Mito ou Verdade? - "Existem alimentos ou bebidas que aumentam a produção do leite materno."
sexta-feira, 26 de julho de 2019
A Organização Mundial de Saúde e a Sociedade Portuguesa de Pediatria recomendam o aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses do bebé.
Os benefícios são muitos, tanto para a mãe como para o bebé (saiba mais aqui). Por isso, salvo em situações como a toma materna de certos medicamentos e teste HIV positivo (por exemplo), em que a amamentação está contraindicada, a mãe deve ser sempre apoiada e encorajada nesse sentido. Não obstante, a mãe pode, por inúmeros motivos, optar por não amamentar e esta é uma decisão que deve ser respeitada, quer pelos profissionais de saúde, quer pela própria sociedade!
Apesar disto, mesmo que todas as condições estejam reunidas e a mãe tenha vontade de amamentar, os desafios são muitos. Entre eles poderá estar uma produção insuficiente de leite, devido a condições como a síndrome do ovário poliquístico, hipotiroidismo ou cirurgia mamária prévia, ou até um receio da mãe, ainda que infundado, de que o seu leite não esteja a ser suficiente para assegurar as necessidades do bebé.
E neste contexto, surge a questão: será que existem alimentos ou bebidas que aumentem a produção de leite?
Antes de mais, é importante perceber que a produção do leite materno é afetada por fatores como o stress, a ansiedade e hábitos tabágicos da mãe. Nestes casos, os níveis de prolactiva e/ ou oxitocina, as hormonas envolvidas na produção e ejeção do leite, encontram-se diminuídos, resultando numa menor produção. Desta forma, apesar da exaustão e de toda a exigência que uma recém-mamã enfrenta, estar relaxada é essencial para o sucesso da amamentação. Para além disto, é importante que a mãe amamente (ou proceda à extração do leite) durante a noite, uma vez que durante este período os níveis de prolactina estão aumentados, havendo um maior estímulo da produção.
O contacto pele com pele da mãe e bebé é também importante para ajudar a aumentar os níveis de oxitocina e assim potenciar a lactação.
Por outro lado, sabe-se que o peso materno, índice de massa corporal (IMC), percentagem de gordura corporal e ganho de peso durante a gravidez não influenciam este processo. Por isso, independentemente do peso ou composição corporal, todas as mães são capazes de produzir leite suficiente (exceto em casos de desnutrição severa).
Relativamente aos fluídos, não existe evidência de que a ingestão hídrica tenha impacto no volume de leite produzido. Apesar disto, não deixa de ser essencial antecipar a sensação de sede, particularmente nos picos de calor, devendo ser ingerida uma quantidade adequada de água (cerca de 2 - 2,5L/ dia) para garantir um bom funcionamento do organismo e evitar a desidratação materna.
A única forma de produzir mais leite é uma maior sucção por parte do bebé (ou retirar leite com a bomba, quando tal não é possível). Quanto mais frequentes e completas (com esvaziamento da mama) forem as mamadas, mais leite será produzido - princípio da oferta e da procura - não existindo evidência de que algum alimento ou bebida possa promover a lactação, pelo menos de forma segura. Por isso, o mais importante é mesmo que a amamentação ocorra em livre demanda, ou seja, sempre que o bebé quiser!
Conclusão: trata-se de um MITO!
É importante ressalvar, principalmente pela crescente pressão da sociedade, que as mães não se devem preocupar de forma excessiva com esta questão, colocando demasiada pressão sobre si mesmas, apenas porque alguém disse que o leite era fraco ou insuficiente. Se o bebé estiver a crescer e a desenvolver-se de forma adequada, não existem razões para preocupação! O bebé pode chorar por inúmeros motivos, não significando necessariamente que precisa de se alimentar. Nestas situações, o mais importante é manter a calma e tentar perceber o motivo do choro e agitação. De qualquer forma, em caso de dúvida, é sempre importante consultar a sua enfermeira, o médico, a nutricionista e/ ou a conselheira de amamentação.
Em suma, nesta fase é essencial adotar/ manter uma alimentação equilibrada e variada, sem fazer restrições sem fundamento, tema que iremos abordar no próximo artigo, em setembro. Até lá!
O contacto pele com pele da mãe e bebé é também importante para ajudar a aumentar os níveis de oxitocina e assim potenciar a lactação.
Por outro lado, sabe-se que o peso materno, índice de massa corporal (IMC), percentagem de gordura corporal e ganho de peso durante a gravidez não influenciam este processo. Por isso, independentemente do peso ou composição corporal, todas as mães são capazes de produzir leite suficiente (exceto em casos de desnutrição severa).
Relativamente aos fluídos, não existe evidência de que a ingestão hídrica tenha impacto no volume de leite produzido. Apesar disto, não deixa de ser essencial antecipar a sensação de sede, particularmente nos picos de calor, devendo ser ingerida uma quantidade adequada de água (cerca de 2 - 2,5L/ dia) para garantir um bom funcionamento do organismo e evitar a desidratação materna.
A única forma de produzir mais leite é uma maior sucção por parte do bebé (ou retirar leite com a bomba, quando tal não é possível). Quanto mais frequentes e completas (com esvaziamento da mama) forem as mamadas, mais leite será produzido - princípio da oferta e da procura - não existindo evidência de que algum alimento ou bebida possa promover a lactação, pelo menos de forma segura. Por isso, o mais importante é mesmo que a amamentação ocorra em livre demanda, ou seja, sempre que o bebé quiser!
Conclusão: trata-se de um MITO!
É importante ressalvar, principalmente pela crescente pressão da sociedade, que as mães não se devem preocupar de forma excessiva com esta questão, colocando demasiada pressão sobre si mesmas, apenas porque alguém disse que o leite era fraco ou insuficiente. Se o bebé estiver a crescer e a desenvolver-se de forma adequada, não existem razões para preocupação! O bebé pode chorar por inúmeros motivos, não significando necessariamente que precisa de se alimentar. Nestas situações, o mais importante é manter a calma e tentar perceber o motivo do choro e agitação. De qualquer forma, em caso de dúvida, é sempre importante consultar a sua enfermeira, o médico, a nutricionista e/ ou a conselheira de amamentação.
Em suma, nesta fase é essencial adotar/ manter uma alimentação equilibrada e variada, sem fazer restrições sem fundamento, tema que iremos abordar no próximo artigo, em setembro. Até lá!
Maria Inês Cardoso
Mito ou Verdade? - "O mel não deve ser introduzido antes dos 12 meses."
sexta-feira, 12 de julho de 2019
"O mel não deve ser introduzido antes dos 12 meses." Mito ou Verdade? E em caso afirmativo, qual ou quais os motivos?
Apesar de muitas vezes ser adicionado à fruta ou às papas para melhorar a aceitação do bebé ou mesmo na chupeta como forma de o acalmar, o mel NÃO deve ser oferecido antes do primeiro ano de vida, devendo aguardar-se, idealmente, pelos 2 anos.
Mas qual o motivo?
Antes de mais, trata-se de açúcar. Apesar de possuir uma composição nutricional mais interessante que o açúcar comum, devido ao seu teor em compostos antioxidantes e ao seu efeito antimicrobiano, o mel não deixa de ser açúcar e o seu consumo deve ser evitado nos primeiros 2 anos de vida, tal como reforcei no artigo Açúcar na Infância, devendo ser também moderado ao longo de todo o ciclo de vida!
Contudo, o mel apresenta outro problema, sendo este o principal motivo para não poder ser introduzido nesta fase. Este alimento pode ser um veículo da bactéria Clostridium botulinum, cujos esporos estão associados ao desenvolvimento de botulismo infantil. No caso dos adultos e das crianças mais velhas, este já não constitui um problema, mas nos bebés, devido à imaturidade do seu sistema imunitário e intestino, os esporos conseguem sobreviver e germinar, acabando por produzir e libertar a neurotoxina botulínica para a corrente sanguínea. Como consequência, surge fraqueza e paralisia muscular, que podem culminar em dificuldades na alimentação do bebé, choro débil, ausência de movimentos intestinais (e consequente obstipação) e até falência respiratória, existindo nestes casos necessidade de hospitalização. Apesar do botulismo ser raro, é necessário um grande cuidado para o evitar porque as suas consequências podem ser realmente graves para o bebé, sendo a ingestão de mel o principal fator de risco!
Em suma, é VERDADE que o mel não deve ser introduzido no primeiro ano de vida.
Não dê este alimento ao seu bebé, pelo menos até aos 2 anos. Ao fazê-lo estará a olhar pela sua saúde!
Para terminar, a título de curiosidade, a toxina botulínica é muito utilizada nos tratamentos de estética. É a partir desta que se cria o botox, que vai paralisar temporariamente os músculos da zona onde é administrado. Normalmente, não apresenta qualquer risco uma vez que são utilizadas pequenas doses.
Contudo, o mel apresenta outro problema, sendo este o principal motivo para não poder ser introduzido nesta fase. Este alimento pode ser um veículo da bactéria Clostridium botulinum, cujos esporos estão associados ao desenvolvimento de botulismo infantil. No caso dos adultos e das crianças mais velhas, este já não constitui um problema, mas nos bebés, devido à imaturidade do seu sistema imunitário e intestino, os esporos conseguem sobreviver e germinar, acabando por produzir e libertar a neurotoxina botulínica para a corrente sanguínea. Como consequência, surge fraqueza e paralisia muscular, que podem culminar em dificuldades na alimentação do bebé, choro débil, ausência de movimentos intestinais (e consequente obstipação) e até falência respiratória, existindo nestes casos necessidade de hospitalização. Apesar do botulismo ser raro, é necessário um grande cuidado para o evitar porque as suas consequências podem ser realmente graves para o bebé, sendo a ingestão de mel o principal fator de risco!
Em suma, é VERDADE que o mel não deve ser introduzido no primeiro ano de vida.
Não dê este alimento ao seu bebé, pelo menos até aos 2 anos. Ao fazê-lo estará a olhar pela sua saúde!
Para terminar, a título de curiosidade, a toxina botulínica é muito utilizada nos tratamentos de estética. É a partir desta que se cria o botox, que vai paralisar temporariamente os músculos da zona onde é administrado. Normalmente, não apresenta qualquer risco uma vez que são utilizadas pequenas doses.
Maria Inês Cardoso
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