Estima-se que em Portugal aproximadamente 25% da população (cerca de 2,5 milhões de pessoas) sofram de doenças alérgicas respiratórias, como a rinite e a asma brônquica. Este número tem vindo a aumentar e praticamente duplicou nos últimos 25 anos, afetando sobretudo crianças e adolescentes.

O objetivo do tratamento da alergia respiratória é reduzir os sintomas diários, de forma a minimizar o impacto da doença na qualidade de vida, assim como eliminar a inflamação causada pela alergia.




No entanto, apesar da grande eficácia da medicação no controlo destas doenças, esta não cura efetivamente a alergia. Por esse motivo, quando os medicamentos são interrompidos e se o contacto com os alergénios (as substâncias que provocam alergia como ácaros, pólenes, pelos de animais,...) persiste, inevitavelmente os sintomas acabam por regressar.

A imunoterapia, também conhecida como "vacina para a alergia" é um outro tipo de tratamento que tem como objetivo reabituar progressivamente o organismo à substância responsável pela doença alérgica. O processo de imunoterapia altera a resposta imunológica do indivíduo ao longo do tempo. Como resultado, quando o doente é exposto ao alergénio, sofre progressivamente menos sintomas.

Não se trata de um medicamento convencional. O tratamento consiste na administração de pequenas quantidades bem definidas das substâncias a que um indivíduo é alérgico. O tratamento está disponível para a maioria dos alergénios respiratórios comuns e é preparado individualmente para cada doente, de acordo com a sua alergia.


A eficácia depende muito da seleção adequada da vacina. Normalmente é um médico especialista em doenças alérgicas, um imunoalergologista, que prescreve preparações de imunoterapia. A decisão de iniciar este tratamento deve depender do aconselhamento de um médico experiente e da vontade do doente.

O tratamento pode ser feito através de injeções subcutâneas efetuadas mensalmente, sob vigilância médica, ou através de gotas ou comprimidos colocados debaixo da língua aplicados em casa, diariamente.


A imunoterapia é geralmente administrada por um mínimo de três a cinco anos. Após um ano de tratamento, observa-se habitualmente uma diminuição significativa da intensidade dos sintomas alérgicos, o que leva à diminuição da toma de outros medicamentos antialérgicos. Após três anos de tratamento é frequente não ser necesssária medicação diária para controlar a alergia. Alguns doentes ficam completamente controlados enquanto, noutros casos, apesar da melhoria ainda persistem alguns sintomas. Após o tratamento terminar, o efeito é normalmente duradouro, existindo estudos a demonstrar a sua eficácia após 7 anos.

A imunoterapia é segura para as pessoas de todas as idades. Em crianças e adolescentes, a imunoterapia demonstrou ajudar a prevenir o desenvolvimento futuro de asma alérgica.

Em resumo, a imunoterapia é um tratamento promissor para a alergia, que pode, quando bem aplicado, melhorar a qualidade de vida do doente alérgico e ser, potencialmente, curativo.


Pedro Morais Silva