Este mês o destaque na rubrica "Comer bem... Crescer melhor" vai para os hortícolas, alimentos indispensáveis a uma alimentação saudável em todas as fases da vida. São ricos do ponto de vista nutricional, apresentando um vasto leque de vitaminas, minerais e compostos bioativos, sendo ainda boas fontes de fibra e água. Para além disso, apresentam um baixo valor calórico. Por estes motivos, o seu consumo está associado a uma redução do risco de desenvolvimento de doença cardiovascular, ganho de peso excessivo e diabetes tipo 2, assim como a uma boa função intestinal



A Organização Mundial de Saúde recomenda um consumo de, pelo menos, 400g de fruta e produtos hortícolas por dia (o que equivale a 5 ou mais porções diárias). Para atingir estas recomendações, é importante a presença de sopa em ambas as refeições, não esquecendo a inclusão dos hortícolas no prato. Apesar destes hábitos serem cruciais para assegurar um bom crescimento e desenvolvimento em idade pediátrica e prevenção de doenças futuras, segundo o último Inquérito Alimentar Nacional e de Atividade Física, cerca de 69% das crianças portuguesas não cumpre esta recomendação

De facto, a recusa alimentar, particularmente no que toca ao consumo de vegetais, é frequente em idade pediátrica e constitui um desafio extra para os cuidadores. Segundo a literatura científica, tanto uma postura parental demasiado rígida, como uma postura demasiado permissiva estão associadas a menores consumos de hortícolas por parte das crianças. Desta forma, apresentamos, em seguida, algumas dicas importantes para que se atinja um equilíbrio e seja bem-sucedido na melhoria dos hábitos alimentares do seu filho:


  • Dê o exemplo! Na infância, os pais são o grande modelo das crianças, inclusive no que respeita às escolhas alimentares. Se os hortícolas fizerem parte da alimentação dos pais e dos restantes membros do seio familiar, será muito mais fácil promover também o seu consumo por parte dos mais novos;
  • Perante a recusa de um determinado alimento, não insista demasiado no momento. É importante evitar que se crie demasiada pressão na criança e um ambiente negativo à volta da refeição. Contudo, volte a tentar mais tarde. Em alguns casos, podem ser necessárias cerca de 15 tentativas (com alguns dias de intervalo) até que determinado alimento seja aceite;
  • Não faça uma refeição diferente para a criança. Ao ser demasiado permissivo, a criança sabe que terá sempre outra opção e não se irá empenhar na adaptação a novos sabores e aquisição de novos hábitos alimentares;
  • Não ofereça recompensas alimentares para promover o consumo dos alimentos menos apreciados. Ao oferecer, por exemplo, uma sobremesa doce para a criança comer a sopa ou os hortícolas no prato, estará apenas a promover ainda mais o gosto pelo alimento recompensa e a reforçar a relação negativa que o seu filho tem com os hortícolas;
  • Pelo contrário, palavras de incentivo e elogios podem ser uma boa ajuda! Pequenos desafios em que são atribuídos pontos ou desenhados smiles ou bolas de cor verde numa grelha semanal/ mensal aquando do consumo de alimentos que são alvo de maior recusa, podem ser também bastante efetivos;
  • Se tiver oportunidade, crie uma pequena horta em casa. O facto de a criança acompanhar todo o processo do alimento desde o cultivo até à colheita aumenta o seu conhecimento e interesse pelo mesmo, suscitando uma maior vontade de o provar;
  • Envolva o seu filho na compra e preparação dos alimentos. Pode aproveitar também este momento para lhe explicar a importância de determinados alimentos para o seu crescimento e desenvolvimento, incitando-o para o seu consumo;

  • Experimente outros métodos de confeção e formas apelativas de apresentar a comida no prato, misturando cores e criando formas com os alimentos;
  • Ofereça palitos de cenoura/ pepino ou tomate cereja como snacks (inclusive para os lanches escolares). São formas mais apelativas e práticas de consumir hortícolas, criando um momento adicional de consumo destes alimentos;
  • Seja persistente, lembre-se que este é um processo gradual que requer paciência e tempo. A saúde do seu filho vai agradecer!



Maria Inês Cardoso