Co-sleeping poderá ser entendido, por muitos, apenas como a partilha do mesmo quarto com os seus filhos. No entanto, a definição internacional prende-se mais com a partilha da mesma cama, também denominada bed-sharing


Tal como acontece com tantos outros cuidados que prestamos aos nossos filhos, também este tem muitas décadas, embora, até há bem poucos anos, mais praticado em determinadas culturas. A partilha do mesmo quarto e, inclusivamente, da mesma cama, acontecia devido às baixas condições socio-económicas que levavam a casa pequenas, apenas com um quarto, ou apenas por questões culturais. Mas, como em tudo, as ideias mudam, começam a perceber-se determinados benefícios e a mudança de comportamento acontece.

Hoje em dia, temos famílias em todo o mundo que partilham a mesma cama com os seus filhos, não obstante a controvérsia de opiniões por parte dos profissionais de saúde.

Mas porque razão existe tanta divisão de opiniões que levam as famílias a não comentarem a prática deste cuidado com os profissionais?

Pensa-se que a prática de co-sleeping está intimamente ligada à ocorrência do Síndrome de Morte Súbita. Assim, no sentido de confirmar (ou negar) esta correlação, tanto os EUA como Inglaterra e Nova Zelândia têm-se dedicado à realização de estudos.

Nestes estudos, há muitos aspetos que têm sido confirmados e alguns alertas têm sido feitos e que descreveremos a seguir.

O bebé humano é o mais imaturo e, por isso, o mais dependente de todos os mamíferos e isso deve-se ao facto da gestação ser mais curta. Para além disso, ele só se irá reconhecer como um ser independente da Mãe e Pai ao fim de 6 meses de vida. Vem habituado a ser permanentemente embalado (e massajado) devido ao ambiente que vivia in utero e isso faz com que a sua necessidade de toque e miminhos seja muito frequente.

Para além disso, há outro aspecto importante a ter em conta, que tem a ver com o cansaço materno, as dores/desconfortos que na maior parte dos casos estão subjacentes ao parto e a consequente necessidade de descanso.

Assim, o co-sleeping vem ajudar a colmatar algumas necessidades da díade/tríade, surgindo os seus benefícios, que nem sempre são bastantes claros ou vinculativos nos diferentes estudos. São eles:

- ajuda a estabelecer a amamentação - Existem estudos que referem que a partilha da mesma cama permite que o aleitamento materno exclusivo se prolongue até aos 6 meses de vida e, posteriormente, se mantenha até que a mãe e a criança queiram;

- promove a vinculação;

- promove o sono - Embora despertem com mais frequência, os bebés tendem a acalmar-se mais rapidamente, comparativamente a quando dormem sozinhos no seu berço.


No entanto, como em tudo, "não há bela sem senão", já diz o velho ditado português.

Não obstante estes (hipotéticos) benefícios, existem alguns aspetos que, pensa-se, aumentam o risco de Síndrome de Morte Súbita e que todas as famílias devem ponderar.

Quase a totalidade dos estudos consultados referem como risco:

- casais ou um dos elementos do casal fumadores;

- consumidores de drogas, medicação e/ou álcool;

 - prematuros e/ou bebés que tenham nascido com baixo peso.

É importante também alertar que se encontra descrito que dormir com o bebé sobre o peito, sentada no sofá ou mesmo na cama, aumenta o risco de morte ou lesão grave, por queda ou sufocamento (este último também inerente aos riscos anteriormente descritos).

Se existir um ou mais fatores de risco é importante que o casal pondere não praticar este cuidado.

Outro aspeto que necessita ser considerado, para além de terem em conta estes fatores de risco, é a sexualidade do casal, que muitas vezes fica comprometida pelo facto de partilharem a cama com a criança. Esta poderá ser uma forma de procurarem outras alternativas, no entanto, poderá para muitos ser um entrave tornando-se importante abordarem esta questão.


Assim, como poderão tornar o co-sleeping seguro?

- Os bebés devem dormir de barriga para cima, o colchão deve ser firme (eviatr colchões de água ou outras superfícies macias), a cama larga e o ambiente deve ser desprovido de fumo;

- As mãos dos bebés deverão estar livres e este não deve ser totalmente coberto com a roupa da cama;

- Se algum dos pais tiver cabelo comprido, este deve permanecer apanhado, de forma a diminuir o risco de se "emaranhar" em torno do bebé;

- As crianças com um ano ou menos não devem dormir na mesma cama onde dormem outras crianças;

- Caso haja situação de obesidade de pelo menos um dos pais, é aconselhável que a criança durma numa cama à parte;

- Tanto o Pai como a Mãe devem concordar com a decisão de praticarem co-sleeping, de forma a que a responsabilidade pela criança não recaia em apenas um deles.

Optar pelo co-sleeping (ou não) não faz do casal melhores ou piores Pais. É importante partilharem as escolhas com os profissionais de saúde, sem receio de juízos de valor, para que possam obter um aconselhamento/orientação que vos ajude a escolher o que poderá ser melhor para a vossa Família.

Não há certos, nem errados...há apenas famílias a darem o seu melhor!




o pai, a mãe e eu