Foi a minha primeira gravidez, o meu primeiro parto, o meu primeiro filho. 

O Duarte nasceu às 33 semanas. Eram 6h quando tive rutura de membranas. Nunca imaginei que tanta água podia sair de dentro de mim. Fui logo para o hospital. Às 9h comecei com contrações de 3 em 3 minutos e não deu tempo para nada. Entrei na sala de partos onde estive até às 15h. Foram horas de muita dor, muito sofrimento e sem saber o que se estava a passar. Três obstetras tentaram parto natural, mas no fim evoluiu para cesariana, com anestesia geral. 

Quando acordei perguntei pelo Duarte. Estava na Neonatologia, em intensivos e só o pude ver no dia seguinte, às 9h30 da manhã. 

Foi um choque muito grande. Tão pequenino dentro da incubadora, cheio de fios e tubos, monitores a tocar... ainda hoje consigo "ouvir" cada som daquela sala. 


A primeira coisa que senti foi que não era mãe. Aquele menino pequenino pertencia àqueles "encantadores de bebés", os enfermeiros, que tão bem cuidavam dele. Queria tanto saber o que se passava, mas nem sabia o que perguntar. As respostas eram sempre as mesmas: "Um dia de cada vez, mamã!" Agora sei o que isso significa. Aquele ser tão pequenino ensinou-me a VIVER, a viver de verdade!

Tudo era muito difícil: as noites na maternidade com um berço vazio ao lado; uma alta de colo vazio; tirar leite com uma bomba, de 3 em 3h e só ao 5º dia começar a sair leite (o ouro para o meu pequeno); as noites em casa, com o som de fundo da sala dos intensivos; as chegadas pela manhã, cheia de medo do que poderia encontrar...

E foi então que comecei a sentir que era mãe! Tinha o Duarte 10 dias... foi o melhor dia... fizemos canguru e foi a primeira vez que lhe peguei ao colo. 

Aos poucos os fios começaram a diminuir, saímos dos intensivos e comecei a cuidar do Duarte, do meu FILHO!

A alta cada vez mais perto e mais medos... novos medos... medo de ir para casa, medo das visitas, medo dos vírus, medo de outro internamento... O dia da alta agora é lembrado quase como o que em que nasceu. 

Aos poucos as coisas vão se compondo e os medos vão diminuindo. Os nossos pequenos ganham um título para toda a vida: Guerreiros!

Agora tem quase 5 anos. Um menino cheio de saúde, energia e boa disposição! 

Um menino FELIZ!

E eu também!



Mãe vamos brincar