As hemorragias intraventriculares ocorrem predominantemente em recém-nascidos prematuros. O cérebro imaturo, pelo fato de estar numa fase de grande crescimento, necessita de abundante irrigação sanguínea, que se faz da base e interior do cérebro para a sua periferia. O sangue, depois já venoso, circula pelas veias que vão confluindo para grandes seios venosos que existem ao redor e na base do cérebro.

Os vasos originais do interior e da base do cérebro formam uma rede volumosa e frágil, chamada matriz germinativa, localizada na base dos ventrículos cerebrais laterais. Estes ventrículos são cavidades cheias de líquido cefalorraquidiano que existem ao longo de toda a nossa vida. Os vasos da matriz germinativa vão diminuindo de volume e quantidade quando o feto se torna mais maduro e são diminutos nos bebés que nascem de termo.

A regulação da circulação cerebral nestes vasos arteriais é muito imatura nos fetos e bebés prematuros, sendo muito dependente de outros fatores externos aos próprios vasos. Quanto mais de termo é um feto, mais capacidade os vasos sanguíneos têm de se contrair ou relaxar consoante as variações da oxigenação e da pressão arterial.

Num bebé muito prematuro, alterações circulatórias, cardíacas (como a persistência do canal arterial), pulmonares ou da capacidade de coagulação do sangue, podem causar sangramento nestes vasos da matriz germinativa ou do plexo intraventricular. São as hemorragias intra-ventriculares, em que o sangue é derramado para o interior dos ventrículos laterais, podendo extender-se pelos outros ventrículos cerebrais (não há só os ventrículos laterais).

Consoante a percentagem de ventrículo inundado por sangue, visível através das ecografias transfontanelares (que se fazem através das várias fontanelas que os bebés têm no crânio, que está na fase incipiente da calcificação), graduam-se as hemorragias em graus (1 a 3), sendo que a situação pode ser tanto mais grave quanto maior for o grau. Atualmente não se fala em hemorragias grau 4, pois considera-se que o aparecimento de sangue dentro do cérebro do bebé (fora dos ventrículos) é um enfarte hemorrágico causado pela obstrução da drenagem venosa e não uma extensão da hemorragia intraventricular. Assim, podemos ter hemorragias 1 a 3 com ou sem enfarte cerebral.


Imagem retirada do Google Imagens