A bronquiolite aguda é uma infeção respiratória de etiologia predominantemente viral que atinge crianças com menos de 3 anos. Os bebés ex-prematuros, crianças com doenças crónicas como a fibrose quística, cardiopatias, doenças neuromusculares ou imunodeficiências representam um risco acrescido para esta patologia.



A bronquiolite tem um pico de incidência entre os 3 e os 6 meses de idade e ocorre entre o final de Outubro e o início de Abril. A mesma criança pode ser reinfetada na mesma estação do ano. 

O agente etiológico mais frequente é o Vírus Sincicial Respiratório (VSR) (75%), embora outros vírus como o Parainfluenza, Influenza A e B, Adenovirus, Metapeneumovirus, Coronavirus e Rinovirus também estejam implicados. O VSR não confere imunidade permanente, sendo frequente as recidivas nos primeiros 2 anos de vida, após a primeira infeção. Estima-se que aos 3 anos 100% das crianças entraram já em contacto com este vírus. 

A via de contágio é aérea, pelo que surge habitualmente em contexto de infeção respiratória familiar ou escolar.



É uma doença autolimitada na sua grande maioria das situações, dado que apenas 3 a 4% das crianças com menos de 12 meses vão precisar de internamento hospitalar. 

Durante o período prodrómico (primeiros sintomas que ocorrem nos primeiros 3 dias), o quadro clínico é caraterizado por obstrução nasal, tosse, rinorreia seromucosa e recusa alimentar. Este quadro pode ser acompanhado de febre geralmente baixa. 

A fase aguda da doença carateriza-se por tosse de agravamento progressivo e a instalação de dificuldade respiratória (adejo nasal (as asas do nariz abanam à medida que o bebé respira), polipneia (respiração acelerada) e tiragem (costelas que ficam marcadas na pele quando o bebé respira)) também ela progressiva.

O diagnóstico da bronquiolite é clínico, pelo que não se justifica a realização de exames complementares de diagnóstico como o radiograma (Rx) do tórax ou análises sanguíneas. Apenas nas situações em que há suspeição da existência de complicações ou de doença grave. 

A terapêutica implica a tranquilização da criança e do ambiente em que está inserida, minimizando assim a sua atividade física. A exposição ao fumo de tabaco está proibida!


Devem ser promovidos os alimentos líquidos enquanto que os sólidos não devem ser forçados. As refeições devem ser fracionadas e reduzidas em quantidade. Sabe-se aliás que o aleitamento materno reduz o risco de complicações e a gravidade da doença, graças às múltiplas vantagens imunológicas do mesmo.

A posição ideal de repouso deve ser a 45º com o plano horizontal, facilmente obtida colocando livros nos pés da cama ou elevando o colchão com almofadas. É fundamental uma boa higiene e desobstrução nasal. Em caso de febre é necessário a administração de antipiréticos, como o paracetamol ou ibuprofeno. 

Em situações graves poderá ser necessário recorrer à terapêutica broncodilatadora e corticóide embora na bronquiolite típica não esteja indicada a sua utilização.

A criança deve ser observada por um médico sempre que cumpra um dos seguintes critérios:
  1. Idade inferior a 6 meses;
  2. Sinais de dificuldade respiratória (cianose (coloração escura da pele), adejo nasal, tiragem, polipneia);
  3. Sialorreia (produção de saliva em grande quantidade);
  4. Períodos de irritabilidade ou sonolência;
  5. Sensação de doença grave;
  6. Vómitos ou incapacidade de alimentar a criança;
  7. Doença crónica de base.

As complicações mais frequentes da bronquiolite são a otite média aguda, pneumonia, atelectasias (incapacidade do pulmão se expandir) e insuficiência respiratória. A presença de febre alta deve sempre alertar para a presença de eventuais complicações.
Embora a grande maioria das situações esteja resolvida em 5 dias, a tosse pode persistir até 3 semanas após a fase aguda da doença, sendo mais frequente nas situações de infeção ao VSR.




Alexandra da Silva Couto