O termo "dieta vegetariana" associa-se geralmente a uma alimentação onde são predominantemente consumidos produtos de origem vegetal. Não é consumida carne nem peixe (e seus derivados), mas pode incluir ovos ou laticínios, sendo aqui que se diferenciam as dietas vegetarianas, existindo vários tipos de vegetarianismo. Cereais, hortícolas, fruta, leguminosas e sementes são os alimentos comuns. 

A alimentação vegetariana pode classificar-se como: 
  • ovolactovegetariana - exclui carne e peixe e inclui ovos e laticínios;
  • lactovegetariana - exclui carne, peixe e ovos, mas inclui laticínios;
  • ovovegetariana - exclui carne, peixe e laticínios, mas inclui ovos;
  • vegetariana estrita e vegana - exclui todos os alimentos de origem animal como: carne, pescado e ovos (e seus derivados), laticínios, mel, gelatina (exceto a de origem vegetal), banha, ovas, insetos, moluscos, crustáceos, entre outros e todos os produtos que os contenham. Alguns produtos processados que podem conter ingredientes e aditivos que poderão ser de origem animal, como por exemplo: albumina, gordura animal, corantes (como o ácido carmínico - E120), caseína e glicerina.
Uma dieta vegetariana saudável recorre o mínimo possível a alimentos processados e inclui, sempre que possível, a tradição alimentar portuguesa. Portugal apresenta condições climáticas ótimas para uma produção vegetal de elevada qualidade, com uma grande variedade sazonal. Assim, dado que este tipo de alimentação se baseia em produtos minimamente processados, locais e da época, contribui para a saúde, a economia e a proteção do meio ambiente. 




A idade pediátrica é um período de grande vulnerabilidade a alterações do estado de nutrição com consequências negativas a curto e longo prazo para a saúde. É importante um planeamento alimentar correto para prevenir essas alterações, que garanta um fornecimento de macro e micro nutrientes adequado a cada fase da idade pediátrica, sendo esta a melhor forma de propiciar um bom estado nutricional e saúde ao longo do tempo. Para que a criança cresça e se desenvolva é fundamental que o ambiente seja plenamente favorável, sendo a correta alimentação uma das vertentes ambientais mais importantes. 

À semelhança de outros padrões alimentares, o padrão vegetariano, quando bem planeado, pode satisfazer todas as necessidades nutricionais de crianças e adolescentes. O aporte energético deverá ser adequado a cada idade e o crescimento monitorizado. Deve ser dada atenção à ingestão proteica, de ácidos gordos essenciais, ferro, zinco, cálcio, iodo e vitaminas B12 e D. A ingestão de alimentos fortificados e/ ou a suplementação, em alguns casos, poderá ser necessária. 

De modo a estruturar uma alimentação adequada para crianças e adolescentes que seguem um padrão alimentar vegetariano é importante considerar que esta para ser saudável deve ser completa, equilibrada e variada (à semelhança dos outros padrões alimentares). Cereais, hortícolas, fruta, leguminosas, frutos gordos, sementes e os seus derivados deverão estar presentes na alimentação do dia-a-dia. A inclusão de alimentos energeticamente densos como leguminosas (feijão, lentilhas, grão de bico, favas, etc.) e seus derivados, frutos gordos (nozes, amêndoas, avelãs, etc.) e cremes de frutos gordos (manteiga de amendoim, creme de avelãs, etc.) poderá ser vantajosa. 

A alimentação vegetariana fornece um baixo suprimento em colesterol e ácidos gordos saturados e um elevado consumo em hidratos de carbono, fibras, antioxidantes e fitoquímicos, resultando em benefícios para a saúde. Assim, uma dieta vegetariana adequada na infância poderá reduzir os riscos de algumas doenças crónicas na idade adulta, nomeadamente quando fornece uma quantidade elevada de substâncias protetoras e uma reduzida presença de produtos alimentares excessivamente processados. 


Contudo, dietas excessivamente restritivas têm sido associadas ao risco aumentado de desnutrição, atraso de crescimento e até morte infantil, pelo que não são recomendadas. Isto porque podem não contemplar de forma satisfatória todos os grupos alimentares e/ ou não incluir alimentos fortificados ou suplementos, o que irá comprometer a sua adequação. Importante assim salientar que, quanto mais restritiva a dieta e quanto mais nova a criança for, maior será o risco de défices nutricionais. Por outro lado, uma ingestão alimentar inadequada por excesso (acima das necessidades nutricionais) poderá contribuir para um aumento excessivo de peso e a comorbilidades associadas. Em suma, uma dieta vegetariana, se mal planeada, pode ser tão prejudicial como uma dieta não vegetariana desequilibrada. 


Desta forma, podemos concluir que as dietas vegetarianas corretamente planeadas são saudáveis e nutricionalmente adequadas para todas as fases do ciclo da vida pediátrico. 



O Pai, a Mãe e Eu