À conversa com os Pais - As primeiras conversas, as primeiras dúvidas...
quarta-feira, 26 de abril de 2017
À conversa com os pais já há alguns anos, algumas dúvidas têm sido recorrentes nas consultas do primeiro mês de vida.
O que se segue são extratos das explicações às dúvidas mais frequentes para quem chega apaixonado pelo seu bebé e assoberbado pelo desafio de ser pai ou mãe.
A amamentação é um dos desafios que mais dúvidas suscita, principalmente aos pais de primeira viagem e, por isso, se opta começar por este tópico.
AMAMENTAÇÃO
- Que horário fazer?
O horário deverá ser livre. No entanto, recomenda-se que não ultrapasse as 3 horas entre cada refeição, uma vez que os bebés, nas primeiras semanas, estão a tentar recuperar o peso que habitualmente perdem após o nascimento.
É importante lembrar que se contabiliza o intervalo entre as refeições desde que o bebé começou a mamar. Os bebés são pequenitos, precisam de tempo para se adaptar, demoram a mamar e, entretanto, como o leite materno tem uma digestão fácil, passado pouco tempo estão prontos para mamar novamente. Parece que não se faz mais nada... mas eles acabarão por lhe apanhar o jeito e, com o tempo, tudo melhora.
- E agora? Dou as duas mamas ou só uma?
Oferecer a primeira mama até ao fim, isto é, até que a mãe sinta a mama menos tensa, mais mole, e o bebé perca o interesse por aquela mama. Depois de ter obtido da primeira mama o essencial do leite do início e fim desta mama (pois é, o leite não é sempre igual), poderá tentar adaptá-lo à outra mama, mas já não é imprescindível - é só se o bebé quiser.
Em todas as refeições, é também importante alternar as mamas que se oferece, ou se mamou das duas mamas, iniciar a refeição seguinte com a última mama da refeição anterior, pois será aquela em que o bebé mamou menos tempo.
- E as feridas nos mamilos e as mamas duras?
O contato pele com pele permite não só fomentar a interação entre a mãe e o bebé, mas ao alinhar o corpo do bebé com o da mãe, vamos também evitar algumas das dificuldades mais frequentes para a mãe e que decorrem da amamentação, como as fissuras nos mamilos e as mamas túrgidas.
Para as fissuras o ideal será expor os mamilos ao ar, aplicar leite materno nos mamilos e aréola e, posteriormente, aplicar creme rico em lanolina.
Nas mamas duras, túrgidas, ocorre que inicialmente o corpo da mãe produz mais leite do que o bebé consegue mamar e torna-se necessário extrair o que está em excesso. A aplicação de calor em pachos ou com duche de água quente facilita a extração do leite. Retira-se o leite suficiente até que a Mãe se sinta confortável, com a mama menos tensa. Com o tempo, o corpo passará a produzir apenas a quantidade de leite necessária para o Bebé.
Depois desta extração pode-se aplicar frio na mama (e pode ser um saco de ervilhas congeladas protegido com um pano) para que não volte a encher demasiado até à refeição seguinte.
Se temos um bebé tranquilo, que dorme bem e a sujar muitas fraldas, em princípio estará a alimentar-se bem. Ainda assim, é importante avaliar o peso entre o 10º e o 14º dia após o nascimento para verificarmos se o bebé está a recuperar o peso perdido.
- Arrotar versus Vomitar
Para conseguir que o bebé arrote, é importante colocá-lo na vertical para que consiga expelir o ar. Quanto ao bolçar, é frequente e normal, mas por vezes assusta os pais por poder expelir leite em grande quantidade. Mas, se o bebé bolça, expele ar e, ao mesmo tempo, algum leite sem ter feito esforço e depois fica bem-disposto, não é preocupante, desde que continue a aumentar de peso.
E a grande diferença entre o bolçar e o vomitar reside aqui: com o vómito, ao contrário do que acontece com o bolçar, o bebé fica inquieto e faz muito esforço para expelir o leite.
- Cocós
A cor pode ser muito variável, desde o amarelo ao verde.
Quanto à consistência, o cocó pode ser líquido, pastoso, com alguns grânulos.
É normal os bebés fazerem cocó muitas vezes, sendo que, quando o bebé está a fazer aleitamento materno, a frequência é habitualmente superior, levando a que as mudanças de fralda sejam quase de cada vez que o bebé mama.
- Cólicas
As cólicas são muito frequentes desde as primeiras semanas de vida e podem prolongar-se até por volta dos 3 meses.
Estão intimamente relacionadas com a imaturidade dos sistema digestivo e requerem uma dose extra
de paciência dos pais.
Existe uma variada oferta de medicação para o bebé. Mas o que pode fazer para pôr o bebé confortável? As estratégias variam de bebé para bebé e podem ser colocá-lo num ambiente calmo, relaxante, com música suave, fazer uma massagem, dar um banho ou mesmo carregá-lo ao colo de barriga para baixo.
- Coto Umbilical
Os cuidados mais adequados para a mumificação do coto umbilical - isto é, para que o que restou do cordão umbilical seque e caia - são que esteja ao ar e seco, bem seco.
No entanto, da experiência profissional, considera-se que é importante reforçar outro aspeto. Um coto umbilical seco, é um coto que não "cheira mal", logo não há necessidade de desinfetar. No entanto, se não se mantiver seco e apresentar um "líquido" amarelo, este deve ser desinfetado com compressas esterilizadas e álcool a 70 graus, sem cetrimida. Caso apresente "mau cheiro" deve contatar os profissionais de saúde.
Após a queda do coto, é frequente a perda de uma pequena quantidade de sangue que mancha a roupa, habitualmente do tamanho de uma gotinha. Não é preocupante! Com o tempo deixará de acontecer.
- Sono
O tempo que cada bebé dorme varia muito. Muitos bebés dormem até 19 horas por dia, estando
acordados apenas quando comem e tomam banho. Outros dormem muito menos... Para todos eles é importante ajudá-los a interiorizar o ciclo do dia e da noite e, para tal, vamos à noite escurecer mais o quarto e criar um ambiente mais calmo. Além disso, uma temperatura ambiente agradável, a rondar os 21-22º, proporciona maior conforto e favorece o dormir.
Não só por uma questão de conforto, mas também para evitar a Síndrome de Morte Súbita do Latente, é importante que o bebé durma de barriga para cima, com a cabeça voltada para o lado e não sobreaqueça. Assim, prevenir acidentes é também não agasalhar demasiado o bebé e tapá-lo, mas sem que a roupa que o cobre ultrapasse a altura dos ombros.
- Vestuário
Já vimos que os bebés precisam de temperaturas à volta dos 21-22ºC. Geralmente a esta temperatura, os bebés só precisam de mais uma peça de roupa do que os adultos.
Para temperaturas mais baixas pode ser necessário colocar mais uma mantinha.
- Banho
O banho do bebé pode ser diário e a hora é indiferente. Poderá ser adaptada de acordo com o que for mais relaxante para o Bebé e mais prático para os Pais.
O quarto deverá ser ligeiramente aquecido e tudo o que seja necessário já deverá estar preparado antes de iniciar o banho - desde a roupa do bebé, aos produtos de higiene, as fraldas, a água do banho...
Porquê? Porque nesta idade são muito frequentes as quedas. Se precisarem de ir buscar alguma coisa,
o Bebé vai convosco ou fica no berço. Outro cuidado de segurança prende-se com a temperatura da água do banho. Se não for possível verificar que a temperatura da água não ultrapassa os 35-36ºC com um termómetro, façam-no nas costas da vossa mão ou com o cotovelo.
Relativamente aos produtos a serem utilizados no Bebé, como este tem as camadas da pele tão fininhas, que absorvem tudo, se tiverem alergias e estiverem a usar vários produtos ao mesmo tempo, será difícil identificar a que produto estará a fazer alergia. Assim, como medida geral, os produtos de higiene devem ter uma composição o mais neutra possível e devem ser todos da mesma marca.
- Mudança de fraldas
Na mudança das fraldas, a higiene dos genitais deverá ser realizada lavando com água e secando, sem esfregar. A aplicação de um creme barreira, rico em vitamina A, apenas está indicado se a pele estiver "assada" ou se o bebé estiver com cocó, uma vez que nestas situações a pele encontra-se mais sensível.
Na higiene dos meninos temos de ter especial cuidado com a região do escroto, que se lava e seca sem esfregar, por ser uma zona muito sensível.
Nas meninas, acresce a importância de realizar a higiene da frente para trás, no sentido de evitar infeções urinárias.
Os toalhetes não são completamente interditos. Não devendo ser de uso diário, poderão ser utilizados, por exemplo, fora de casa. Recomenda-se os que não contêm álcool ou perfume na sua composição.
E porque cada bebé, cada mãe e cada pai são únicos, tanto fica sempre por dizer...
A todos os Pais e Mães, parabéns pela coragem de acolherem uma nova vida e votos de felicidades imensas!!!
Enf.ª Cristina Terruta
Nota: As imagens utilizadas nesta publicação foram retiradas do Google Imagens.
Cristina Terruta
segunda-feira, 24 de abril de 2017
O meu nome é Cristina Terruta e sou Enfermeira Especialista em Saúde Infantil e Pediatria.
Trabalho há mais de 20 anos com crianças e as suas famílias e durante este percurso profissional tive oportunidade de prestar cuidados na Maternidade Dr. Alfredo da Costa, no Hospital D. Estefânia e, na última década, em Cuidados de Saúde Primários, num Centro de Saúde da Grande Lisboa.
Consulta Pré-concepcional (Planeamento Familiar)
quarta-feira, 19 de abril de 2017
Nesta consulta a mulher e preferencialmente o casal devem ser questionados quanto aos antecedentes pessoais e familiares (fatores de risco genético) que possam motivar a necessidade de um acompanhamento mais especializado na futura gestação.
São pedidas análises que visam entre outros aspetos saber o grupo sanguíneo, rastrear doenças hematológicas ou doenças infeciosas com risco de transmissão materno-fetal. A futura mãe deve nesta consulta, e se não houver contraindicação para uma gravidez, iniciar suplementação com ácido fólico pelo 2 ou 3 meses antes de parar o contracetivo.
Outros aspetos que devem ser avaliados são as condições socioeconómicas e contexto familiar. É preciso perceber se o casal está preparado do ponto de vista emocional e social para receber uma criança e se tem a maturidade necessária para cumprir essa função.
As situações de risco devem ser atempadamente referenciadas aos Serviços Sociais responsáveis. Se forem detetadas situações de infertilidade de um ou de ambos os elementos do casal é também nesta consulta que se podem pedir os exames iniciais e fazer depois a referenciação à consulta de Infertilidade do hospital de referência.
É aqui que se estabelece o primeiro vínculo com a equipa de saúde familiar (médico e enfermeiro), que assegurará a continuação dos cuidados ao longo da gestação da mulher e após o parto.
Joana Gil
Em que consiste a consulta de Saúde Materna?
Em Portugal, a Direção Geral de
Saúde criou um programa de vigilância da gravidez que visa a prestação dos
melhores cuidados à grávida, o acompanhamento do desenvolvimento do bebé, o
aconselhamento do casal, a preparação para o parto para os cuidados perinatais (ex.
higiene, aleitamento materno etc).
Estas consultas decorrem nos
centros de saúde e geralmente organizam-se em dois tempos:
- Consulta de Enfermagem - a grávida é pesada, é avaliada a tensão arterial (TA), esclarecem-se dúvidas práticas e faz-se aconselhamento. Geralmente é aqui que a grávida e o pai do bebé (ou outra pessoa de significado para a mesma) são encaminhados para os cursos de preparação para o parto idealmente realizados no 3º trimestre);
- Consulta Médica - o profissional de saúde vê e regista os exames (análises, ecografias), preenche o boletim de saúde da grávida, depois de aferir a TA, aumento de peso, perímetro abdominal, altura uterina e foco fetal (batimento cardíaco do bebé). Palpa a barriga da grávida e faz alguns gestos (manobras de Leopold) que lhe permitem perceber a orientação e a posição do bebé, bem como a sua apresentação (ex. cefálica se estiver de cabeça para baixo, pélvica se estiver sentado). O médico calcula o risco da gravidez (baseado em vários factores relativos à idade da mãe, antecedentes clínicos e eventos durante a gravidez actual ou anteriores) e se a gravidez for considerada de risco referencia a grávida a uma consulta hospitalar de Obstetrícia. Aconselha a grávida quanto às vacinas recomendadas no curso da gravidez e prescreve também os suplementos necessários (iodo, ferro, ácido fólico). Pode emitir o cheque dentista (grávida tem direito a 3, segundo o Plano Nacional de Saúde Oral) para realização de tratamentos dentários. Também nesta consulta deve haver disponibilidade para responder às questões da grávida ou aconselhar nalguma área em que haja necessidade de esclarecimento. O médico deve também informar a grávida sobre os principais sinais de alerta para recorrer ao Serviço de Urgência de Obstetrícia e quanto aos sinais de início de trabalho de parto (constantes no livro da grávida nas primeiras páginas).
O intervalo recomendado entre as
consultas é de 4-6 semanas até às 30 semanas; 2-3 semanas entre as 30 e as 36
semanas; 1-2 semanas após as 36 semanas até ao parto. Ao longo dos 3 trimestres
de gravidez são pedidas análises (grupo sanguíneo, hemograma, teste de Coombs,
serologias das principais doenças infeciosas para a mãe e bebé, rastreio da
diabetes gestacional - tal como ilustra o quadro seguinte) e 3 ecografias.
- 1ª ecografia (das 11 às 13 semanas) faz-se a datação da gravidez pelo comprimento craneo-caudal do embrião e avalia-se o risco de trissomias, tendo em conta a idade da mãe e características do feto podendo-se conjugar-se com o rastreio bioquímico;
- 2ª ecografia (das 20 às 22 semanas) também chamada ecografia morfológica, avalia-se ao detalhe toda a anatomia do feto em busca de anomalias e determina-se o sexo;
- 3ª ecografia (das 30 às 32 semanas) estima-se o peso fetal através das suas biometrias (perímetro cefálico e abdominal; comprimento do fémur) e avalia-se o perfil biofísico fetal através de vários parâmetros que incluem o volume de líquido amniótico, o tónus e os movimentos respiratórios fetais, entre outros.
Depois das 36 semanas a grávida
deve ser encaminhada para a consulta perinatal no hospital de referência, para
realizar o CTG (cardiotocografia) em que se avalia a contratilidade uterina e
variabilidade da frequência cardíaca fetal – indicadores do bem estar fetal.
Uma vez ocorrido o parto e até 42
dias (6 semanas) após a data do mesmo, a mãe deve comparecer no seu Centro de Saúde para uma consulta de Revisão de Puerpério em que, mais uma vez, em
conjugação de consulta médica e de enfermagem se avalia o estado físico geral
da mãe (peso, TA, exame mamário e ginecológico), se realiza colpocitologia
(vulgo Papanicolau) caso não tenha sido realizada no último ano, se aconselha
quanto ao método contracetivo a adotar e quanto a outras questões práticas
relacionadas com os cuidados com o recém-nascido.
Joana Gil
segunda-feira, 17 de abril de 2017
Nasci em Lisboa. Ingressei na Faculdade de Medicina da
Universidade de Lisboa onde concluí o Mestrado Integrado em Medicina em 2012.
Em 2013 fiz o Ano Comum no Hospital de Vila Franca de Xira e na UCSP da Póvoa de Santa Iria.
Em 2014 escolhi a especialidade de Medicina Geral e Familiar e iniciei o Internato de Formação Específica na USF Monte de Caparica, em Almada, atualmente reestruturada com o nome de USF Poente. Estou no meu último ano de Internato.
Em 2013 fiz o Ano Comum no Hospital de Vila Franca de Xira e na UCSP da Póvoa de Santa Iria.
Em 2014 escolhi a especialidade de Medicina Geral e Familiar e iniciei o Internato de Formação Específica na USF Monte de Caparica, em Almada, atualmente reestruturada com o nome de USF Poente. Estou no meu último ano de Internato.
Gosto de escrever, de ouvir música, de fotografia, da natureza,
das pessoas e claro, da Medicina!
Contraceção no pós-parto
quinta-feira, 13 de abril de 2017
O casal deverá decidir, enquanto casal, se quer ter filhos, quantos e quando. Devem ter à sua disposição os métodos necessários, dada a sua escolha, que lhes permita uma vida sexual plena e segura.
Após o nascimento de um filho, o tempo mínimo ideal entre as gravidezes defendido é consensual... 2 anos. Este tempo é fulcral para que a mulher se restabeleça plenamente a nível físico, emocional e psicológico e é, também, altamente benéfico para o bebé.
Para que se dê o espaçamento entre as gravidezes é muito importante falar-se da Contraceção.
A decisão sobre o tipo de contraceção a ser feita após o parto deveria ser tomada durante a vigilância da gravidez.
O casal deverá ser informado dos métodos contracetivos que tem à sua disposição para evitar uma nova gravidez logo após o parto. Os mais frequentes são:
- Amamentação Exclusiva ou Método LAM (Lactational Amenorrhoea Method)
Chama-se:
- Amamentação exclusiva quando a criança não recebe nenhum outro líquido ou alimento, nem mesmo água, para além do leite materno;
- Amamentação predominante quando a criança recebe somente vitaminas, água, sumos ou chás para além do leite materno;
- Amamentação quase exclusiva quando a criança recebe apenas uma refeição por semana que não é de origem materna.
Para que este método seja eficaz, é importante não esquecer que a mãe deverá permanecer sem menstruação (amenorreia) - logo tem de haver abstinência sexual até a constatar -, a amamentação deverá ser exclusiva (cerca de 8 mamadas por dia, sem que haja intervalos superiores a 4h de dia e 5h de noite) e a criança não deverá ter mais do que 6 meses.
- Abstinência
O casal abstém-se de ter relações sexuais. Esta decisão poderá ser temporária ou de longa duração. Este método poderá prender-se com razões religiosas ou culturais, mas não somente.
- Contracetivos hormonais
- Pílula progestativa (toma diária, sem pausa): método muito sensível à hora e cada esquecimento mesmo que pequeno poderá cursar com uma gravidez não desejada
- Implante subcutâneo (duração de 3 anos): Apesar de ser bastante cómodo e permitir uma contraceção eficaz mais ou menos duradoura, por vezes devido às irregularidades menstruais e face ao aumento de peso que pode provocar não é um dos métodos mais preferidos pelas mulheres, contudo estes efeitos não acontecem em todas as portadoras deste contracetivo, sendo que algumas elegem o implante subcutâneo como o melhor. Em situações especiais e sob aconselhamento médico este método pode ainda ser colocado antes do período anteriormente indicado.
Implante Subcutâneo (Fonte: Google Imagens) |
- Injetável progestativo (duração de 12 semanas/ aproximadamente 3 meses)
- Sistema intra-uterino hormonal (duração de 5 anos)
- Pílula estroprogestativa (toma diária durante 3 semanas com pausa de 1 semana),
- Anel vaginal (3 semanas com pausa de 1 semana): ideal para mulheres que sofrem de cefaleias com outros métodos contracetivos hormonais ou por outro lado que vomitam com alguma regularidade as pílulas ou têm diarreias de natureza crónica.
Anel vaginal (Fonte: Google imagens) |
- Adesivo transdérmico (3 semanas com pausa de 1 semana): Cada embalagem contém 3 adesivos e cada um deles deverá ser colocado no mesmo dia da semana. Pode ser colocado em inúmeros locais, sendo prático e cómodo evitando esquecimentos.
Adesivo transdérmico contrecetivo (Fonte: Google Imagens) |
- Métodos Barreira
Preservativo Feminino (Fonte: Google Imagens) |
Diafragma (Fonte: Google Imagens) |
- Dispositivos intrauterino
- De Cobre - duração mínima de 5 anos (existem alguns dispositivos em que a duração poderá ser maior). Poderá ser colocado no pós-parto, mas idealmente deverá ser colocado apenas após 4 semanas, pois diminui o risco de expulsão se o lóquios (hemorragia vaginal pós-parto) for abundante. No primeiro mês após a sua colocação não deverá existir relacionamento sexual sob pena deste poder sair do local recomendado para uma contraceção eficaz. Ao fim desse primeiro mês a sua ideal localização deverá ser confirmada através de ecografia. Este é um excelente método para multíparas (mulher com vários filhos) e que pretendem um controlo da natalidade mais duradouro e para aquelas cujos contracetivos hormonais estão contra-indicados.
Apesar destas vantagens uma das razões para a remoção deste dispositivo antes do término da validade, relaciona-se com fluxos menstruais mais abundantes e irregularidades menstruais.
Dispositivo Intrauterino de Cobre (Fonte: Google Imagens) |
- Hormonal com Levonogestrel - é um dispositivo intrauterino hormonal cuja grande vantagem se prende com o facto de provocar amenorreia. É o ideal para mulheres com menstruações muito abundantes. Tem a duração de 5 anos e a sua colocação é mais fácil que o dispositivo anterior, sendo que não existe o perigo da sua má colocação, isto é, apenas necessita de se encontrar no interior da cavidade uterina para desempenhar a sua função contracetiva.
Dispositivo intrauterino hormonal (Fonte: Google Imagens) |
- Esterilização
Trata-se de um método definitivo e pode ser:
- Laqueação tubária (na mulher) - efetuada durante o parto, se for cesariana, nos primeiros 7 dias no pós-parto ou a partir das 6 semanas após o parto.
- Vasectomia (no homem) - se for efetuada durante a gravidez já será eficaz na altura do pós-parto. Consiste no corte dos canais deferentes (canais que permitem a passagem dos espermatozoides dos testículos até à uretra). Ao contrário do que muitos homens pensam este método não está associado a diminuição do desejo ou da capacidade de ereção ou ejaculação.
- Laqueação tubária (na mulher) - efetuada durante o parto, se for cesariana, nos primeiros 7 dias no pós-parto ou a partir das 6 semanas após o parto.
Laqueação Tubária (Fonte: Google Imagens) |
- Vasectomia (no homem) - se for efetuada durante a gravidez já será eficaz na altura do pós-parto. Consiste no corte dos canais deferentes (canais que permitem a passagem dos espermatozoides dos testículos até à uretra). Ao contrário do que muitos homens pensam este método não está associado a diminuição do desejo ou da capacidade de ereção ou ejaculação.
Vasecxtomia (Fonte: Google Imagens) |
Ao se fazer o aconselhamento sobre a contraceção em contexto pós-parto, deveremos ter presentes diversos fatores tais como os aspetos sociais, culturais e económicos da família, se a mãe está ou não a amamentar, a altura em que será expectável o início das relações sexuais, se o casal quer mais filhos e, no caso de querer, em que intervalo de tempo, sempre respeitando os pressupostos do casal sobre o assunto.
É importante que o casal escolha o método contracetivo mais apropriado a si, de uma forma consciente e informada, o que é mais fácil de conseguir caso sejam acompanhados pela Enfermeira e Médico no Centro de Saúde, onde estes profissionais acompanham a Família no seu ciclo de vida.
Sandra Pinto de Ascensão
terça-feira, 11 de abril de 2017
Olá, o meu nome é Sandra de Ascensão.
Licenciei-me em Enfermagem pela Escola Superior de Enfermagem de São Vicente de Paulo, no ano de 2003.
Trabalhei no Serviço de Obstetrícia, da então Maternidade Magalhães Coutinho, entre Agosto de 2003 e Setembro de 2005. Posteriormente, iniciei funções na Extensão de Santo António dos Cavaleiros, pertencente ao Centro de Saúde de Loures, a 12 de Fevereiro de 2006. Aqui, fui responsável pelo Programa de Saúde da Mulher.
A 11 de Setembro de 2009, integrei a USF (Unidade de Saúde Familiar) Ars medica, em Santo António dos Cavaleiros, desde a sua fundação, onde me mantenho como uma das Enfermeiras responsáveis pelo Programa de Saúde da Mulher.
Doula, a mulher que ouve, a mulher que apoia - O parto de Ontem e o parto de Hoje!
quarta-feira, 5 de abril de 2017
Vejo o ato de parir como uma oportunidade única de renascimento e fortalecimento do poder interior da mulher. É um acontecimento raro que exige total confiança no seu corpo e em si própria, onde ela se sente como uma guerreira, onde se escuta... respira... e entra numa dança com o seu bebé. Juntos chegarão ao culminar de uma viagem de 9 meses. Uma viagem de desenvolvimento, de preparação, de desconstrução de crenças, mitos e medos. Por isso vejo-o como um evento sagrado.
Sendo um ato sagrado, não podemos deixar passar esta oportunidade única sem dar ao casal a possibilidade de refletir e escolher a forma como desejam o seu parto.
Há apenas algumas gerações, a mulher tinha os seus filhos em casa, era acompanhada no parto por mulheres que já tinham tido os seus filhos e tinham mais experiência. Nos primeiros dias, essas mulheres ajudavam em casa, com os afazeres domésticos, a cozinhar e a ajudar a tomar conta das outras crianças.
Hoje, a maioria dos partos acontece em ambiente hospitalar, onde uma equipa especializada acompanha a mulher e é essa equipa quem tem o papel principal: o médico obstetra, a enfermeira obstétrica, a auxiliar de enfermagem, o pediatra. Cada um com a sua função bem definida.
Com a evolução da medicina e das tecnologias associadas, ganharam-se muitas coisas, mas perdeu-se o acompanhamento e apoio emocional à grávida. O parto passou de um evento em ambiente familiar para um evento em ambiente hospitalar e, apesar da especialização das equipas, não há quem cuide especificamente do bem-estar físico e emocional da mãe que está a dar à luz e a Doula vem preencher esta lacuna.
O parto tornou-se um evento médico e, cada vez mais, deixando as capacidades inatas da mulher e do bebé para segundo plano. Desde o ambiente impessoal dos hospitais, à presença de um grande número de pessoas desconhecidas num momento tão íntimo para a mulher, são fatores que aunmentam o medo, a dor e a ansiedade. Estes momentos são de imensa importância emocional e afetiva e a doula vem satisfazer esta necessidade de conforto, emoção e afeto, que não cabe a nenhum outro profissional dentro do ambiente hospitalar.
Com a informação baseada na evidência, com a desconstrução de todas as dúvidas, com o conhecimento das várias formas de nascer e como se desenrolam os processos, o casal pode construir o seu Plano de Parto.
O Plano de Parto reflete os desejos e vontades do casal para esse momento maravilhoso. Sinto que o parto é um momento incrivelmente imprevisível na nossa vida, por isso este plano deve transmitir o que o casal pretende, mas não deve ser rígido. Deve estar na mente do casal, que a qualquer momento pode ser necessária uma intervenção diferente da que estavam à espera. E estas decisões devem ser tomadas e respeitadas em conjunto, o casal com a equipa médica.
Para ajudar o casal neste processo cheio de sentimentos a gerir, decisões para tomar, informação para aprender, existe a Doula.
Catarina Gaspar Pimpão
Doula, a mulher que ouve, a mulher que apoia - O que é e qual a sua missão?
A palavra "Doula" vem do grego e significa "mulher que serve".
Na antiguidade eram as escravas e servas que auxiliavam a parteira e a grávida no trabalho de parto.
Dana Raphael, no livro "A Tender Gift" (1973), fez renascer esta palavra e descreveu a Doula como "o título empregado para as pessoas que envolvem, interagem, e auxiliam a mãe e qualquer momento dentro do período perinatal" (período compreendido entre a gravidez efetiva e os primeiros dias após o nascimento).
A Organização Mundial de Saúde refere no documento "Assistência ao parto Normal: um guia prático" (1996) que a Doula é uma prestadora de cuidados que recebe formação básica sobre o parto e está familiarizada com uma grande variedade de procedimentos de assistência. Fornece apoio emocional, medidas para aumentar o conforto materno, contato físico (ex.: massagens), explicações sobre o que está a acontecer durante o trabalho de parto e uma presença amiga constante.
O mesmo documento refere ainda que a acompanhante treinada, além do apoio emocional, deve fornecer informações à grávida sobre todo o desenrolar do trabalho de parto, intervenções e procedimentos necessários, para que a mulher possa participar de fato das decisões acerca das condutas a serem tomadas durante este período.
O que a Doula não faz?
A Doula não executa qualquer procedimento médico, não realiza exames, não cuida da saúde do recém-nascido, como também não deve responder por qualquer decisão tomada durante o processo de parto.
Antes do parto, a Doula orienta o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto. A principal função é dotar o casal das informações que necessita para se consciencializar sobre as vantagens e desvantagens de cada procedimento ligado ao ato de nascer, e depois construir o seu Plano de Parto.
Foto de Maegan Hall |
É o casal quem toma as decisões de forma consciente, a Doula apenas deve aceitá-las sem julgamento, por muito que pareçam irracionais ou incorretas. Nesta fase, a Doula também ajuda a mulher a preparar-se física e emocionalmente para o parto e a ultrapassar os desconfortos da gravidez.
Durante o parto, a Doula representa uma ponte entre o casal/ mulher (em Portugal, muitos hospitais ainda não aceitam a figura da Doula para além do pai/ acompanhante) e a equipa médica. Atenuando o ambiente hospitalar, a Doula é uma presença amiga, segura, que representa confiança e disponibilidade para escutar e concretizar os desejos da mulher, esclarecendo termos e procedimentos médicos. Ajuda a grávida a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto e parto, técnicas de respiração eficientes e medidas naturais de alívio da dor (banhos, massagens, relaxamento, etc.).
Após o parto, a Doula pode auxiliar a jovem família na grande aventura da amamentação, nos cuidados com o bebé (entender o choro do bebé, ajudar a compreender as suas necessidades, etc.) e no apoio à mulher (ajudar a fortalecer as suas capacidades de cuidar do bebé, aprender a lidar com as opiniões de familiares e amigos, etc.).
Evidências científicas mostraram os seguintes resultados quanto à presença da Doula no acompanhamento de casais:
- 50% de redução de cesarianas;
- 25% de redução da duração do trabalho de parto;
- 30% de redução do uso de forceps;
- 40% de redução do uso de ocitocina;
- 60% de redução do uso de analgesias peridurais;
- 30% de redução do uso de medicação para a dor (narcóticos);
- Aumento das taxas de amamentação;
- Diminuição dos índices de Depressão pós-parto;
- Aumento da satisfação materna;
- Melhoria na interação mãe-bebé.
A Doula tem a missão de ajudar o casal a preparar-se para um dos momentos mais marcantes das suas suas vidas. Num ambiente de respeito e de coração aberto a intenção é a de escutar e apoiar para que a experiência de nascer seja uma experiência positiva, consciente e repleta de amor.
Se está a pensar ser acompanhada por uma Doula, mas ainda tem dúvidas, ou se este texto despertou curiosidade, procure uma Doula. Qualquer uma delas primeiro proporciona uma entrevista para se conhecerem, perceberem se existe ligação entre vós e se vos faz sentido serem acompanhados por ela.
Obrigada por ler este texto!
Catarina Gaspar Pimpão
Catarina Gaspar Pimpão
segunda-feira, 3 de abril de 2017
Olá!
O meu nome é Catarina Gaspar Pimpão e nasci em 16 de Junho de 1988.
Sou mãe de dois seres incríveis, o Santiago (2013) e a Aurora (2015). Percebi que para serem a melhor versão de si mesmos, genuínos e felizes como os seres maravilhosos que são, eu teria de ser também a minha melhor versão.
Queria melhorar a minha autoestima, ser uma mulher mais segura de si e confiante nas minhas capacidades. Foi então que comecei a interessar-me pelo meu desenvolvimento pessoal e 2016 revelou-se um ano intenso. Fiz formações transformadoras: Coaching, Facilitadora de Parentalidade Consciente, Doula e, mais recentemente, Conselheira em Aleitamento Materno.
Hoje sou a mãe que quero ser, aceitando que é um desafio diário, de constante olhar interior e aprendizagens... e elas acontecem por vezes nos momentos mais simples do quotidiano.
Sinto que a minha missão é inspirar Pais e Mães a tirarem o maior partido desta experiência incrível, serem felizes com as suas escolhas informadas, a acreditarem nas suas capacidades inatas e a ouvirem o seu coração pois não há receitas para se ser o melhor pai/ mãe. Cada família deve encontrar o seu caminho aceitando cada elemento como é.
Formei-me em Gestão do Lazer e Animação Turística (2009), fiz uma Pós-Graduação em Gestão para licenciados noutras áreas (2012) e sou Formadora certificada pelo IEFP (2016).
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