A Organização Mundial de Saúde e a Sociedade Portuguesa de Pediatria recomendam o aleitamento materno exclusivo até aos 6 meses do bebé.

Os benefícios são muitos, tanto para a mãe como para o bebé (saiba mais aqui). Por isso, salvo em situações como a toma materna de certos medicamentos e teste HIV positivo (por exemplo), em que a amamentação está contraindicada, a mãe deve ser sempre apoiada e encorajada nesse sentido. Não obstante, a mãe pode, por inúmeros motivos, optar por não amamentar e esta é uma decisão que deve ser respeitada, quer pelos profissionais de saúde, quer pela própria sociedade!


Apesar disto, mesmo que todas as condições estejam reunidas e a mãe tenha vontade de amamentar, os desafios são muitos. Entre eles poderá estar uma produção insuficiente de leite, devido a condições como a síndrome do ovário poliquístico, hipotiroidismo ou cirurgia mamária prévia, ou até um receio da mãe, ainda que infundado, de que o seu leite não esteja a ser suficiente para assegurar as necessidades do bebé. 

E neste contexto, surge a questão: será que existem alimentos ou bebidas que aumentem a produção de leite?

Antes de mais, é importante perceber que a produção do leite materno é afetada por fatores como o stress, a ansiedade e hábitos tabágicos da mãe. Nestes casos, os níveis de prolactiva e/ ou oxitocina, as hormonas envolvidas na produção e ejeção do leite, encontram-se diminuídos, resultando numa menor produção. Desta forma, apesar da exaustão e de toda a exigência que uma recém-mamã enfrenta, estar relaxada é essencial para o sucesso da amamentação. Para além disto, é importante que a mãe amamente (ou proceda à extração do leite) durante a noite, uma vez que durante este período os níveis de prolactina estão aumentados, havendo um maior estímulo da produção.

O contacto pele com pele da mãe e bebé é também importante para ajudar a aumentar os níveis de oxitocina e assim potenciar a lactação.

Por outro lado, sabe-se que o peso materno, índice de massa corporal (IMC), percentagem de gordura corporal e ganho de peso durante a gravidez não influenciam este processo. Por isso, independentemente do peso ou composição corporal, todas as mães são capazes de produzir leite suficiente (exceto em casos de desnutrição severa).

Relativamente aos fluídos, não existe evidência de que a ingestão hídrica tenha impacto no volume de leite produzido. Apesar disto, não deixa de ser essencial antecipar a sensação de sede, particularmente nos picos de calor, devendo ser ingerida uma quantidade adequada de água (cerca de 2 - 2,5L/ dia) para garantir um bom funcionamento do organismo e evitar a desidratação materna.

A única forma de produzir mais leite é uma maior sucção por parte do bebé (ou retirar leite com a bomba, quando tal não é possível). Quanto mais frequentes e completas (com esvaziamento da mama) forem as mamadas, mais leite será produzido - princípio da oferta e da procura - não existindo evidência de que algum alimento ou bebida possa promover a lactação, pelo menos de forma segura. Por isso, o mais importante é mesmo que a amamentação ocorra em livre demanda, ou seja, sempre que o bebé quiser!

Conclusão: trata-se de um MITO!



É importante ressalvar, principalmente pela crescente pressão da sociedade, que as mães não se devem preocupar de forma excessiva com esta questão, colocando demasiada pressão sobre si mesmas, apenas porque alguém disse que o leite era fraco ou insuficiente. Se o bebé estiver a crescer e a desenvolver-se de forma adequada, não existem razões para preocupação! O bebé pode chorar por inúmeros motivos, não significando necessariamente que precisa de se alimentar. Nestas situações, o mais importante é manter a calma e tentar perceber o motivo do choro e agitação. De qualquer forma, em caso de dúvida, é sempre importante consultar a sua enfermeira, o médico, a nutricionista e/ ou a conselheira de amamentação.

Em suma, nesta fase é essencial adotar/ manter uma alimentação equilibrada e variada, sem fazer restrições sem fundamento, tema que iremos abordar no próximo artigo, em setembro. Até lá!



Maria Inês Cardoso