A pré-eclampsia faz parte do grupo de complicações hipertensivas que podem ocorrer durante a gravidez. Trata-se de uma das principais causas de prematuridade e de mortalidade e morbilidade (sequelas) materna e fetal.

A pré-eclampsia é definida como uma elevação da pressão arterial que surge após as 20 semanas de gestação, acompanhada por proteinúria (presença de proteínas na urina) ou por critérios de gravidade. Pode ser classificada em pré-eclampsia com critérios de gravidade ou pré-eclampsia sem critérios de gravidade.



Os critérios de gravidade traduzem um envolvimento sistémico nomeadamente hepático, renal e/ou neurológico. 

Existem alguns fatores de risco associados como 
  • a idade superior a 40 anos;
  • primeira gravidez (nuliparidade);
  • obesidade;
  • hipertensão arterial;
  • doença renal;
  • diabetes mellitus;
  • antecedentes pessoais ou familiares de pré-eclampsia;
  • gravidez múltipla ou por procriação medicamente assistida.
No entanto, a maioria dos casos ocorrem em mulheres nulíparas saudáveis, sem fatores de risco.

Na sociedade atual verifica-se um aumento da idade materna, grávidas com mais patologias e um aumento do número de gravidezes por procriação medicamente assistida, fatores estes como já citado anteriormente, de risco para o desenvolvimento desta patologia.




Com o objetivo de predição e prevenção da pré-eclampsia, na altura da realização da ecografia de rastreio do primeiro trimestre, são validados vários fatores, nomeadamente a pressão arterial da grávida, a fluxometria das artérias uterinas (avaliada por ecografia), e a interpretação dos marcadores bioquímicos avaliados no contexto do rastreio combinado (PAPP-A), o que nos dá informações passíveis de agirmos numa perspetiva preventiva de forma a tentarmos reduzir, ou adiar o surgimento da pré-eclampsia . Esta prevenção faz-se, quando indicado, com o início do ácido acetilsalicílico, idealmente até às 16 semanas.

No caso de uma gravidez de termo, o parto está indicado na altura do diagnóstico. 

A nossa maior dificuldade como ginecologistas-obstetras é a decisão da altura certa para o parto, quando estamos perante uma grávida com pré-eclampsia e um bebé ainda prematuro. Em situações de prematuridade importa otimizar as condições em que o bebé vai nascer, que consoante a idade gestacional poderá ter indicação para a realização do ciclo de maturação pulmonar e neuroproteção. Nos casos graves está indicada a profilaxia da eclampsia (convulsões).

Na prematuridade, mediante o quadro de gravidade, a balança entre uma atitude mais expetante e de vigilância apertada versus a decisão do parto é de extrema importância.






Patrícia Isidro Amaral