Mito ou Verdade? - Beber um sumo de fruta natural é igual a comer a fruta inteira.
sexta-feira, 27 de setembro de 2019
Todos sabemos que a fruta é dos alimentos mais ricos que temos à nossa disposição.
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um consumo de, pelo menos, 400g de fruta e produtos hortícolas por dia (o que equivale a 5 ou mais porções diárias).
No caso do consumo de fruta, segundo a Roda dos Alimentos Portuguesa, devemos ingerir diariamente entre 3 a 5 porções de fruta (cada porção corresponde a 1 peça de fruta média - 100 a 160g), sendo que o valor inferior de 3 porções diárias é relativo a crianças de 1 a 3 anos e o valor máximo, de 5 unidades, é aquele que deve ser consumido por homens ou adolescentes atletas.
Segundo os dados do último Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, as crianças e adolescentes portuguesas são o grupo etário que menos consome estes alimentos, sendo que 68,9% das crianças e 65,9% dos adolescentes não atinge a recomendação da OMS que defende o consumo de 400g de fruta e produtos hortícolas por dia.
Quais os benefícios do consumo de fruta e porque é tão importante atingir estas quantidades?
- A fruta é rica em vitaminas e minerais, essenciais a um adequado crescimento e desenvolvimento dos mais novos e manutenção de uma saúde ótima ao longo da vida, com efeitos protetores no que toca à doença cardiovascular e alguns tipos de cancro;
- É rica em fibra que auxilia no bom funcionamento intestinal, controlo do apetite, regulação dos níveis de colesterol e da glicemia (o açúcar no sangue), parecendo ser ainda protetora do cancro intestinal;
- Fornece-nos uma boa quantidade de água, que varia entre 75 a 95% entre as diferentes frutas, sendo que as frutas de verão como a melancia, melão e meloa são as mais ricas em água, essencial a um bom funcionamento geral do nosso organismo;
- É rica em antioxidantes, particularmente se falarmos dos frutos vermelhos, essenciais para combater os radicais livres que se formam no nosso organismo e aumentam o risco de doenças e envelhecimento precoce.
Mas então vamos ao "Mito ou Verdade?" de hoje. Será que beber um sumo de fruta natural apresenta os mesmos benefícios do que comer a fruta em natureza?
Quando fazemos um sumo, embora seja a partir de fruta e não adicionemos qualquer outro ingrediente (à exceção, eventualmente, da água), a sua composição e consequente impacto na nossa saúde será diferente. Isto por vários motivos:
- ao fazer um sumo de fruta, por norma, são utilizadas várias peças de fruta e não apenas uma, correndo o risco de se estar a consumir demasiada fruta e, consequentemente, uma quantidade de energia que irá contribuir para um ganho de peso excessivo. Neste caso, quando o fizer, o ideal é utilizar 1 peça de fruta e diluir com água, até chegar à quantidade pretendida;
- ao triturar/ espremer a fruta, parte da fibra é perdida, o que faz com que o açúcar da fruta seja mais rapidamente absorvido pelo organismo, aumentando de forma mais abrupta a glicemia. A par disto, os benefícios da fibra são perdidos, particularmente se a polpa for rejeitada na totalidade;
- no caso das crianças pequenas, particularmente até ao primeiro ano de vida, os sumos de fruta, mesmo naturais, estão contraindicados, uma vez que possuem um efeito laxante e cariogénico, ou seja, são mais propensos a provocar diarreia e cáries dentárias em relação à fruta inteira. Para além disso, a oferta de sumos de fruta aos bebés e crianças pode aumentar a preferência por bebidas doces, podendo levar à rejeição da água e/ ou leite;
- o facto da fruta inteira envolver maior mastigação, também é uma vantagem do seu consumo em natureza, quer nos mais pequenos para desenvolver o processo de mastigação, quer em qualquer das faixas etárias, uma vez que mastigar promove uma maior saciedade;
- o sumo de fruta, se não for consumido logo após a sua preparação, pode perder determinados nutrientes pelo processo de oxidação, como é o caso da Vitamina C.
Desta forma, trata-se de um MITO!
O ideal é mesmo consumir e oferecer ao seu filho a fruta inteira, em natureza, de forma a aproveitar todos os benefícios. Para além disto, opte sempre por fruta da época para aproveitar a sua enorme riqueza nutricional.
Maria Inês Cardoso
Histórias e companhia
quarta-feira, 25 de setembro de 2019
Nos dias de hoje, é ponto assente que a leitura e as histórias contribuem de forma bastante profícua para o desenvolvimento das crianças, influenciando diretamente a sua capacidade de expressão e compreensão, assim como, a riqueza do seu vocabulário enquanto estimulam a imaginação e a criatividade.
Surgem, no entanto, algumas dúvidas em relação à idade ideal para começar a ouvir histórias, assim como ao tipo de história mais adequado.
O contacto com os livros e com as histórias deve ser iniciado o mais precoce possível, muito antes da criança saber ler, para que, desde a mais tenra idade, tome gosto pelo "objeto livro" e por tudo o que lhe poderá proporcionar para além do que as suas páginas contam.
Felizmente, hoje em dia, existe uma grande variedade de histórias e livros infantis, aos quais os pais ou cuidadores podem recorrer, sempre que querem contar histórias às suas crianças.
O que se verifica é que, perante essa mesma variedade, acabam, muitas vezes, por surgir dúvidas no que respeita a:
Felizmente, hoje em dia, existe uma grande variedade de histórias e livros infantis, aos quais os pais ou cuidadores podem recorrer, sempre que querem contar histórias às suas crianças.
O que se verifica é que, perante essa mesma variedade, acabam, muitas vezes, por surgir dúvidas no que respeita a:
- que tipo de história escolher?
- devemos contar histórias com ou sem livros?
- em caso de optarmos pelo livro, que tipo de livro escolher?
- o livro deverá conter ilustrações?
- o livro deverá ser cartonado, ou de folhas simples?
A juntar a estas dúvidas, muito mais se poderia acrescentar. No entanto, a conclusão à qual se chegaria seria sempre a mesma: não existe uma resposta que se possa considerar correta! Existem respostas que se adequam a cada situação específica. E existem fatores a considerar, sendo que a criança, ou as crianças, a quem o livro, ou a história, se destina tem inerente características próprias, determinantes para a escolha, tais como a sua idade, os seus interesses, a sua sensibilidade e ainda o seu meio sociocultural e desenvolvimento emocional. Uma vez que todos eles condicionam o nível de compreensão do que lhe é lido, ou contado.
O autor, ao escrever, escreve para todos e para ninguém em especial. Ao contrário deste, o contador de histórias tem um público específico, pelo que tem de selecionar uma história adequada a quem tem, ou vai ter, à sua frente.
Se o contador optar por contar uma história sem o suporte físico do livro, para conseguir manter a criança interessada, deve utilizar um vasto leque de recursos, entre eles, recorrer a inflexões de voz, mudança de timbre, gesticulação... Ou seja, quase dramatizar a história. Desta forma, certamente, irá conseguir manter a atenção da criança focada no seu enredo, facilitando a sua identificação com as personagens, possibilitando-lhe assim a oportunidade de criar imagens mentais e desenvolver a sua imaginação e criatividade.
E se contarmos uma história com livro, como devemos proceder?
O contador poderá ler ou contar.
Mais uma vez, deve ser tida em conta a idade e as características da criança, ou grupo de crianças. A história contada, quase sempre, prende mais a atenção de quem ouve, no entanto, uma boa leitura expressiva e fluente, decerto, também o fará!
Se forem crianças muito pequenas, o livro deverá ser ilustrado de forma a captar ainda mais a sua atenção. Saliente-se que, nesta situação, o interesse das crianças pela história acaba por centrar-se, na grande maioria das vezes, na ilustração, fazendo com que se desliguem do seu enredo, para se centrarem apenas no que viram nas imagens. E muitas vezes, a história passa a ser, apenas, o que foi visto e não o que foi contado. Face a esta situação, é importante referir que a qualidade das imagens é um fator de grande relevância a ter em conta quando se escolhe um livro ilustrado.
O livro ilustrado permite às crianças demorarem o seu olhar pelos pormenores das imagens e estabelecer correlações com o que ouviram da boca do contador.
Permite-lhes criar momentos mágicos!
Momentos esses que, em certas ocasiões da sua vida, poderão ser o suporte para conseguirem ultrapassar muitas dificuldades.
Por tudo isto, escolher um bom livro ilustrado é uma tarefa, por vezes, complicada. Infelizmente, nem todos os livros têm para oferecer uma ilustração adequada ao conteúdo, ou equilibrada. Apesar de ainda se encontrarem nas livrarias e bibliotecas alguns livros desta natureza, nos últimos anos tem havido uma grande preocupação, por parte das editoras, com estes aspetos. Hoje em dia é possível encontrar no mercado livros maravilhosos, com imagens adequadas, estimulantes e sugestivas, que fogem aos estereótipos muito comuns, utilizados há alguns anos e que vão permitir que, a partir dessa imagem, a criança possa construir um vasto leque de imagens mentais.
Quando se fala de um livro ilustrado, as primeiras imagens que aparecem na nossa mente são as imagens que acompanham o texto. Contudo, autores como Thibault-Laulan defendem que o texto também é imagem. Por conseguinte, consoante o lugar e a forma como este estiver colocado na página, assim irá transmitir uma determinada informação. Como tal, os livros que se "oferecem" às crianças deverão conter não apenas imagens, mas também texto, isto no sentido de lembrar à criança que aquele texto e aquela imagem estão profundamente interligados. Desta forma, quando a criança começar a ler e as ilustrações "desaparecerem" do seu livro, poderá ter mais facilidade em construir imagens mentais acerca do texto, pois não partiu do abstrato, mas sim de algo concreto.
Saliente-se, no entanto, que neste tipo de livros deve existir um notório equilíbrio entre a imagem e o texto. Se este equilíbrio não existir e a ilustração for demasiado rica em pormenores, pode, segundo Natércia Rocha, levar a criança a dispersar-se na sua apreciação e contemplação, acabando por não se fixar à história em si, podendo ainda ter dificuldades em compreendê-la ou retirar algo dela.
Ao olharmos uma imagem, a nossa mente capta de imediato o que mais óbvio essa imagem quer transmitir. No entanto, ela quer dizer e encerra em si uma mensagem muito mais profunda do que aquela que foi captada. Se nos demorarmos mais um pouco a olhar para a mesma imagem, vamos começar a entender outros significados e intenções, camuflados ou insinuados pelas cores, formas e pela própria disposição da imagem na página.
O que acabo de referir pode facilmente verificar-se na seguinte situação:
no dia-a-dia da escola, é possível constatar que crianças, a quem é apresentada a mesma história duas vezes, a primeira sem recurso a nenhum tipo de ilustração e a segunda com recurso à ilustração, quando lhe é pedido que façam a reprodução da mesma, a primeira vez centram a sua atenção nas personagens e no enredo principal. No entanto, depois de terem ouvido a história uma segunda vez, com recurso à ilustração, ao fazerem a sua reprodução, já centram a sua atenção em pormenores diferentes que estavam presentes na ilustração e que em nada se relacionavam com o enredo da história.
A ilustração é importante?
Sem dúvida que sim!
Estimula a imaginação?
Sem dúvida que sim!
Pode condicionar o entendimento do enredo da história?
Sem dúvida que sim, pois consegue desviar completa, ou parcialmente, a atenção das crianças de importantes pormenores das histórias!
Teresa Moreno
A maternidade e o mundo moderno
quarta-feira, 18 de setembro de 2019
O processo profundo da maternidade não se encaixa no mundo moderno...
Vivemos hoje num mundo rápido, apressado, stressado, onde nos esquecemos muitas vezes uns dos outros, de estarmos conectados, de parar, observar e estar em presença.
Vivemos num tempo onde queremos o mais fácil, o mais simples e rápido e de preferência que não dê trabalho. Compramos comida já feita e embalada, legumes lavados, produzimos alimentos com químicos para que cresçam mais rápido, compramos online, etc. Não queremos perder tempo e não queremos demorar muito. O tempo é escasso e a paciência é pouca.
Deixámos de ter tempo para ESTAR e SER, para partilhar e conversar. Deixámos de saber falar de emoções e vivemos numa época onde a imagem vale tudo. O dia-a-dia é regido maioritariamente por ecrãs e pelo digital. Todos os dias os media e as redes sociais entram-nos pela vista dentro, mostrando mundos perfeitos, patamares aliciantes a atingir, onde nos vendem tudo sem precisarmos de esforço. Alimentamos a competição, o individualismo e o isolamento.
Vendemo-nos, todos os dias, contos de fada, histórias cor-de-rosa onde, mesmo inconscientemente, todos queremos pertencer em algum momento. Quem não quer sentir-se amado, desejado e aceite?
Sendo a maternidade um processo intenso, ritualístico e demorado para o qual os livros e as estatísticas não valem de muito na hora "h", como encaixar neste mundo moderno?
- Como sobreviver no meio disto tudo a uma maternidade/ paternidade onde desejamos calor, entreajuda, presença, conexão e tempo?
- Como renascermos e aprendermos a ser Pais tendo altos níveis de exigência de performance?
- Como descobrirmos a nossa forma de maternar no meio de pressões, mil opiniões e verdades absolutas?
Ao longo dos tempos, deixou de se valorizar este fortíssimo processo de transformação, colocando em risco a sanidade mental de toda a Humanidade e das novas gerações, não havendo tempo para viver e para o assimilar. Não há espaço para viver fora dos contos de fadas exigidos, não há tempo para viver a complexidade deste fenómeno e sermos apenas reais...
Como diz o psicólogo Alexandre Coimbra Amaral, do Instituto Aripe, o "pós parto visto como uma fase de 40 dias é um mito criado pela sociedade onde vivemos e que nos "obriga" a regressar à produtividade rapidamente, que nos pressiona a regressarmos à nossa forma física e mental o mais rápido possível, que nos cria inconscientemente a urgência de sermos as mulheres que éramos antes."
Este psicólogo dedicado a este tema tão importante diz: "Essa palavra "puerpério" ainda é uma palavra muito pouco conhecida, muito pouco difundida, no sentido mais profundo que ela tem. Geralmente ela está associada a uma ideia de um pós parto imediato. Puerpério quer dizer um casulo existencial, em que a mulher, o bebê e todos da família, entram numa fase muito maior do que 40 dias. Porque TODOS são recém nascidos nessa época, não só o bebê. Todos renascem para novos papéis familiares e sociais."
Esta é uma viagem de profunda transformação onde precisamos de tempo e apoio prático e emocional para renascermos, para percebermos o que se está a passar connosco e com tudo à nossa volta.
Já se considera a depressão a doença do século, de acordo com os dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), mais de 350 milhões de pessoas do mundo sofrem de depressão, o que consiste em 5% da população mundial. Relativamente às mulheres, a depressão pós parto afeta cada 1 em 6 (dados da OMS). Cada vez mais também se assiste a separações dos casais nos primeiros anos de vida de um bebé.
Acredito plenamente que o nascimento é realmente muito para além do bebé. Quando a minha filha nasceu, o meu marido disse-me algo que nunca mais esqueci: "Agora é que a vida começou".
Quando temos um filho acabou o "faz de conta", de repente tudo o que vivemos até aqui foi apenas um "ensaio" para agora colocar em prática. É um renascimento tão profundo de todos que é tão mágico ao mesmo tempo que temos a sensação que fomos enrolados numa onda e não conseguimos vir ao de cima, uma onda que nos leva e nos arranca de nós. Leva-nos ao limite e coloca-nos em frente a um espelho gigante, onde finalmente nos encontramos connosco mesmas.
Estamos cansadas, o tempo ganhou uma nova dimensõa, temos dores, o nosso corpo transformou-se, temos um ser dependente 24h que não conhecemos, que não fala e não traz livro de instruções. De repente não somos mais só nós, temos a total responsabilidade de um outro Ser e isso é avassalador.
Sentimo-nos exaustas e perdidas... Não sabemos mais quem somos, o que queremos, o que acreditamos. O mundo desmoronou-se e tudo está diferente. E no meio disto tudo, não há tempo.
Não temos tempo nem espaço para entender o que se passa e ninguém parece compreender-nos. Apenas existe um "Agora és mãe!". Deixas de ser a Filipa, a Joana, a Maria, a Raquel, para ser "a Mãe". Desejas mais que nunca ser filha e honrar todas as mulheres. Lembras-te das vezes que ousaste comentar ou opinar sobre alguma Mãe e percebes como não fazias a mínima ideia.
Mas mesmo assim, continuamos neste automatismo e sem falar a verdade, cheias de medo e vergonha de não pertencer ao mundo idealizado que nos impingem.
Não se fala da intensidade, das dificuldades, do tempo que deixa de haver, das dores, das transformações físicas, emocionais e espirituais, das alterações individuais e de casal, dos momentos em que não queremos mais ser mães, dos dias em que choramos, das frustrações que sentimos, da liberdade que deixamos de ter, das noites em que desesperamos sem saber que fazer, dos dias em que nos sentimos sozinhas e incompreendidas, ...
Ao vivermos algo tão intenso não há como não abalar toda a nossa identidade, nos questionarmos e a tudo à nossa volta. Existe agora um mundo e um exemplo para deixar a alguém... Não é possível passar por este "ritual" e continuar igual.
Analisando os Níveis Neurológicos (inspirados na teoria de Gregory Bateson e introduzidos na Programação Neurolinguística por Robert Dilts), uma ferramenta de transformação pessoal que pressupõe que atuamos em 6 níveis neurológicos, camadas essas que compõem o modo como vivemos. Verificamos que as 3 camadas mais altas são o Legado (Missão), a Identidade e as Crenças/ Valores.
Estamos cansadas, o tempo ganhou uma nova dimensõa, temos dores, o nosso corpo transformou-se, temos um ser dependente 24h que não conhecemos, que não fala e não traz livro de instruções. De repente não somos mais só nós, temos a total responsabilidade de um outro Ser e isso é avassalador.
Sentimo-nos exaustas e perdidas... Não sabemos mais quem somos, o que queremos, o que acreditamos. O mundo desmoronou-se e tudo está diferente. E no meio disto tudo, não há tempo.
Não temos tempo nem espaço para entender o que se passa e ninguém parece compreender-nos. Apenas existe um "Agora és mãe!". Deixas de ser a Filipa, a Joana, a Maria, a Raquel, para ser "a Mãe". Desejas mais que nunca ser filha e honrar todas as mulheres. Lembras-te das vezes que ousaste comentar ou opinar sobre alguma Mãe e percebes como não fazias a mínima ideia.
Mas mesmo assim, continuamos neste automatismo e sem falar a verdade, cheias de medo e vergonha de não pertencer ao mundo idealizado que nos impingem.
Não se fala da intensidade, das dificuldades, do tempo que deixa de haver, das dores, das transformações físicas, emocionais e espirituais, das alterações individuais e de casal, dos momentos em que não queremos mais ser mães, dos dias em que choramos, das frustrações que sentimos, da liberdade que deixamos de ter, das noites em que desesperamos sem saber que fazer, dos dias em que nos sentimos sozinhas e incompreendidas, ...
Ao vivermos algo tão intenso não há como não abalar toda a nossa identidade, nos questionarmos e a tudo à nossa volta. Existe agora um mundo e um exemplo para deixar a alguém... Não é possível passar por este "ritual" e continuar igual.
Analisando os Níveis Neurológicos (inspirados na teoria de Gregory Bateson e introduzidos na Programação Neurolinguística por Robert Dilts), uma ferramenta de transformação pessoal que pressupõe que atuamos em 6 níveis neurológicos, camadas essas que compõem o modo como vivemos. Verificamos que as 3 camadas mais altas são o Legado (Missão), a Identidade e as Crenças/ Valores.
Imagem do site "Crie seu destino" |
Se quando temos um bebé mexe e abala a nossa Identidade, com o que queremos fazer na vida (Missão), nas nossas crenças e valores, então como não abalar tudo o resto?
- Como saber quais as nossas capacidades como mães e pais? A direção em que vamos?
- Como saber quais os comportamentos que queremos assumir como mães e mulheres?
- Como saber com que pessoas quero despender tempo?
- Como não sentir que estou desalinhada e desconectada do meu corpo, do meu companheiro e do mundo?
É por isso que é tão intenso, mas tão mágico e acaba sendo o melhor do mundo, no meio de toda a loucura! Dá-nos a oportunidade maravilhosa de Renascer, de viver finalmente a nossa verdade e não a imposta por algo ou alguém. Permite-nos mergulhar fundo, no mais profundo do nosso Ser e tornarmo-nos seres mais felizes e íntegros. Devolve-nos a casa!
Cada vez mais acredito que tudo começa na grande questão: quem sou eu?
Tudo começa nesta descoberta da nossa Identidade. Quando sabemos quem somos, tudo se alinha
Sinto que ao desvalorizarmos este ritual de passagem damos pouco apoio aos pais e às famílias para se redescobrirem, compreendemos pouco, não damos tempo e exigimos. É aqui que as mães se perdem cada vez mais, que esquecem a mulher que também são, que pais se esgotam e famílias se desmoronam.
- Podemos mudar esta intensa transformação? Talvez não! Talvez esse seja o processo. Talvez seja por isso que somos seres para procriar, para que possamos evoluir, questionar o mundo e fazer acontecer. Como Brené Brown diz no seu comentário sobre vulnerabilidade: "There is no courage without vulnerability". Na maternidade abrimos portais, abrimos o nosso coração e a nossa vulnerabilidade, permitimos finalmente "despir-nos" e deixar que nos vejam, que nos olhem, que nos abracem. Este amor infindável que sentimos, faz-nos caminhar mais próximos de nós mesmos e transformar o mundo.
- Mas podemos ter um mundo menos apressado, menos exigente. Um mundo onde damos o tempo e apoio necessários às mães, que elas merecem e precisam para renascer, para se recomporem de terem gerado Vida. De as mimar, de as ouvir, de não exigir perfeição, de lhes falar que não estão loucas e que está tudo bem. De lhes dar colo e atenção. De as deixar fazer o papel delas, de devolver amor e compaixão à humanidade e que tanto precisamos. De as deixar chorar, rir, gritar, de as deixar conhecerem os seus bebés e de se reconhecerem a si mesmas.
Mães e pais estruturados e emocionalmente estáveis, têm bebés mais felizes e renascimentos mais positivos.
Acredito nisto profundamente e esse é o meu contributo para o mundo como Doula, Coach Transformacional, Bodyworker, Mãe e Mulher. Hoje em dia aspiro a ser a voz do renascimento de todas as mães, pais e casais que encontram nos desafios da maternidade a razão certa para se encontrarem e se transformarem em Seres Humanos mais felizes e íntegros.
Filipa Silva
segunda-feira, 16 de setembro de 2019
Filipa Silva é Eneacoach, formada em Doula, Bodyworker, Speaker, Companheira e Mãe. Criadora do método EneaBirth Coaching (que apoia Mães e Casais a ultrapassarem os desafios da Gravidez e do Pós-Parto) e da comunidade Mães Imperfeitas (à qual pode aderir no Facebook).
No seu trabalho combina a sabedoria do Eneagrama, a sua experiência da maternidade, flexibilidade mental e uma enorme empatia pelo outro.
Com a maternidade iniciou uma jornada profunda de aprendizagem sobre si mesma e sobre o mundo, expressando-se através da escrita, do corpo e do movimento.
Ao focar-se no pós-parto, trabalha o mindset dos seus clientes para que se sintam informados, confiantes e empoderados e transformem a adversidade da Maternidade em Alegria e Autoconhecimento. Advoga por uma Maternidade Real, onde cada mulher e casal encontra a sua forma de Maternar, assumindo o compromisso e a responsabilidade pelo seu bem-estar e o bem-estar das suas famílias.
Hoje em dia aspira a voz do Renascimento de todas as Mães, Pais e Casais que encontram nos desafios da maternidade a razão certa para se encontrarem e se transformarem em Seres Humanos mais felizes e íntegros.
Especialidades:
- Eneacoach;
- Eneagrama na Maternidade & Pós-Parto;
- Eneacoach nos relacionamentos;
- Doula (Rede Portuguesa de Doulas);
- Bodyworker (Licenciada em Dança).
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