Para Colman & Colman (1994) citando Hobbs & Cole (1977), a transição para a parentalidade é uma situação repleta de stress, embora se trate de uma situação normal. O nascimento de um filho e todo o processo que o envolve, apresenta implicações importantes no modo como é vivida a transição para a parentalidade, bem como no desenvolvimento de competências parentais fundamentais ao cuidar e educar o seu filho, contribuindo para o seu desenvolvimento harmonioso e saudável.




Pires (1990) citando Rutter (1989), refere que o comportamento parental é uma tarefa que diz respeito aos cuidados prestados às crianças. Esta tarefa visa providenciar um ambiente adequado ao desenvolvimento cognitivo e social da criança, responder ao desconforto desta última, às interações sociais, comportamentos desadequados e resolver conflitos e dificuldades nas relações com outras pessoas. Desta forma, o comportamento parental requer competências de vários tipos, as quais se refletem na sensibilidade para as queixas da criança e na capacidade de responder adequadamente às diferentes necessidades, nas diferentes fases do desenvolvimento, bem como na resolução de problemas sociais e em lidar com as adversidades e situações de stress e ainda na aplicação de disciplina.

O nascimento de uma criança é habitualmente vivido com enorme expetativa, quer pelo casal em particular, quer pela família em geral. No entanto, quando confrontados com um parto prematuro ou com a possibilidade deste ocorrer, o nascimento é vivido de uma forma angustiante e com grande stress. Perante um parto prematuro, com necessidade de internamento em unidades de cuidados intensivos ou unidade de cuidados especiais neonatais, a interação mãe/ filho pode encontrar-se alterada e muitas vezes encontra-se adiada.




Uma das grandes diferenças entre estes bebés e os bebés de termo, é que estes bebés não têm o tempo necessário para se tornarem reais para os seus pais, pelo que a realidade poderá ser de tal modo angustiante, que este conhecimento por parte dos pais do seu bebé é relegado, muitas vezes, para segundo plano, uma vez que estes se encontram preocupados com a situação clínica do seu bebé e com o seu prognóstico (Pereira, 2000).

Os pais de bebés prematuros passam muitas vezes por um processo de luto, nas suas várias fases. Estes pais sentem-se ansiosos e culpados pela situação, têm dificuldade em aceitar que o seu filho nasceu, iniciando assim um processo de choque e negação. As diferenças tanto na reatividade como na interação com os pais por parte do recém-nascido prematuro interferem, inevitavelmente, na qualidade da interação entre ele e os seus pais. Mas também as condições ambientais a que se encontram sujeitos desde os seus primeiros momentos de vida, são restritivos de uma interação positiva e dificultadoras de momentos de contato físico mutuamente gratificante entre os pais e o bebé. Estudos referem que após o bebé se encontrar estabilizado e no ambiente familiar, estas mães apresentam níveis de atividade superior aos de outras mães, mas referem menos prazer na interação. Existem outros estudos que referem que os prematuros têm maior probabilidade de virem a ser maltratados e negligenciados pelos seus pais, muito devido ao facto de serem percebidos como mais difíceis (Barros, 1999). É importante referir que a condição emocional dos pais é de extrema importância para o estabelecimento da interação, para o desenvolvimento de uma relação de vinculação positiva e para as atitudes educativas no geral (Barros, 1999).








Sílvia Duarte


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