Ortoptista... a palavra difícil e a profissão que poucos sabem o que é. 

A licenciatura em Ortóptica atribui a qualificação para o exercício profissional independente e autónomo, cujo conteúdo funcional se rege pelos Decreto-Lei nº. 564/ 99 de 21 de dezembro; Decreto-Lei nº. 261/ 93 de 24 de julho e Decreto-Lei n.º 320/ 99 de 11 de agosto e pelo Despacho n.º 3207/ 2012 de 3 de dezembro. Os profissionais licenciados em Ortóptica enquadram-se na categoria de Técnico Superior de Diagnóstico e Terapêutica. 

Após esta "explicação legal", vamos simplificar! 

A palavra Ortóptica deriva do grego "ortho optikos" que significa "olhos direitos". Por aqui podemos entender que umas das principais áreas de intervenção é o estrabismo. Na verdade, a profissão, pelo nome que é conhecida até aos dias de hoje, foi criada exatamente com base no estrabismo. O ortoptista era um profissional de saúde que tratava as disfunções da visão binocular. Atualmente, essa continua a ser uma área nobre de atuação dos ortoptistas. No entanto, o trabalho que desempenhamos tornou-se muito mais amplo e dinâmico. 

Enquadrados em equipas multidisciplinares, na área de oftalmologia, os ortoptistas exercem funções tanto no setor público, como no setor privado. São responsáveis pela realização dos exames complementares de diagnóstico, podem realizar consultas de optometria e contactologia, trabalhar em centros de investigação, em áreas responsáveis pela baixa visão, treino visual e lecionar. Participam também em programas de rastreio, como o Rastreio Nacional de Retinopatia Diabética e os rastreios de deteção de fatores ambliogénicos, em idade pré-escolar. Isto faz com que, numa grande maioria das vezes, estes profissionais sejam uma primeira linha de contacto com a população. 

O mais provável é já se ter cruzado com um ortoptista, simplesmente não sabia é que era este o nome da sua profissão. 

E qual a importância da Ortóptica e de um Ortoptista?

São diversas as patologias oculares, assim como sistémicas, que podem provocar alterações na motilidade ocular. Desta forma, a Ortóptica propriamente dita, continua a ter um papel fundamental nos dias de hoje. 

Nas crianças é necessário garantir um diagnóstico precoce, de modo a que o tratamento seja o mais eficaz possível, permitindo que a criança tenha um correto desenvolvimento visual. Em adultos, uma das principais causas de estrabismo é o traumatismo e lesões nos pares cranianos, como consequência de doenças sistémicas. Logo, um acompanhamento próximo e estreito pode fazer toda a diferença. Grande parte das patologias oftalmológicas apresentam melhores prognósticos se detetadas precocemente. Fazendo os ortoptistas parte dos cuidados primários de saúde, são muitas das vezes estes profissionais que sinalizam situações urgentes e fazem um primeiro acompanhamento. 


Joana Azevedo