como tal, é muito importante que sejamos sempre felizes!
A normalidade do desenvolvimento global da criança está não apenas na existência ou não de patologias ou sequelas, mas na satisfação com que se atingem patamares, se conquistam competências e se aperfeiçoam capacidades. A alimentação é mais do que uma necessidade nutritiva. Ela é uma satisfação emocional, um momento social e um prazer sensorial e assim deve ser sempre e para todos.
Caso verifique a presença de algum destes sinais de alarme, fale com o seu Pediatra ou Médico Assistente e peça uma avaliação por um Terapeuta da Fala e/ ou Terapeuta Ocupacional.
Joana Caçoeiro
Vertigem na Infância
quarta-feira, 5 de junho de 2019
O que é a vertigem?
A vertigem é a distorção da sensação do movimento do corpo no espaço, podendo manifestar-se em qualquer idade.
Resulta da anomalia de um dos três principais sistemas sensoriais envolvidos no equilíbrio: a visão, o sistema vestibular ou o sistema propriocetivo.
- Os olhos referenciam o movimento do corpo no meio envolvente.
- Os recetores vestibulares, localizados no ouvido interno, captam informação relacionada com a rotação e a translação, bem como a posição da cabeça.
-Os recetores propriocetivos, localizados nos tendões, articulações e pele, percecionam o movimento e a posição de diferentes partes do corpo, assim como o seu contacto com o chão.
Como se manifesta?
A sensação de vertigem não é fácil de reconhecer em idade pediátrica: o reduzido vocabulário da criança, a dificuldade em expressar o que sente e a falta de atenção por parte dos pais a sinais de alterações do equilíbrio dificultam a realização do diagnóstico. Assim, a criança é, muitas vezes, injustamente catalogada de "desajeitada".
Podemos encontrar, contudo, diversas situações que indiciam uma alteração:
- a criança agarra-se aos pais, recusando ficar de pé;
- a criança interrompe subitamente a brincadeira apresentando um "olhar perplexo" ou assustado, podendo apoiar a cabeça no chão, na parede ou no sofá;
- situação de queda e choro súbito sem causa evidente, com ou sem vómitos;
- torcicolo;
- cefaleias;
- alterações do rendimento escolar.
Uma outra manifestação física que pode estar presente é o nistagmo - oscilação rítmica, repetida e involuntária dos olhos. É o único sinal objetivo de vertigem e nas crianças tende a ter frequências mais baixas, mas com maiores amplitudes.
A vertigem pode, por vezes, aparecer também associada a outros sintomas: náuseas, vómitos, dores de barriga, palidez, aumento do ritmo cardíaco, perda de consciência - o que pode orientar erradamente para um diagnóstico de doenças do sistema digestivo ou neurológico.
Como diagnosticar?
A informação dada pelos pais é importantíssima para uma anamnese exaustiva e para elaboração de um diagnóstico diferencial: quando iniciou o sintoma, outros sintomas associados, duração dos sintomas, fatores desencadeantes, história familiar de enxaqueca ou vertigem são algumas das informações a recolher.
Exame objetivo - realizado pelo ORL e tendo em conta o normal desenvolvimento psicomotor e colaboração variável
- Otoscopia - excluir patologia do ouvido médio;
- Observação dos movimentos oculares e pesquisa de nistagmo ou estrabismos;
- Observação do equilíbrio postural:
- pelo reflexo de Moro, pelo sentar e gatinhar, pela marcha ou corrida - se é apropriada à idade, se existe ataxia, desvio ou incoordenação motora dos membros inferiores;
- observação da forma como apanha brinquedos do chão sem se desequilibrar ou sem necessidade de se sentar ou procurar apoio, por exemplo;
- teste de Romberg com olhos abertos e olhos fechados.
Pode ser necessário também a realização de alguns exames complementares de diagnóstico:
Exames de audiologia: audiograma, impedância e potenciais evocados miogénicos vestibulares ou Videonistagmografia, Video Head Impulse Test ou Posturografia Dinâmica Computorizada (em crianças mais velhas).
Exames neurológicos: para excluir patologia central.
Exames imagiológicos: TC ou RMN
Exames laboratoriais: em caso de suspeita de intoxicação ou alteração metabólica.
Diagnósticos mais frequentes:
- Vertigem Migranosa: diagnóstico mais frequente de vertigem na criança - caracteriza-se por ataques de vertigem acompanhados ou alternados de dores de cabeça (cefaleias). Podem estar associadas também náuseas, vómitos e fotofobia. O cansaço, stress, falta de sono ou alterações oftalmológicas podem agravar os sintomas. Existe uma forte correlação com antecedentes familiares de enxaqueca.
- Vertigem Paroxística Benigna da Infância: segunda causa mais frequente entre os 2 e os 3 anos; caracteriza-se por ataques súbitos e repentinos (segundos de duração) de vertigem, associada a nistagmo. A criança assusta-se, cai ou agarra-se a algo. Pode ser acompanhada de náuseas, vómitos ou palidez.
- Otite média serosa: crianças com otite serosa podem manifestar alterações na aquisição dos movimentos durante o equilíbrio dinâmico. Pode estar relacionada com anomalias na transmissão da pressão do ouvido médio para o ouvido interno.
Nos casos de otite média aguda, a vertigem poderá ser desencadeada por uma inflamação estéril do ouvido interno (labirintite) resultante da exposição a substâncias tóxicas ao nível das membranas que ligam o ouvido médio ao ouvido interno. Esta vertigem desaparece após tratamento.
Outras etiologias:
. Traumatismo cranioencefálico
- Tumores cerebrais ou do ouvido
- Malformações do Ouvido Interno
- Nevrite vestibular
- Doença de Ménière
- Alterações visuais
- Cinetose
- Perturbações psiquiátricas
Evolução clínica
O tempo de duração da cada episódio é variável, tendo em conta a causa da vertigem.
Alguns estudos referem que crianças com hipoacusia apresentam maior risco de ter também patologia vestibular.
Por outro lado, na criança com patologia vestibular, o estudo da condição auditiva é importante para descartar défices que podem comprometer o desenvolvimento cognitivo da mesma.
Terapêutica
A situação causal, sempre que identificada, deve ser resolvida.
O ponto mais importante do tratamento é, no entanto, explicar aos pais o diagnóstico e prognóstico da alteração, até porque a ansiedade dos pais é, muitas vezes, copiada pelas crianças, agravando as manifestações de vertigem.
Sempre que justificável, a criança é medicada. Em certos casos poderá ser benéfico a realização de "reabilitação vestibular" - feita em casa pelos pais, segundo indicações médicas, com reforço de atividades lúdicas que englobem exercícios de treino postural e equilíbrio.
Inês Martins
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