Lígia Figueiredo
segunda-feira, 30 de abril de 2018
- Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo;
- Oftalmologia Geral;
- Cirurgia de Catarata;
- Cirurgia de Correção de Miopia, Hipermetropia e Astigmatismo.
Relativamente ao seu percurso académico e atividade profissional:
- 2016 até ao momento - Assistente Hospitalar - Serviço de Oftalmologia - Centro Hospitalar entre Douro e Vouga;
- 2015 - 2016 - Assistente Hospitalar - Serviço de Oftalmologia - Centro Hospitalar
- 2011 - 2015 - Internato Complementar de Oftalmologia pela Ordem dos Médicos no Centro Hospitalar Vila Nova de Gaia/ Espinho
- 2015 - Fellow of the European Board of Ophthalmology (FEBO)
- 2017 - Estágio de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo no Jules Stein Eye Institute - UCLA, Los Angeles
- 2014 - Estágio Clínico de Estrabismo e Oftalmologia Pediátrica na Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP/ EPM) sob orientação do Dr. Tomás Mendonça
- Estágio de Oftalmologia Pediátrica e Estrabismo e Glaucoma no Moorfields Eye Hospital, Londres
- 2013 - Curso de Ciências Básicas em Oftalmologia da UNIFESP/ EPM, São Paulo
- 2010 - Internato de Ano Comum nos Hospitais da Universidade de Coimbra
- 2003-2009 - Licenciatura em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade do Porto
Atividades Científicas, Bolsas, Prémios e Sociedades
- 2017 - 2018 - Representante do grupo SPO Jovem
- Sociedades: Sociedade Portuguesa de Oftalmologia (SPO); American Academy of Ophthalmology (AAO); Sociedade ESpanhola de Oftalmologia (SOE)
- Várias publicações em revistas internacionais
- Múltiplas apresentações em congressos e reuniões científicas
Gravidez gemelar
quarta-feira, 25 de abril de 2018
A incidência da gravidez múltipla tem vindo a aumentar ao longo dos anos. O risco de gravidez múltipla aumenta com a idade materna, pelo que o adiar da natalidade da sociedade de hoje pode ser um dos fatores predisponentes. Outro fator importante é recurso à procriação medicamente assistida.
Estamos habituados a ouvir falar de gémeos falsos e gémeos verdadeiros, mas para nós ginecologistas-obstetras, o mais importante em relação à avaliação do risco na vigilância de uma gravidez gemelar, é a diferença entre uma placenta (monocoriónica) e duas ou mais placentas (bi, tri, ... coriónica). Tentando correlacionar esta classificação com os gémeos verdadeiros ou falsos que tanto ouvimos falar... uma gravidez gemelar monocoriónica equivale a gémeos verdadeiros, no entanto uma gravidez bicoriónica poderá corresponder a gémeos verdadeiros ou falsos... Estão baralhados? Pode ser complicado perceber este conceito, mas vamos a isso!
As gravidezes gemelares, classificadas em relação à origem do ovo (zigotia), podem ser dizigóticas (cerca de 70 a 75% das gravidezes gemelares) ou monozigóticas (25 a 30%). Na gravidez dizigótica existiu a fecundação de dois óvulos por dois espermatozóides, portanto vamos ter os chamados gémeos falsos, já que serão geneticamente diferentes. neste caso teremos sempre duas placentas e portanto estaremos perante uma gravidez bicoriónica (e claro, também biamniótica - ou seja, com duas bolsas).
Por outro lado, a gravidez gemelar monozigótica pode apresentar-se de variadas formas. Como resulta da divisão de um zigoto oriundo da fecundação de um óvulo por um espermatozóide, são gestações geneticamente idênticas, correspondendo aos vulgarmente chamados gémeos verdadeiros. Se a divisão ocorrer numa fase inicial, os gémeos poderão ter cada um a sua placenta (bicoriónicos). Isto acontece em 20-25% dos casos de gémeos monozigóticos. Se a divisão ocorrer mais tarde, os gémeos vão partilhar a mesma placenta ("choryon") - e daí chamarem-se monocoriónicos. Neste caso, poderão ser ainda classificados em monoamnióticos (os gémeos estão dentro da mesma bolsa - 1-2% dos casos) ou biamnióticos (cada gémeo tem uma bolsa distinta, apesar de partilharem a mesma placenta - 70-75% dos casos). Caso a divisão ocorra muito tardiamente, surgem os casos de gémeos siameses - quando dois gémeos estão unidos nalguma região do corpo.
Nesta fase, já estarão a pensar "mas que confusão...!" Pois é! A verdade é que a gravidez monocoriónica está associada a um risco mais elevado em termos de complicações durante a gravidez do que a gravidez bicoriónica. A principal preocupação é a síndrome de transfusão feto-fetal, que acontece quando há passagem de sangue entre os fetos através da placenta e à qual será dedicado um artigo no futuro. É devido a este risco que é tão importante distinguir precocemente entre gravidez gemelar bicoriónica e monocoriónica, de forma a ser programada e realizada uma vigilância da gravidez ainda mais apertada.
Nesta fase, já estarão a pensar "mas que confusão...!" Pois é! A verdade é que a gravidez monocoriónica está associada a um risco mais elevado em termos de complicações durante a gravidez do que a gravidez bicoriónica. A principal preocupação é a síndrome de transfusão feto-fetal, que acontece quando há passagem de sangue entre os fetos através da placenta e à qual será dedicado um artigo no futuro. É devido a este risco que é tão importante distinguir precocemente entre gravidez gemelar bicoriónica e monocoriónica, de forma a ser programada e realizada uma vigilância da gravidez ainda mais apertada.
E porque é considerada a gravidez gemelar uma gravidez de risco? Está demonstrado que a gravidez gemelar tem maior risco tanto para a mãe como para os fetos. Está presente, entre outros riscos, um maior risco de parto pré-termo, patologia hipertensiva da gravidez (como a pré-eclâmpsia), diabetes gestacional, tromboembolismo e anemia. Para os fetos alguns exemplos de complicações são a maior prevalência de malformações fetais, restrição de crescimento fetal e de prematuridade.
No entanto, apesar de todos estes riscos descritos a que nós obstetras devemos estar atentos, de forma a diagnosticar precocemente... muitas gestações gemelares decorrem sem problemas e com o final feliz de nascerem "no plural"!
Patrícia Isidro Amaral
É o que é
terça-feira, 24 de abril de 2018
É uma doença, é um distúrbio, é uma malformação, é uma alergia, é um feitio, é uma deficiência... é uma criança e é isto que é.
É genético, é da alimentação, é hereditário, é ambiental, é comportamental, é sobrenatural... é um filho e é isto que é.
É diferente, é inteligente, é "bicho-do-mato", é parvo, é inseguro... é uma pessoa que amamos e é isto que é!
Para mim sempre foi uma atitude simples de tomar. Sempre pensei assim. Nunca me foram importantes os nomes das coisas. Categorizar, rotular, para quê? Criar fantasmas e alimentá-los? Gastar energia na busca de respostas quando isso não vai mudar nada? Considero que para quem estuda, investiga e tem interesse num determinado assunto, aí sim deve ir ao pormenor de tudo, ao cerne da questão, conhecer as variáveis todas, os sintomas, as respostas possíveis, até para conseguir ajudar quem precisa. Agora para quem tem a bênção de ter um filho como eu tive, nada disso importa. Dar nome ao que ele tem sempre teve uma importância relativamente pequena para mim. Já detetar os problemas e saber o que fazer para ultrapassá-los foi e continua a ser uma luta que vou levar pra vida!
O importante é saber ouvir, saber observar, confiar no instinto e ter a humildade de aprender com os outros. Temos de conhecer o nosso filho, independentemente do nome que possa estar associado a ele. Só conhecendo nele as suas virtudes e as fraquezas o posso encaminhar na vida de modo a que seja uma pessoa acima de tudo feliz... é esta a minha missão. Ajudá-lo a ultrapassar os obstáculos que a vida lhe colocou. Mas vamos juntos nesta caminhada... sem procurar respostas, mas sim soluções!
É o que é... e o resto não importa para nada.
Make a story and smile
Receitas saudáveis para toda a Família
sexta-feira, 20 de abril de 2018
Mais uma vez recorremos à Direção-Geral da Saúde para vos trazer à mesa receitas saudáveis para toda a Família. Esperamos que tenham momentos saborosos!!!
Almôndegas de pescada e grão-de-bico
Ingredientes:
- 220g de grão-de-bico;
- 350g de esparguete;
- 300g de pescada;
- 80g de tomate pelado;
- 100g de abóbora;
- 200g de cebola;
- 60g de coentros;
- 50g de pão de mistura ralado;
- 2 colheres de sopa (20g) de açafrão;
- 20g de alho;
- 1 colher de sopa (10g) de azeite;
- Pimenta q.b.
Modo de preparação:
- Comece por esmagar o grão-de-bico e a abóbora cozida. Pique a cebola e os dentes de alho e envolva a pescada previamente cozida e desfiada.
- Adicione os coentros picados, o açafrão e misture tudo.
- Molde pequenas bolas com a ajuda do pão ralado. Poderá também utilizar sementes de abóbora ou pimento para moldar.
- Coloque numa panela o tomate, parte da cebola, o alho, o azeite, a pimenta e deixe estufar até que o molho fique apurado. Por fim, adicione as almôndegas e sirva com esparguete.
Caso tenha sobras de pão reaproveitar para o pão ralado. Para isso, basta colocar o pão no forno ou numa frigideira até torrar e triturar ou desfazer em pedaços. A adição de ervas aromáticas e especiarias como a pimenta e os coentros confere sabor à receita sem que seja necessário adicionar sal. Os enlatados como o tomate pelado têm sal na sua composição, pelo que não é necessária a sua adição.
Rolo de peru e legumes
Ingredientes:
- 400g de peru;
- 400g de pão de mistura ralado;
- 400g de cenoura;
- 240g de cebola;
- 200g de curgete;
- 200g de abóbora;
- 200g de batata-doce;
- 100g de pimento;
- 100g de couve no forno;
- 1 ovo;
- 20g de alho;
- 1 colher de sopa (10g) de azeite.
Modo de preparação:
- Comece por picar a cebola, o alho e o peru. Misture à carne o ovo ligeiramente batido, a cebola, o alho e o pão ralado.
- Numa superfície coloque uma folha de papel de prata e adicione o preparado anterior espalhando na forma de um retângulo. Ao meio disponha a abóbora cortada em pequenos quadrados. Enrole com cuidado em forma de rolo apertando bem as extremidades.
- Coloque num tabuleiro e leve ao forno a 200ºC até estar cozinhado.
- Sirva com batata-doce e couve assada no forno e acompanhe com a cenoura, curgete e pimento cortado em juliana ou em espiral.
Pera Rocha com açafrão
Ingredientes:
- 400g de Pera Rocha com casca cortadas em 4;
- 100 mL de vinho branco;
- 10g de mel;
- 5g de açafrão em pó;
- 1 pau de canela;
- 1 limão (sumo e casca).
Modo de preparação:
- Comece por cortar a Pera Rocha com casca em metades de 4.
- Numa panela coloque a pera juntamente com o vinho branco, o mel, o açafrão, o pau de canela e a casca e sumo de limão.
- Leve a cozer em lume brando e sirva com o molho.
Até à próxima quinzena!!
O Pai, a Mãe e Eu
A Diabetes Mellitus tipo I e a alimentação
quinta-feira, 19 de abril de 2018
A diabetes é uma doença metabólica crónica caracterizada por valores elevados de glicose (açúcar) no sangue. Existem vários tipos, sendo a diabetes tipo I a mais frequente em crianças e jovens. Em Portugal, no ano de 2015 (ano onde constam os dados mais recentes publicados) atingia 3327 crianças compreendendo as idades entre os 0 e os 19 anos. Neste mesmo ano foram detetados 13,3 novos casos por 100 000 jovens com idades compreendidas entre os 0 e os 14 anos.
Quando comemos, a glicose entra no nosso organismo, sendo a principal fonte de energia. A insulina (hormona produzida no pâncreas) é libertada após comermos, permitindo que o nosso corpo utilize a glicose na quantidade certa. No caso da diabetes tipo I, o que acontece é que o pâncreas não é capaz de produzir ou produz pouca insulina, existindo destruição das células responsáveis. As causas não são ainda conhecidas na sua totalidade.
É importante vigiar os valores de glicémia (nível de açúcar no sangue), sendo o principal objetivo a sua manutenção dentros dos valores pretendidos (de acordo com a indicação médica). Quando existe uma descida grande da glicose no sangue dá-se o nome de hipoglicémia (valor igual ou inferior a 70mg/ dL). Esta pode manifestar-se através de vários sintomas:
- palidez;
- suores;
- tremores;
- tonturas;
- cansaço;
- visão turva;
- fome súbita;
- mudança brusca de humor;
- ...
Quando, por outro lado, os valores de glicose no sangue permanecem altos designa-se hiperglicémia, podendo manifestar-se através de:
- fome;
- sede;
- tonturas;
- cansaço;
- urinar mais vezes;
- respiração mais rápida;
- ...
Há sintomas que podem existir em ambas as situações. Os mencionados podem ser um alerta para o surgimento de uma Diabetes Mellitus tipo I, existindo também uma provável perda de peso.
O tratamento da Diabetes Mellitus tipo I assenta em três pilares fundamentais: alimentação, insulina e exercício físico.
No que diz respeito à alimentação, esta deve ser saudável, equilibrada e variada (como a de qualquer outra pessoa). É importante:
- comer várias vezes ao dia (fazendo 5 a 6 refeições diárias);
- preferir os grelhados, cozidos, estufados e assados, com pouca gordura (evitando os fritos);
- reduzir a ingestão de sal e gordura;
- aumentar a ingestão de fibras e contabilizar os hidratos de carbono.
A ingestão de fibras permite diminuir a glicémia após as refeições, reduzir os níveis de colesterol, aumentar a saciedade e ajudar ao bom funcionamento dos intestinos. Este aumento da ingestão pode ser conseguido através do consumo diário de frutas, hortaliças e legumes e inclusão de alimentos ricos em fibras na refeição, como é o caso do pão de mistura ou centeio, lentilhas, aveia, ervilhas, grão, entre outros.
A contabilização dos hidratos de carbono é, de facto, uma rotina que passa a fazer parte do dia-a-dia de uma criança com Diabetes Mellitus tipo I, sendo de extrema importância. Os hidratos de carbono dividem-se em complexos (lentos) e simples (rápidos). Os primeiros levam mais tempo a serem digeridos e absorvidos, deixando o nosso corpo satisfeito por mais tempo. São exemplo o pão, massas, arroz, batata, ervilhas, grão... Os simples ou de absorção rápida são rapidamente digeridos e absorvidos pelo corpo. É o caso da fruta, que é um hidrato de carbono de absorção rápida mais saudável. Outros alimentos (como os doces, bolos, refrigerantes, ...) menos saudáveis têm um nível de açúcar muito elevado e muito pouco de outros nutrientes importantes.
Para contabilizar os hidratos de carbono é essencial saber que porção equivale a cerca de
g de hidratos de carbono. Com esta informação e estando atento aos rótulos dos produtos (verificando a quantidade de hidratos de carbono que contém) podem realizar-se os cálculos das porções de hidratos de carbono que irão ser consumidas.
O Pai, a Mãe e Eu
A minha experiência como mãe de prematuro...
quarta-feira, 18 de abril de 2018
Ao chegar ao Hospital, nem eu nem o meu marido estávamos preparados para as palavras: "Vai ter de ficar internada, pois existe o risco do menino nascer neste momento, o que vamos tentar evitar."
Depois de horas de medicação chegam à conclusão que tem mesmo de nascer e agora alertam-nos para o alto risco do menino não resistir.
Pais de primeira viagem! Foi um enorme choque!!!
O parto aconteceu sem problemas, felizmente. Eu não sabia o que esperar. Não ouvi o meu bebé chorar, não respirava e teve de ser logo levado, reanimado e eu sem saber de nada. A pediatra ainda mo mostrou, assim muito rápido, já naquela caixinha (a incubadora) e disse-me: "Até já mamã!"
Só pude ver o meu filho, que nasceu às 9h23, de noite quando me deixaram sair da cama. São sentimentos que não sei explicar. Um bebé pequenino, magrinho, cheio de tubos e fios dentro de uma caixa. Não é de todo o que queremos ver, ou o que esperamos ver! Não pude fazer nada para que ele melhorasse! Nada do que eu fizesse ou dissesse ia mudar a sua situação. É um sentimento de impotência!
O menino corria risco de vida, contraiu infeções... enfim, um monte de coisas que nenhum Pai está preparado para viver. São pequenos guerreiros que fazem de nós super Pais! Eles dão-nos força para viver, para estarmos ali todos os dias das 9h às 23h a vê-lo ser "picado", medicado, etc. E estarmos ali a olhar unicamente para ele.
Foi muito difícil não pegar no meu filhote durante uns dias, vê-lo pelo vidro e viver cada dia como se fosse o último, mas ao mesmo tempo ansiar que fosse o primeiro de muitos!!
Cada grama de peso foi uma felicidade imensa e ao fim de 26 dias de luta e muitas recaídas lá viemos embora com a tão esperada alta. Nasceu de 32 semanas e até hoje, já com 27 meses, não tem nenhuma sequela.
O menino corria risco de vida, contraiu infeções... enfim, um monte de coisas que nenhum Pai está preparado para viver. São pequenos guerreiros que fazem de nós super Pais! Eles dão-nos força para viver, para estarmos ali todos os dias das 9h às 23h a vê-lo ser "picado", medicado, etc. E estarmos ali a olhar unicamente para ele.
Foi muito difícil não pegar no meu filhote durante uns dias, vê-lo pelo vidro e viver cada dia como se fosse o último, mas ao mesmo tempo ansiar que fosse o primeiro de muitos!!
Cada grama de peso foi uma felicidade imensa e ao fim de 26 dias de luta e muitas recaídas lá viemos embora com a tão esperada alta. Nasceu de 32 semanas e até hoje, já com 27 meses, não tem nenhuma sequela.
Nada do que eu diga ajuda algum Pai ou Mãe, porque só quem passa por isto é que consegue sentir tudo de uma forma intensa. Mas, a força está em nós e no instinto de ser Pai ou Mãe. Vamos buscar forças onde não sabemos que temos e o amor é que nos move!
Viver um dia de cada vez é o nosso lema!
Obrigada.
Viver um dia de cada vez é o nosso lema!
Obrigada.
Ana Mota Faria
Já és amigo da tua voz?
segunda-feira, 16 de abril de 2018
A voz é poderosa, é individual e única, conseguimos ouvi-la, saber a quem pertence, usamos a voz para falar ou cantar, mas nunca ninguém lhe toca, ouve-se e sente-se!
Desde cedo a criança chora, ri, fala, chama, canta, sussurra, imita num jogo de comunicar emoções. Cada criança tem este instrumento vocal, que é só seu, que está sempre ao seu alcance, que ajuda a construir a sua imagem e por tudo isto é necessário cuidar, conhecer, ser amigo da sua voz.
Quando pergunto a uma criança "o que é a voz?" a resposta não é imediata... "é o verbo falar", "sai da garganta", "sem voz falava com gestos", "estar rouco é ter a voz escangalhada", "arranhada", "de cana rachada!"
Como é produzida a voz?
O ar é o combustível da nossa "fábrica da voz", sai dos pulmões e ao passar pela laringe faz vibrar as duas pregas vocais de forma harmoniosa produzindo a voz que vai ser modulada e amplificada ao nível da boca e nariz
Uma voz saudável emite um som melódico, com boa qualidade para o ouvinte e sem desconforto e esforço para quem fala.
A anatomia da laringe da criança é mais sensível e delicada que a do adulto além de ter maior propensão para edema e obstrução, juntamente com o facto da criança ser uma verdadeira atleta da voz. Assim agrupam-se uma combinação de factores: abuso vocal (uso incorreto da voz e inclui práticas traumáticas ou inadequadas), problemas nas vias respiratórias, dificuldade na gestão de emoções e o ambiente que rodeia a criança, levam ao aparecimento de disfonia ou rouquidão.
Sinais de alerta de patologia vocal (quando persistem mais de quinze dias):
- A voz é demasiado forte ou fraca;
- Não é adequada ao sexo e à idade;
- Sensação de ficar sem ar no final das frases;
- Os músculos da laringe contraem-se durante a fala;
- Tosse e pigarreio (arranhar a garganta);
- Voz rouca ao acordar;
- Voz rouca ao final do dia;
- Sensação de cansaço a falar;
- A voz parece sair pelo nariz;
- Obstrução nasal constante.
A disfonia limita o desempenho adequado no falar, chamar e geralmente tem grande impacto nas crianças que usam a sua voz para cantar.
Comportamentos de mau uso vocal repetidos podem resultar em patologia vocal, sendo a mais frequente nas crianças os nódulos nas pregas vocais, outros fatores como hipertrofia dos adenoides e amígdalas, obstrução nasal ou falar com os dentes cerrados provocam tensão nos músculos da laringe e ressonância pouco eficaz. A ressonância vai dar "brilho" à voz e depende do espaço e das estruturas por onde o som passa.
Os músculos da voz também precisam de "ginásio", quem é atleta de competição necessita de um bom aquecimento, antes da produção vocal e voltar ao seu registo habitual após o treino, arrefecendo a voz. Pode também existir uma alteração da voz sem existirem ainda lesões.
É importante prevenir os problemas vocais, sensibilizando as crianças e educadores através de ações de sensibilização nas escolas. Os Pais e Professores são modelos a seguir.
A criança deve ter consciência da sua rouquidão para a poder controlar e encontrar as suas causas. Deve fazer repouso vocal para juntamente com todos os outros cuidados tentar melhorar e não deve tentar manter o seu comportamento vocal habitual em cima da voz que está rouca. Assim não vai conseguir melhorar!
O objetivo da terapia não é apenas dar a conhecer e tentar controlar os comportamentos de abuso vocal. É ensinar a criança a conhecer o seu aparelho fonador e de que forma o pode usar corretamente através de uma boa coordenação entre respirar e falar e usar a sua capacidade de projetar a voz de forma adequada.
A terapia vocal deve conter uma prática lúdica mas concreta. A criança deve compreender o que está a ser trabalhado, para que consiga aplicar os exercícios da terapia no seu dia-a-dia.
Para o sucesso da terapia é necessário existir disciplina e consciencialização por parte das crianças e o contributo das famílias nas atividades de rotina diária. Contudo, a criança não se deve sentir reprimida na sua capacidade de expressão.
Hábitos de higiene vocal:
- Hidratar - Beber água!
- Higiene nasal - ensine a criança a limpar o nariz e a colocar soro para uma limpeza posterior.
- Descansar a voz.
- Respirar ambientes limpos, sem fumos nem demasiado secos.
A disfonia pode estar associada a crianças com necessidade de chamar a atenção para si próprio, hiperativas, com espírito de liderança ou crianças tímidas e tensas com alguma dificuldade em gerir emoções. Em determinadas situações a ajuda de um psicólogo pode ser fundamental.
A rouquidão persistente pode anteceder a formação de lesões ou ser indicadora da sua presença. Nestes casos consulte uma equipa de voz (um otorrinolaringologista e um terapeuta da fala) para realização de um diagnóstico, orientações e terapia vocal.
Não te esqueças de passar a mensagem... toma conta da tua voz!
Leonor Fontes
A febre
quarta-feira, 11 de abril de 2018
A febre é a elevação da temperatura do corpo humano, devido à libertação de pirogénicos endógenos (substância produzida pelo corpo), desencadeada por uma resposta inflamatória.
É considerada febre uma temperatura rectal (no rabinho) igual ou superior a 38ºC ou oral (boca)/ axilar (debaixo do braço) superior a 37,5ºC ou timpânica (no ouvido) superior a 37,6ºC.
Considerando a temperatura rectal como padrão, dado que até aos 12 a 15 meses é a mais fidedigna, a temperatura oral é, em média, menos 0,5 a 0,6ºC, enquanto que a axilar é menos 0,8 a 1ºC e a timpânica cerca de menos 0,5 a 0,6ºC.
A temperatura corporal sofre variações ao longo do dia (ciclo circadiano), podendo estar menos 0,5ºC de manhã e mais 0,5ºC ao final do dia, relativamente à temperatura média.
Factores como o vestuário, o exercício físico, banho quente ou temperaturas atmosféricas elevadas podem conduzir a um aumento de 1 a 1,5ºC na temperatura corporal, sem que isso signifique a existência de patologia (doença).
As causas são muitas, mas podemos dividi-las em infeciosas e não infeciosas.
- Causas infeciosas
- Excesso de roupa;
- Ambiente muito aquecido;
- Exercício físico;
- Ansiedade;
- Doenças reuatológicas;
- Doenças autoimunes;
- Doenças oncológicas;
- Vacinação.
De realçar que as temperaturas corporais muito elevadas (41ºC) estão habitualmente associadas a causas não infeciosas (por exemplo, distúrbios do sistema nervoso central).
Por outro lado, temperaturas muito baixas (< 36ºC) podem ter diversas causas, desde o uso indiscriminado de antipiréticos, à exposição ao frio, endocrinopatias ou infeções graves.
Em idade pediátrica, a febre é devida a infeções virais na maioria dos casos, sobretudo até aos 3 anos de idade. Nestas situações, a febre não excede habitualmente os 3 dias completos e não necessitam de antibiótico. No entanto, um período mais prolongado de febre, até aos 6 a 7 dias, não exclui uma situação viral.
De relembrar que os dentes não são responsáveis por temperaturas superiores a 38,4ºC.
A febre cursa habitualmente com a seguinte sintomatologia:
- Irritabilidade;
- Prostração;
- Sonolência;
- Rubor facial;
- Extremidades (mãos e pés) frias;
- Aumento da frequência respiratória;
- Aumento da frequência cardíaca;
- Alucinações;
- Convulsões.
Menos de 4% das crianças poderão vir a sofrer uma convulsão febril. Existe, nestes casos, geralmente, uma história familiar de convulsões febris.
Terapêutica:
- Paracetamol PO (boca)/ rectal
- Ibuprofeno PO/ rectal (deve ser administrado com precaução dadas as eventuais reações de hipersensibilidade em crianças com alergias e a via oral deve ser preferida, dada a fragilidade da mucosa anorectal);
- Não administrar derivados do ácido acetilsalicílico (nas infeções virais há um risco aumentado de Síndrome de Reye);
- Aumentar a administração de líquidos PO;
- Compressas húmidas e mornas/ ou banho de água tépida;
- Colocar a criança em local fresco e diminuir a roupa vestida;
- Não insistir na alimentação sólida.
De realçar que um antipirético é considerado eficaz se a temperatura corporal baixar mais de 0,8ºC ao fim de 2 horas, embora o habitual é observar-se uma descida de 1 a 2ºC ao fim de 2 a 3 horas.
A criança deve ser observada pelo médico se:
- Tem menos de 6 meses de idade;
- Tem mais de 40,6ºC, rectal;
- Choro de difícil consolo;
- Gemido a dormir ou quando manipulado;
- Sensação de doença grave, mesmo com febre baixa;
- Primeira convulsão febril;
- Convulsão na ausência de febre;
- Alterações da consciência (sonolência excessiva, prostração, irritabilidade ou alucinações);
- Rigidez da nuca;
- Traumatismo cranio-encefálico recente;
- Cefaleias (dor de cabeça) e prostração;
- Vómitos e/ ou dor abdominal intermitente ou persistente;
- Diarreia e prostração com mais de 12 horas de evolução;
- Disúria (dor a urinar);
- Discrasia hemorrágica (perda de sangue pelos orifícios naturais, petéquias ("pintas" pequenas de cor vermelha) ou sufusões hemorrágicas (manchas vermelhas na pele));
- Cianose (coloração arroxeada da pele) ou dificuldade respiratória após desobstrução nasal;
- Sialorreia (saliva em quantidade abundante);
- Suspeita de intoxicação medicamentosa;
- Desidratação (diminuição da frequência e quantidade das micções, ausência de lágrimas, irritabilidade ou sonolência excessivas, diminuição do peso, aumento da frequência respiratória e cardíaca);
- Hipotermia (< 36ºC) após período de febre;
- Incapacidade de se alimentar.
As situações clínicas e frequentes em idade pediátrica têm um curso natural que pode oscilar entre os 3 a 10 dias de evolução. Nas primeiras 24h a 48h de evolução, o diagnóstico é difícil e pode não ser possível, pelo que é importante manter a vigilância e controle da febre até que surjam mais sinais e sintomas que permitam caraterizar o quadro e assim fazer o diagnóstico.
A administração de antibióticos adequados nas infeções bacterianas leva à eliminação rápida do agente responsável. No entanto, a resposta inflamatória induzida por este no organismo pode ainda manter-se durante algum tempo, levando à manutenção da febre. A manutenção da febre, neste caso em particular, não se deve ao insucesso terapêutico.
Não esquecer que a febre por si, não é uma doença, mas sim uma reação inflamatória desencadeada pelo organismo pelo que, quando adequada, pode ser benéfica contra a doença.
A administração de antibióticos adequados nas infeções bacterianas leva à eliminação rápida do agente responsável. No entanto, a resposta inflamatória induzida por este no organismo pode ainda manter-se durante algum tempo, levando à manutenção da febre. A manutenção da febre, neste caso em particular, não se deve ao insucesso terapêutico.
Não esquecer que a febre por si, não é uma doença, mas sim uma reação inflamatória desencadeada pelo organismo pelo que, quando adequada, pode ser benéfica contra a doença.
Alexandra Silva Couto
Receitas saudáveis para toda a Família
sexta-feira, 6 de abril de 2018
As receitas que escolhemos esta semana para vós foram escolhidas das diversas sugestões do Sistema Nacional de Saúde.
Canelone de Bacalhau
Ingredientes:
- 500g de grão-de-bico;
- 400mL de leite;
- 400g de cebola;
- 400g de curgete;
- 400g de tomate;
- 400g de grelos;
- 300g de bacalhau (sobras);
- 80g de coentros;
- 20g de alho;
- 2 colheres de sopa (20g) de azeite;
- 20g de pão ralado;
- 20g de manjericão;
- 1 folha de louro;
- 1 colher de café de noz moscada;
- 1/2 colher de café de pimenta
Modo de preparação:
- Aqueça o leite com o grão-de-bico, a noz moscada, a pimenta e triture até obter um molho aveludado.
- Salteie o alho, a cebola, o bacalhau, o tomate e os grelos com o azeite. Tempere com o louro e os coentros e reserve.
- Corte a curgete com um descascador de batatas para obter pequenas tiras laminadas.
- Recheie as tiras de curgete com o preparado de bacalhau fazendo pequenos rolos e coloque num tabuleiro próprio para o forno.
- Coloque o aveludado de grão-de-bico por cima dos rolos e leve ao forno a gratinar com pão ralado. Adicione umas folhas de manjericão e sirva.
Esfarelado de broa com frango e beringela
Ingredientes:
- 400g de beringela;
- 360g de peito de frango;
- 300g de broa de milho;
- 220g de cebola;
- 200g de pimento;
- 80g de alho-francês;
- 10g de azeite;
- Açafrão q.b.;
- Tomilho q.b.;
- Pimenta q.b.;
- Noz-moscada q.b.;
- Coentros q.b.;
- 1 limão (sumo e raspa).
Modo de preparação:
- Corte o frango em cubos e deixe marinar com a raspa e sumo de limão, juntamente com as restantes especiarias e ervas aromáticas.
- Numa frigideira com azeite, salteie o frango e adicione as cebolas, os pimentos, o alho-francês e a beringela.
- Pegue no recheio da broa e esfarele finalmente.
- Envolva-a no preparado anterior.
Leite creme de abóbora
Ingredientes:
- 600mL de leite;
- 400g de abóbora;
- 1 ovo;
- 20g de amido de milho;
- 20g de mel;
- 1 pau de canela;
- 1 casca de laranja e limão;
- Canela q.b.
Modo de preparação:
- Coza a abóbora no leite juntamente com o pau de canela, a casca de laranja e limão. De seguida coe o leite, triture a abóbora em puré e reserve.
- Numa taça misture o mel com o amido de milho e um ovo batido.
- Junte o preparado anterior ao puré de abóbora, junte o leite e leve ao lume sem para de mexer, até engrossar.
- Distribua o leite creme por taças e deixe arrefecer. Na altura de servir polvilhe com canela em pó.
A utilização da abóbora em sobremesas permite enriquecer este prato do ponto de vista nutricional considerando a sua riqueza em vitaminas e minerais. Contudo, este prato contém também açúcares adicionados, neste caso o mel, pelo que o seu consumo deve ser moderado.
Por esta semana é tudo. Bom proveito, Famílias!!!
O Pai, a Mãe e Eu
As gorduras
quinta-feira, 5 de abril de 2018
A gordura é um nutriente essencial ao bom funcionamento do nosso organismo. Existem diferentes tipos de gorduras na nossa alimentação provenientes de diferentes alimentos. Os principais tipos de gorduras englobam:
- as saturadas;
- as monoinsaturadas;
- as poli-insaturadas;
- o colesterol;
- ...
As gorduras saturadas e colesterol existem principalmente nos alimentos de origem animal (carne, banha, manteiga, toucinho, produtos de charcutaria e salsicharia, etc). Relativamente às gorduras monoinsaturadas, o seu principal fornecedor é o azeite. Estas são o tipo de gorduras que melhor se adapta às necessidades do nosso organismo.
As gorduras poli-insaturadas existem principalmente em alimentos de origem vegetal (óleo de amendoim, óleo de girassol, margarinas, nozes, amêndoas, etc.) e na gordura do peixe.
Este tipo de nutriente deve ser consumido segundo as proporções recomendadas: inferior a 30% do valor energético total. Ele apresenta benefícios para a saúde quando consumido com moderação. Contudo, quando existe um consumo excessivo, os efeitos prejudiciais são muitos e fazem-se sentir no nosso estado de saúde.
Como benefícios podem destacar-se:
- fornecem os ácidos gordos essenciais, fundamentais para o crescimento e desenvolvimento das crianças e adolescentes;
- são o veículo para a ingestão de vitaminas lipossolúveis (vitaminas A, D, E. K, que são solúveis na gordura);
- estimulam a secreção da bílis e melhoram o funcionamento da vesícula biliar;
- atrasam o esvaziamento gástrico, regulando o trânsito do bolo alimentar;
- têm a capacidade de saciar o apetite, contribuindo para diminuir a quantidade de alimentos consumidos.
Relativamente aos efeitos prejudiciais, estes são:
- o aumento de depósitos de gordura no corpo - risco de excesso de peso e obesidade;
- o aumento do risco de aparecimento de diversas doenças (doenças do cérebro e cardiovasculares, hipertensão arterial, arterioesclerose, colesterol sanguíneo elevado, determinados tipos de cancro, ...);
- a dificuldade no processo digestivo, a desregulação do funcionamento da vesícula biliar e alteração do funcionamento da flora intestinal.
Desta forma, deve promover uma alimentação saudável, moderando o consumo de gorduras. Para tal, ficam as seguintes sugestões:
- reduza a quantidade de gordura para cozinhar, preferindo sempre o azeite a outros tipos de gorduras como óleos, margarinas ou banha;
- limite a gordura para temperar os alimentos no prato;
- evite fritar os alimentos (nas frigideiras anti-aderentes pode cozinhar sem adição de gordura), dando preferência a cozer, grelhar, estufar ou assar, adicionando pouca gordura e preferencialmente azeite;
- evite o consumo de produtos de charcutaria e salsicharia;
- dê preferência ao peixe e a carnes magras (retirando sempre a pele), em detrimento de carnes vermelhas;
- evite os molhos muito gordurosos, especialmente os de preparação industrial (maionese, mostarda, molhos com adição de natas);
- consuma leite e seus derivados com baixo teor de gordura (meio-gordo ou magro);
- retire toda a gordura visível dos alimentos antes de os confecionar e também no prato;
- promova a ingestão de fibras: papel indispensável na redução da absorção intestinal do colesterol alimentar;
- aumente o consumo de frutos, hortaliças e legumes (inicie o almoço e o jantar com uma sopa rica em hortaliças e legumes, acompanhe o prato com salada e outros hortícolas);
- consuma diariamente um fruto rico em vitamina C (laranja, kiwi, tangerina, morangos, maçã).
O Pai, a Mãe e Eu
As tuas palavras são música para os meus ouvidos
quarta-feira, 4 de abril de 2018
O desenvolvimento da audição:
O bebé ouve desde o sexto mês de gestação - é aqui que se inicia a interação com o mundo que o rodeia e todo o processo de comunicação e socialização que irá permitir adquirir conhecimento e expressar o seu pensamento.
A criança ouve quando o som entra pelo pavilhão auricular até à membrana do tímpano e provoca nesta uma vibração como a membrana do tambor a vibrar. Esta vibração desencadeia um movimento nos três ossículos do ouvido que ajudam o som a propagar-se pela cóclea, onde é transformado em impulsos elétricos. Estes são enviados para o nervo auditivo e daqui para o centro auditivo do cérebro, onde finalmente a informação sonora é processada e interpretada.
Surge na criança um comportamento auditivo que demonstra: Eu ouvi!
A exposição a estímulos sonoros promove o desenvolvimento de competências auditivas ao nível do sistema nervoso central. A criança desenvolve capacidades de detetar o som no silêncio, distinguir vozes familiares, perceber a entoação da voz da mãe, relacionar sons e associá-los a um significado.
Depois da experiência de ouvir os outros, a criança ouve os seus próprios vocalizos, brinca com o som que produz, imita e inicia as primeiras palavras. A audição é o caminho mais eficiente para o desenvolvimento da linguagem falada.
O bebé ouve desde o sexto mês de gestação - é aqui que se inicia a interação com o mundo que o rodeia e todo o processo de comunicação e socialização que irá permitir adquirir conhecimento e expressar o seu pensamento.
A criança ouve quando o som entra pelo pavilhão auricular até à membrana do tímpano e provoca nesta uma vibração como a membrana do tambor a vibrar. Esta vibração desencadeia um movimento nos três ossículos do ouvido que ajudam o som a propagar-se pela cóclea, onde é transformado em impulsos elétricos. Estes são enviados para o nervo auditivo e daqui para o centro auditivo do cérebro, onde finalmente a informação sonora é processada e interpretada.
Surge na criança um comportamento auditivo que demonstra: Eu ouvi!
A exposição a estímulos sonoros promove o desenvolvimento de competências auditivas ao nível do sistema nervoso central. A criança desenvolve capacidades de detetar o som no silêncio, distinguir vozes familiares, perceber a entoação da voz da mãe, relacionar sons e associá-los a um significado.
Depois da experiência de ouvir os outros, a criança ouve os seus próprios vocalizos, brinca com o som que produz, imita e inicia as primeiras palavras. A audição é o caminho mais eficiente para o desenvolvimento da linguagem falada.
Impacto dos problemas de audição no desenvolvimento da linguagem:
Um problema auditivo ocorre de uma alteração no processo de audição normal. O impacto da perda auditiva no desenvolvimento da linguagem da criança depende do tipo e grau, da idade em que surge, da duração e causa do problema.
Os tipos mais comuns de perda auditiva têm origem no ouvido médio - Surdez de transmissão - ou no ouvido interno - Surdez neurossensorial.
O Rastreio Auditivo Neonatal Universal, o conhecimento de sinais de alerta contribuem para minimizar os efeitos da patologia auditiva no desenvolvimento da criança e intervir o mais precocemente possível.
Existem sinais de alerta na criança que merecem a nossa atenção. Variam consoante a etapa de desenvolvimento, desde o nascimento até à idade escolar. São eles:
- Ausência ou interrupção do desenvolvimento do balbucio, porque não ouve as suas próprias produções;
- Sem reação a sons (assustar-se, interromper a sucção, expressão facial);
- Não vira a cabeça para a fonte sonora;
- Não se acalma com voz familiar;
- Sem reação à música;
- Não responde ao próprio nome;
- Solicita a repetição;
- Usa a voz demasiado alta ou excessivamente baixa;
- Tem necessidade de aumentar o volume da televisão;
- Vira a cabeça para um dos lados para ouvir;
- Procura pistas visuais (ler lábios) para compreender melhor;
- Não aprende o significado de palavras comuns;
- Não compreende ordens simples;
- Após longos treinos na arte de palrar, a criança por volta do primeiro ano deve dizer a primeira palavra;
- Não junta duas palavras até aos 2 anos;
- O discurso não é percetível aos 3 anos;
- Deixa de compreender em situações com ruído;
- Não distingue palavras semelhantes (exemplo: faca/ vaca);
- Apresenta alterações de comportamento e atenção.
Como ajudar no desenvolvimento da linguagem da criança com problemas auditivos:
- A audição deve proporcionar momentos prazerosos na vida da criança. Brinque com som, converse sobre o que está a acontecer, conte histórias, cantem brinque ao faz-de-conta;
- Aproveite as rotinas da criança para naturalmente explorar e desenvolver a linguagem. O banho, a hora de passeio, a praia, são contextos ricos em vocabulário e experiências para brincar;
- Ensine o significado de uma palavra, frase. Repita a mesma em situações diferentes;
- Use uma voz com melodia, clara, sem exagerar na articulação ou aumentar o som da voz;
- Evite falar com a criança em locais com muito ruído;
- Aguarde pela resposta da criança. Dê-lhe tempo!
- Ensine a esperar pela sua vez: Agora sou eu! Agora és tu!
- Verifique o nível da linguagem, se está adaptado à idade da criança;
- Forneça o modelo correto da palavra ou frase. Não insista demasiado para que a criança repita.
- Forneça retorno na comunicação, demonstre que compreendeu, repita a resposta da criança por outras palavras, responda com um sorriso ou um sinal afirmativo para encorajar a continuar e dar autoconfiança.
- A audição deve fazer parte de todos os momentos do dia da criança. Se a criança necessita de aparelhos auditivos ou implante coclear para ouvir, deve utilizá-los durante todo o dia.
Os Pais e cuidadores são elementos fundamentais para o desenvolvimento da criança, na deteção de sinais de alerta e na interação necessária para todo o processo comunicativo.
As alterações de audição podem manifestar-se de diversas formas, as mais comuns são falta de resposta ao som que leva a um atraso de desenvolvimento da linguagem. Numa fase mais avançada existem queixas relacionadas com competências auditivas que se manifestam na presença de exames auditivos normais, como por exemplo dificuldades em localizar o som, compreender em situações com ruído, distinguir sons semelhantes, dificuldade em memorizar e estar atento. Nestas situações podemos estar perante uma alteração no processamento auditivo central que necessita de avaliação e intervenção específicas.
O diagnóstico de um problema auditivo e uma intervenção precoce são fundamentais pela existência de um período ideal para o desenvolvimento das funções neurológicas e linguísticas.
O normal desenvolvimento da linguagem tem um enorme impacto no desenvolvimento da criança. Esteja atento! Se detetar sinais de alerta procure uma equipa de otorrinolaringologia onde poderá realizar uma avaliação audiológica e avaliação da linguagem, na qual o Terapeuta da Fala irá verificar se a criança apresenta um nível de desenvolvimento adequado à sua faixa etária.
Leonor Fontes
Leonor Fontes
segunda-feira, 2 de abril de 2018
Licenciada em Terapia da Fala desde 2000.
Tem a pós-graduação em Tratamento do Neurodesenvolvimento segundo Bobath, Voz Patológica e Profissional e Disfagias Orofaríngeas; formação avançadas no Treino Auditivo-Verbal e Comunicação Aumentativa e é mestranda em Motricidade Orofacial e Disfagias.
É co-autora da coleção Papa-Sons-Ouvir, Dizer e Escrever.
Trabalha no serviço de Otorrinolaringologia do Hospital Dona Estefânia e Hospital dos Lusíadas e é apaixonada por trabalhar com crianças e com as suas Famílias.
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