A forma como é vivida e resolvida esta tarefa tem impacto no processo vinculativo entre pais e filhos, bem como a qualidade da vinculação. Todo o desenvolvimento da criança é caraterizado desde os primeiros momentos de vida, por um conjunto de ações que vão desde as interações que estabelece com os pais/ família, práticas e rituais familiares, rotinas diárias, estimulação, contacto físico e/ ou afetivo.

Estas ações do quotidiano familiar desempenham um papel fundamental no desenvolvimento da criança, pois é através dos cuidados quotidianos que os pais asseguram ao seu filho apoio físico, psicológico e de segurança, permitindo à criança a aquisição do sentimento de existência, bem como a tomada de consciência das suas capacidades de interação e de autonomia (Ramos, 2004).

Winnicott (1969) refere que "um bebé não existe sozinho, ele faz essencialmente parte de uma relação". É através das interações que se estabelecem entre a criança/ família, que se "(...) tecem laços, se alimentam afetos e emoções, se assimilam regras, se impregnam gestos e posturas, que a criança se estrutura psíquica e culturalmente" (Ramos, 2004).

Os cuidados parentais têm um papel preponderante no estabelecimento do vínculo que se estabelece entre pais e filhos, no entanto esta relação é influenciada por múltiplos fatores. Belsky (1999) citada por Ramos (2004), refere que os cuidados parentais resultam de fatores como influências contextuais próximas, onde se inserem a personalidade dos pais, o temperamento da criança, o tipo de comunicação familiar, o contexto familiar e conjugal e de influências biológicas, sensoriais, cognitivas e culturais, desenvolvimento neurobiológico da mãe, assim como a sua história pessoal, stress e suporte social.

Klaus & Kennel (1976), consideram como condições parentais os apetos genéticos, a relação conjugal, as relações familiares, a filosofia de vida, a condição socioeconómica, a cultura, a sua capacidade de superar frustrações e de lidar com situações de stress, o modo como foram amados pelos seus próprios pais e a má formação do vínculo conjugal. No entanto, também as condições situacionais como os aspetos relacionados com o parto e o período de puerpério imediato são condicionantes dos cuidados parentais.

Também a criança desempenha um papel fundamental na qualidade dos cuidados parentais e como consequência, na vinculação estabelecida entre ambos. Brazelton (1988) refere que o processo de vinculação é igualmente tarefa dos pais como do recém-nascido, pois esre encontra-se dotado de capacidades e características que atraem os pais. Sameroff & Field (1985), salientam entre essas características, a aparência física, a sucção, o olhar, o choro e o sorrir.

A falta e/ ou a inadequação dos cuidados à criança são responsáveis por disfuncionamentos e perturbações do desenvolvimento e personalidade da própria, que afetam a sua saúde mental e física, assim como o seu desenvolvimento e adaptação futuras (Ramos, 2004).

Devido a todos estes aspetos mencionados anteriormente, é de extrema importância que os pais sejam envolvidos o mais precocemente possível nos cuidados ao seu filho. Os profissionais de saúde desempenham um papel de extrema importância na aproximação da díade (mãe ou pai/ filho)/ tríade (mãe/ pai/ filho), na redução do medo em tocar e pegar no seu filho ao colo, assim como na compreensão das suas necessidades básicas (dormir, carinho, ...).






Sílvia Duarte



Imagens retiradas do Google imagens