Fisioterapia Respiratória
quarta-feira, 20 de dezembro de 2017
Nos últimos anos tem-se verificado um aumento da incidência das Doenças Respiratórias Infantis. Este facto prende-se, por um lado, com a evolução dos agentes responsáveis pelas infeções respiratórias e, por outro, com fatores ambientais como o tabaco, o ar condicionado e a poluição. Devido a especificidades estruturais do sistema respiratório e a predisposições genéticas, as crianças são particularmente vulneráveis às infeções respiratórias, sendo a Bronquiolite a doença do trato respiratório mais frequente nos dois primeiros anos de vida, apresentando um pico de incidência por volta dos seis meses de idade. A Fisioterapia Respiratória (FR) pode ter um papel preponderante no alívio dos sintomas, podendo evitar o uso de medicamentos, ou mesmo evitar o internamento hospitalar.
O que é a Fisioterapia Respiratória?
A FR é vulgarmente conhecida como cinesioterapia ou ginástica respiratória. Consiste num conjunto de técnicas cujo objetivo é desobstruir as vias respiratórias através da remoção de secreções, de modo a permitir que as trocas gasosas se façam com o mínimo de esforço possível. Está indicada essencialmente no tratamento de infeções respiratórias que causam hipersecreção brônquica ou seja, produção excessiva de secreções. Esta hipersecreção vai ter como consequência a obstrução das vias aéreas, não permitindo que as trocas gasosas se façam eficazmente, obrigando o bebé a um grande esforço respiratório.
A obstrução das vias aéreas é muito fácil em bebés e crianças até aos 2 anos por duas razões. Por um lado, os bebés têm um maior número de glândulas produtoras de muco do que o adulto produzindo, por isso, maior quantidade de muco (secreções). Como os canais brônquicos da criança têm um calibre muito reduzido, facilmente ficam obstruídos. Por outro lado, como as crianças têm mais dificuldade em expelir as secreções através da tosse, estas acabam por se acumular nos brônquios dificultando ainda mais a respiração.
Assim, os sintomas associados mais frequentes são:
A obstrução das vias aéreas é muito fácil em bebés e crianças até aos 2 anos por duas razões. Por um lado, os bebés têm um maior número de glândulas produtoras de muco do que o adulto produzindo, por isso, maior quantidade de muco (secreções). Como os canais brônquicos da criança têm um calibre muito reduzido, facilmente ficam obstruídos. Por outro lado, como as crianças têm mais dificuldade em expelir as secreções através da tosse, estas acabam por se acumular nos brônquios dificultando ainda mais a respiração.
Assim, os sintomas associados mais frequentes são:
- a dificuldade respiratória;
- tosse persistente;
- obstrução nasal;
- recusa alimentar;
- alteração do sono.
Em que consiste a Fisioterapia Respiratória?
Consiste na lavagem nasal e em manobras de compressão do tórax e abdómen para fazer descolar as secreções e depois transportá-las para as vias mais superiores a fim de serem removidas através da tosse. Nos bebés é necessário usar uma técnica para provocar a tosse, uma vez que estes não conseguem fazê-lo voluntariamente. As técnicas não causam dor, contudo, por vezes, os bebés choram pelo desconforto de se sentirem apertados. Em algumas situações o choro pode até ser benéfico, pois ajuda a mobilizar as secreções. Em determinadas situações poderá ser necessário recorrer à aspiração nasal e/ ou bucal.
É fundamental que o Fisioterapeuta seja experiente em FR pediátrica, porque para além da seleção das técnicas depender de uma avaliação criteriosa da situação clínica (tipo de obstrução, localização das secreções, caraterísticas das secreções, tolerância ao esforço, entre outras), as técnicas são diferentes das usadas no adulto ou na criança mais crescida.
A lavagem nasal é muito importante. Estudos comprovam que a lavagem nasal feita de maneira correta e regular consegue evitar de 30 a 50% os problemas respiratórios. Os bebés têm uma respiração essencialmente nasal e, por isso mesmo, quando há obstrução do nariz sentem muita dificuldade em respirar, que se agrava durante a amamentação ou durante o sono, sobretudo se usam chucha. Por isso, de uma maneira geral, é importante manter limpa e hidratada a mucosa nasal. Quando há infeções e há muito muco é fundamental que se façam lavagens nasais frequentes.
Quando fazer a lavagem nasal?
Se a criança está com muito muco deve ser feita várias vezes ao dia, sobretudo antes das refeições e antes de dormir. A lavagem pode ser feita com soro fisiológico ou com sprays de água de mar. Se optar pelo soro fisiológico tem de ter alguns cuidados:
- se usar frascos maiores (50 ou 100 mL), após a 1ª utilização têm uma duração de 3 dias. Depois deste período o soro começa a ficar contaminado e por isso deve deitar o frasco fora. Para evitar contaminação, é preferível usar frascos monodose;
- antes de colocar o soro no nariz do bebé deve aquecê-lo um pouco e para isso basta que mantenha o frasco uns instantes na sua mão fechada;
- o frasco de soro que utiliza para a lavagem nasal não deve ser usado para outros fins (limpeza dos olhos, nebulizações ou outras).
A lavagem nasal deve ser feita com a criança sentada, com a cabeça ligeiramente inclinada para a frente e rodada, colocando-se o soro na narina de cima. Deve evitar colocar o soro com o bebé deitado e com a cabeça para trás, porque o bebé poderá engasgar-se com o soro que escorre para a garganta.
Nebulizações: quando se verifica a presença de secreções muito espessas ou localizadas muito profundamente no pulmão pode recorrer-se às nebulizações com soro, pois ajudam a humedecer as vias respiratórias e tornar as secreções mais fluídas, facilitando a sua mobilização e remoção. Não havendo secreções, não devem ser feitas nebulizações.
Quando o bebé apresenta a chamada pieira (sons respiratórios), a nebulização só com soro fisiológico pode ser insuficiente e, por indicação médica, pode ser necessário junatr um medicamento. Em qualquer das situações é importante que seja feita com máscara e com o bebé acordado. Logo após a nebulização, as secreções ficam mais fluídas e se o bebé estiver acordado, ativo, vai conseguir tossir com mais força, com mais eficácia, conseguindo assim exeplir ou deglutir as secreções. É muito importante que após o uso se cumpram as regras de limpeza/ desinfeção do aparelho.
Nestas situações há ainda alguns conselhos gerais que podem contribuir para diminuir o desconforto das crianças, nomeadamente:
- elevar a cabeceira da cama para facilitar a respiração e consequentemente melhorar a qualidade do sono;
- aumentar o reforço hídrico;
- fasear as refeições caso a criança demonstre mais dificuldade em alimentar-se (dar menos quantidade, com maior frequência);
- arejar a casa e vitar a exposição a ambientes poluídos ou ao fumo do tabaco;
- extremamente importante é também a lavagem das mãos antes de prestar cuidados ao seu bebé.
Em suma, a FR visa a remoção das secreções a fim de melhorar a ventilação pulmonar, com efeitos quase imediatos no alívio dos sintomas. Se o bebé respira melhor e tem menos tosse, vai comer e descansar melhor. Melhora não só a qualidade de vida do bebé, mas também da Família.
Sandra Crespo
Dermatite da fralda
segunda-feira, 18 de dezembro de 2017
A dermatite ou eritema da fralda traduz-se por uma situação inflamatória da área que se encontra coberta pela fralda. Denomina-se como dermatite da fralda as manchas eritematosas (avermelhadas) que poderão significar:
- uma reação provocada pelo uso da fralda (Dermatite primária);
- uma inflamação provocada por fungos, devido ao facto daquela zona permanecer húmida.
A dermatite da fralda primária é a que ocorre com maior frequência, principalmente na 1ª infância, nos países desenvolvidos e é uma das razões de maior desconforto para as crianças. Estima-se que atinja cerca de 25 a 65% das crianças, sendo mais frequente entre os 6 e os 12 meses de vida. Algumas crianças parecem ser mais suscetíveis ao seu aparecimento, pelo que poderá ser o primeiro sinal de alguma predisposição para problemas da pele crónicos (por exemplo, a dermatite atópica).
Quais os fatores de risco para o aparecimento da dermatite da fralda?
- Fraldas: apesar de este produto ter vindo a ser melhorado ao longo do tempo, a fralda ideal (com boa capacidade de conter água, permitir um bom arejamento e que mude a cor imediatamente após a criança urinar) ainda não existe;
- Fezes/ urina: o facto da urina e as fezes poderem ser mais ácidas, a exposição prolongada da pele a estes poderá levar a um agravamento da pele já fragilizada ou até mesmo torná-la mais frágil/ irritada.
- Fricção: os movimentos da criança promovem o "roçar" da fralda na pele, o que poderá levar a algumas alterações, embora não seja este um fator muito importante.
- Hidratação: o ambiente húmido da fralda predispõe o aparecimento de lesões da pele, já que os fungos se desenvolvem em ambientes húmidos.
- Temperatura: o aumento da temperatura daquela zona protegida pela fralda, juntamente com o fator acima descrito (Hidratação) leva a que se crie o ambiente favorável ao desenvolvimento dos fungos e consequente inflamação.
- Irritantes químicos: por vezes, alguns dos produtos que se aplicam na pele do bebé têm componentes que, por si só, são irritantes para a pele, promovendo a sua lesão.
- Microorganismos: há bactérias que se desenvolvem nas lesões já existentes e não tratadas, provocando o seu agravamento.
Que aspeto têm as lesões da Dermatite?
Normalmente é uma lesão vermelha brilhante, que varia de intensidade ao longo do tempo. Pode ter também pápulas (borbulhas avermelhadas) associadas a um discreto inchaço e leve descamação da pele (a pele começa a "cair" na zona afetada), atingindo mais a região de maior contacto com a fralda. Em situações mais avançadas das lesões, a pele pode tornar-se enrugada.
Em crianças com menos de 4 meses de vida, a primeira manifestação pode ser um ligeiro eritema (vermelhidão) a nível do rabinho.
Quais as zonas mais afetadas?
As pregas (virilhas) são geralmente poupadas e os locais mais afetados são as nádegas, coxas, parte inferior do abdómen e os genitais.
Como se pode prevenir e tratar a dermatite da fralda?
As medidas de prevenção e tratamento têm como objetivos:
- Manter a área da fralda o mais seca possível;
- Limitar a acumulação de urina e fezes e as sua ação na pele;
- Evitar a irritação e o seu agravamento;
- Manter, sempre que possível, um pH ácido da pele.
Para prevenir são fundamentais os seguintes aspetos:
- Frequência da mudança das fraldas (deve ser mudada, sempre que possível, após a criança urinar ou evacuar);
- Vigiar o rabinho do bebé, de forma a despistar alterações da pele;
- Higiene do rabinho: deve ser realizada com água morna e algodão (ou outro de textura macia), sem recorrer a sabonetes. Quando estes são utilizados, não devem ser mais do que 2 vezes ao dia. Devem ser evitados toalhetes de limpeza (porque a maioria contém álcool na sua composição e outros produtos irritativos para a pele frágil do bebé) e restringir a sua utilização a situações especiais (exemplo, saída de casa para consultas ou algum passeio);
- Apenas se devem aplicar pomadas caso se verifique eritema. Em caso de pele íntegra (sem qualquer tipo de lesões), não há necessidade de se aplicarem pomadas.
Para o tratamento das lesões é importante ter em conta que, se o eritema não desaparece com as pomadas habituais, deve consultar um profissional de saúde (Enfermeira e/ ou Médica) de forma a que sejam aconselhados outros produtos que apenas poderão ser prescritos por estes profissionais, após avaliação da pele do bebé. É muito importante uma identificação precoce desta alteração e a manutenção das medidas gerais destacadas para a controlar, tal como recorrer a um profissional de saúde de forma a prevenir uma infeção na região afetada.
O Pai, a Mãe e Eu
Receitas saudáveis para toda a Família
sexta-feira, 15 de dezembro de 2017
Estamos em época natalícia e por esse motivo O Pai, a Mãe e Eu tentou encontrar sugestões que poderão ser utilizadas na noite de Natal.
Para a receita do tradicional peru, escolhemos a seguinte receita:
- Sal a gosto para temperar;
- 1/2 chávena de azeite;
- 2 cebolas grandes picadas;
- 4 cenouras picadas;
- 4 talos de aipo picados;
- 2 raminhos de tomilho fresco;
- 1 folha de louro;
- 1/2 chávena de vinagre balsâmico.
Preparação:
- Passe o sal pelo peru inteiro, por fora e por dentro. Coloque-o numa panela e cubra com água fria. Leve ao frigorífico por 12h.
- Pré-aqueça o forno a 180ºC e retire o peru do frigorífico. Passe o peru por água corrente. Depois, pincele-o com azeite.
- Preencha a cavidade com uma cebola, metade das cenouras, metade do aipo, um ramo de tomilho e folha de louro. Espalhe os restantes legumes e o tomilho pelo tabuleiro onde for assar o peru. Regue com o vinagre balsâmico. Deixe assar bem e se necessário vá virando.
Para o tradicional bacalhau fomos pesquisar as sugestões d' A Pitada do Pai e aqui fica a receita:
- 2 postas de bacalhau cozido;
- 800g de grão de bico cozido;
- 200g de espinafres;
- 2 dentes de alho laminados;
- Azeite q.b.
- Cominhos (a gosto)
Preparação:
- Comece por desfiar o bacalhau previamente cozido.
- Com a ajuda de um robô de cozinha ou picadora, triture o grão até obter um puré. Tempere a gosto com um pouco de cominhos. Reserve.
- Numa frigideira coloque um fio de azeite e salteie os espinafres. Reserve.
- Noutra frigideira coloque um fio de azeite, o bacalhau e os dentes de alho laminados (não muito fino, para não queimar). Deixe alourar um pouco e ganhar sabor.
- Numa travessa, comece por colocar puré de grão, os espinafres e o bacalhau por si!
Sugestão: Quando servir, pode regar com um fio de azeite.
Para a sobremesa, fomos ao blogue Panelinha de Sabores e escolhemos o Tronco de Natal de salame de chocolate com o qual poderá construir o tronco de natal. Aqui fica a receita:
- 100g de tâmaras secas;
- 50g de cacau magro em pó;
- 1 ovo;
- 150g de chocolate preto;
- 300g (1 pacote e meio) de bolacha maria (integral ou normal).
Para a cobertura de abacate e chocolate:
- 1/2 abacate;
- 100g de chocolate preto;
- 1 colher de sopa de mel ou adoçante em pó ou o que preferir para adocicar o creme.
Preparação:
- Tirar o caroço às tâmaras e colocar num copo alto com um pouco de água quente (até cobrir, mas sem tapar) para amolecerem, durante 3 minutos. Enquanto isso, partir o chocolate em pedaços para uma tigela grande que possa ir ao microondas.
- Triturar as tâmaras com uma varinha mágica até obter um creme macio e claro. Verter para uma tigela e juntar o cacau. Misturar bem e juntar o ovo. Voltar a misturar bem até estar um creme macio.
- Colocar o chocolate a derreter no microondas, durante 2 minutos, parando a meio para mexer até estar bem cremoso. Depois, verter a mistura das tâmaras para o chocolate e mexer, deixando tudo bem misturado e cremoso.
- Partir a bolacha grosseiramente. É importante perceber que partir grosseiramente significa que alguma bolacha tem de ficar em pedaços, mas uma grande parte tem de estar em farinha de bolacha. Este é um "segredo" para qualquer receita de salame.
- Depois de tudo bem misturado, colocar em cima de papel vegetal e dar o formato de salame, mas antes, reservar uma colher de sopa da massa. com esta massa reservada fazer um "braço" do tronco. Guardar no frigorífico pelo menos durante 2h.
- Para a cobertura, partir o chocolate e colocar a derreter no microondas durante 1 minuto, parando a cada 20 segundos para evitar que ferva.
- Descascar e partir o abacate em pedaços. Colocar num copo alto e triturar com a varinha mágica até estar um creme liso e macio. Juntar o chocolate derretido e o adoçante. Está, nesta altura, pronto a usar.
- Espalhar este creme por todo o bolo, com a ajuda de uma faca para dar o efeito de casca.
- Decorar com raspas de chocolate.
- Voltar a colocar no frigorífico até servir.
Esperamos que gostem das sugestões e que a vossa consoada seja muito saborosa.
Até 2018, Famílias!!!
O Pai, a Mãe e Eu
A falta de apetite
Os Pais são as pessoas mais importantes na confeção e alimentação da criança.
Há crianças que desde o nascimento comem tudo o que lhes é oferecido e podem até repetir a dose. Nestes casos, os pais têm de estar atentos de modo a não incorrer no risco de obesidade, incentivando a alimentação saudável e a atividade física, já que hoje o sedentarismo se encontra na ordem do dia, com a utilização das novas tecnologias.
No entanto, existem as crianças que, por uma razão ou por outra, deixam de ter apetite e, se antes comiam bem, passam a ser aquilo que vulgarmente designamos como um "pisco". É aqui que começa o stress dos Pais!!
Afinal por que razão o seu filho comia bem e a partir de um dado momento deixa de o fazer, caraterizando-o a falta de apetite?
É por volta dos 2/ 3 anos que se verifica uma anorexia fisiológica (perda de apetite) e uma neofobia (medo de experimentar coisas novas, nomeadamente alimentos), derivado ao facto do crescimento da criança abrandar e consequentemente decrescer as necessidades calóricas. Se cresce menos, então necessita de menos calorias. Simples assim!
Para além disso, passa a haver também um interesse maior por parte da criança no mundo que a rodeia e, como tal, terá tendência a perder-se nas brincadeiras, tentando protelar a hora das refeições. Por outro lado, a partir do ano de vida e até aos 3 anos, a criança tem oportunidade de experimentar todos os sabores disponibilizados pela alimentação e vai adquirindo preferências. Daí poder rejeitar aqueles que serão para si menos apelativos.
O que fazer perante esta situação?
Alguns aspetos do comportamento alimentar são influenciados por fatores genéticos, por exemplo, a preferência por determinados sabores. No entanto, vários estudos apontam a Família como um exemplo importante na aquisição destes comportamentos, sendo que aquilo que é apreendido nos primeiros anos de vida terá uma grande influência nos hábitos alimentares na idade adulta.
A forma como os Pais lidam com a situação da falta de apetite irá influenciar o comportamento futura da criança, relativamente à alimentação. E poderão mesmo usar este tipo de comportamento para obterem benefícios.
- muitas vezes a quantidade de alimentos que a criança necessita é muito inferior àquela que os Pais lhe querem oferecer;
- o intervalo entre as refeições deve ser regular e os "petiscos" entre as refeições principais devem ser evitados;
- deve inovar a "ementa", não criando rotinas. Isto porque a criança irá cansar-se de comer sempre a mesma coisa;
- não se devem fazer promessas para que as crianças comam a totalidade do que lhe é oferecido, já que isso irá promover o mesmo comportamento por parte da criança, no sentido de obter benefícios (tal como referido acima).
Assim sendo, deverá:
- estabelecer horários para as refeições principais e para os lanches;
- não ter medo de impor limites, não cedendo às birras;
- promover as refeições em Família, já que os Pais são o exemplo da criança e, como tal, um elemento muito importante na educação alimentar desta última;
- não substituir as refeições principais por outros alimentos e voltar a oferecer a refeição quando a criança demonstrar fome;
- não permitir que a criança ingira líquidos antes da refeição e tentar fazer com que isso aconteça apenas quando já tiver quase terminado. Os líquidos vão ocupar espaço no estômago e promover a sensação de saciedade;
- confecionar pratos que a criança goste, mas saudáveis e consumidos por toda a Família. Caso a criança não goste de um alimento, tentar substituí-lo por outro com o mesmo valor nutricional.
Em suma, é importante não esquecer que a Família desempenha um papel bastante importante nestas questões do desenvolvimento da criança e que se esta última for exposta a um ambiente alimentar saudável e sem pressões, gradualmente ela vai aprender a fazer as suas escolhas baseadas nas suas preferências e necessidades.
Por outro lado, é importante também que os Pais percebam que as crianças, sem qualquer problema de saúde, têm a capacidade de regular o seu consumo alimentar. Este é uma das bases do BLW (Baby Led Weaning).
O Pai, a Mãe e Eu
Pré- eclampsia
quarta-feira, 13 de dezembro de 2017
A pré-eclampsia faz parte do grupo de complicações hipertensivas que podem ocorrer durante a gravidez. Trata-se de uma das principais causas de prematuridade e de mortalidade e morbilidade (sequelas) materna e fetal.
A pré-eclampsia é definida como uma elevação da pressão arterial que surge após as 20 semanas de gestação, acompanhada por proteinúria (presença de proteínas na urina) ou por critérios de gravidade. Pode ser classificada em pré-eclampsia com critérios de gravidade ou pré-eclampsia sem critérios de gravidade.
Os critérios de gravidade traduzem um envolvimento sistémico nomeadamente hepático, renal e/ou neurológico.
Existem alguns fatores de risco associados como
- a idade superior a 40 anos;
- primeira gravidez (nuliparidade);
- obesidade;
- hipertensão arterial;
- doença renal;
- diabetes mellitus;
- antecedentes pessoais ou familiares de pré-eclampsia;
- gravidez múltipla ou por procriação medicamente assistida.
No entanto, a maioria dos casos ocorrem em mulheres nulíparas saudáveis, sem fatores de risco.
Na sociedade atual verifica-se um aumento da idade materna, grávidas com mais patologias e um aumento do número de gravidezes por procriação medicamente assistida, fatores estes como já citado anteriormente, de risco para o desenvolvimento desta patologia.
Com o objetivo de predição e prevenção da pré-eclampsia, na altura da realização da ecografia de rastreio do primeiro trimestre, são validados vários fatores, nomeadamente a pressão arterial da grávida, a fluxometria das artérias uterinas (avaliada por ecografia), e a interpretação dos marcadores bioquímicos avaliados no contexto do rastreio combinado (PAPP-A), o que nos dá informações passíveis de agirmos numa perspetiva preventiva de forma a tentarmos reduzir, ou adiar o surgimento da pré-eclampsia . Esta prevenção faz-se, quando indicado, com o início do ácido acetilsalicílico, idealmente até às 16 semanas.
No caso de uma gravidez de termo, o parto está indicado na altura do diagnóstico.
A nossa maior dificuldade como ginecologistas-obstetras é a decisão da altura certa para o parto, quando estamos perante uma grávida com pré-eclampsia e um bebé ainda prematuro. Em situações de prematuridade importa otimizar as condições em que o bebé vai nascer, que consoante a idade gestacional poderá ter indicação para a realização do ciclo de maturação pulmonar e neuroproteção. Nos casos graves está indicada a profilaxia da eclampsia (convulsões).
Na prematuridade, mediante o quadro de gravidade, a balança entre uma atitude mais expetante e de vigilância apertada versus a decisão do parto é de extrema importância.
Patrícia Isidro Amaral
Patrícia Isidro Amaral
segunda-feira, 11 de dezembro de 2017
Olá!
O meu nome é Patrícia Isidro Amaral e sou ginecologista - obstetra.
Licenciada em Medicina pela Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, com especialidade em Ginecologia Obstetrícia na Maternidade Dr. Alfredo da Costa.
Tenho o privilégio de exercer uma profissão que adoro, onde maioritariamente lidamos com a vida e a felicidade. No entanto, por vezes também enfrentamos situações de insucesso, tristeza e dor... que são também para nós profissionais, momentos muito duros. Penso que podemos considerar a Ginecologia e Obstetrícia como uma especialidade de emoções.
Trabalho na Maternidade Dr. Alfredo da Costa desde 2008 e no Hospital da Luz desde 2015.
O terrorismo e as crianças... como lidar?
quarta-feira, 6 de dezembro de 2017
Os ataques terroristas são cada vez mais frequentes e não os podemos ignorar.
Por vezes, mesmo que o queiramos fazer, não conseguimos, já que somos constantemente bombardeados pelas imagens destes acontecimentos trágicos.
Se, por um lado, a comunicação social é um poderoso meio de comunicação que nos informa de tudo o que se passa no mundo, praticamente em tempo real, por outro lado, os media também perpetuam a catástrofe e a fase crítica, podendo mesmo despoletar sentimentos traumáticos relacionados com o evento, de forma indireta.
Não é por acaso que, em situação de catástrofe, a Tipologia das Vítimas na perspetiva psicossocial envolve as vítimas de 5º nível e de 6º nível, não envolvidas diretamente e quando o acaso evitou a exposição direta, respetivamente.
Nestas vítimas indiretas, as crianças e os adolescentes não são exceção. Seja porque ouviram falar sobre este assunto na escola, seja porque foram surpreendidos com imagens na televisão enquanto os pais jantavam, ou até nos jornais expostos nos pontos de venda. E é após estes momentos que muitas vezes nos chegam a casa com preocupações, medos e inseguranças relacionados com a possibilidade de um evento deste tipo ocorrer nas suas vidas.
Há alguma coisa que possamos fazer para evitar que isto aconteça?
Como é que podemos ajudar os nossos filhos, sobrinhos, netos, ou até alunos e outras crianças com quem trabalhamos enquanto profissionais de saúde, por exemplo?
Em primeiro lugar, nós, adultos, também precisamos de apoio nestes momentos. Se for surpreendido com uma notícia de um novo ataque terrorista em frente à criança:
- evite exponenciar a catástrofe, evitando reações intensas;
- procure manter o controlo e, assim que possível, arranje um tempo adequado para partilhar as suas emoções com um membro de família ou amigo de confiança;
- tire um tempo do dia para se acalmar, podendo recorrer a exercícios de relaxamento.
Se tem pessoas conhecidas desaparecidas ou que foram confrontadas com a situação e está preocupado, evite tomar decisões relacionadas com mudanças radicais, bem como comportamentos de risco como consumo de substâncias como álcool ou outros, pois provavelmente irão desencadear problemas de sono, de concentraçãoe outros problemas que só por si, já poderiam surgir dada a situação exigente. É possível que nos dias subsequentes desenvolva uma atitude de superproteção. É comum nestes casos. O mais importante é não abandonar as suas rotinas, sobretudo as rotinas familiares, tendo também uma maior preocupação em garantir os seus hábitos saudáveis de sono, alimentação e exercício físico.
E as crianças? Como as podemos ajudar?
A nossa explicação sobre o terrorismo deverá sempre depender da idade da criança. No entanto, independentemente da faixa etária em que a criança ou o jovem se encontra, a regra é sempre perguntar primeiro o que sabe sobre o assunto e adequar o nosso discurso em função disso.
1ª infância (até aos 2 anos)
- nesta fase a criança está muito centrada na exploração do mundo através dos sentidos, recorrendo sobretudo ao tacto;
- não faz sentido introduzir assuntos, já que nesta fase as aprendizagens não são intencionais;
- se lhe fizer alguma questão sobre algo que viu, conforte-a dizendo que os pais estão ali e que não tem que se preocupar;
- não dê informação desnecessariamente, sem ter sido solicitada pela criança.
Idade pré-escolar (3-5 anos)
- nesta fase a criança já compreende bastante o que ouve e já tem um discurso mais percetível para os adultos;
- já começa a ter noção causa-efeito;
- é muito curiosa;
- imita muito os adultos;
- começa a distinguir o certo do errado;
- não introduza os assuntos, no entanto, se a criança vir alguma imagem e perguntar, tente primeiro saber o que ela sabe sobre o assunto e o que acha que está a acontecer;
- pode aproveitar para fazer um paralelismo com as birras e zangas entre amigos no jardim de infância ou explicar que há pessoas boas e pessoas más;
- a criança pode ficar assustada e se isso acontecer, quererá estar com pessoas e sentir que está protegida pelos adultos;
- permita que a criança fale sobre isso e ajude-a a nomear sentimentos;
- ajude-a a sentir esperança no futuro dizendo que vão continuar a fazer as vossas coisas juntos, como brincar e ir a outros sítios.
Idade escolar (6-11 anos)
- a criança começa a ter memórias mais contínuas e organizadas;
- as suas capacidades de raciocínio estão mais desenvolvidas e a criança já recorre ao pensamento lógico para chegar a algumas soluções;
- ainda apresenta algumas dificuldades em lidar com o não concreto;
- começam a desenvolver um forte sentido de justiça e a ter maior preocupação com o que está errado do que com o que está certo;
- com a entrada na escola a criança vai tendo mais acesso a informação e terá também outras bases de compreensão, pelo que deve protegê-la das imagens e dos relatos mais chocantes presentes em reportagens reais na TV;
- desmistificar medos e perceber o que já sabem;
- não fingir que não aconteceu, no entanto, não deve tornar este assunto central para não causar alarmismo;
- nesta fase pode ser mais claro e objetivo, mas sem esquecer que estará a falar com uma criança;
- explicar-lhe algumas noções de religião e referir que é algo que não acontece a toda a hora mas é importante estar atento, com naturalidade;
- explicar que os seus amigos podem estar assustados mas que agora estão num local seguro e que a família está em segurança, repetindo as vezes que forem necessárias;
- podem surgir muitos pesadelos e aí é importante deixar a criança falar sobre eles e confortar;
- encoraje a criança a retomar/ continuar as suas rotinas;
- encoraje atividades construtivas em prol dos outros, mas sem o sobrecarregar;
- em caso de queixas somáticas tentar providenciar-lhe conforto e assegurar que está tudo normal, mas de forma prática evitando reforçar as queixas.
Início da adolescência (12-15 anos)
- já consegue usar o pensamento lógico na busca de soluções para os problemas que possam surgir;
- preocupa-se com um tratamento justo para os outros;
- procura encontrar alternativas e tomar decisões sozinhos;
- capacidade de aplicar conceitos a raciocínios específicos;
- dificuldade em admitir os seus receios com medo de ser rotulado;
- deve ajudar o adolescente a compreender que esses sentimentos são normais e comuns;
- tente estar junto do seu filho quando ele estiver a ver TV, pergunte-lhe o que viu e esclareça alguma dúvida de forma realista, mas sem ser demasiado detalhado se o adolescente ainda não tiver toda a informação sobre o assunto;
- evitar comportamentos de risco como resultado de alguma desesperança no futuro, dizendo que não é boa ideia agir assim;
- explicar que estas pessoas dizem agir assim por causa da religião, no entanto, a grande maioria das pessoas da mesma religião não concorda com estes atos;
- referir que o objetivo dos terroristas é precisamente causar medo, mas que não têm o direito nem vão conseguir que deixemos de viver as nossas vidas;
- dar algumas estratégias de segurança caso aconteça alguma coisa;
- fomentar tolerância e respeito pelos outros.
Adolescência (16-18 anos)
- têm uma grande preocupação acerca do futuro, começando a integrar conhecimentos que servirão para tomar decisões futuras;
- alguma desilusão entre os valores estabelecidos e determinadas atitudes/ comportamentos manifestados pela família e amigos;
- relembre-lhe que está seguro e que devemos continuar a viver as nossas vidas perante esta violência a que se assiste;
- dar algumas estratégias de segurança caso o adolescente venha passar por alguma situação desta natureza;
- encorajar a tolerância e o respeito pelos outros, bem como o benefício e não o malefício, desmistificando preconceitos como xenofobia ou racismo;
- fomentar o voluntariado, mas sem sobrecarregar o jovem.
Acima de tudo, deverá sempre evitar a exposição das crianças e dos jovens às notícias, já que bastará aquela que não conseguir controlar na rua ou na escola. Fique atento e esteja preparado para conter a angústia das crianças caso surja, de formas mais óbvias ou de forma mais implícita, através de pesadelos, queixas somáticas ou enurese (urina-se durante o sono), sendo mais tolerante e compreensivo nestes momentos.
Ter esperança e desenvolver a resiliência é fundamental nestas alturas e isto deverá começar em nós, adultos!
Cristina Reis
Cristina Reis
segunda-feira, 4 de dezembro de 2017
O meu nome é Cristina Reis e sou Psicóloga Clínica.
Tenho o grau de mestre em Psicologia Clínica pelo ISPA e sou Pós-Graduada em Intervenção Precoce também pelo ISPA.
Sou membro efetivo da Ordem dos Psicólogos Portugueses e formadora certificada pelo IEFP. Sou também terapeuta EMDR (Eye Movement Desensitization and Reprocessing) em formação (nível 1) e faço parte da bolsa dos "1000 Psicólogos para situações de catástrofe".
Tenho experiência profissional em intervenção em crise em contexto institucional e no privado, trabalhando atualmente numa Junta de Freguesia na cidade de Lisboa, onde realizo intervenção junto de crianças, jovens e adultos, incluindo idosos.
Sou apaixonada pelo mundo da parentalidade, tema da minha dissertação de mestrado, área na qual tenho investido em formação específica e desenvolvido vários projetos, sobretudo nas áreas do aconselhamento parental e da deficiência.
Para além destas funções, desenvolvo também atividade em clínica privada.
Estrias na Gravidez
No período gestacional podem ocorrer 3 problemas de pele:
- exacerbação dos problemas dermatológicos já existentes;
- próprios deste período;
- alterações consideradas fisiológicas.
Estas últimas são as alterações mais frequentes, não causando comprometimento na saúde da grávida, nem na saúde do feto. As alterações consideradas fisiológicas podem ser:
- alterações pigmentares;
- alterações dos pelos e unhas;
- alterações dos vasos sanguíneos;
- acne;
- alteração do tecido conjuntivo - ESTRIAS.
Este artigo vai apenas debruçar-se nas estrias e no que poderá ser feito para se evitar o seu aparecimento.
As estrias "são lesões longas, lineares e, geralmente, paralelas, decorrentes da rutura de fibras de colagénio e elastina; surgem em oposição às linhas de tensão da pele."
Elas aparecem entre o 6º e o 7º mês de vida e, tendo em conta os resultados de alguns estudos, afetam mais de 70% das grávidas.
Há locais mais predispostos ao seu aparecimento?
Sim, nomeadamente abdómen, ancas, mamas e nádegas, sendo os locais mais frequentes o abdómen e as nádegas.
Qual a causa do aparecimento das estrias?
A causa exata não se conhece. No entanto, pensa-se que o estiramento mecânico da pele, juntamente com questões hormonais e fatores genéticas podem levar ao seu aparecimento. Isto leva a que nem todas as mulheres sofram deste problema.
Quais os fatores de risco?
Consideram-se como fatores de risco com maior incidência:
- idade materna;
- ganho de peso na gravidez;
- peso do bebé;
- tendência familiar.
As estrias desaparecerão após o bebé nascer?
As estrias não desaparecerão, embora passem de uma coloração eritematosa (avermelhada) para um branco-nacarado mais ténue. Ficarão por isso a parecer uma cicatriz prateada.
Embora a indústria cosmética e dermatológica tenha tido grandes avanços, ainda se mostram insatisfatórios no tratamento destas situações.
Sendo assim, é importante apostar-se na prevenção do aparecimento das estrias.
Como se pode prevenir o seu aparecimento?
- Hidratando a pele duas vezes ao dia (sendo que uma deverá ser após o banho) nas zonas onde aparecem com maior frequência;
- Escolhendo o gel de banho adequado ao seu tipo de pele;
- Evitando tomar banho com água muito quente;
- Beber água com regularidade na quantidade preconizada para todos;
- Escolhendo roupa confortável e adequar o sutiã às novas formas;
- Controlando o ganho de peso;
- Fazendo uma alimentação correta, ingerindo Vitamina A e C.
O Pai, a Mãe e Eu
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