Quando falamos de saúde dos pés é fundamental falarmos da importância da escolha de um calçado adequado nas várias etapas do crescimento. 

Sabemos que a estrutura óssea das crianças é plástica e um calçado que não respeite a mobilidade normal dos pés pode provocar alterações na sua morfologia e condicionar o crescimento normal do pé. Por isso, herdar sapatos não é um bom princípio. Cada pessoa desgasta o calçado de uma forma diferente, sendo que os sapatos adotam a forma do pé do primeiro usuário.


A maioria dos bebés começa a andar entre os 9 e os 15 meses de vida. No início, a criança tem dificuldades em manter o equilíbrio, a marcha vai-se desenvolvendo com a idade e aos 3/ 4 anos observa-se uma marcha com um padrão independente. Aos 6 anos já existem todas as estruturas ósseas que se consolidam de forma definitiva aos 18 - 20 anos, como tal, cada idade tem necessidades biomecânicas específicas. 

Como regra geral, a função do calçado é a de proteger o pé permitindo uma mobilidade adequada, numa fase de pleno crescimento e formação. Para além disso, é muito importante ter em conta alguns aspetos: 
  • numa fase inicial não devemos forçar, nem ajudar a criança a caminhar. A criança caminhará quando estruturalmente estiver preparada. 
  • até aos 8/ 9 meses os pés têm uma sensibilidade tátil exteroceptiva, maior que as mãos. A partir deste período vão perdendo, de forma progressiva, este tipo de sensibilidade e começam a desenvolver a propriocepção. Isto é, o bebé começa a ter consciência das partes do corpo, contudo, antes de dar os primeiros passos, o bebé necessita da informação que recebe da planta dos pés e das articulações para coordenar os seus movimentos e conseguir o equilíbrio. Portanto, nesta primeira fase não devemos calçar o bebé. Eles próprios se descalçam sempre que podem, como uma forma de autodefesa. Faz sentido utilizar as meias para proteção do pé, frente a agentes externos como o frio e a humidade. 
  • relativamente ao tamanho do calçado, é importante que, com umas meias postas, a distância dos dedos à ponta do calçado tenha entre 0,5 cm a 1 cm de espaço.
  • os sapatos devem possibilitar o movimento livre dos dedos com uma sola que permita a flexão anterior do pé.
  • os ténis ou sapatilhas e os sapatos devem facultar uma apropriada transpiração, sendo forrados com tecidos naturais, de preferência pele. 
  • nas aulas de natação utilize sandálias de borracha para evitar infeções fúngicas e víricas.
  • para fomentar a independência, os sapatos com fecho e velcro são a melhor escolha para coadjuvar a tarefa de calçar e descalçar. 



Paula Carvalho