Todos sabemos que a fruta é dos alimentos mais ricos que temos à nossa disposição. 

A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda um consumo de, pelo menos, 400g de fruta e produtos hortícolas por dia (o que equivale a 5 ou mais porções diárias). 


No caso do consumo de fruta, segundo a Roda dos Alimentos Portuguesa, devemos ingerir diariamente entre 3 a 5 porções de fruta (cada porção corresponde a 1 peça de fruta média - 100 a 160g), sendo que o valor inferior de 3 porções diárias é relativo a crianças de 1 a 3 anos e o valor máximo, de 5 unidades, é aquele que deve ser consumido por homens ou adolescentes atletas. 

Segundo os dados do último Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, as crianças e adolescentes portuguesas são o grupo etário que menos consome estes alimentos, sendo que 68,9% das crianças e 65,9% dos adolescentes não atinge a recomendação da OMS que defende o consumo de 400g de fruta e produtos hortícolas por dia.


Quais os benefícios do consumo de fruta e porque é tão importante atingir estas quantidades?
  • A fruta é rica em vitaminas e minerais, essenciais a um adequado crescimento e desenvolvimento dos mais novos e manutenção de uma saúde ótima ao longo da vida, com efeitos protetores no que toca à doença cardiovascular e alguns tipos de cancro;
  • É rica em fibra que auxilia no bom funcionamento intestinal, controlo do apetite, regulação dos níveis de colesterol e da glicemia (o açúcar no sangue), parecendo ser ainda protetora do cancro intestinal;
  • Fornece-nos uma boa quantidade de água, que varia entre 75 a 95% entre as diferentes frutas, sendo que as frutas de verão como a melancia, melão e meloa são as mais ricas em água, essencial a um bom funcionamento geral do nosso organismo;
  • É rica em antioxidantes, particularmente se falarmos dos frutos vermelhos, essenciais para combater os radicais livres que se formam no nosso organismo e aumentam o risco de doenças e envelhecimento precoce. 


Mas então vamos ao "Mito ou Verdade?" de hoje. Será que beber um sumo de fruta natural apresenta os mesmos benefícios do que comer a fruta em natureza?

Quando fazemos um sumo, embora seja a partir de fruta e não adicionemos qualquer outro ingrediente (à exceção, eventualmente, da água), a sua composição e consequente impacto na nossa saúde será diferente. Isto por vários motivos:
  1. ao fazer um sumo de fruta, por norma, são utilizadas várias peças de fruta e não apenas uma, correndo o risco de se estar a consumir demasiada fruta e, consequentemente, uma quantidade de energia que irá contribuir para um ganho de peso excessivo. Neste caso, quando o fizer, o ideal é utilizar 1 peça de fruta e diluir com água, até chegar à quantidade pretendida; 
  2.  ao triturar/ espremer a fruta, parte da fibra é perdida, o que faz com que o açúcar da fruta seja mais rapidamente absorvido pelo organismo, aumentando de forma mais abrupta a glicemia. A par disto, os benefícios da fibra são perdidos, particularmente se a polpa for rejeitada na totalidade;
  3. no caso das crianças pequenas, particularmente até ao primeiro ano de vida, os sumos de fruta, mesmo naturais, estão contraindicados, uma vez que possuem um efeito laxante e cariogénico, ou seja, são mais propensos a provocar diarreia e cáries dentárias em relação à fruta inteira. Para além disso, a oferta de sumos de fruta aos bebés e crianças pode aumentar a preferência por bebidas doces, podendo levar à rejeição da água e/ ou leite;
  4. o facto da fruta inteira envolver maior mastigação, também é uma vantagem do seu consumo em natureza, quer nos mais pequenos para desenvolver o processo de mastigação, quer em qualquer das faixas etárias, uma vez que mastigar promove uma maior saciedade;
  5. o sumo de fruta, se não for consumido logo após a sua preparação, pode perder determinados nutrientes pelo processo de oxidação, como é o caso da Vitamina C.



Desta forma, trata-se de um MITO!


O ideal é mesmo consumir e oferecer ao seu filho a fruta inteira, em natureza, de forma a aproveitar todos os benefícios. Para além disto, opte sempre por fruta da época para aproveitar a sua enorme riqueza nutricional. 



Maria Inês Cardoso