A palavra "Doula" vem do grego e significa "mulher que serve".

Na antiguidade eram as escravas e servas que auxiliavam a parteira e a grávida no trabalho de parto. 

Dana Raphael, no livro "A Tender Gift" (1973), fez renascer esta palavra e descreveu a Doula como "o título empregado para as pessoas que envolvem, interagem, e auxiliam a mãe e qualquer momento dentro do período perinatal" (período compreendido entre a gravidez efetiva e os primeiros dias após o nascimento).

A Organização Mundial de Saúde refere no documento "Assistência ao parto Normal: um guia prático" (1996) que a Doula é uma prestadora de cuidados que recebe formação básica sobre o parto e está familiarizada com uma grande variedade de procedimentos de assistência. Fornece apoio emocional, medidas para aumentar o conforto materno, contato físico (ex.: massagens), explicações sobre o que está a acontecer durante o trabalho de parto e uma presença amiga constante. 

O mesmo documento refere ainda que a acompanhante treinada, além do apoio emocional, deve fornecer informações à grávida sobre todo o desenrolar do trabalho de parto, intervenções e procedimentos necessários, para que a mulher possa participar de fato das decisões acerca das condutas a serem tomadas durante este período.

O que a Doula não faz?

A Doula não executa qualquer procedimento médico, não realiza exames, não cuida da saúde do recém-nascido, como também não deve responder por qualquer decisão tomada durante o processo de parto.

Antes do parto, a Doula orienta o casal sobre o que esperar do parto e pós-parto. A principal função é dotar o casal das informações que necessita para se consciencializar sobre as vantagens e desvantagens de cada procedimento ligado ao ato de nascer, e depois construir o seu Plano de Parto.

Foto de Maegan Hall
É o casal quem toma as decisões de forma consciente, a Doula apenas deve aceitá-las sem julgamento, por muito que pareçam irracionais ou incorretas. Nesta fase, a Doula também ajuda a mulher a preparar-se física e emocionalmente para o parto e a ultrapassar os desconfortos da gravidez.

Durante o parto, a Doula representa uma ponte entre o casal/ mulher (em Portugal, muitos hospitais ainda não aceitam a figura da Doula para além do pai/ acompanhante) e a equipa médica. Atenuando o ambiente hospitalar, a Doula é uma presença amiga, segura, que representa confiança e disponibilidade para escutar e concretizar os desejos da mulher, esclarecendo termos e procedimentos médicos. Ajuda a grávida a encontrar posições mais confortáveis para o trabalho de parto e parto, técnicas de respiração eficientes e medidas naturais de alívio da dor (banhos, massagens, relaxamento, etc.).

Após o parto, a Doula pode auxiliar a jovem família na grande aventura da amamentação, nos cuidados com o bebé (entender o choro do bebé, ajudar a compreender as suas necessidades, etc.) e no apoio à mulher (ajudar a fortalecer as suas capacidades de cuidar do bebé, aprender a lidar com as opiniões de familiares e amigos, etc.).

Evidências científicas mostraram os seguintes resultados quanto à presença da Doula no acompanhamento de casais:

  • 50% de redução de cesarianas;
  • 25% de redução da duração do trabalho de parto;
  • 30% de redução do uso de forceps;
  • 40% de redução do uso de ocitocina;
  • 60% de redução do uso de analgesias peridurais;
  • 30% de redução do uso de medicação para a dor (narcóticos);
  • Aumento das taxas de amamentação;
  • Diminuição dos índices de Depressão pós-parto;
  • Aumento da satisfação materna;
  • Melhoria na interação mãe-bebé.
A Doula tem a missão de ajudar o casal a preparar-se para um dos momentos mais marcantes das suas suas vidas. Num ambiente de respeito e de coração aberto a intenção é a de escutar e apoiar para que a experiência de nascer seja uma experiência positiva, consciente e repleta de amor. 

Se está a pensar ser acompanhada por uma Doula, mas ainda tem dúvidas, ou se este texto despertou curiosidade, procure uma Doula. Qualquer uma delas primeiro proporciona uma entrevista para se conhecerem, perceberem se existe ligação entre vós e se vos faz sentido serem acompanhados por ela. 

Obrigada por ler este texto! 



Catarina Gaspar Pimpão