Se o início das atividades escolares sempre foram sinónimo de dor de cabeça para os pais, atualmente, considerando a situação pandémica, o receio e a incerteza aumentaram exponencialmente. 

É importante não esquecer que o ser humano é um ser que vive de relações, especialmente as crianças, que aprendem a brincar e, para isso, é de extrema importância socializarem com os seus pares e adultos, quer sejam os pais, ou outros elementos da família e professores/ educadores/ auxiliares. 


Então, estamos perante um dilema. O que importa mais? Afastar as crianças e mantê-las encerradas em casa ou, pelo contrário, lança-las para o desconhecido do novo Coronavírus? 

De forma a manter as crianças em segurança, garantir o seu adequado desenvolvimento e permitir aos pais retornar às suas atividades laborais, a Direção-Geral da Saúde emanou algumas orientações que têm sido atualizadas no decorrer destes, tendo em conta a evolução da pandemia. 

Não obstante haver diretrizes que deverão ser seguidas pelo pessoal docente e não docente, é natural que todas as famílias se sintam inseguras. Decidimos então, resumir as mesmas e orientar-vos nas indicações que poderão dar aos vossos filhos. 

Antes de mais, é importante relembrar quais as formas de contágio pelo novo coronavírus. Assim, há duas formas possíveis. São elas: 

- contacto direto: através de gotículas produzidas quando uma pessoa infetada tosse, espirra ou fala e podem ser inaladas ou pousar na boca, nariz ou olhos das pessoas que se encontram próximas (a menos de 2 metros de distância);

- contacto indireto: quando tocamos numa superfície ou objeto contaminado e, de seguida, sem higienizar as mãos, tocamos na boca, olhos ou nariz. 

De seguida, apresentaremos algumas indicações específicas para as crianças que irão frequentar o jardim de infância/ ama e o ensino básico/ secundário. 


Jardim de infância/ ama

Uma das maiores maiores diferenças que vai encontrar é a (provável) impossibilidade de poder levar o seu filho até à sala. No entanto, esta medida poderá ser adotada pela maioria dos estabelecimentos escolares de forma a poder reduzir o risco de infeção. A esta medida acresce a necessidade de:

  • levar calçado suplente para que o seu filho possa usar na sala algo que não tenha sido usado na rua. Há algumas escolas que pedem também uma muda de roupa para que a roupa que veio da rua não seja usada na sala;
  • não levar brinquedos ou outros objetos que não sejam realmente necessários;
  • começar a treinar o seu filho a lavar as mãos, explicando a importância desta medida (se a criança tiver idade para este treino, obviamente);
  • tentar obter informações acerca do comportamento do seu filho por parte da educadora, mesmo que apenas por via digital, dado que neste momento todos os contactos presenciais foram reduzidos ao máximo. 


Ensino Básico/ Secundário

Embora mais autónomos, nestas idades ainda há os que gostam da companhia dos pais até à porta, contudo, a sua entrada também será muito provavelmente interdita. 

Se tem filhos dentro destas faixas etárias, deverá alertá-los para:

  • que usem a máscara durante todos os momentos e que só a retirem para as refeições:
  • mudem de máscara caso a sua esteja húmida (dependendo das atividades que realize, poderá transpirar mais e ter necessidade de mudar). Para a remover, deverá lavar/ desinfetar as mãos e só após isto remover a mesma pelos elásticos;
  • lavar com frequência as mãos e, até as lavar, não tocar no nariz, boca e olhos;
  • evitar tocar em bens comuns, corrimãos, maçanetas, interruptores, ou outros. Caso não haja alternativa, lavar ou desinfetar as mãos de seguida;
  • caso necessite de se assoar, deverá usar um lenço de papel de utilização única e em seguida colocá-lo no caixote do lixo. Depois deverá lavar/ desinfetar as mãos;
  • que, quando sentir necessidade de tossir ou espirrar, não deve remover a máscara e deve fazê-lo para o braço e nunca para as mãos ou para o ar (mesmo com máscara colocada).

Para além disto, independentemente da idade, é importante que cheguem a casa, tomem o seu banho e a roupa utilizada seja colocada para lavar. Impede desta forma que roupas potencialmente infetadas circulem pela casa. 


Até agora, falámos das questões mais práticas e comportamentais. No entanto há uma questão de maior importância e que não deve ser descurada. Estamos a falar da questão emocional. 

Esta é uma questão abordada por vários profissionais e uma preocupação de todos (profissionais e família).

Nas crianças mais pequenas refere-se a dificuldade em criar uma ligação emocional com as educadoras e auxiliares, devido à barreira provocada pela máscara e a insegurança que daí poderá advir. Mas, na nossa opinião, se pensamos que para as crianças mais crescidas passarão por esta situação de forma mais tranquila, desenganem-se. 

Habituados à liberdade de circulação nas escolas, aos amigos e às brincadeiras com estes, ver-se-ão limitados na sua essência. Assim sendo, aconselhamos a que haja muito diálogo e uma preparação prévia e tranquila para o início das atividades escolares. 

Dada a complexidade desta situação e a sua imprevisibilidade provocada pelo desconhecido, deixamos 4 aspetos que são importantes transmitir aos vossos filhos. 

  • É normal sentires-te desta forma (irritado, triste, inseguro, ...)! - É importante transmitir à criança que a percebe e que não há o que punir na sua atitude. Pode inclusivamente partilhar a forma como se sente no seu trabalho ou quando vai às compras e abordar com ele o que mais o incomoda. Tentar encontrar, em conjunto, formas de ultrapassar e gerir estes sentimentos e emoções, de forma a controlá-los.
  • Não estás sozinho! - Deve mostrar à criança que o distanciamento social que vai imperar na escola não significa que, em caso de necessidade, não terá ninguém a quem recorrer. Muito pelo contrário! Deverá informá-lo sobre os nomes e locais onde se dirigir caso tenha algum problema ou não se sinta bem (embora decerto na Escola também o façam). Por outro lado, reforçar, tal como referido anteriormente, que estamos todos a sofrer as mesmas restrições, com especificidades apropriadas aos locais que frequentamos. Os receios dela serão os receios dos colegas, professores e pais. 
  • Tens sempre direito à tua palavra nas decisões! - Se envolver a criança nas decisões, ela sentir-se-á mais segura e terá a ideia que, tal como os adultos, controla ligeiramente o que a rodeia. 
  • Vamos ver o lado positivo e mostrar disponibilidade para aprender com as novas situações! - Não só nesta situação, mas em todas as outras na sua vida, é importante ensinar a criança a ver o lado positivo, mesmo que muito difíceis. Por outro lado, tentar aprender com a adversidade. Pode, para isto usar algum exemplo de situações que tenham ocorrido no passado: umas férias mais aventureiras e a forma como resolveram algo inesperado; o confinamento e o final do ano letivo passado que aproximou os elementos da família e os levou a organizar atividades em casa, permitindo tornar esses dias menos stressantes. 

Os tempos são desafiantes e a forma como os encaramos marcará a diferença. É importante criarmos crianças resilientes e não esquecer que aprendem, em qualquer altura, com o exemplo, sendo os pais os maiores modelos. 

Por último, alertamos para a existência de apoio por parte da Psicóloga do Sistema Nacional de Saúde, que poderá acompanhar o seu filho/ família, em caso de necessidade. Para isso poderá contactar o seu Centro de Saúde ou a Saúde Escolar, através do Diretor de Turma. 

Esperamos que o início deste ano escolar seja o mais tranquilo possível. Digam-nos como o estão a vivenciar e quais as vossas maiores preocupações. Encontramo-nos, também nós, disponíveis para colaborar convosco, no que estiver ao nosso alcance. 

Bom início de escola!! Vai tudo correr bem!!!


o pai, a mãe e eu