Hipoterapia é uma terapia assistida por cavalos, disponibilizada por vários Centros Hípicos. Contudo, este termo é comummente empregue para classificar uma terapia que, teoricamente, se subdivide. Clarificando a ideia, o uso do cavalo para fins terapêuticos assume duas valências: hipoterapia com objetivos mais centrados em questões neuromotoras e equitação terapêutica, cujos objetivos são a psicomotricidade, a cognição, ... Apesar do nome teoricamente não ser o adequado, em termos práticos e técnicos desenvolvem o que é considerado necessário para o utente, sendo em sessão trabalhadas as áreas neuromotoras e psicomotoras. 

Além da hipoterapia e equitação terapêutica, ainda está incluso nesta valência associada ao cavalo a equitação adaptada, que exclui as questões terapêuticas, focando-se na competição ou lazer.



Porquê o cavalo?

O passo do cavalo com os seus movimentos tridimensionais corresponde, para quem monta, à marcha normal do ser humano, ou seja, para quem não possui capacidades físicas para caminhar mas consiga montar, será um momento em que conseguirá enviar um grande estímulo sensorial pelo sistema nervoso central, além de todo um trabalho postural que está inevitavelmente a ser desenvolvido para manter o equilíbrio no dorso do cavalo. Juntamente com o meio em que decorre a sessão, são promovidas vivências essenciais em áreas cognitivas, físicas e emocionais.


Benefícios da Hipoterapia/ equitação terapêutica:
  • Confiança: a relação com o cavalo permite ao utente desenvolver a sua autoconfiança;
  • Força: fortalecimento do tónus muscular; 
  • Equilíbrio: melhoramento e correção da postura;
  • Coordenação: ao longo da sessão necessita de coordenar ações;
  • Atenção: na sessão necessita de manter o foco e concentração;
  • Mobilidade: melhoramento da flexibilidade; 
  • Prazer: estão inerentes momentos de ternura e emoções novas. 
Para além destes benefícios, existem todos os que estão inerentes aos objetivos específicos delineados pelo técnico responsável pela sessão. 


Quem pode frequentar?

As sessões podem ser frequentadas por qualquer pessoa, desde crianças a idosos, salvo se apresenta contraindicações para a equitação. É de salientar a importância, tal como em qualquer outra situação, de contactar o médico para que não ocorra nenhum inconveniente. Assim sendo, seguem alguns diagnósticos comuns em sessões de hipoterapia/ equitação terapêutica:
  • Perturbação do Espetro do Autismo;
  • Síndrome de Down;
  • Atraso global do desenvolvimento;
  • Perturbação de Hiperatividade e Défice de Atenção;
  • Défice cognitivo;
  • Sem diagnósticos com alterações cognitivas e/ ou físicas;
  • ...


Estruturação da sessão:

A sessão de hipoterapia/ equitação terapêutica é estruturada e pensada pelo terapeuta de modo individualizado. Ao longo da mesma, em parceria com o monitor, é transversal aos utentes o trabalho de aspetos corporais (mobilização) e questões equestres como manutenção do cavalo (escovagem), andar a passo, trote e galope. São também abordadas questões terapêuticas de caráter individualizado como cognição, praxias, estruturação espacial, ...

No que concerne à duração da sessão, esta pode variar de Centro para Centro. É habitual em hipoterapia de privados (o Centro disponibiliza serviço aos Pais) 30 minutos semanais. Quando falamos do serviço de hipoterapia contratado por escolas e grupos, esta pode variar bastante, desde 15 minutos semanais a 20 minutos quinzenais. 

O maior impedimento à sessão é, por norma, a gestão emocional da criança. Ou seja, se a criança mesmo sendo agressiva consigo e com os outros se acalmar no cavalo, é possível que a sessão decorra normalmente. Contudo, se a criança expressar agressividade no cavalo, é possível que se termine de imediato. Em casos de utentes com Autismo, é frequente ocorrerem situações destas, embora pontualmente, pais, terapeutas e professores consigam usar estratégias que permitem estabilizar a criança e continuar a sessão. 


Elementos envolvidos na sessão:
  • Monitor de equitação: responsável pela segurança e manutenção/ manuseamento do cavalo;
  • Terapeuta: responsável pela definição dos objetivos para a sessão (podem variar consoante a especialização/ formação de base do técnico);
  • Pais e familiares: porto de abrigo, responsáveis pela educação, segurança, ...
O importante é que esta equipa mantenha um objetivo comum, com partilha de informação essencial ao trabalho em equipa. 



Fátima Sousa