Qualquer idade é propícia a acidentes, tendo em conta a fase do desenvolvimento e as competências que a criança tem nesse momento, assim como a sua mobilidade. Num futuro próximo abordaremos outros tipos de acidentes, no entanto parece-me ser importante falar sobre os andarilhos, mais conhecidos como aranhas. Sim, ou não à sua utilização?
A partir dos 6
meses a criança já deverá conseguir sentar-se sem apoio e, por isso, terá outra
perceção do espaço que a rodeia. Nesta altura já rebola e rasteja, prontinha a
começar a gatinhar. Esta maior independência coloca ao seu alcance objetos e
situações que a deixam em perigo, enquanto a mãe e o pai piscam um olho. Assim,
muitos pais, na melhor das intenções preferem sentar a criança na aranha e
deixá-la explorar em… segurança. Mas será que está assim tão segura? Será que
realmente a criança aprende a andar mais rapidamente do que se o tentasse fazer
sozinha?
Caros pais, sentar a criança numa aranha é igual a sentá-la no automóvel, sem cinto de segurança.
Sabia que as
quedas são uma das principais causas de acidentes mortais, na Europa, em
crianças com idades entre os 0 e os 19 anos?
Sabia que uma
das causas das quedas são as aranhas e que 90% dos danos causados são na cabeça
e que, destes últimos, mais de 30% correspondem a danos cerebrais?
Assustadores
estes números, não são? Também o são para a European Child Safety Alliance e
para a ANEC (entidade europeia certificadora). E, por isso, desaconselham
totalmente o uso das aranhas, já que para além de não promoverem o
desenvolvimento da marcha nas crianças, também demonstraram aumentar
exponencialmente o risco de acidentes a nível cerebral (como já referido).
Para além das quedas, o uso de
aranhas/ andarilhos poderão levar a:
- queimaduras – a criança está
mais elevada, consegue alcançar lugares mais altos e com isto, facilmente
alcança fornos, puxa toalhas da mesa onde já estão recipientes com conteúdo
quente, …;
- envenenamento - exatamente pelos mesmos motivos descritos na
situação anterior. Como se encontra mais elevado, tem acesso a lugares que de
outra forma estariam ligeiramente mais inacessíveis.
É importante referir ainda que, de estudos realizados, os acidentes ocorrem maioritariamente sob observação dos pais. E embora pareça descabido, a razão deve-se ao facto de, nas aranhas, a crianças consegue percorrer uma maior distância, num menor espaço de tempo. O que dificulta a tarefa dos pais em alcança-los e evitar o acidente.
Para além disso, temos a questão do desenvolvimento físico. Se pensarmos bem, muitas crianças que são sentadas nas aranhas, ainda têm a perna curta, pelo que começam a “andar” em bicos de pés de forma a conseguirem movimentar a aranha. Esta situação associada a uma incorreta postura da anca poderá levar a problemas futuros na marcha.
Devido a todas as intercorrências verificadas ao longo dos anos, o Canadá foi o primeiro país a proibir a venda e utilização de aranhas, em 2004.
E se não pode utilizar as aranhas, como pode fazer para ajudar o seu
filho a andar?
Para responder a esta, coloco
outra questão. Como faziam os nossos pais para nos ajudar no desenvolvimento da
marcha ou como fazemos nós com os nossos filhos, quando não temos aranha
disponível?
Pois é! Não há nada melhor do que
o deixar explorar o ambiente. Proteja-o de todos os locais que poderão suscitar
perigo e deixe-o andar pela casa. Por norma, as primeiras vezes que se irá
levantar, será apoiando-se no sofá ou num móvel. Garanta que o móvel não pode
tombar e para isso tente fixá-lo o melhor possível à parede, por exemplo.
Dedique-lhe algum tempo e
ampare-o na marcha. Ele irá adorar!
No fundo, é permitir que, no
tempo dele, consiga dar os primeiros passos, sem recorrer a objetos que podem
comprometer o adequado desenvolvimento e a saúde e bem-estar.
Nem tudo o que é “à moda antiga”
é mau.
E por aqui desejamos uns felizes
primeiros passos… em segurança.
o pai, a mãe e eu
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