Há ditados populares ou apenas
aquelas expressões familiares sobre os quais nunca nos debruçámos muito, mas
que vamos balbuciando também.
Todos conhecemos aquele que diz “Filho és, pais serás. Assim como fizeres,
assim encontrarás”. Ouvimos e pensamos: mas que fatalismo. Parece que
vivemos uma vida de represália e fatalismo. Não acham?
No entanto, se removermos estes
aspetos negativos e nos debruçarmos um bocadinho sobre o seu significado,
chegamos à conclusão que não é mais do que a constatação de que as crianças são
uma “esponja” e absorvem os comportamentos dos pais, para depois os reproduzir.
Uma excelente forma de percebermos o que andamos a fazer é, nos mais pequenos,
assistir às suas brincadeiras.
Na sequência das minhas consultas
às famílias, tenho vindo a pensar muito sobre esta questão. Assim como naquilo
que muitas vezes dizemos sobre repetirmos o comportamento e atitudes dos nossos
pais, quando, acerrimamente, jurámos nunca o fazer. E, esta minha reflexão, tornou-se
ainda mais necessária após uma formação a que assisti na passada semana.
Abordámos a Família do século XXI, onde a principal questão da audiência foi:
como ajudar a criança a lidar com a falta de rotinas e a falta de consistência
com que muitas vezes se depara, por ter pais separados, duas casas e tudo o que
lhe é subjacente. A resposta (muito inteligente, aliás) da formadora foi: como lidam com a situação quando, a viver o
casal na mesma casa, ambos adotam posturas muito diferentes? Um, a postura de
ditador e outro de passividade ou assertividade?
Realmente, é preciso gritar que
NÃO HÁ PAIS PERFEITOS! Que a parentalidade é uma vivência UNA e que, por isso,
não há receitas. O que pode ser adequado para uma família, não o será, com
certeza, para outra.
Mas no meio desta consciência, é
importante lembrar também que não nos podemos demitir de fazer o MELHOR. De
pensar nas nossas atitudes, nos nossos comportamentos. Há que passar a melhor
mensagem aos nossos filhos, mesmo num mundo que se encontra virado do avesso. E
nos dias em que não nos for possível, temos de saber colocar-nos ao seu nível
e, olhos nos olhos, dizer DESCULPA. “Desculpa por ter gritado quando podia ter
dito o que queria de forma mais tranquila. Desculpa por não te ter dado
atenção, mas sabes? O pai (ou a mãe) hoje tive um dia muito complicado.
Zanguei-me no trabalho ou o trânsito louco deixou-me sem paciência…” Eles vão
compreender! E, para além disso, o que estão a promover é o diálogo e a
partilha e, quando eles estiverem zangados, perdidos, tristes, saberão que
poderão contar com os pais para compreender aquele momento mais angustiante.
Sim, as crianças são o motor da
mudança. Sim, com eles podemos ter um mundo melhor. MAS, é agora a altura de o
preparar, reconhecendo as nossas limitações, embora dando sempre, mas SEMPRE, o
nosso melhor.
o pai, a mãe e eu
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