Educar uma criança nunca foi fácil, impera sempre o medo de que aquilo que estamos a fazer leve a que esta criança não se sinta amada, não seja um adulto íntegro, de bons princípios...

No entanto, também acredito que a sociedade não ajude quando as receitas surgem em catadupas. A piorar temos cada vez mais famílias isoladas, cansadas e a quem não é sequer oferecido apoio. Antigamente, a vida em comunidade levava a que as mulheres mais velhas suportassem as mães mais novas e estas últimas se sentissem mais apoiadas. Neste momento, o apontar de dedos pode ser uma realidade e fazer com que a mãe e pai se sintam "incompetentes" no seu papel. 

Ao longo destes anos a contactar com diferentes famílias, em diferentes contextos, fui-me apercebendo que não há famílias perfeitas e nunca poderá haver. No entanto, há as mais assertivas e aquelas que demonstram maior dificuldade. Tenho percebido também que as inseguranças e a falta de assertividade, muitas vezes despoletadas pelo cansaço e falta de apoio, moldam completamente o desenvolvimento de uma criança e consequentemente o seu comportamento. 

Uma coisa que costumo dizer nas minhas consultas, a todas as famílias que por lá passam é que a palavra Não, também significa Amor. Embora pareça uma palavra que carrega em si uma conotação negativa, é importante que a criança a aprenda a ouvir e que saiba os motivos para ela lhe ser proferida. Isto, para além de estabelecer limites tão importantes ao seu crescimento, levará a que ela cresça com consciência que a vida, em muitos momentos, lhe dirá "Não" e esta frustração inerente permitirá que ela mude de direção e caminhe em busca de alternativas. 

No entanto, este Não terá sempre de ser dito com amor. Explique à criança o motivo de não lhe ser permitido fazer algo que ela tanto deseja naquele momento. Pode demorar até que ela interiorize que os pais não vão mudar de opinião, mas mantenha a sua posição até ao fim. O que vai ficar deste momento é que a mãe e o pai não vacilam, são firmes e não há estratégias que possam mudar isso. São firmes tanto nos limites, como no amor. 

Se, pelo contrário, a sua opinião mudar, porque a criança até foi meiguinha ou chorou e fez uma birra, o que fica é que se perpetuar estes comportamentos, os pais mudarão sempre de opinião. Estamos, neste caso, a ser o motor para o capricho e manipulação por parte das crianças. 

Outro aspeto com que me tenho deparado também é a "idade da criança". Pais que consideram que crianças de poucos meses não entendem o que falamos com elas e o seu sentido. Que com 1 ano de vida, a criança ainda pode fazer o que quiser, porque o tal "Não" referido em cima é muito forte. "Oh! E fica tão engraçada a fazer aquelas malandrices!"

Pois é! Mas as criança compreendem muito bem o que lhes é dito e não hã idade mínima, nem máxima, para a educação e para educar.

E com estas palavras começarão a pensar que sou apologista da punição. Da bela palmada. Na sua infância, quem não levou um enxota-moscas, levante o dedo. Pois... muito provavelmente todos fomos brindados com isso no momento certo. Mas, será mesmo necessário levantar a mão a uma criança? Será que, se optarmos por conversar e usarmos a assertividade com uma pitada de amor, adicionadas ao discurso adequado à idade da criança, a palmada não deixa de ser necessária?

Ou o grito! O que sente quando gritam consigo? As crianças são como nós. Vão sentir-se humilhadas, intimidadas quando podemos evitar todos esses maus sentimentos. Esta situação provocará marcas que permanecerão para sempre na criança e futuro adulto. 

Lembre-se que é o influencer e que o seu seguidor verá em si um modelo. Não perpetue o medo, a insegurança. Mas para isso, estes sentimentos também não poderão fazer parte de si. Como disse no início deste artigo, educar não é fácil, mas a coerência é necessária. 

Lembre-se que não podemos exigir algo que não damos. Olhe para o (a) seu (sua) filho (a) e veja-se ao espelho. Gosta do que vê? 

A criança de hoje será o adulto de amanhã! 



o pai, a mãe e eu