A escola e a prematuridade... o desafio
quarta-feira, 27 de março de 2019
Um dos grandes desafios que se coloca, hoje em dia, ao nível da educação são as dificuldades de aprendizagem não diretamente relacionadas com algum tipo de deficiência.
Muitas destas dificuldades são detetadas assim que a criança ingressa no primeiro ciclo de ensino básico, outras, apenas, ao nível do segundo ciclo, quando o currículo começa a ser mais exigente.
É frequente verificar-se que, algumas destas crianças estão identificadas como prematuras e, muitas vezes, grandes prematuras. Outras vezes verifica-se precisamente o contrário, ou seja, apesar de a criança ter sido prematura, a escola desconhece completamente a situação.
Estas crianças são crianças que, ao longo de todo o seu percurso escolar apresentaram dificuldades de aprendizagem, muitas vezes, até dificuldades de aquisição do mecanismo de leitura, escrita e cálculo, mas que nunca foram alvo de alguma avaliação. Quando essas dificuldades se agravam, e todo o processo de avaliação se despoleta, ao realizar a anamnese é comum os pais referirem que a criança foi prematura, mas correu sempre tudo bem. Não tendo afetada, nem necessitado de qualquer acompanhamento.
Verifica-se também casos de crianças identificadas como prematuras que, ao serem confrontadas com os desafios da escola, não apresentam dificuldades significativas. Algumas destas crianças beneficiaram do apoio do SNIPI (Serviço Nacional de Intervenção Precoce na Infância).
Este serviço, apetrechado de profissionais da saúde (terapeutas da fala, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais e psicólogos) e da educação (educadores de infância) e, ainda, assistentes sociais é, de momento, um grande suporte e uma resposta de qualidade às necessidades de estimulação que os bebés prematuros apresentam, com o qual os pais/ famílias podem contar para enfrentar o grande desafio de cuidar de um bebé prematuro, proporcionando-lhe toda a estimulação e apoio de que este necessita para se desenvolver de forma harmoniosa.
Salienta-se que quanto mais precoce for a estimulação da criança, maiores são as probabilidades de esta não apresentar qualquer atraso de desenvolvimento, ou sequelas derivadas da prematuridade.
A estimulação motora irá proporcionar-lhe a possibilidade de rebolar, sentar, gatinhar e andar dentro da idade expectável permitindo-lhe, assim, estabelecer interações adequadas com o meio envolvente. Tendo em conta que os indivíduos aprendem em contacto com o meio, quanto maiores e mais diversificados forem esses contactos, maiores são as probabilidades de aprendizagem.
Além do trabalho que os vários profissionais desenvolvem diretamente com a criança, há também um grande trabalho desenvolvido com os pais, e ou cuidadores, no sentido de os capacitar para trabalhar com a criança, de forma a haver uma complementaridade de todo o trabalho desenvolvido.
Quanto mais efetivo for esse trabalho, maiores são as probabilidades de sucesso. Esse sucesso vai depender, sem qualquer dúvida, da qualidade da articulação e da intervenção estabelecidas conjuntamente entre os técnicos e as famílias.
Penso que o maior desafio para os pais, em grande parte dos casos, é a aceitação da mudança do paradigma, em que todo o saber e capacidade de ação está centrado nos técnicos intervenientes, para aquele em que eles próprios assumem uma importância igual, ou maior, à dos técnicos.
É certo que a maioria dos pais não possui conhecimento técnico para intervir com o bebé prematuro, pelo que precisa do apoio dos técnicos. Mas também é certo que os técnicos precisam do apoio dos pais/ cuidadores para trabalharem com a criança, e que os resultados do seu trabalho só são verdadeiramente visíveis quando a família/ cuidadores colabora com as equipas técnicas, realizando os exercícios e atividades que os técnicos lhes ensinam.
Quando não há intervenção técnica, mas há pais/ família/ cuidadores interventivos, a criança evolui.
Nesse sentido, o grande desafio que se coloca aos pais/ família/ cuidadores é mesmo o de serem capazes de assumir o papel principal na tríade.
Esse papel principal passa por proporcionarem à criança um apoio efetivo, não só durante a primeira infância, mas também ao longo das etapas seguintes.
Quando a criança completa seis anos e ingressa no primeiro ciclo, o apoio do SNIPI cessa, contudo os pais/ família poderão sempre recorrer aos serviços de educação, caso a criança ainda apresente dificuldades, no sentido de pedir apoios técnicos.
Os técnicos que trabalham com estas crianças valorizam igualmente a articulação com os pais/ família no sentido de lhes fornecerem estratégias para lidarem com as variadas situações, de modo a que a intervenção seja o mais sistémica possível. Ou seja, uma intervenção não apenas centrada na criança e no técnico, mas sim em todo o contexto em que a criança se insere.
Quanto mais efetivo for esse trabalho, maiores são as probabilidades de sucesso. Esse sucesso vai depender, sem qualquer dúvida, da qualidade da articulação e da intervenção estabelecidas conjuntamente entre os técnicos e as famílias.
Penso que o maior desafio para os pais, em grande parte dos casos, é a aceitação da mudança do paradigma, em que todo o saber e capacidade de ação está centrado nos técnicos intervenientes, para aquele em que eles próprios assumem uma importância igual, ou maior, à dos técnicos.
É certo que a maioria dos pais não possui conhecimento técnico para intervir com o bebé prematuro, pelo que precisa do apoio dos técnicos. Mas também é certo que os técnicos precisam do apoio dos pais/ cuidadores para trabalharem com a criança, e que os resultados do seu trabalho só são verdadeiramente visíveis quando a família/ cuidadores colabora com as equipas técnicas, realizando os exercícios e atividades que os técnicos lhes ensinam.
Quando não há intervenção técnica, mas há pais/ família/ cuidadores interventivos, a criança evolui.
Nesse sentido, o grande desafio que se coloca aos pais/ família/ cuidadores é mesmo o de serem capazes de assumir o papel principal na tríade.
Esse papel principal passa por proporcionarem à criança um apoio efetivo, não só durante a primeira infância, mas também ao longo das etapas seguintes.
Quando a criança completa seis anos e ingressa no primeiro ciclo, o apoio do SNIPI cessa, contudo os pais/ família poderão sempre recorrer aos serviços de educação, caso a criança ainda apresente dificuldades, no sentido de pedir apoios técnicos.
Os técnicos que trabalham com estas crianças valorizam igualmente a articulação com os pais/ família no sentido de lhes fornecerem estratégias para lidarem com as variadas situações, de modo a que a intervenção seja o mais sistémica possível. Ou seja, uma intervenção não apenas centrada na criança e no técnico, mas sim em todo o contexto em que a criança se insere.
Os pais também podem ser fisioterapeutas, terapeutas da fala e ocupacionais, educadores, professores e psicólogos. Precisarão, para o fazer, do apoio de técnicos especializados. Precisarão do apoio dos professores.
O grande desafio da tríade pais - criança - professores será o de conseguir trabalhar de forma articulada valorizando os saberes de cada um e criando oportunidades de interação e desenvolvimento. O trabalho de equipa é por isso fundamental.
Em modo de conclusão: quando o bebé nasce prematuro, os pais podem recorrer, por si só, ao SNIPI e pedir para que a criança seja acompanhada. Poderão recorrer a este serviço até a criança completar 6 anos. Depois dessa idade poderão recorrer às equipas de apoio educativo das escolas.
É importante ter sempre um olhar atento para uma criança prematura, pois essa criança não esteve o tempo necessário na barriga da mãe para que todos os processos de maturação ocorressem.
Mesmo muito, muito importante é o dar-lhe colo!
Muito colo! Todas as crianças precisam de colo, as prematuras ainda mais.
Só com muito amor, carinho, atenção e compreensão as crianças poderão desenvolver-se de forma harmoniosa e estruturada. Quando educada num ambiente caloroso, todas as dificuldades que surgem são sempre mais facilmente ultrapassadas.
Um dos motores para o sucesso é, por isso mesmo, o colo no sentido vastíssimo da palavra!
Teresa Moreno
Teresa Moreno
segunda-feira, 25 de março de 2019
Licenciou-se em Educação de Infância, pela Escola Superior de Educação Jean-Piaget de Almada e, mais tarde, especializou-se em Necessidades Educativas Especiais, na Escola Superior de Educação de Beja.
Exerce a sua atividade docente no Agrupamento de Escolas de Moura, como Professora de Educação Especial.
Em fevereiro de 2016 editou o seu primeiro livro, Maria Flor, pela Chiado.
Em 2017 foi convidada pela mesma editora a participar no projeto Três Quartos de Um Amor, editado em fevereiro de 2018.
Em novembro de 2018 dois contos seus foram publicados na colectânea de contos Era uma vez... o conto dos poetas, editada pelo grupo de poesia da Beira-Ria.
Convulsões febris
quarta-feira, 20 de março de 2019
Hoje falaremos sobre uma situação que, apesar de benigna, representa uma causa frequente de ida ao Serviço de Urgência e é causadora de um grande sofrimento e angústia nos pais/ cuidadores: as convulsões febris.
Segundo a Sociedade Portuguesa de Neuropediatria, a Convulsão febril "é uma convulsão que surge numa criança saudável, entre os 6 meses e os 6 anos de idade, no início de uma doença febril." Está associada à subida térmica e, segundo alguns autores, tem o seu pico aos 18 meses. Nalgumas crianças pode surgir com temperaturas corporais inferiores a 38ºC.
Cerca de 5% das crianças (1 em cada 5) têm convulsões febris. Acredita-se que o sistema nervoso central destas é mais vulnerável à subida rápida de temperatura devido à sua imaturidade, o que as torna suscetíveis de desenvolver uma convulsão febril, que consiste numa ativação excessiva dos neurónios. Para além deste fator, a idade mais jovem da criança e a existência de história familiar de convulsões pode aumentar o risco desta situação.
Pelo sofrimento que causa em quem assiste ao episódio, este parece durar uma eternidade. No entanto, na maior parte das vezes são episódios breves e que passam sem necessidade de qualquer intervenção. Este sofrimento é em grande parte causado pelas características inerentes à convulsão febril, que se pode tornar muito assustadora para quem a vivencia pela primeira vez.
Na maioria das situações, as crianças perdem os sentidos, reviram os olhos, ficam com o corpo rígido e apresentam tremores dos membros superiores e inferiores. Podem ainda apresentar salivação excessiva, ficar com os lábios roxos ou urinar. Após alguns segundos/ minutos (ma maior parte das vezes antes dos 5 minutos), os movimentos param e segue-se um período em que a criança fica mole e adormece, acordando bem. Por norma, as convulsões febris são autolimitadas, ou seja, passam sozinhas sem que seja necessário qualquer intervenção.
Numa situação de convulsão febril é muito importante evitar o pânico e manter a calma. Isto é essencial para que os pais consigam observar as características da convulsão e posteriormente descrevê-la ao profissional de saúde.
Como devemos atuar?
- Vigiar os movimentos apresentados pela criança e registar hora de início e de fim;
- Deitar a criança de lado, proteger a cabeça e afastar todos os objetos onde a criança se possa magoar (por exemplo: os óculos);
- Não colocar nada na boca da criança, nomeadamente objetos ou dedos;
- Arrefecer o ambiente;
- Promover o arrefecimento corporal através da aplicação de envolvimentos tépidos e administração de Paracetamol supositório;
- Não tentar que a criança beba ou coma algo, mesmo que seja medicação para baixar a febre;
- Quando não é a primeira convulsão, os pais podem já ter indicação médica para administrar medicação específica para parar a crise. Esta medicação nunca deve ser administrada sem prescrição médica e a dose varia segundo o peso da criança.
As situações em que se deve recorrer ao Hospital são as seguintes:
- Quando é a primeira vez que a criança apresenta uma convulsão febril;
- Se a convulsão durar mais do que 5-10 minutos;
- Se os movimentos apresentados forem só de um lado ou se após a crise a criança só mexer um lado do corpo;
- Se após acordar, a criança se apresentar muito prostrada, com gemido ou sonolência ou com sensação clara de doença;
- Se tiver mais do que uma crise por dia ou se não recuperar após as crises.
O uso de antiepiléticos (medicação de trata as convulsões) não está indicado para prevenir as convulsões febris. Podem ser administrados antipiréticos (medicação para baixar a febre) em situação de febre, mesmo com temperaturas inferiores a 38ºC, como tentativa de evitar a convulsão febril. No entanto, não está provado que esta medida reduza a probabilidade de esta ocorrer.
Cerca de 1/3 das crianças voltam a ter convulsão febril. O risco de ocorrer uma nova crise é maior nos 6 a 12 meses após a primeira crise e se esta tiver ocorrido no primeiro ano de vida, bem como se existir história familiar de convulsões. Por este motivo, é importante que os cuidadores estejam atentos a situações de doença e que vigiem a temperatura corporal.
Apesar de assustadoras, as convulsões febris não causam problemas a longo prazo, nomeadamente lesões cerebrais ou epilepsia. Cerca de 1 a 2% das crianças que apresentam convulsões febris desenvolvem epilepsia, risco que é ligeiramente superior ao risco da população em geral.
o pai, a mãe e eu
Hipoterapia - Terapia com cavalos
quarta-feira, 13 de março de 2019
Hipoterapia é uma terapia assistida por cavalos, disponibilizada por vários Centros Hípicos. Contudo, este termo é comummente empregue para classificar uma terapia que, teoricamente, se subdivide. Clarificando a ideia, o uso do cavalo para fins terapêuticos assume duas valências: hipoterapia com objetivos mais centrados em questões neuromotoras e equitação terapêutica, cujos objetivos são a psicomotricidade, a cognição, ... Apesar do nome teoricamente não ser o adequado, em termos práticos e técnicos desenvolvem o que é considerado necessário para o utente, sendo em sessão trabalhadas as áreas neuromotoras e psicomotoras.
Além da hipoterapia e equitação terapêutica, ainda está incluso nesta valência associada ao cavalo a equitação adaptada, que exclui as questões terapêuticas, focando-se na competição ou lazer.
Porquê o cavalo?
O passo do cavalo com os seus movimentos tridimensionais corresponde, para quem monta, à marcha normal do ser humano, ou seja, para quem não possui capacidades físicas para caminhar mas consiga montar, será um momento em que conseguirá enviar um grande estímulo sensorial pelo sistema nervoso central, além de todo um trabalho postural que está inevitavelmente a ser desenvolvido para manter o equilíbrio no dorso do cavalo. Juntamente com o meio em que decorre a sessão, são promovidas vivências essenciais em áreas cognitivas, físicas e emocionais.
Benefícios da Hipoterapia/ equitação terapêutica:
Benefícios da Hipoterapia/ equitação terapêutica:
- Confiança: a relação com o cavalo permite ao utente desenvolver a sua autoconfiança;
- Força: fortalecimento do tónus muscular;
- Equilíbrio: melhoramento e correção da postura;
- Coordenação: ao longo da sessão necessita de coordenar ações;
- Atenção: na sessão necessita de manter o foco e concentração;
- Mobilidade: melhoramento da flexibilidade;
- Prazer: estão inerentes momentos de ternura e emoções novas.
Para além destes benefícios, existem todos os que estão inerentes aos objetivos específicos delineados pelo técnico responsável pela sessão.
Quem pode frequentar?
As sessões podem ser frequentadas por qualquer pessoa, desde crianças a idosos, salvo se apresenta contraindicações para a equitação. É de salientar a importância, tal como em qualquer outra situação, de contactar o médico para que não ocorra nenhum inconveniente. Assim sendo, seguem alguns diagnósticos comuns em sessões de hipoterapia/ equitação terapêutica:
- Perturbação do Espetro do Autismo;
- Síndrome de Down;
- Atraso global do desenvolvimento;
- Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção;
- Défice cognitivo;
- Sem diagnósticos com alterações cognitivas e/ ou físicas;
- ...
Estruturação da sessão:
A sessão de hipoterapia/ equitação terapêutica é estruturada e pensada pelo terapeuta de modo individualizado. Ao longo da mesma, em parceria com o monitor, é transversal aos utentes o trabalho de aspetos corporais (mobilização) e questões equestres como manutenção do cavalo (escovagem), andar a passo, trote e galope. São também abordadas questões terapêuticas de caráter individualizado como cognição, praxias, estruturação espacial, ...
No que concerne à duração da sessão, esta pode variar de Centro para Centro. É habitual em hipoterapia de privados (o Centro disponibiliza serviço aos Pais) 30 minutos semanais. Quando falamos do serviço de hipoterapia contratado por escolas e grupos, esta pode variar bastante, desde 15 minutos semanais a 20 minutos quinzenais.
O maior impedimento à sessão é, por norma, a gestão emocional da criança. Ou seja, se a criança mesmo sendo agressiva consigo e com os outros se acalmar no cavalo, é possível que a sessão decorra normalmente. Contudo, se a criança expressar agressividade no cavalo, é possível que se termine de imediato. Em casos de utentes com Autismo, é frequente ocorrerem situações destas, embora pontualmente, pais, terapeutas e professores consigam usar estratégias que permitem estabilizar a criança e continuar a sessão.
Elementos envolvidos na sessão:
- Monitor de equitação: responsável pela segurança e manutenção/ manuseamento do cavalo;
- Terapeuta: responsável pela definição dos objetivos para a sessão (podem variar consoante a especialização/ formação de base do técnico);
- Pais e familiares: porto de abrigo, responsáveis pela educação, segurança, ...
O importante é que esta equipa mantenha um objetivo comum, com partilha de informação essencial ao trabalho em equipa.
Fátima Sousa
Fátima Sousa
segunda-feira, 11 de março de 2019
Fátima Sousa é Psicomotricista desde 2015. Licenciada em Reabilitação Psicomotora, pela Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro.
Exerce funções como Psicomotricista em centros de estudos e clínica. Terapeuta responsável em dois Centros Hípicos de Felgueiras e Lousada. Trabalhou como Professora de AEC de Psicomotricidade em unidades de ensino especializado de 1º ciclo.
É apaixonada pelo trabalho com os mais novos.
Alimentação e rendimento escolar
sexta-feira, 8 de março de 2019
É sabido que uma correta alimentação tem um papel crucial no crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes. Mas terá algum impacto no rendimento escolar?
O desenvolvimento cerebral inicia-se nas primeiras semana de gestação, a partir do tubo neural, sendo particularmente acentuado entre o último trimestre da gravidez e os dois primeiros anos de vida e prolongando-se durante a infância e a adolescência. Desta forma, um fornecimento adequado de nutrientes e energia nos primeiros anos de vida assume uma importância acrescida. Um padrão alimentar inadequado nesta fase, tanto do ponto de vista quantitativo, pode comprometer o desenvolvimento e capacidade cognitiva das crianças e adolescentes, determinantes para o seu aproveitamento escolar.
Um dos aspetos mais estudados nesta relação da alimentação com o rendimento escolar é o consumo do pequeno-almoço. A realização desta refeição quebra o jejum noturno, fornecendo a energia necessária ao funcionamento cerebral. Este aspeto merece especial atenção nas crianças, uma vez que o metabolismo da glicose (fonte preferencial de energia para o cérebro) é bastante mais elevado nos primeiros anos de vida, sendo, por isso, ainda mais importante repor e estabilizar os seus níveis após o jejum noturno. Por este motivo, tomar o pequeno-almoço (em comparação com a omissõa desta refeição) contribui para uma melhor capacidade de atenção e memória, essenciais a um bom rendimento escolar. Para além disto, a realização desta refeição por parte dos mais novos está associada a um menor risco de desenvolver obesidade e a um padrão alimentar mais saudável ao longo do dia.
Idealmente, esta refeição deve ser composta por uma fonte de laticínios (como leite ou iogurte), de cereais (como o pão ou aveia) e fruta (dependendo do restante dia alimentar). Sempre que possível, deve ser realizada em casa, porque para além de ser mais económico, promover o convívio em família e ser realizada num ambiente mais calmo, a tendência para escolher alimentos menos saudáveis é menor!
No que toca ao tipo de alimentos consumidos pelos mais novos, estudos recentes demonstraram uma associação significativa entre o consumo diário de vegetais (em pelo menos uma das refeições diárias) e de duas ou mais peças de fruta por dia a melhorias ao nível da capacidade de escrita.
Pelo contrário, uma ingestão elevada de bebidas açucaradas, snacks salgados e fast food parecem contribuir, de forma significativa, para piores desempenhos ao nível da escrita, leitura, gramática e matemática.
A adesão à dieta mediterrânica, caracterizada pelo consumo elevado de fruta, hortícolas, cereais integrais, leguminosas e frutos gordos, um consumo moderado de carne, peixe e laticínios bem como pela utilização do azeite como fonte de gordura preferencial, também tem vindo a ser associada a um melhor desempenho cognitivo e sucesso escolar em crianças e adolescentes. Já uma dieta mais ocidental, com predomínio de alimentos e snacks processados, carnes vermelhas, fritos e bebidas açucaradas e, por isso, mais rica em gordura saturada, açúcar e sal e pobre em nutrientes essenciais ao desenvolvimento, apresenta, como seria de esperar, o efeito contrário.
Um outro aspeto muito importante e muitas vezes negligenciado é uma adequada hidratação. Sendo o cérebro de uma criança/ adolescente constituído por cerca de 65-80% de água (dependendo da idade), é natural que esta exerça um importante papel no funcionamento, nomeadamente ao nível do transporte de oxigénio. Por esse motivo, a desidratação, mesmo que ligeira, pode comprometer a função cognitiva ao prejudicar a memória, atenção e concentração e aumentar os níveis de cansaço. Assegure-se de que o seu filho tem sempre água disponível ao longo do dia, incentivando-o a beber mesmo que não tenha sede!
Uma alimentação saudável na infância e adolescência é essencial para manter um peso saudável e prevenir o surgimento de patologias a curto e longo prazo mas, como vimos, também assume um importante impacto no desenvolvimento cognitivo e aproveitamento escolar. Tudo, mais do que razões para que, desde cedo, sejam incutidos hábitos alimentares adequados.
Um dos aspetos mais estudados nesta relação da alimentação com o rendimento escolar é o consumo do pequeno-almoço. A realização desta refeição quebra o jejum noturno, fornecendo a energia necessária ao funcionamento cerebral. Este aspeto merece especial atenção nas crianças, uma vez que o metabolismo da glicose (fonte preferencial de energia para o cérebro) é bastante mais elevado nos primeiros anos de vida, sendo, por isso, ainda mais importante repor e estabilizar os seus níveis após o jejum noturno. Por este motivo, tomar o pequeno-almoço (em comparação com a omissõa desta refeição) contribui para uma melhor capacidade de atenção e memória, essenciais a um bom rendimento escolar. Para além disto, a realização desta refeição por parte dos mais novos está associada a um menor risco de desenvolver obesidade e a um padrão alimentar mais saudável ao longo do dia.
Idealmente, esta refeição deve ser composta por uma fonte de laticínios (como leite ou iogurte), de cereais (como o pão ou aveia) e fruta (dependendo do restante dia alimentar). Sempre que possível, deve ser realizada em casa, porque para além de ser mais económico, promover o convívio em família e ser realizada num ambiente mais calmo, a tendência para escolher alimentos menos saudáveis é menor!
No que toca ao tipo de alimentos consumidos pelos mais novos, estudos recentes demonstraram uma associação significativa entre o consumo diário de vegetais (em pelo menos uma das refeições diárias) e de duas ou mais peças de fruta por dia a melhorias ao nível da capacidade de escrita.
Pelo contrário, uma ingestão elevada de bebidas açucaradas, snacks salgados e fast food parecem contribuir, de forma significativa, para piores desempenhos ao nível da escrita, leitura, gramática e matemática.
A adesão à dieta mediterrânica, caracterizada pelo consumo elevado de fruta, hortícolas, cereais integrais, leguminosas e frutos gordos, um consumo moderado de carne, peixe e laticínios bem como pela utilização do azeite como fonte de gordura preferencial, também tem vindo a ser associada a um melhor desempenho cognitivo e sucesso escolar em crianças e adolescentes. Já uma dieta mais ocidental, com predomínio de alimentos e snacks processados, carnes vermelhas, fritos e bebidas açucaradas e, por isso, mais rica em gordura saturada, açúcar e sal e pobre em nutrientes essenciais ao desenvolvimento, apresenta, como seria de esperar, o efeito contrário.
Um outro aspeto muito importante e muitas vezes negligenciado é uma adequada hidratação. Sendo o cérebro de uma criança/ adolescente constituído por cerca de 65-80% de água (dependendo da idade), é natural que esta exerça um importante papel no funcionamento, nomeadamente ao nível do transporte de oxigénio. Por esse motivo, a desidratação, mesmo que ligeira, pode comprometer a função cognitiva ao prejudicar a memória, atenção e concentração e aumentar os níveis de cansaço. Assegure-se de que o seu filho tem sempre água disponível ao longo do dia, incentivando-o a beber mesmo que não tenha sede!
Tabela 1 - Recomendações da ingestão hídrica para os portuguese (Litros/ dia). Instituto de Hidratação e Saúde. |
Uma alimentação saudável na infância e adolescência é essencial para manter um peso saudável e prevenir o surgimento de patologias a curto e longo prazo mas, como vimos, também assume um importante impacto no desenvolvimento cognitivo e aproveitamento escolar. Tudo, mais do que razões para que, desde cedo, sejam incutidos hábitos alimentares adequados.
Maria Inês Cardoso
Receitas saudáveis para toda a Família
Quando o tema é alimentação saudável, uma das palavras de ordem é criatividade.
Assim, para a rubrica deste mês trazemos uma nova sugestão de um pequeno-almoço e uma sobremesa saudável do Miolo de Noz. Esperamos que gostem e que nos enviem feedback.
Pequeno-almoço
Ingredientes:
- Aveia e chia adormecidas
- Iogurte grego ligeiro
- Pêssego
- Banana
- Framboesas
Modo de preparação:
- Misture a chia com a aveia e adicione o iogurte.
- Esmague metade da banana e do pêssego e junte à mistura de aveia.
- Colocar a restante fruta no topo e está pronto a comer.
Bolo de Banana
Ingredientes:
- 4 ovos
- 1/3 chávena de óleo vegetal (sugestão: de amendoim)
- 4 bananas médias ou 3 grandes bem maduras (em que uma servirá para a decoração do bolo)
- 1 colher de açúcar de coco ou mascavado
- canela em pó
- 150g de flocos de aveia finos
- 2 colheres de sopa de fermento
Modo de preparação:
- No processador triturar as bananas. Juntar os ovos, o óleo e o fermento.
- Forrar a forma com papel manteiga (não precisa uma forma muito alta porque o bolo não cresce muito).
- Cobrir o fundo da forma com açúcar e canela e sobre esta mistura colocar uma banana cortada longitudinalmente.
- Juntar a mistura do bolo e levar ao forno pré-aquecido a 180º, durante 35 minutos ou menos (dependendo da potência do forno).
Bom apetite, Famílias!! Até ao abril!
o pai, a mãe e eu
O desafio de conciliar a parentalidade com a conjugalidade
quarta-feira, 6 de março de 2019
Um dos grandes desafios que a gravidez e, mais ainda, a chegada de um bebé traz ao casal é conciliar a conjugalidade com a parentalidade.
É frequente que o casal fique com pouco tempo para se dedicar à relação a dois, pois as tarefas, as preocupações, os pensamentos e mesmo as novas emoções associadas à existência de um bebé retiram tempo e até disponibilidade interna para o casal se dedicar um ao outro. Aliás, há até alguns mitos que levam a que, principalmente a mulher, se sinta algo culpada e com menor qualidade materna quando sente desejo/ vontade de desfrutar de momentos gratificantes com o seu companheiro ou de tirar alguns momentos do seu tempo para prazeres mais individuais. Como se ser Mãe devesse ser a única fonte de prazer e ao gratificar-se com outras coisas estivesse a "abandonar" o seu bebé, logo a ser "má Mãe".
Este tipo de pensamentos e sentimentos atualmente não fazem qualquer sentido a não ser reportarem a outros momentos culturais e sociais em que as mulheres davam sentido à sua vida unicamente pelo materno.
Na atualidade, a mulher gratifica-se em várias áreas podendo o materno ser uma delas. Sabemos, pela literatura científica e pela nossa experiência clínica, que a parentalidade será tanto melhor vivida quanto mais o casal se sentir gratificado na sua relação "conjugal" e, cada um dos seus elementos (mulher e homem) se sinta melhor consigo próprio enquanto indivíduo.
Estudos recentes apontam para uma relação direta entre a qualidade da relação do casal antes da gravidez e após o parto e a capacidade da mulher em superar o cansaço e a perturbação ligeira do humor (conhecida por blues pós-parto).
A chegada de um bebé não deve, não pode, conduzir a uma desvalorização do prazer individual e conjugal... antes pelo contrário!
O grande desafio da parentalidade é precisamente conseguir conciliá-la de uma forma harmoniosa com a conjugalidade e com a individualidade num dia-a-dia que continua a ter 24 horas.
É natural que nos primeiros dias após a chegada do bebé, este seja a prioridade até porque se está a iniciar um novo processo de aprendizagem com um novo ser que não se conhece, que é exigente e que apela ao cuidado. É natural que cada um dos elementos do casal queira (e tenha que) dedicar-se mais a estas novas tarefas e às emoções e afetos associados, mas tal não deverá nunca retirar algum tempo para o casal se olhar, se mimar, se valorizar mutuamente. Pode ser num jantar romântico à meia-noite se só for possível assim, mas que seja! Será, com certeza, uma descoberta de outra forma de estar juntos, mas que pode e deve ser também gratificante e prazenteira.
Não devemos esquecer que o bem-estar emocional dos Pais é a SAÚDE MENTAL dos filhos.
É frequente que o casal fique com pouco tempo para se dedicar à relação a dois, pois as tarefas, as preocupações, os pensamentos e mesmo as novas emoções associadas à existência de um bebé retiram tempo e até disponibilidade interna para o casal se dedicar um ao outro. Aliás, há até alguns mitos que levam a que, principalmente a mulher, se sinta algo culpada e com menor qualidade materna quando sente desejo/ vontade de desfrutar de momentos gratificantes com o seu companheiro ou de tirar alguns momentos do seu tempo para prazeres mais individuais. Como se ser Mãe devesse ser a única fonte de prazer e ao gratificar-se com outras coisas estivesse a "abandonar" o seu bebé, logo a ser "má Mãe".
Este tipo de pensamentos e sentimentos atualmente não fazem qualquer sentido a não ser reportarem a outros momentos culturais e sociais em que as mulheres davam sentido à sua vida unicamente pelo materno.
Na atualidade, a mulher gratifica-se em várias áreas podendo o materno ser uma delas. Sabemos, pela literatura científica e pela nossa experiência clínica, que a parentalidade será tanto melhor vivida quanto mais o casal se sentir gratificado na sua relação "conjugal" e, cada um dos seus elementos (mulher e homem) se sinta melhor consigo próprio enquanto indivíduo.
Estudos recentes apontam para uma relação direta entre a qualidade da relação do casal antes da gravidez e após o parto e a capacidade da mulher em superar o cansaço e a perturbação ligeira do humor (conhecida por blues pós-parto).
A chegada de um bebé não deve, não pode, conduzir a uma desvalorização do prazer individual e conjugal... antes pelo contrário!
O grande desafio da parentalidade é precisamente conseguir conciliá-la de uma forma harmoniosa com a conjugalidade e com a individualidade num dia-a-dia que continua a ter 24 horas.
É natural que nos primeiros dias após a chegada do bebé, este seja a prioridade até porque se está a iniciar um novo processo de aprendizagem com um novo ser que não se conhece, que é exigente e que apela ao cuidado. É natural que cada um dos elementos do casal queira (e tenha que) dedicar-se mais a estas novas tarefas e às emoções e afetos associados, mas tal não deverá nunca retirar algum tempo para o casal se olhar, se mimar, se valorizar mutuamente. Pode ser num jantar romântico à meia-noite se só for possível assim, mas que seja! Será, com certeza, uma descoberta de outra forma de estar juntos, mas que pode e deve ser também gratificante e prazenteira.
Não devemos esquecer que o bem-estar emocional dos Pais é a SAÚDE MENTAL dos filhos.
Maria de Jesus Correia
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