Os Pais são as pessoas mais importantes na confeção e alimentação da criança. 

Há crianças que desde o nascimento comem tudo o que lhes é oferecido e podem até repetir a dose. Nestes casos, os pais têm de estar atentos de modo a não incorrer no risco de obesidade, incentivando a alimentação saudável e a atividade física, já que hoje o sedentarismo se encontra na ordem do dia, com a utilização das novas tecnologias.

No entanto, existem as crianças que, por uma razão ou por outra, deixam de ter apetite e, se antes comiam bem, passam a ser aquilo que vulgarmente designamos como um "pisco". É aqui que começa o stress dos Pais!!




Afinal por que razão o seu filho comia bem e a partir de um dado momento deixa de o fazer, caraterizando-o a falta de apetite?

É por volta dos 2/ 3 anos que se verifica uma anorexia fisiológica (perda de apetite) e uma neofobia (medo de experimentar coisas novas, nomeadamente alimentos), derivado ao facto do crescimento da criança abrandar e consequentemente decrescer as necessidades calóricas. Se cresce menos, então necessita de menos calorias. Simples assim!

Para além disso, passa a haver também um interesse maior por parte da criança no mundo que a rodeia e, como tal, terá tendência a perder-se nas brincadeiras, tentando protelar a hora das refeições. Por outro lado, a partir do ano de vida e até aos 3 anos, a criança tem oportunidade de experimentar todos os sabores disponibilizados pela alimentação e vai adquirindo preferências. Daí poder rejeitar aqueles que serão para si menos apelativos.




O que fazer perante esta situação?

Alguns aspetos do comportamento alimentar são influenciados por fatores genéticos, por exemplo, a preferência por determinados sabores. No entanto, vários estudos apontam a Família como um exemplo importante na aquisição destes comportamentos, sendo que aquilo que é apreendido nos primeiros anos de vida terá uma grande influência nos hábitos alimentares na idade adulta. 

A forma como os Pais lidam com a situação da falta de apetite irá influenciar o comportamento futura da criança, relativamente à alimentação. E poderão mesmo usar este tipo de comportamento para obterem benefícios. 

Desta forma, é importante ter em conta que:
  • muitas vezes a quantidade de alimentos que a criança necessita é muito inferior àquela que os Pais lhe querem oferecer;
  • o intervalo entre as refeições deve ser regular e os "petiscos" entre as refeições principais devem ser evitados;
  • deve inovar a "ementa", não criando rotinas. Isto porque a criança irá cansar-se de comer sempre a mesma coisa;
  • não se devem fazer promessas para que as crianças comam a totalidade do que lhe é oferecido, já que isso irá promover o mesmo comportamento por parte da criança, no sentido de obter benefícios (tal como referido acima).
Assim sendo, deverá:
  • estabelecer horários para as refeições principais e para os lanches;
  • não ter medo de impor limites, não cedendo às birras;
  • promover as refeições em Família, já que os Pais são o exemplo da criança e, como tal, um elemento muito importante na educação alimentar desta última;
  • não substituir as refeições principais por outros alimentos e voltar a oferecer a refeição quando a criança demonstrar fome;
  • não permitir que a criança ingira líquidos antes da refeição e tentar fazer com que isso aconteça apenas quando já tiver quase terminado. Os líquidos vão ocupar espaço no estômago e promover a sensação de saciedade;
  • confecionar pratos que a criança goste, mas saudáveis e consumidos por toda a Família. Caso a criança não goste de um alimento, tentar substituí-lo por outro com o mesmo valor nutricional. 

Em suma, é importante não esquecer que a Família desempenha um papel bastante importante nestas questões do desenvolvimento da criança e que se esta última for exposta a um ambiente alimentar saudável e sem pressões, gradualmente ela vai aprender a fazer as suas escolhas baseadas nas suas preferências e necessidades.

Por outro lado, é importante também que os Pais percebam que as crianças, sem qualquer problema de saúde, têm a capacidade de regular o seu consumo alimentar. Este é uma das bases do BLW (Baby Led Weaning).





O Pai, a Mãe e Eu