O desenvolvimento motor normal no primeiro ano de vida (11 e 12 meses)
quarta-feira, 28 de junho de 2017
11 Meses
Já tem uma personalidade muito forte, sabendo bem o que quer e o que não quer. Já responde a pequenas ordens como "dá cá o sapato!" ou "onde está a mamã?". Quer comer sozinho. Passa a maior parte do tempo em pé. Anda seguro por uma das mãos, passa de um móvel para o outro podendo até dar uns passinhos. Anda com as pernas abertas e os braços levantados para ter mais equilíbrio.
- Ande com a criança apenas segura por uma mão ou segurando atrás na camisola. Se percebe que a criança ainda tem medo, não force. Dê-lhe o apoio que precisa até ganhar mais confiança. Dê-lhe tempo!
- Os pais podem colocar-se frente a frente e a criança vai de um para o outro, sozinha. Vamos aumentando progressivamente a distância.
12 Meses
Normalmente, por volta dos 12-13 meses, as crianças adquirem a marcha independente. Há algumas que são um pouco mais medrosas e têm dificuldade em largar o dedo dos pais, libertando-se um pouco mais tarde.
Conseguem pôr-se de pé sem apoio e brincam de cócoras. Nesta fase, a criança está fascinada com a sua autonomia e quer explorar tudo à sua volta. É, por isso, normal que passe menos tempo sentada a brincar. Têm uma energia inesgotável!!
Diz, em média, 6 palavras; reconhece nos livros alguns animais e imita os sons que alguns deles produzem. Elas imitam a atitude dos pais, por isso é preciso dar bons exemplos. Nesta altura, as crianças vão essencialmente aperfeiçoar as tarefas anteriores, uma vez que ganham mais força, mais destreza e mais equilíbrio, tornando todos os movimentos mais harmoniosos.
Conseguem pôr-se de pé sem apoio e brincam de cócoras. Nesta fase, a criança está fascinada com a sua autonomia e quer explorar tudo à sua volta. É, por isso, normal que passe menos tempo sentada a brincar. Têm uma energia inesgotável!!
Diz, em média, 6 palavras; reconhece nos livros alguns animais e imita os sons que alguns deles produzem. Elas imitam a atitude dos pais, por isso é preciso dar bons exemplos. Nesta altura, as crianças vão essencialmente aperfeiçoar as tarefas anteriores, uma vez que ganham mais força, mais destreza e mais equilíbrio, tornando todos os movimentos mais harmoniosos.
Proporcionar um ambiente estimulante é fundamental, mas tendo sempre em conta os limites da criança. A ansiedade dos pais pode atrapalhar o seu progresso. Quando ela não conseguir fazer uma das brincadeiras propostas, não desanime, tente noutra altura. Deixe que ela aprenda no seu tempo. Não faça comparações com o irmão mais velho ou com outras crianças. Cada um tem a sua personalidade e os seu ritmo. O mais importante é que os pais e a criança sintam prazer nas atividades que estão a realizar.
Espero que estas dicas tenham sido úteis e que contribuam para o bem estar da família.
Espero que estas dicas tenham sido úteis e que contribuam para o bem estar da família.
Sejam felizes!!
Sandra Crespo
Imagens retiradas do Google Imagens
O desenvolvimento motor normal no primeiro ano de vida (8-10 meses)
8 Meses
Agora acabou-se o sossego!
O bebé gosta de explorar e de se movimentar, testando os limites dos movimentos do seu corpo. Tudo é novo e o bebé tem uma curiosidade enorme em conhecer tudo o que o rodeia. Já consegue passar da posição de bruços para sentado; rasteja para a frente; consegue ficar de gatas, baloiçando-se para a frente e para trás.
Em pé, agarrado, gosta de pular. É a chamada fase do "pula-pula"! Faz pinça fina, ou seja, agarra pequeninos objetos usando o polegar e o indicador. Aponta para os objetos ou para chamar a atenção dos adultos. Começa a explorar o mundo com os dedinhos, enfiando o indicador em todos os orifícios, incluindo tomadas elétricas. Um desassossego!
- Proteja as tomadas elétricas; atenção aos fios dos candeeiros e toalhas penduradas... eles vão puxar!!!
Mantenha as portas da casa de banho e cozinha sempre fechadas. Se tiver escadas coloque uma cancela.
Objetos e substâncias perigosas arrumados em local vedado à criança. Se houver irmãos mais velhos, atenção aos brinquedos com peças pequeninas. Inevitavelmente irão colocá-las na boca, podendo engoli-las.
- Não deixe nunca o bebé sentado na cadeira de alimentação sem os cintos corretamente apertados. A cadeira do bebé deve estar suficientemente afastada da mesa dos pais, para evitar que chegue aos alimentos quentes.
- Deve dizer NÃO firmemente para que o bebé comece a perceber o que é e o que não é permitido.
- Durante a alimentação dê-lhe a colher para a mão para que possa treinar a coordenação mão - boca. Dê-lhe também um copo com pegas para que beba a água sozinho.
9 Meses
Embora gatinhar não seja um requisito obrigatório, os que o fazem normalmente é por volta do nono mês que iniciam esta habilidade. Começam a pôr-se de pé agarrados às grades da cama. Ficam em pé apoiados. Quando se querem sentar, deixam-se cair de rabo.
- Coloque o bebé de joelhos a brincar numa mesinha de atividades. Incline-o para um dos lados para que ele liberte a perna oposta e faça o apoio no pé (posição semi-ajoelhado). Treine isto para ambos os lados.
- Quando o bebé está sentado no chão e vai levantá-lo, permita que o bebé participe na atividade: coloque-se perpendicularmente ao bebé, dê-lhe as mãos, faça-o rodar o tronco e ficar de joelhos. Incline-o para um dos lados para ficar semi-ajoelhado. Puxe-o agora para ficar em pé. Desta forma, a criança aprende mais rapidamente a pôr-se de pé sozinha.
- Incentive os jogos de encaixe e de empilhar.
- Proporcione momentos de leitura, identificando objetos e animais.
10 Meses
Começa a fazer marcha lateral, ou seja, anda de lado agarrado aos móveis ou às paredes. Contudo, o gatinhar ainda é a forma de locomoção preferencial, uma vez que consegue fazê-lo com maior velocidade. Em pé apoia a barriga para libertar as mãos para brincar. Consegue apanhar um objeto do chão mantendo-se agarrado com a outra mão.
- Pode treinar o equilíbrio em pé, encostando o bebé a uma parede.
- Use sapatos com contraforte atrás para lhe dar mais estabilidade no tornozelo.
- Deixe a criança descalça experimentar vários tipos de texturas de chão como a areia, relva, o tapete, ... Assim irá ajudar na formação do arco do pé e melhorar o seu equilíbrio.
- Pode treinar a marcha segurando o bebé pelas mãos (não levante os braços do bebé acima do nível dos ombros dele) ou então deixe-o empurrar um banco/ cadeira pesado e estável. Atenção que há alguns carrinhos de empurrar à venda no mercado, que supostamente são para treinar a marcha, mas são extremamente leves e por isso não são seguros!!
- Brinque com a criança empurrando-a ligeiramente para trás, para que caia de rabo no chão. É importante saber cair para não "ganhar" medo.
Sandra Crespo
Imagens retiradas do Google Imagens
O desenvolvimento motor normal no primeiro ano de vida (5-7 meses)
5 Meses
Deitado de barriga para baixo consegue levantar o tronco ficando apoiado só nas mãos. De barriga para cima, brinca com as pernas e com os pés. Transfere objetos de uma mão para a outra. Agarra tudo o que está à sua volta e leva à boca. Consegue virar-se de lado e por vezes vira-se de barriga para baixo. Senta-se como tronco todo inclinado para a frente e as mãos apoiadas entre as pernas. O seu rosto já manifesta expressões de alegria, excitação, susto ou medo.
- Brinque com o bebé deitado de barriga para cima, com as mãos nos joelhos, balance-o para um lado e para o outro.
- Sente-o ao seu colo ou numa bola e balance-o lentamente de um lado para o outro. Veja como ele ajusta o tronco para se equilibrar.
- Podemos começar a sentar o bebé com almofadas à volta ou no canto da cama de grades. Devemos colocar um tabuleiro com os brinquedos ou escolher brinquedos mais altos. Como o bebé ainda tem pouca força nas costas, se se inclinar à frente para apanhar o objeto que está no chão, terá muita dificuldade em voltar à posição inicial.
- Quando sentado ao colo dos pais, reduza o apoio dado ao bebé.
- Pode transportar a criança voltada para a frente, com o rabinho apoiado na sua anca. Não só tem um maior campo de visão, como está a fortalecer os músculos das costas.
- Se o bebé estiver deitado e pretender sentá-lo, puxe-o por uma das mãos permitindo que ele apoie a outra mão no chão.
- Coloque o bebé em frente ao espelho para promover reações.
- Ofereça-lhe brinquedos com diferentes texturas, consistências e formas.
6 Meses
Já tem equilíbrio sentado. Se estiver interessado num brinquedo, quando tentamos retirar-lho, ele vai oferecer resistência. Quando deitado de bruços, rola para a posição de barriga para cima e vice-versa. Leva os pés à boca. Gosta de ser o centro das atenções e não gosta de ficar sozinho. Distingue os rostos familiares e os estranhos.
- Com o bebé sentado, coloque os brinquedos dos lados em vez de os colocar entre as pernas. Incentive-o a ir buscar os brinquedos que estão mais longe. O bebé irá inclinar-se e acaba por cair ficando de barriga para baixo. Como na fase inicial, esta passagem faz-se de forma rápida e pouco controlada. É importante escolher brinquedos que evitem que o bebé se magoe ao cair sobre eles.
- É altura de ensinar partes do corpo como a cabeça, mãos e pés; dizer o nome dos objetos usados nas rotinas (sapato, copo, colher, água, etc.); bater palminhas, fazer jogos como "a pitinha põe o ovo". Deve falar muito com o bebé e cantar canções.
7 Meses
Nesta fase, o bebé já se movimenta bastante: passa de sentado para a posição de barriga para baixo com controlo, rebola para ir buscar os brinquedos; rasteja para trás revelando alguma frustração, porque se encontra cada vez mais longe do objeto. Anda à volta fazendo da barriga o ponto de apoio. Em pé, agarrado pelas axilas, já faz um bom apoio dos pés, suportando o peso do corpo nas pernas. Quanto à linguagem, é a fase em que começa a dizer algumas sílabas: "dá-dá-dá", "ma-ma-ma", "pá-pá-pá".
- Para se sentar, dê-lhe a mão e espere que o bebé se puxe;
- Com o bebé de bruços, ponha os brinquedos à frente dele, mas distantes para que precise deslocar-se para os agarrar. Ajude-o a fixar os pés no chão para que consiga dar o impulso para a frente.
- Não use "aranhas"! Elas são uma falsa ajuda: o bebé está suportado por isso não treine o equilíbrio; como não chega ao chão, vai fazer o apoio apenas na ponta dos pés; por estar sentado fica com pernas arquedas; vai deslocar-se movendo os dois pés ao mesmo tempo e não alternadamente, como é suposto na marcha.
Sandra Crespo
Imagens retiradas do Google imagens
O desenvolvimento motor normal no primeiro ano de vida (2 - 4 meses)
2 Meses
No segundo mês são visíveis novos comportamentos e conquistas. Deitado de barriga para baixo, o bebé consegue manter a cabeça levantada durante mais tempo; roda a cabeça na direção de um som que lhe desperta a atenção. Embora as mãos se mantenham ainda a maior parte do tempo fechadas, abre-as quando tocadas por um objeto. Sorri muito, começa a emitir sons e faz algumas expressões para imitar o adulto como deitar a língua de fora e enrugar a testa. Faz movimentos rápidos das pernas e braços para manifestar alegria.
- Podemos colocar mobiles no berço do bebé para que ele comece a seguir o movimento dos objetos.
- Para facilitar a posição de barriga para baixo, colocamos um rolinho debaixo das axilas, de forma a que o bebé consiga fazer o apoio nos antebraços. Coloque brinquedos com luz e som à frente dele, para o incentivar a manter a cabeça no meio e levantada.
- Sempre que precisar mudar o bebé de posição (de barriga para cima, para posição de bruços e vice-versa), faça-o rodando o bebé sobre ele próprio.
3 Meses
Já se mantém bastante tempo de barriga para baixo, com apoio nos antebraços (sem nenhuma ajuda), conseguindo manter a cabeça elevada para observar os movimentos à sua volta. De barriga para cima já consegue esticar os braços para tocar nos objetos, agarra-os e leva-os à boca. Segue os objetos até 180º. Quando puxado pelas mãos para a posição de sentado, a cabeça acompanha o corpo.
- Escolha brinquedos leves e fáceis de agarrar, para que o bebé os consiga explorar com facilidade e segurança.
- Coloque o bebé no tapete, no chão, sempre que estiver acordado e disponha os brinquedos à sua volta para que ele comece a tentar alcançá-los. Evite as espreguiçadeiras!
- Faça a brincadeira do avião.
- Coloque o bebé deitado de lado a brincar e assim estará a treinar o equilíbrio.
- Não prepare refeições ou ingira bebidas quentes com o bebé ao colo. Ele pode ter um movimento brusco e derramar a bebida sobre si próprio.
4 Meses
Nesta fase, o bebé revela uma grande evolução na socialização: a sua vocalização é mais rica e mais intensa, dá gargalhadas, guincha ou tosse para chamar a atenção sobre si; reage quando o chamam pelo nome. Tem preferência por um brinquedo. Quando está de barriga para baixo já consegue levantar o tronco superior e libertar uma mão para tocar no brinquedo.
- É a altura ideal para começar a brincar com o bebé: fazer caretas, esconder a cara (fazer "cu-cu"), emitir sons parecidos com os que ele faz, para que os repita.
- No banho permita que a criança explore a água, movimentando-se à vontade, chapinhando.
- Evite brincadeiras agitadas antes da hora de dormir, pois poderá comprometer o sono.
Sandra Crespo
Imagens retiradas do Google Imagens
O desenvolvimento motor normal no primeiro ano de vida (Recém-nascido e 1 mês)
Todos os pais querem o melhor para os seus filhos e, de alguma forma, contribuir para que tenham um desenvolvimento motor adequado e harmonioso. Muitas vezes o que acontece é que não sabem quais são as competências esperadas para cada uma das fases do bebé e consequentemente, como ajudar o seu filho a adquirir essas mesmas competências.
Desta forma, este artigo tem como objetivo dar a conhecer as etapas do desenvolvimento motor normal, no primeiro ano de vida das crianças, bem como fazer sugestões de atividades para que os pais possam acompanhar e estimular os filhos de forma mais apropriada.
Consideram-se três grandes áreas do desenvolvimento infantil: motor, cognitivo e emocional. Estas três áreas interligam-se, influenciam-se e acontecem em simultâneo. O desenvolvimento motor decorre, maioritariamente, no primeiro ano de vida e de forma sequencial. Cada competência ou capacidade adquirida é fundamental para a aquisição da próxima. Contudo, apesar do desenvolvimento ter fases e etapas bem definidas, cada um terá o seu próprio ritmo. Cada bebé, tal como o indivíduo adulto, irá responder de forma muito particular aos estímulos vividos e/ ou oferecidos. O ambiente e a quantidade de estímulos a que a criança é sujeita vai ter grande influência quer nas competências motoras, quer comportamentais. O bom senso, o carinho, a calma e o respeito estão na base do sucesso do desenvolvimento psicomotor e da relação pais-filho.
Vejamos então, mês a mês, as competências esperadas e algumas estratégias para ajudar na aquisição das mesmas.
Recém-nascido
Os primeiros dias são de descoberta. O bebé está a adaptar-se ao seu novo mundo. Também para os pais é tudo novidade. Com tempo, calma e sobretudo sem angústias, vão aprendendo a reconhecer comportamentos e as necessidades do bebé.
É fundamental que usufruam do momento! O bebé recém-nascido apresenta uma posição muito fletida, com a cabeça rodada para um dos lados. De barriga para baixo, ele é capaz de levantar a cabeça e de a virar para um lado e para o outro a fim de libertar as vias aéreas. Distingue a voz da mãe de todas as outras e acalma com música suave e ritmada.
- O bebé recém-nascido passa a maior parte do tempo a dormir e, como tal, ainda não está muito disponível para a interação. Contudo, pode aproveitar para o embalar ao colo, conversar ou cantar para ele, mantendo o seu rosto a uma distância de 15 - 20cm, que é a distância a que ele vê.
- Cada vez que deitar o bebé no berço, deite-o numa posição diferente para evitar o achatamento da cabeça.
- Aproveite o tempo do sono do bebé para descansar também.
Um mês
Já mantém a cabeça ao centro; fixa e segue o rosto do adulto a uma distância de 30cm; quando falam com ele fica parado e atento. Sorri. De barriga para baixo levanta a cabeça por breves instantes.
- Converse com o bebé mantendo-o alinhado e a uma distância de 30cm.
- A posição de bruços é importante, pois estimula a elevação da cabeça e, posteriormente, o seu controlo. Deverá aproveitar a rotina do bebé e colocá-lo de barriga para baixo: sempre que põe o creme nas costas ou tem que apertar/ desapertar as molinhas da roupa.
- Pode deitá-lo de bruços no seu próprio peito (mãe/ pai).
- Não deixe o bebé no "ovinho", na espreguiçadeira ou em qualquer cadeira de transporte sem os cintos devidamente apertados.
Sandra Crespo
Imagens retiradas do Google Imagens
Sandra Crespo
segunda-feira, 26 de junho de 2017
Sou licenciada em Fisioterapia, com especialização em Pediatria. Tenho a Pós-Graduação em Tratamento do Neurodesenvolvimento e Sub-Especialização em Neonatologia. Para além disto, sou Instrutora de Massagem Infantil.
Trabalho no Hospital Dona Estefânia desde 1991.
Para mim a Pediatria, mais do que um desafio, é uma paixão!
Plagiocefalia Postural - Como prevenir e como atuar?
quarta-feira, 21 de junho de 2017
Os bebés crescem muito rapidamente e as suas cabeças não são exceção. Para se adaptar a esse ritmo de crescimento, os ossos do crânio ainda não estão fixos, são "moldáveis", permitindo que o crânio se adapte ao canal de parto. Por este motivo, há bebés que nascem com a cabeça menos arredondada do que outros.
A plagiocefalia posicional ou síndrome da cabeça achatada significa que o crânio tem um formato assimétrico.
A plagiocefalia pode estar presente no nascimento ou ser desenvolvida ao longo do tempo. Os pontos planos geralmente aparecem na parte de trás do crânio ou em ambos os lados e, no período pós-natal, maioritariamente surge quando um bebé dorme na mesma posição por um longo período de tempo.
A sua incidência aumentou de forma significativa desde que se passou a promover o sono do bebé na posição de barriga para cima (Campanha "Back Is Best"), para prevenção do Síndrome de Morte Súbita.
É importante salientar que os berços não são os únicos culpados aqui. Os assentos de carro e espreguiçadeiras, ou qualquer outro lugar onde o seu bebé gasta uma quantidade significativa de tempo, todos podem contribuir para o desenvolvimento da plagiocefalia.
Na maioria dos casos, a plagiocefalia surge nos primeiros meses de vida e poderá prolongar-se por algum tempo, daí a necessidade de se estar atento à sua evolução, embora seja impossível tratar. Quanto mais cedo for detetada, mais fácil será de resolver.
Existem fatores de risco pré e pós-natais que aumentam a probabilidade de ocorrência das plagiocefalias. São eles:
- Parto distócico (forceps, ventosas);
- Apresentação pélvica;
- Posição in útero;
- Gemelaridade;
- Escassa mobilidade (permanência do bebé na mesma posição);
- Posicionamento preferencial;
- Prematuridade;
- Atraso de desenvolvimento;
- Torcicolos.
Como tratar a plagiocefalia?
A maioria dos casos resolver-se-á em questão de semanas/ meses. No entanto, deve consultar o seu pediatra e um fisioterapeuta especializado caso note algum achatamento na cabeça do seu bebé. Isto porque é importante definir a causa da plagiocefalia e, se esperar muito tempo, o crânio do bebé ficará menos flexível ao longo do tempo, dificultando a resolução.
Se o seu bebé tiver Plagiocefalia Posicional ou achatamento em zonas do crânio, há uma variedade de coisas que pode fazer para ajudar a resolver o problema. Nomeadamente:
- alternar a posição do bebé no berço (durante o dia e quando está acordado);
- alternar a posição do berço (ou do bebé) no vosso quarto para que o bebé olhe para a vossa cama pelo lado em que não tem achatamento;
- pegue ao colo de forma a que o bebé fique a olhar para vós pelo lado não achatado do crânio;
- no dia-a-dia privilegie os estímulos pelo lado do bebé que não está achatado, colocando bonecos ou chamando-o por esse lado, ...
- procure um fisioterapeuta especializado que o ajude a adaptar os ensinos ao seu caso específico.
Como previnir a Plagiocefalia?
- Alternar a posição do berço (ou do bebé) no vosso quarto, para que o bebé olhe para a vossa cama, uma semana pelo lado esquerdo e uma semana pelo lado direito. Vá alternando semana a semana;
- Pegue ao colo alternando o lado, de cada vez que pega, para que ele fique a olhar para vós alternando os lados;
- no dia-a-dia, alterne os estímulos pelos dois lados do bebé (ora abordam pelo lado direito, ora pelo lado esquerdo).
Lembrem-se que a plagiocefalia é relativamente comum, mas há muitas coisas que pode fazer para ajudar a cabeça do seu bebé a permanecer lindamente redonda.
Arícia Garrido da Silva
Arícia Garrido da Silva
segunda-feira, 19 de junho de 2017
Olá a todos!!
Eu sou a Arícia. Sou mãe de 4 meninas maravilhosas. Sou Fisioterapeuta e apaixonada pela Vida e pelo que faço com ela.
Sou Licenciada em Fisioterapia, pela Escola Superior de Saúde Atlântica, Pós-Graduada na área da Saúde da Mulher, pela Escola Superior de Saúde de Alcoitão, entre outras especialidades como certificada em Ginástica Hipopressiva, Fisioterapia Respiratória Pediátrica e Terapia Shiatsu.
Trabalho na Maternidade Dr. Alfredo da Costa (MAC) desde 2008 e comecei a minha intervenção na área da Preparação para o Nascimento e Prevenção e Recuperação de Disfunções Uroginecológicas na Mulher. Nos últimos dois anos exerço a minha função na Unidade de Neonatologia.
O meu principal objetivo, independentemente da área de intervenção, é promover (nos utentes e/ ou cuidadores) a consciência do nosso corpo e do que se passa com ele. Esta consciência passa por fornecer ferramentas, aos cuidadores e/ ou seus cuidadores, que os ajude a recuperar e/ ou prevenir determinadas disfunções.
Na minha opinião este blog - O Pai, a Mãe e Eu - é uma excelente ferramenta, por isso aproveitem-na!
Alterações emocionais na gravidez e no pós-parto - o normal e o patológico (Parte I)
quarta-feira, 14 de junho de 2017
É uma evidência científica que a gravidez e os primeiros tempos de ralação Mãe - Bebé podem ser períodos de grande entusiasmo e felicidade, mas podem ser também momentos de vulnerabilidade para o equilíbrio psicológico da Mãe e do Bebé, podendo condicionar de forma marcada todo o seu desenvolvimento.
Com uma gravidez e chegada de um bebé há mudanças de vária ordem, mas essencialmente físicas e emocionais. Estas mudanças podem deixar as mulheres tristes, ansiosas, confusas ou com medos. Para muitas, esses sentimentos não são persistentes, nem muito intensos (Baby Blues), mas há situações em que eles permanecem ou se agravam (Depressão Pós-Parto).
* O que é então o "Baby Blues" (BB)?
O BB acontece em muitas mulheres nos dias seguintes ao nascimento do bebé (habitualmente a partir do 2º dia após o parto). Consideramo-lo um síndrome afetivo ligeiro e acontece à maioria das puérperas.
Os principais sinais e sintomas são:
- mudanças súbitas de humor (a Mulher num momento pode sentir-se muito feliz e logo depois muito triste);
- por vezes chora sem conseguir identificar uma razão;
- pode ficar impaciente;
- irritada;
- triste;
- apática.
Apesar destes sentimentos/ sintomas estado, a mulher continua a conseguir manter a sua rotina diária, incluindo o cuidar do Bebé.
Este quadro, por vezes também chamado de tristeza materna, pode durar apenas algumas horas ou até 1 ou 2 semanas depois do parto. A maior parte das vezes desaparece até ao final do 1º mês, com remissão espontânea.
Nesta fase, o apoio e compreensão da família podem fazer toda a diferença. Uma boa gestão das visitas de modo a que não sejam cansativas e invasivas, a partilha das tarefas entre a mulher e alguém da sua confiança, bem como a presença, apoio e confirmação afetiva do companheiro revestem-se da máxima importância.
Maria de Jesus Correia
Imagens retiradas de Pixabay
Alterações emocionais na gravidez e no pós-parto - o normal e o patológico (Parte II)
A literatura diz-nos que cerca de 10% das mulheres têm depressão durante a gravidez e que esta perturbação tem uma alta probabilidade de persistir após o parto se não for atempadamente diagnosticada e se não se proceder à terapêutica adequada (farmacológica e psicoterapêutica). A literatura diz-nos ainda que cerca de 12% das mulheres desenvolvem depressão pós-parto, sendo a depressão na gravidez, bem como a presença de outros fatores de risco, elementos que aumentam esta percentagem para cerca de 50%.
A Depressão Pós-Parto (DPP), ao contrário do Baby Blues (BB), é já uma situação psicopatológica.
A mulher pode ter sentimentos similares ao do BB como tristeza, ansiedade, irritabilidade, apatia, mas aqui com maior frequência e intensidade. O que os distingue essencialmente é que na DPP a mulher deixa de conseguir cumprir com as exigências normais do seu dia a dia.
Quando a vida normal da mulher fica alterada por esta sintomatologia, é fundamental que procure ajuda especializada. Ainda que a DPP seja uma condição séria, pode ser tratada com medicamentos e psicoterapia e deverá sê-lo o mais cedo possível, para evitar o risco de se tornar crónica.
Muitas vezes o companheiro ou a família de suporte têm um papel muito importante. Não só podem ajudar a mulher a cuidar do bebé e de si mesma, como devem alertá-la para, face aos sintomas/ sentimentos manifestados, deverem pedir ajuda profissional.
Esta ajuda é o ponto de partida para ajudar a superar o sofrimento quando ele se torna marcado e é o fundamental para o diagnóstico precoce e correta intervenção.
Sabemos que a iniciativa para este pedido de ajuda nem sempre é fácil. Por vezes, descarrega-se o estigma social da felicidade materna com a incompreensão face ao facto de, a maternidade não ser sempre sinónimo de alegria imediata. É importante ultrapassar esta barreira social e pedir ajuda.
Não devemos esquecer que o principal problema na depressão pós-parto é não ser diagnosticada e tratada atempadamente.
Podemos sistematizar os sintomas de DPP na mulher de forma a ser mais fácil de identificar:
- sentir-se inquieta ou irritada;
- sentir tristeza, depressão ou chorar muito;
- ter falta de energia permanente;
- ter dor de cabeça, dor no peito, palpitações cardíacas, falta de sensibilidade ou hiperventilação (respiração rápida e superficial);
- não ser capaz de dormir, muito cansaço ou ambos;
- perder peso e não ser capaz de comer;
- comer demais e ganhar peso;
- problemas de concentração, falta de memória e dificuldade em tomar decisões;
- ficar exageradamente preocupada com o bebé;
- ter sentimento de culpa e de inutilidade;
- ficar com medo de magoar o bebé ou a si mesma;
- ter falta de interesse em atividades prazerosas, incluindo sexo.
* Quem está em maior risco de ter DPP?
A DPP pode afetar mulheres de todas as idades, classes sociais e etnias.
Os estudos mostram que mulheres que tiveram antecedentes de depressão ao longo da sua vida (principalmente se durante a gravidez) têm maior risco de desenvolver a depressão pós-parto.
Sabe-se ainda que há outros fatores de risco como lutos não elaborados, problemas familiares ou sociais graves, conflito com o Pai do bebé, gravidez não desejada ou com grandes complicações obstétricas e partos muito difíceis. No fundo, tudo aquilo que deixa ou deixou a mulher psicologicamente frágil.
* O que leva à DPP?
Não se sabe ao certo o que causa a depressão pós-parto. Pensa-se ser um conjunto de fatores de vária ordem. Para além da fragilidade psicológica acima referida, acrescem-se as grandes mudanças hormonais no corpo da mulher, bem como a exigência de um Bebé que implica uma alteração do estilo de vida que tende a desencadear um maior cansaço e dificuldade na gestão do tempo.
Maria de Jesus Correia
Imagens retiradas de Pixabay
Alterações emocionais na gravidez e no pós-parto - o normal e o patológico (Parte III)
Também é importante falar sobre uma outra situação psicopatológica que, sendo rara, se reveste de uma gravidade importante. Trata-se da Psicose Puerperal.
A PP pode acontecer repentinamente, geralmente nos três primeiros meses depois do parto.
A mulher perde o contacto com a realidade, tendo geralmente alucinações auditivas. As alucinações visuais são menos comuns.
Outros sintomas também presentes incluem insónia, agitação, raiva, comportamento e sentimentos estranhos.
Mulheres que sofrem de PP precisam de tratamento imediato, necessitam de medicamentos e algumas vezes mesmo de internamento psiquiátrico, uma vez que há risco de se agredirem a si mesmas e/ ou a outros, incluindo o Bebé.
Como conclusão, as alterações emocionais durante a gravidez e o pós-parto podem surgir quer num enquadramento normal e transitório (Baby Blues), quer como uma primeira manifestação psiquiátrica ou ainda como agravemento/ recaída de doença prévia (Depressão Pós-Parto e PP).
Nem sempre é fácil à mulher e/ ou familiares perceber com clareza a diferença entre o normal e o patológico. Nestes casos, é fundamental procurar ajuda profissional (psicólogo, por exemplo) para se proceder a um diagnóstico diferencial e assim iniciar, se necessário, o encaminhamento ou a intervenção adequada.
Não podemos esquecer que o não diagnóstico e o não tratamento adequado das situações de desequilíbrio podem ter implicações graves para a saúde mental da mãe e consequentemente interferências muito sérias no seu relacionamento com o bebé, com evidentes prejuízos para o desenvolvimento deste.
Maria de Jesus Correia
Imagens retiradas de Pixabay
Maria de Jesus Correia
segunda-feira, 12 de junho de 2017
Maria de Jesus Correia, Licenciada pela Faculdade de Psicologia e Ciências da Educação, da Universidade de Lisboa, exerce Psicologia Clínica e Psicoterapia.
É Mestre em Psicopatologia Clínica, pelo ISPA, Especialista em Psicologia da Saúde, pela Ordem dos Psicólogos Portugueses e Especialista em Psicologia da Gravidez e da Parentalidade, desde o início dos anos 90.
É assessora de Psicologia da Unidade de Psicologia Clínica da Maternidade Dr. Alfredo da Costa/ Centro Hospitalar Lisboa Central.
É membro de várias Sociedades Científicas e já publicou vários artigos científicos e livros na sua área de especialidade.
Docente convidada em diversas Faculdades e Escolas de Enfermagem (Licenciaturas, Mestrados e Pós-Graduações), enquanto especialista em Psicologia da Gravidez e Parentalidade e Saúde Sexual e Reprodutiva.
O seu contacto é: mjcorreiaa@gmail.com
Transição para a parentalidade e a prematuridade - Outros fatores que influenciam a vinculação
quarta-feira, 7 de junho de 2017
A forma como é vivida e resolvida esta tarefa tem impacto no processo vinculativo entre pais e filhos, bem como a qualidade da vinculação. Todo o desenvolvimento da criança é caraterizado desde os primeiros momentos de vida, por um conjunto de ações que vão desde as interações que estabelece com os pais/ família, práticas e rituais familiares, rotinas diárias, estimulação, contacto físico e/ ou afetivo.
Estas ações do quotidiano familiar desempenham um papel fundamental no desenvolvimento da criança, pois é através dos cuidados quotidianos que os pais asseguram ao seu filho apoio físico, psicológico e de segurança, permitindo à criança a aquisição do sentimento de existência, bem como a tomada de consciência das suas capacidades de interação e de autonomia (Ramos, 2004).
Winnicott (1969) refere que "um bebé não existe sozinho, ele faz essencialmente parte de uma relação". É através das interações que se estabelecem entre a criança/ família, que se "(...) tecem laços, se alimentam afetos e emoções, se assimilam regras, se impregnam gestos e posturas, que a criança se estrutura psíquica e culturalmente" (Ramos, 2004).
Os cuidados parentais têm um papel preponderante no estabelecimento do vínculo que se estabelece entre pais e filhos, no entanto esta relação é influenciada por múltiplos fatores. Belsky (1999) citada por Ramos (2004), refere que os cuidados parentais resultam de fatores como influências contextuais próximas, onde se inserem a personalidade dos pais, o temperamento da criança, o tipo de comunicação familiar, o contexto familiar e conjugal e de influências biológicas, sensoriais, cognitivas e culturais, desenvolvimento neurobiológico da mãe, assim como a sua história pessoal, stress e suporte social.
Klaus & Kennel (1976), consideram como condições parentais os apetos genéticos, a relação conjugal, as relações familiares, a filosofia de vida, a condição socioeconómica, a cultura, a sua capacidade de superar frustrações e de lidar com situações de stress, o modo como foram amados pelos seus próprios pais e a má formação do vínculo conjugal. No entanto, também as condições situacionais como os aspetos relacionados com o parto e o período de puerpério imediato são condicionantes dos cuidados parentais.
Também a criança desempenha um papel fundamental na qualidade dos cuidados parentais e como consequência, na vinculação estabelecida entre ambos. Brazelton (1988) refere que o processo de vinculação é igualmente tarefa dos pais como do recém-nascido, pois esre encontra-se dotado de capacidades e características que atraem os pais. Sameroff & Field (1985), salientam entre essas características, a aparência física, a sucção, o olhar, o choro e o sorrir.
A falta e/ ou a inadequação dos cuidados à criança são responsáveis por disfuncionamentos e perturbações do desenvolvimento e personalidade da própria, que afetam a sua saúde mental e física, assim como o seu desenvolvimento e adaptação futuras (Ramos, 2004).
Devido a todos estes aspetos mencionados anteriormente, é de extrema importância que os pais sejam envolvidos o mais precocemente possível nos cuidados ao seu filho. Os profissionais de saúde desempenham um papel de extrema importância na aproximação da díade (mãe ou pai/ filho)/ tríade (mãe/ pai/ filho), na redução do medo em tocar e pegar no seu filho ao colo, assim como na compreensão das suas necessidades básicas (dormir, carinho, ...).
Os cuidados parentais têm um papel preponderante no estabelecimento do vínculo que se estabelece entre pais e filhos, no entanto esta relação é influenciada por múltiplos fatores. Belsky (1999) citada por Ramos (2004), refere que os cuidados parentais resultam de fatores como influências contextuais próximas, onde se inserem a personalidade dos pais, o temperamento da criança, o tipo de comunicação familiar, o contexto familiar e conjugal e de influências biológicas, sensoriais, cognitivas e culturais, desenvolvimento neurobiológico da mãe, assim como a sua história pessoal, stress e suporte social.
Klaus & Kennel (1976), consideram como condições parentais os apetos genéticos, a relação conjugal, as relações familiares, a filosofia de vida, a condição socioeconómica, a cultura, a sua capacidade de superar frustrações e de lidar com situações de stress, o modo como foram amados pelos seus próprios pais e a má formação do vínculo conjugal. No entanto, também as condições situacionais como os aspetos relacionados com o parto e o período de puerpério imediato são condicionantes dos cuidados parentais.
Também a criança desempenha um papel fundamental na qualidade dos cuidados parentais e como consequência, na vinculação estabelecida entre ambos. Brazelton (1988) refere que o processo de vinculação é igualmente tarefa dos pais como do recém-nascido, pois esre encontra-se dotado de capacidades e características que atraem os pais. Sameroff & Field (1985), salientam entre essas características, a aparência física, a sucção, o olhar, o choro e o sorrir.
A falta e/ ou a inadequação dos cuidados à criança são responsáveis por disfuncionamentos e perturbações do desenvolvimento e personalidade da própria, que afetam a sua saúde mental e física, assim como o seu desenvolvimento e adaptação futuras (Ramos, 2004).
Devido a todos estes aspetos mencionados anteriormente, é de extrema importância que os pais sejam envolvidos o mais precocemente possível nos cuidados ao seu filho. Os profissionais de saúde desempenham um papel de extrema importância na aproximação da díade (mãe ou pai/ filho)/ tríade (mãe/ pai/ filho), na redução do medo em tocar e pegar no seu filho ao colo, assim como na compreensão das suas necessidades básicas (dormir, carinho, ...).
Sílvia Duarte
Imagens retiradas do Google imagens
Transição para a parentalidade e prematuridade - O nascimento e as limitações vividas
Para Colman & Colman (1994) citando Hobbs & Cole (1977), a transição para a parentalidade é uma situação repleta de stress, embora se trate de uma situação normal. O nascimento de um filho e todo o processo que o envolve, apresenta implicações importantes no modo como é vivida a transição para a parentalidade, bem como no desenvolvimento de competências parentais fundamentais ao cuidar e educar o seu filho, contribuindo para o seu desenvolvimento harmonioso e saudável.
Pires (1990) citando Rutter (1989), refere que o comportamento parental é uma tarefa que diz respeito aos cuidados prestados às crianças. Esta tarefa visa providenciar um ambiente adequado ao desenvolvimento cognitivo e social da criança, responder ao desconforto desta última, às interações sociais, comportamentos desadequados e resolver conflitos e dificuldades nas relações com outras pessoas. Desta forma, o comportamento parental requer competências de vários tipos, as quais se refletem na sensibilidade para as queixas da criança e na capacidade de responder adequadamente às diferentes necessidades, nas diferentes fases do desenvolvimento, bem como na resolução de problemas sociais e em lidar com as adversidades e situações de stress e ainda na aplicação de disciplina.
O nascimento de uma criança é habitualmente vivido com enorme expetativa, quer pelo casal em particular, quer pela família em geral. No entanto, quando confrontados com um parto prematuro ou com a possibilidade deste ocorrer, o nascimento é vivido de uma forma angustiante e com grande stress. Perante um parto prematuro, com necessidade de internamento em unidades de cuidados intensivos ou unidade de cuidados especiais neonatais, a interação mãe/ filho pode encontrar-se alterada e muitas vezes encontra-se adiada.
Uma das grandes diferenças entre estes bebés e os bebés de termo, é que estes bebés não têm o tempo necessário para se tornarem reais para os seus pais, pelo que a realidade poderá ser de tal modo angustiante, que este conhecimento por parte dos pais do seu bebé é relegado, muitas vezes, para segundo plano, uma vez que estes se encontram preocupados com a situação clínica do seu bebé e com o seu prognóstico (Pereira, 2000).
Os pais de bebés prematuros passam muitas vezes por um processo de luto, nas suas várias fases. Estes pais sentem-se ansiosos e culpados pela situação, têm dificuldade em aceitar que o seu filho nasceu, iniciando assim um processo de choque e negação. As diferenças tanto na reatividade como na interação com os pais por parte do recém-nascido prematuro interferem, inevitavelmente, na qualidade da interação entre ele e os seus pais. Mas também as condições ambientais a que se encontram sujeitos desde os seus primeiros momentos de vida, são restritivos de uma interação positiva e dificultadoras de momentos de contato físico mutuamente gratificante entre os pais e o bebé. Estudos referem que após o bebé se encontrar estabilizado e no ambiente familiar, estas mães apresentam níveis de atividade superior aos de outras mães, mas referem menos prazer na interação. Existem outros estudos que referem que os prematuros têm maior probabilidade de virem a ser maltratados e negligenciados pelos seus pais, muito devido ao facto de serem percebidos como mais difíceis (Barros, 1999). É importante referir que a condição emocional dos pais é de extrema importância para o estabelecimento da interação, para o desenvolvimento de uma relação de vinculação positiva e para as atitudes educativas no geral (Barros, 1999).
Uma das grandes diferenças entre estes bebés e os bebés de termo, é que estes bebés não têm o tempo necessário para se tornarem reais para os seus pais, pelo que a realidade poderá ser de tal modo angustiante, que este conhecimento por parte dos pais do seu bebé é relegado, muitas vezes, para segundo plano, uma vez que estes se encontram preocupados com a situação clínica do seu bebé e com o seu prognóstico (Pereira, 2000).
Os pais de bebés prematuros passam muitas vezes por um processo de luto, nas suas várias fases. Estes pais sentem-se ansiosos e culpados pela situação, têm dificuldade em aceitar que o seu filho nasceu, iniciando assim um processo de choque e negação. As diferenças tanto na reatividade como na interação com os pais por parte do recém-nascido prematuro interferem, inevitavelmente, na qualidade da interação entre ele e os seus pais. Mas também as condições ambientais a que se encontram sujeitos desde os seus primeiros momentos de vida, são restritivos de uma interação positiva e dificultadoras de momentos de contato físico mutuamente gratificante entre os pais e o bebé. Estudos referem que após o bebé se encontrar estabilizado e no ambiente familiar, estas mães apresentam níveis de atividade superior aos de outras mães, mas referem menos prazer na interação. Existem outros estudos que referem que os prematuros têm maior probabilidade de virem a ser maltratados e negligenciados pelos seus pais, muito devido ao facto de serem percebidos como mais difíceis (Barros, 1999). É importante referir que a condição emocional dos pais é de extrema importância para o estabelecimento da interação, para o desenvolvimento de uma relação de vinculação positiva e para as atitudes educativas no geral (Barros, 1999).
Sílvia Duarte
Imagens retiradas do Pixabay e Google Imagens
Transição para a parentalidade e a prematuridade - Introdução
Falar sobre a parentalidade é falar de um tema bastante abrangente e complexo que nos remete para uma profunda reflexão.
Inerente à parentalidade temos o nascimento de um filho, podendo a mesma iniciar-se ainda antes da conceção, uma vez que segundo Canavarro (2001) "a gravidez transcende o momento da conceção, assim como a maternidade transcende o momento do parto".
Importa salientar que a gravidez e a maternidade são dois processos dinâmicos, de construção e desenvolvimento, que embora frequentemente associados, representam duas realidades bem distintas. A gravidez é caracterizada por mudanças físicas e psíquicas, geradoras de enorme ansiedade, medo e fantasias. São estas mudanças e os esforços de adaptação às mesmas, que possibilitam a grávida a um processo de crescimento psicológico caracterizado por várias fases de desenvolvimento, alterações de comportamento e modificações de funcionamento com um valor adaptativo de grande importância. Por seu lado, a maternidade apresenta-se como um fenómeno mais abrangente e complexo que recolhe subsídios de várias áreas do conhecimento.
Associadas a um processo de gravidez e de nascimento, encontram-se várias tarefas que caracterizam cada fase da maternidade e que se encontram associadas ao desenvolvimento cronológico da gravidez e puerpério (pós-parto). No entanto, é fundamental referir que o tempo de resolução das tarefas de desenvolvimento podem variar de mulher para mulher, pelo que não se pode generalizar. Canavarro (2001) apresenta sete tarefas desenvolvimentais da gravidez e puerpério, as quais passarei a enumerar:
- Aceitação da gravidez: ocorre habitualmente durante o primeiro trimestre de gestação, caracterizando-se por sentimentos de ambivalência, independentemente da gravidez ser ou não desejada e planeada. Estes sentimentos devem-se à incerteza relativo à viabilidade da própria gravidez, à aceitação do feto, às mudanças inerentes à gravidez e à própria maternidade;
- Aceitação da realidade do feto: decorre habitualmente durante o segundo trimestre de gravidez e corresponde a uma perceção mais real e autónoma do bebé, até então parte integrante da mãe. Com contributo a este facto encontra-se a perceção dos movimentos fetais e a visualização do feto através de ecografias. esta fase constitui o ponto de partida para a diferenciação materno-fetal, traduzindo-se pela aceitação do feto como pessoa separada, com identidade própria, tornando-se fundamental ao processo de vinculação mãe/ filho. É frequente constar que no final desta tarefa as futuras mães intensificam as fantasias relacionadas com o bebé, a comunicar de forma verbal e táctil com o seu bebé;
- Reavaliação e reestruturação da relação com os pais (sobretudo a mãe): a partir do terceiro trimestre de gravidez a grávida elaborará uma introspeção acerca do seu relacionamento com os seus pais, reavaliando a relação estabelecida com eles ao longo da sua infância e adolescência, integrando experiências positivas e negativas enquanto filha, aceitando o bom comportamento dos seus pais e simultaneamente as suas falhas e limitações. Assim, torna-se possível adotar os que parecem adequados, adotando outros em substituição dos que considera disfuncionais e aceitar e lidar melhor com as suas próprias falhas enquanto mãe;
- Reavaliação e reestruturação com o cônjuge/ companheiro: é um momento de reflexão fundamental a um ajuste a nível conjugal, que permita o desenvolvimento de uma aliança parental, baseada na partilha e articulação das tarefas domésticas, de cuidados ao recém-nascido, de tomada de decisão inerente aos vários aspetos de vida e promoção de suporte emocional. Esta tarefa desenvolve-se habitualmente no terceiro trimestre da gravidez;
- Aceitação do bebé como pessoa separada: consiste na preparação para a separação orgânica e funcional entre mãe/ filho, concretizada com o parto, podendo ser vivida com alguma ambivalência de sentimentos, uma vez que a vontade de ter um filho e o términus da gravidez coexiste com o desejo de a prolongar, no sentido de adiar o momento do parto e as dificuldades que o nascimento poderá acarretar. Esta tarefa não termina com a separação física entre a díade (mãe/ filho), prolongando-se pelo período de puerpério. O grande desafio desta tarefa reside na capacidade para interpretar e responder aos sinais emitidos pelo bebé, assim como em aceitá-lo como uma pessoa separada, única, com características e necessidades próprias;
- Reavaliação e reestruturação da própria identidade materna: consiste na síntese de todas as tarefas anteriores, implicando a integração do papel maternal, com as suas funções e significado, através da reavaliação das perdas e ganhos impostos pela maternidade, assim como a aceitação das mudanças inerentes à mesma;
- Reavaliação e reestruturação da relação com o(s) outro(s) filho(s): esta tarefa surge quando existem outros filhos, os quais também apresentam tarefas a cumprir face ao surgimento de um novo elemento na dinâmica familiar. A mulher nesta tarefa apresenta preocupações diferentes das primíparas (mãe pela primeira vez), uma vez que terá de focar a sua atenção em outras questões para além das relacionadas com o bebé, nomeadamente a fadiga, as perturbações de sono ou até mesmo um parto prematuro.
Sílvia Duarte
Imagens retiradas do Google Imagens e Pixabay
Subscrever:
Mensagens (Atom)