De acordo com a Direção-Geral da Saúde (DGS), "as vacinas permitem salvar mais vidas e prevenir mais casos de doenças do que qualquer tratamento médico." Também Nelson Mandela referiu que "através da vacinação milhões de crianças foram salvas e tiveram a possibilidade de viverem com mais saúde, mais tempo e melhor, uma vez que foram maiores as hipóteses para aprender, brincar, ler e escrever, sem sofrimento."


Foi verificado também que, em Portugal, durante a década de 1956 a 1965, ocorreram mais de 40 mil casos de doenças como tosse convulsa, poliomielite, tétano e difteria, dos quais mais de 5 mil se vieram a revelar fatais, sem falar das sequelas provocadas. Por outro lado, na década de 2006 a 2015, para as mesmas doenças ocorreram pouco mais de 900 casos e apenas 23 óbitos, que ainda assim poderia ter acontecido com qualquer um de nós caso não estivéssemos devidamente protegidos (dados da DGS). 

Mas falando daquilo que realmente importa e preocupa os Pais, queria tocar em 4 pontos sobre as vacinas: eficácia, reações adversas, segurança e alternativas.

Depois dos dados apresentados parece-me inquestionável a eficácia das vacinas. Alguns mais céticos poderão atribuir a diminuição da incidência das doenças com melhores condições de higiene. Eu diria mais, a água potável teve um papel importantíssimo para a diminuição das doenças tal como tem sido demonstrado por imensos estudos, mas então como justificamos que em diversos países muito desenvolvidos onde não se coloca em causa as condições de higiene oferecidas, existam ainda tantos casos de doenças evitáveis pelas vacinas ao contrário do que tem acontecido em Portugal?

Podemos interpretar que provavelmente as condições de higiene têm um papel importante na propagação das doenças, mas só em países com uma taxa de cobertura vacinal elevada é possível tornar quase inexistente o número de casos da grande maioria das doenças evitáveis por essas vacinas. 

Parece-me que ninguém deseja que uma criança sinta dor, chore, fique com febre ou desenvolva uma reação inflamatória por causa de uma vacina. Isto são tudo situações descritas pelos laboratórios que produzem as vacinas como possíveis. Parece-me injusto dizer que é "um mal menor" quando são os Pais, com um grande aperto no coração, que têm que consolar os seus filhos, mas a verdade é que, apesar de tantos avanços da medicina, e ainda nos dias de hoje, não temos alternativas. Ainda assim, muitas vacinas foram melhoradas e muitas delas já não provocam reações tão severas. Felizmente também tem sido possível conjugar muitas vacinas o que tem ajudado a diminuir o número de injeções e por isso menos dor. Podemos ter a esperança de que no futuro sejam criadas novas vacinas que sejam ainda menos reativas, mas enquanto isso não acontecer teremos de continuar a utilizar as atuais para "evitar males maiores". 




Alguns Pais mais atentos poderão perguntar porque não utilizamos vacinas orais. Não estou capacitado para responder sobre o assunto, porque não conheço a realidade dos laboratórios onde se produzem as vacinas, mas sei que uma vacina inoculada por via oral tem uma probabilidade maior de não ser eficaz por estar presente a possibilidade de ser vomitada. Se a criança vomitar a vacina sem que os pais e/ ou profissionais de saúde se apercebam, ela não estará convenientemente protegida, logo não será eficaz. Por outro lado, se for administrada num músculo não existe forma de ser extraída. Parece-me também que quem produz as vacinas nos diferentes laboratórios já teria pensado nessa alternativa, mas com a evolução das vacinas não é isso que tem acontecido, muito pelo contrário. Por exemplo, a vacina da poliomielite era administrada numa forma oral (ainda o é em muitos países), mas nos países desenvolvidos passaram a utilizar uma forma injetável e conjugada com outras vacinas numa seringa apenas. Queria finalizar este ponto referindo que este tipo de reações são situações pontuais e reversíveis em poucos dias, pelo que, tendo que optar por uma reação reversível ou uma doença grave, incapacitante e/ ou fatalmente irreversível, eu aconselho a vacinar. 

Quanto à segurança das vacinas, para mim parece-me claro. Não me parece que os responsáveis de imensas nações no mundo queiram prejudicar as suas populações, como que imaginando um hipotético "extermínio" em massa. Apesar de não conhecer muitos estudos de forma aprofundada, tenho ouvido em formações, outros profissionais responsáveis pela elaboração do Programa Nacional de Vacinação (PNV) tanto da área de Infeciologia, como da Pediatria ou da Saúde Pública, referindo que apesar de haver muitos falsos estudos a descredibilizar a vacinação, não existe nenhum estudo credível a indicar ausência de segurança na vacinação. Caso se tratasse de uma "teoria da conspiração" então teríamos de colocar em causa instituições como a Organização Mundial da Saúde (OMS) e como tal, teríamos de colocar em causa tudo o que acreditamos na Saúde tal como a conhecemos. Ainda assim, imaginando que determinada vacina pudesse prejudicar alguém, pois todos somos diferentes e reagimos de forma diferente perante determinados produtos, considero que seria preferível ficar protegido contra as doenças em causa (que podem levar à morte ou deixar graves sequelas) do que desenvolver autismo ou outro tipo de doença que possa "falsamente" estar associada à vacinação. Para se perceber melhor o que pretendo transmitir, deixo o meu exemplo profissional: apesar do Plano Nacional de Vacinação (PNV) existir desde 1965, apenas administro vacinas desde 2006, período desde o qual já terei administrado mais de 100 mil vacinas e ainda assim, tirando as reações normais descritas pelos laboratórios como possíveis, nunca verifiquei ausência de segurança nas vacinas e ainda que possível, nunca verifiquei uma reação anafilática (reação alérgica muito grave) descrita pelos laboratórios como a situação mais grave da vacinação ainda que rara (sem intervenção clínica pode levar à morte). 

Para os Pais que valorizam a opinião pessoal dos profissionais de saúde, "se fosse com o seu filho, o que faria"?, de facto conheço muitos enfermeiros que tenham administrado vacinas aos seus próprios filhos, contudo, todas as vacinas que me foi possível fazê-lo, eu prórpio as administrei ao meu filho de 2 anos de idade (exceto as vacinas da maternidade). Perguntam-me se me custou e eu respondo que sim, mas a verdade é que preferi ser eu a vaciná-lo. 




Em relação a alternativas às vacinas é possível que existam, mas mais uma vez, havendo evidência científica, a OMS já se teria mostrado favorável, o que não aconteceu até aos dias de hoje. Não estou documentado cientificamente para falar sobre o assunto, mas utilizar alternativas à vacinação, como alimentação saudável, condições de higiene, homeopatia, isolamento do resto da população, de acordo com o que tenho ouvido de outros profissionais da saúde aparentemente bem documentados, poderá ser um risco para nós e para aqueles que amamos. Mas será que estamos a exagerar em químicos que entram na composição de vacinas, na população mundial? Não acredito, pois tal como apresentei nos dados indicados em cima, não é isso que está a acontecer. Existem menos casos de doenças, logo menos mortalidade e morbilidade associadas a essas doenças. Independentemente do que possa dizer, a esperança média de vida está a aumentar todos os anos, logo não me parece que a vacinação esteja a prejudicar alguém, muito pelo contrário. Já os métodos alternativos não têm mostrado evidência científica para serem aplicados à população mundial. 

Por último, e repetindo algo referido anteriormente, parece-me que nações em todo o mundo não iriam investir milhões em algo que não fosse vantajoso ou até que fosse prejudicar as suas populações com a vacinação. Se fosse realmente prejudicial será que continuaríamos a realizar vacinação em todo o mundo e a proteger as pessoas contra doenças tão graves que podem ser incapacitantes ou fatais? 



Ricardo Ferreira