A literatura diz-nos que cerca de 10% das mulheres têm depressão durante a gravidez e que esta perturbação tem uma alta probabilidade de persistir após o parto se não for atempadamente diagnosticada e se não se proceder à terapêutica adequada (farmacológica e psicoterapêutica). A literatura diz-nos ainda que cerca de 12% das mulheres desenvolvem depressão pós-parto, sendo a depressão na gravidez, bem como a presença de outros fatores de risco, elementos que aumentam esta percentagem para cerca de 50%. 

A Depressão Pós-Parto (DPP), ao contrário do Baby Blues (BB), é já uma situação psicopatológica.

A mulher pode ter sentimentos similares ao do BB como tristeza, ansiedade, irritabilidade, apatia, mas aqui com maior frequência e intensidade. O que os distingue essencialmente é que na DPP a mulher deixa de conseguir cumprir com as exigências normais do seu dia a dia. 

Quando a vida normal da mulher fica alterada por esta sintomatologia, é fundamental que procure ajuda especializada. Ainda que a DPP seja uma condição séria, pode ser tratada com medicamentos e psicoterapia e deverá sê-lo o mais cedo possível, para evitar o risco de se tornar crónica. 

Muitas vezes o companheiro ou a família de suporte têm um papel muito importante. Não só podem ajudar a mulher a cuidar do bebé e de si mesma, como devem alertá-la para, face aos sintomas/ sentimentos manifestados, deverem pedir ajuda profissional.




Esta ajuda é o ponto de partida para ajudar a superar o sofrimento quando ele se torna marcado e é o fundamental para o diagnóstico precoce e correta intervenção.

Sabemos que a iniciativa para este pedido de ajuda nem sempre é fácil. Por vezes, descarrega-se o estigma social da felicidade materna com a incompreensão face ao facto de, a maternidade não ser sempre sinónimo de alegria imediata. É importante ultrapassar esta barreira social e pedir ajuda. 

Não devemos esquecer que o principal problema na depressão pós-parto é não ser diagnosticada e tratada atempadamente. 

Podemos sistematizar os sintomas de DPP na mulher de forma a ser mais fácil de identificar:
  • sentir-se inquieta ou irritada;
  • sentir tristeza, depressão ou chorar muito;
  • ter falta de energia permanente;
  • ter dor de cabeça, dor no peito, palpitações cardíacas, falta de sensibilidade ou hiperventilação (respiração rápida e superficial);
  • não ser capaz de dormir, muito cansaço ou ambos;
  • perder peso e não ser capaz de comer;
  • comer demais e ganhar peso;
  • problemas de concentração, falta de memória e dificuldade em tomar decisões;
  • ficar exageradamente preocupada com o bebé;
  • ter sentimento de culpa e de inutilidade;
  • ficar com medo de magoar o bebé ou a si mesma;
  • ter falta de interesse em atividades prazerosas, incluindo sexo.

* Quem está em maior risco de ter DPP?

A DPP pode afetar mulheres de todas as idades, classes sociais e etnias. 

Os estudos mostram que mulheres que tiveram antecedentes de depressão ao longo da sua vida (principalmente se durante a gravidez) têm maior risco de desenvolver a depressão pós-parto. 

Sabe-se ainda que há outros fatores de risco como lutos não elaborados, problemas familiares ou sociais graves, conflito com o Pai do bebé, gravidez não desejada ou com grandes complicações obstétricas e partos muito difíceis. No fundo, tudo aquilo que deixa ou deixou a mulher psicologicamente frágil.




* O que leva à DPP?

Não se sabe ao certo o que causa a depressão pós-parto. Pensa-se ser um conjunto de fatores de vária ordem. Para além da fragilidade psicológica acima referida, acrescem-se as grandes mudanças hormonais no corpo da mulher, bem como a exigência de um Bebé que implica uma alteração do estilo de vida que tende a desencadear um maior cansaço e dificuldade na gestão do tempo.





Maria de Jesus Correia


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